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A perspectiva histórica do fator previdenciário diante de um novo paradigma estrutural

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DAIANA FRANCIELE DANIEL

A PERSPECTIVA HISTÓRICA DO FATOR PREVIDENCIÁRIO DIANTE DE UM NOVO PARADIGMA ESTRUTURAL

SANTA ROSA (RS) 2012

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DAIANA FRANCIELE DANIEL

A PERSPECTIVA HISTÓRICA DO FATOR PREVIDENCIÁRIO DIANTE DE UM NOVO PARADIGMA ESTRUTURAL

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do

Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS – Departamento de Ciências

Jurídicas e Sociais.

Orientadora: Lizélia Tissiani Ramos

SANTA ROSA (RS) 2012

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Dedico este trabalho a todos que de uma forma ou outra me auxiliaram e ampararam-me durante este período de dedicação.

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A Deus acima de tudo, pela vida, força e fé.

À minha orientadora Lizélia Tissiani Ramos, com quem eu tive o privilégio de conviver e contar com sua dedicação e disponibilidade, me guiando pelos caminhos do conhecimento.

A todos os meus amigos e colegas de

trabalho, que colaboraram sempre que

solicitados, com boa vontade e enriquecimento, muitas vezes com palavras e mensagem de entusiasmo e dedicação.

Em especial à minha mãe querida in

memorian, que em seu curto lapso de

convivência, me ensinou através do seu

exemplo de vida, a ter coragem e

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“Todo direito envolve uma responsabilidade; toda oportunidade, uma obrigação; toda posse, um dever”.

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O presente trabalho de pesquisa monográfica faz uma análise de como se deu o surgimento da Lei nº. 9.876/1999, responsável pela criação da fórmula do fator previdenciário, que por sua vez introduziu uma nova e revolucionária fórmula matemática de cálculo de renda para os benefícios previdenciários. Nesse sentido, faz um aparato geral da aplicabilidade da referida fórmula, trazendo exemplos específicos da sua aplicabilidade e expondo os reflexos produzidos nos cálculos de renda mensal inicial. Discute a eficácia de tal regra na concessão dos benefícios previdenciários, na perspectiva do segurado e um modo geral, do mesmo modo discute se a nova sistemática de cálculo consegue atingir seu objetivo central. No decorrer do estudo discute acerca da constitucionalidade do fator previdenciário tecendo considerações sobre esse modelo de cálculo. Aborda possíveis mudanças legislativas que podem ocorrer na sistemática de apuração da renda mensal do benefício previdenciário.

Palavras-chave: Direito Previdenciário. Fator Previdenciário. Renda Mensal. Expectativa de vida. Tempo de Contribuição.

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The present research monograph provides an analysis of how was the emergence of Law. 9.876/1999, responsible for creating the pension formula factor, which in turn has introduced a revolutionary new mathematical formula for calculating income for pension benefits. Accordingly, an apparatus makes general applicability of this formula, bringing specific examples of its applicability and exposing the reflections produced in the initial calculations of monthly income. Discusses the effectiveness of such rule in granting social security benefits, from the perspective of the insured and generally likewise discusses the new calculation system achieves its central purpose. During the study discusses about the constitutionality of the pension factor with considerations on this model calculation. Also addresses potential legislative changes which may occur in the system of calculation of monthly income from social security benefit.

Keywords: Social Security Law. Social Security Factor. Monthly Income. Life expectancy. Time Contribution.

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INTRODUÇÃO ... 9

1 APONTAMENTOS INTRODUTÓRIOS ... 11

1.1 A evolução da proteção social no Brasil ... 12

1.2 Dos diferentes regimes do sistema previdenciário brasileiro ... 14

1.3 Emenda Constitucional nº. 20 ... 15

1.3.1 Direito adquirido ... 16

1.4 A nova sistemática de cálculo ... 17

1.4.1 Conceituação do caráter contributivo e da filiação obrigatória ... 17

1.4.2 Salário de contribuição ... 20

1.4.3 Salário de benefício e período básico de cálculo ... 20

1.4.4 Renda mensal ... 22

2 O FATOR PREVIDENCIÁRIO ... 25

2.1 A fórmula matemática do fator previdenciário ... 27

2.2 O fator previdenciário x aposentadoria precoce ... 34

2.3 A constitucionalidade do fator previdenciário ... 36

2.4 O fator previdenciário e a fórmula 85/95 ... 40

CONCLUSÃO ... 43

REFERÊNCIAS ... 44

ANEXOS ... 48

Anexo 1: Tabela Fator Previdenciário 2012 ... 49

APÊNDICES ... 50 APÊNDICE A ... 50 APÊNDICE B ... 52 APÊNDICE C ... 54 APÊNDICE D ... 57 APÊNDICE E ... 60 APÊNDICE F ... 63

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta um estudo acerca da fórmula matemática de cálculo de concessão de benefícios previdenciários regidos pelo Regime Geral e Previdência Social – RGPS, a fim de efetuar uma investigação detalhada da sua implantação bem como sua evolução desde sua criação. Essa busca é necessária face à crescente insatisfação coletiva em relação ao atual modelo de cálculo, que além de reduzir o valor dos benefícios não retardou a aposentação.

Para a realização deste trabalho foram efetuadas pesquisas bibliográficas e por meio eletrônico, analisando também as propostas legislativas em andamento, a fim de enriquecer a coleta de informações, da mesma forma foram realizadas simulação de cálculos de renda mensal inicial, para melhor ilustrar e aprofundamento o estudo do fator previdenciário, neste sentido ao longo da pesquisa foram colhida informações de modelos das estruturas previdenciárias ao redor do mundo, com o intuito de repercussão do tema.

Inicialmente, no primeiro capítulo, foi feita uma abordagem da evolução da proteção social da previdência no Brasil, como surgiram às primeiras legislações para proteger o direito do segurado, e ainda, como foi criado o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Igualmente, foi realizado o histórico da criação da Emenda Constitucional – EC nº. 20, e seus reflexos. Segue com uma análise do direito adquirido, posteriormente são conceituados alguns termos essenciais para a compreensão do estudo, tais com, o caráter contributivo, salário de contribuição, salário de benefício, período básico de cálculo, e ainda a renda mensal.

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No segundo capítulo é estudado mais profundamente a fórmula matemática do fator previdenciário, seu conceito, procedimentos e técnicas de aplicação. Também se verifica o entendimento do Supremo Tribunal Federal acerca da constitucionalidade do fator previdenciário, com demais Tribunais. Por fim, as propostas legislativas em andamento são mencionadas em função de sua relevância na viabilização da aplicação de outra fórmula matemática para o cálculo de renda mensal inicial de benefício previdenciário.

A partir desse estudo averigua-se como o fator previdenciário influencia na demanda de aposentadorias por tempo de contribuição, seu volume de concessões e valores médios pagos ao segurado.

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1 APONTAMENTOS INTRODUTÓRIOS

Atualmente é forte o debate sobre o fim do fator previdenciário, suas especulações sobre as novas regras que vigorarão sobre o cálculo salário de beneficio. A atual fórmula matemática abrange uma ideia de equilíbrio atuarial e financeiro do RGPS, no entanto a problemática esta na elaboração de uma maneira mais justa para reformulação da aposentadoria por tempo de contribuição. Tal enfoque se dá ao delimitador etário, onde, nos dias de hoje, a intenção é retardar ao máximo a aposentação precoce, para uma nova estrutura onde seja possível acumular o quesito etário com o devido tempo de contribuição, o que resultaria em um fator previdenciário equivalente aos 100% do salário de benefício.

Neste contexto, estudando a conjuntura do fator previdenciário desde sua criação, procurando estabelecer um paralelo entre a fórmula antiga de cálculo, onde era considerada a média aritmética simples dos últimos 36 (trinta e seis) salários de contribuições e a atual fórmula que utiliza o fator previdenciário como elemento determinante na apuração da renda mensal do benefício. Dentro deste panorama, ainda, será objeto de estudo o salário de contribuição, o salário de benefício, bem como o período básico de cálculo, para então entender a fórmula matemática do cálculo do fator previdenciário suas consequências na projeção do salário de benefício, suas possibilidades de perdas e ganhos, especialmente ao que se refere à fase da constitucionalização do tema, nas suas projeções em longo prazo. Sendo que ao final discute-se sobre a evolução histórica do fator perante um novo paradigma organizacional dos segurados da previdência social e a possível instauração de novo modelo de cálculo de benefício.

No decorrer da análise do tema verifica-se de maneira sistematizada o cálculo do atual fator previdenciário e aborda-se o pensamento dos principais doutrinadores sobre o tema.

Abordam-se ainda aspectos relevantes da discussão que trata do fim da aplicação da fórmula do fator previdenciário no cálculo de concessão de benefício da previdência social, nesse sentido, atualmente a Câmara dos Deputados cogita a

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criação da fórmula 85/95 em substituição ao modelo que utiliza o fator previdenciário.

1.1 A evolução da proteção social no Brasil

A evolução da Proteção Social no Brasil teve seu marco inicial, em matéria de legislação, com a publicação do Decreto Legislativo nº. 4.682, de 24.01.1923, conhecido como Eloy Chaves, responsável pela criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões nas empresas de estradas e ferro existentes, mediante contribuições dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado, assegurando aposentadoria aos trabalhadores e pensão a seus dependentes em caso de morte do segurado, além da assistência médica e posterior diminuição do custo de medicamentos.

Sobre tal passagem histórica, relata Castro e Lazzari (2011, p.69):

A Lei Eloy Chaves criou, a trabalhadores vinculados a empresas privadas, entidades que se aproximam das de hoje conhecidas entidades fechadas de previdência complementar, ou fundos de pensão, já que se constituíam por empresas.

Assim, podemos encontrar três características elementares na referida lei, começando pela obrigatoriedade de participação dos trabalhadores no sistema, sem a qual não seria atingido seu fim específico para o qual foi criado, qual seja, manter a facultatividade.

Em seguida, a contribuição para o sistema, devida pelo trabalhador, bem como pelo empregador, ficando o Estado como responsável pela sua regulamentação e supervisão do sistema. Em último lugar, apresenta uma relação, de prestações definidas em lei, que visam proteger o trabalhador em situações de incapacidade temporária, definitiva, ou ainda, em casos de morte do mesmo.

A Assembleia Nacional Constituinte de 1988 tornou possíveis direitos até então não previstos em lei.

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A equiparação dos Direitos Sociais dos trabalhadores rurais com os dos trabalhadores urbanos, nivelando-os pelos últimos: a ampliação do período de licença-maternidade para 120 dias, com consequente acréscimo de despesas no pagamento dos salários-maternidade, e a adoção do regime jurídico único para os servidores públicos da Administração Direta, autarquias e fundações públicas das esferas federal, estadual e municipal, unificando também, por conseguinte, todos os servidores em termos de direito à aposentadoria, com proventos integrais, diferenciada do restante dos trabalhadores (vinculados ao Regime Geral), que tinham sua aposentadoria calculada pela média dos últimos 36 meses de remuneração.

O INSS foi criado em 1990, com a fusão de duas entidades que compunham o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS: o Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, e o Instituto de Aposentadoria e Pensão – IAPS. Assim o INSS, passou a substituir, os ora extintos, INPS e IAPS, nas funções de arrecadação, bem como nos pagamentos de benefícios e prestações de serviços, aos segurados e dependentes do RGPS. E ainda, as atribuições no campo da arrecadação, fiscalização, cobrança de contribuições e aplicação de penalidades. Sendo que, a regulamentação da matéria ligada ao custeio da Seguridade Social, foram transferidas, em 2007, para a Secretaria da Receita Federal do Brasil – Lei nº. 11.457/2007 (Duarte, 2011).

Além disso, após a promulgação da Constituição Federal – CF de 1988 houve um significativo aumento do montante anual de valores gastos pela Seguridade Social, em função da quantidade de benefícios concedidos e consequente abalo na estrutura orçamentária da autarquia.

Houve no período posterior à Constituição de 1988, significativo aumento do montante anual de valores despendidos com a Seguridade Social, seja pelo número de benefícios previdenciários e assistenciais concedidos, seja pela diminuição da relação entre número de contribuinte e números de beneficiários, em função do “envelhecimento médio” da população diante das previsões atuariais de que, num futuro próximo, a tendência seria de insolvência do sistema pelo esgotamento da capacidade contributiva da sociedade (CASTRO e LAZZARI, 2009, p.70).

Entre 1993 e 1997, foram realizadas várias modificações na legislação da Seguridade Social, sendo a mais relevante, a criação da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei nº. 8.742, de 07.12.1993, em seguida houve a transferência dos benefícios de renda mensal vitalícia, auxílio-natalidade e auxílio-funeral para o parâmetro da Seguridade Social, ao mesmo tempo, foram adotadas medidas mais

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severas para as espécies de aposentadorias especial, bem como a extinção de várias modalidades da mesma, como por exemplo, para o juiz classista da Justiça do Trabalho e a do jornalista. Em 1999 a mais significativa alteração diz respeito à criação da fórmula do fator previdenciário, nos termos da Lei 9.876/99. A partir de então outras alterações legislativas especialmente na área de custeio foram implantadas.

1.2 Dos diferentes regimes do sistema previdenciário brasileiro

O sistema previdenciário brasileiro está organizado em diferentes regimes, cada qual com um público alvo respectivo. O RGPS merece destaque por ser um regime público, obrigatório e o principal e mais abrangente já que está direcionado ao atendimento da população economicamente ativa que trabalha junto a iniciativa privada, ou seja, abrange todos os trabalhadores empregados, autônomos, profissionais liberais, eventuais, avulsos, domésticos e trabalhadores rurais, ou ainda, nas palavras de Tavares (2004, p.113-114):

O RGPS abrange obrigatoriamente todos os trabalhadores da iniciativa privada [...] Segundo estudos, atinge cerca de 86% da população brasileira amparada por algum regime de previdência. [...] Sua gestão é realizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia federal responsável, pela concessão de benefícios e serviços do RGPS.

Paralelamente ao RGPS existem os regimes próprios, cuja abrangência e público alvo é bem menor, pois atendem determinadas categorias especificas, tais como, servidores públicos civis e militares. São regimes com natureza pública e com caráter obrigatório, porém, reservados apenas para o atendimento das categorias anteriormente referidas. Enfatiza-se que na presente pesquisa o objeto em estudo remete-se RGPS, por atender todos os trabalhadores vinculados a iniciativa privada, os quais representam a grande maioria dos trabalhadores e especialmente por ser o regime cuja renda mensal dos benefícios sofre a incidência da fórmula do fator previdenciário, principal objeto de estudo dessa pesquisa.

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1.3 Emenda Constitucional nº. 20

A EC nº. 20 inaugura uma fase de grandes reformas no sistema previdenciário brasileiro, pois inúmeras mudanças na esfera previdenciária foram trazidas à baila pela referida emenda, sendo promulgada no dia 15.12.1998. Entre as principais mudanças, importa destacar a alteração da expressão “tempo de serviço” para “tempo de contribuição” para fins de concessão de aposentadoria tanto nos regimes próprios quanto no RGPS e, especificamente quanto aos regimes próprios dos servidores públicos civis, a principal alteração pode ser apontada como sendo a inclusão do requisito etário para fins de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição.

A adoção da nomenclatura “tempo de contribuição” e não mais tempo de serviço introduzida pela EC nº. 20 visa claramente equilibrar a equação custeio versus benefícios, com a introdução de regras no custeio que o transformaram de um sistema de repartição simples para um sistema misto, composto de repartição simples e capitalização.

Acerca desta mudança, Tavares (2012, p.78), manifesta-se no sentido de:

A fixação desta nomenclatura dificilmente criará diferenças visíveis, em curto prazo, na concessão de benefícios. Explica-se: aqueles que obtiveram contagem de tempo de serviço para fins de aposentadoria sem contribuição correspondente têm direito adquirido à contagem; o tempo de serviço considerado pela legislação vigente, para fins de aposentadoria, cumprido até que a lei venha a disciplinar a matéria, será contado como tempo de contribuição (art. 4º. da Emenda nº. 20). E, conforme seja o teor da lei regulamentadora, períodos de afastamento por motivo de doença ou acidente de qualquer natureza continuarão certamente a ser considerados como tempo a ser computado para fins previdenciários.

A referida emenda teve a intenção de oportunizar aos regimes previdenciários brasileiros importantes redução de despesas, eis que passa a exigir efetivo tempo de contribuição e não mais mero tempo de serviço, contudo, paralelamente a isso não foi tomada nenhuma medida para o aumento da arrecadação, bem como nem mesmo foi efetivada a alteração que determina a consideração de tempo de contribuição conforme era na época, o verdadeiro desejo da Previdência Social.

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Na sequência das reformas, consequentes alterações legislativas visando restabelecer uma relação entre a contribuição e o valor do benefício, o próximo passo das reformas foi a criação da Lei nº. 9.876/99, responsável pela implantação um novo e longo período básico de cálculo para apuração do valor do benefício, criando uma fórmula revolucionária para averiguação do chamado fator previdenciário, que será decisivo no cálculo do valor dos benefícios concedidos a partir de então.

A referida lei introduziu, assim, uma nova fórmula do cálculo dos benefícios de prestação continuada que passou a utilizar a fórmula do fator previdenciário para apurar o salário de benefício, assim, novas variáveis passaram a influenciar no valor do benefício, tais como, idade do segurado no momento do requerimento do benefício, o tempo de contribuição e a expectativa de vida apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Todavia estas alterações não atingiram direitos adquiridos, por outras palavras, o benefício que fazia jus o segurado antes da publicação da lei, mesmo que requerido posteriormente, será calculado com base nos últimos trinta e seis salários de contribuição, sem aplicação do fator previdenciário, oportunizando a utilização das novas regras, em caso destas, serão mais benéficas ao segurado, como descreve Lemes (2011, p.128).

1.3.1 Direito adquirido

É todo aquele direito que a pessoa já possui desde que reúna todos os requisitos necessários para atingir determinada situação. No entender de Diniz (1998, p.139), a definição de direito adquirido pode ser conceituada como:

Se incorporou definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular, de modo que nem a lei, nem fato posterior podem alterar tal situação jurídica, pois há direito concreto, ou seja, subjetivo, e não direito potencial ou abstrato.

Ainda no estudo do direito adquirido, contribui Martinez (2000, p.56), com a seguinte explicação:

É aquele sem possibilidade de ser alterado em sua essência; isso é suscitado principalmente por ocasião do advento de lei nova que modifique

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o direito. Se o titular reuniu os pressupostos elegíveis até a superveniência da lei modificadora, está assegurado e não sofre a mudança operada por esta última lei, que se destina naturalmente a casos futuros. Significa direito incorporado ao patrimônio do titular, bem seu. É direito. A aquisição, referida no título, quer mostrar qualquer ataque exterior por via de interpretação ou de aplicação de lei. Distinto do interesse ou da faculdade não pode ser alterado por esta.

Segundo Bevilaquia (2001, p.101) direito adquirido pode ser definido como “um termo e condições suspensivos, que retardam o exercício do direito. Esta condição suspensiva torna o direito apenas esperado, mas ainda não realizado”. Portanto, a não retroatividade das leis quer dizer respeitar os direitos adquiridos.

As reformas previdenciárias até hoje implantadas sempre trouxeram em seu bojo previsão expressa de respeito ao direito adquirido, contudo, mera expectativa de direito não pode ser confundida com direito adquirido, dessa forma, regras anteriores a reforma somente terão aplicação garantida para aqueles que preencheram todos os requisitos para a aposentadoria até a data da publicação das novas regras, nessa seara é que se encontra o direito adquirido. Os segurados que na data da reforma já estavam inscritos e contribuindo para a previdência social, mas ainda não estavam aptos a se aposentar, não possuem direito adquiridos, mas sim mera expectativa de direito e, dessa forma, ficarão sujeitos às novas regras ou as regras de transição, como preferirem.

1.4 A nova sistemática de cálculo

A reforma do sistema previdenciário atingiu muito significativamente a fórmula de cálculo dos benefícios, nesse ponto procurar-se-á delinear os sentidos e as perspectivas dessas alterações.

1.4.1 Conceituação do caráter contributivo e da filiação obrigatória

O caput do art. 201 da CF/88, em redação pela EC, nº. 20, de 15.12.1998, dispõe:

Art. 201 previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observando critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.

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O RGPS tem normatização infraconstitucional regida pela Lei nº. 8.212 de 24.07.1991 que trata sobre a organização da Seguridade Social e institui Plano de Custeio e pela Lei nº. 8.213 de 24.07.1991, que abrange os Planos de Benefícios da Previdência Social, ambas regulamentadas pelo Decreto nº. 3.048 de 06.05.1999, Regulamento da Previdência Social.

A problemática da evolução histórica da criação da Lei nº. 9.876/99, que adotou o fator previdenciário e inovou a contemplação do período básico de cálculo, engloba muitas definições e termos.

Deste modo, passa-se para análise dos princípios que regem o custeio, sendo que está estreitamente relacionado, neste aspecto, órgão gestor com os contribuintes, que podem ser pessoas físicas e jurídicas, ainda neste norte percebemos a extrema proximidade da matéria com o direito tributário, neste sentido, segundo Wladimir (2001, p.134): “Toda matéria de custeio por sua semelhança com o Direito Tributário, deve ser interpretada restritivamente, salvo quando nela lobrigar-se alguma atenuação, faculdade ou autonomia de vontade”. Sendo que os principais princípios do custeio estão elencados por Fuenzalida (1985) citado por Wladimir (2001, p.134), que indica o princípio da especialização, onde o administrador deve especializar-se nesse assunto a fim de carrear recursos para as despesas administrativas e despesas com prestações.

Em seguida descreve o princípio da unidade, como sendo unidade da contribuição, que tem como pressuposto a existência de um único órgão gestor ou único controle de arrecadação.

Também relaciona o princípio da uniformidade, que defende que ela tem de ser a mesma e igual, e ainda, insere uma divisão, em três partes, quais sejam, órgãos gestores, riscos sociais e em relação ao tempo. Finalmente, o princípio da proporcionalidade abrange uma ideia de proporção, onde a contribuição é feita com base no valor que o trabalhador recebe.

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Em consequência destes princípios, vislumbra-se a estreita relação existente entre custeio, poupança e proteção social. A esse respeito, leciona Martinez (2001, p.320):

Custeio é atividade-meio de proteção social. Domínio financiador das prestações, sem o qual elas não são possíveis. A ser interpretado como expropriação do indivíduo e da sociedade, submetendo-se aos cânones exacionais e fiscais, em que reconhecida a iniciativa do Estado. Deduções lógicas defluem do sistema previdenciário, em matéria de financiamento. Na base de sustentações das fontes de custeio situa-se a escolha do tipo de plano e do regime financeiro como pressupostos científicos. Por conseguinte, na Previdência Social, abrangendo população de baixa renda ou sem poder contributivo, o ideal é o pano de benefício definido. Da mesma forma, regime de repartição.

Ademais, o custeio da seguridade social é financiado por toda sociedade de forma direta e indireta, mediante recursos provenientes da União dos Estados, dos Municípios, de contribuições sociais, das empresas e dos trabalhadores, conforme bem disciplina o disposto no caput do art. 195 da CF/88:

Art. 195 a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das contribuições sociais.

Por esta razão, passa-se a analisar o princípio da capacidade contributiva, uma vez que, “o caráter contributivo reside no pagamento das contribuições para o custeio do sistema. Somente quem contribuiu adquire a condição de segurado da Previdência Social” (Santos e Marisa, 2009, p.70). Por outras palavras, o caráter contributivo da Previdência Social é um dever fundamental.

A contribuição securitária é obrigatória. Essa impossibilidade é básica para o sistema previdenciário. Os segurados, as pessoas físicas contribuintes, são obrigatórios e excepcionalmente, facultativos. [...] O dever de contribuir é preceito técnico defluente do princípio básico da obrigatoriedade, genérico, incluindo exigências de variada natureza (VENTURI apud MARTINEZ, 2001, p.136).

Tão logo, toda pessoa física ou jurídica que de fato tenha efetivado a contribuição terá cobertura pelo sistema, e automaticamente será inserido como segurado, logo, adquire condição de segurado da Previdência Social.

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1.4.2 Salário de contribuição

O salário de contribuição, definido no art. 28, da Lei nº. 8.212/91, entendido por Castro e Lazzari (2003, p.200), “o valor que serve de base de incidência das alíquotas das contribuições previdenciárias. É um dos elementos de cálculo da contribuição previdenciária”. Sendo a base de cálculo do salário de benefício, exceto a contribuição obrigatória do segurado especial.

Sendo que, Sette (2007, p.439) explica da seguinte forma o limite mínimo do salário de contribuição:

O limite mínimo do salário de contribuição corresponde: a) para segurados contribuinte individual e facultativo, ao salário mínimo; e b) para o segurado empregado, inclusive o doméstico, e trabalhador avulso, ao piso salarial legal ou normativo da categoria ou, inexistindo este, ao salário mínimo, tomado no seu valor normal, diário ou horário, conforme o ajustamento e o tempo de trabalho efetivo durante o mês.

Enfatiza-se que, o valor do limite do salário de contribuição será publicado mediante portaria do Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS, de acordo com a Portaria Interminestral nº. 02/2012, do MPS/MF, em janeiro de 2012, o valor máximo é de R$ 3.916,20 (valor reajustado periodicamente).

1.4.3 Salário de benefício e período básico de cálculo

Salário de benefício, conforme explica Martinez (2000, p.623), “é a média aritmética simples das bases da contribuição contidas num certo período básico de cálculo, quantum que se presta para aferição da renda mensal inicial das prestações de pagamento continuado”. Ou seja, o salário de benefício é utilizado como base de cálculo para apuração do valor do benefício previdenciário, sendo encontrado, a partir da utilização de uma fórmula legal aplicada sobre a média dos salários-de-contribuição do segurado.

Em sendo assim, tanto Sette (2007, p.186-187) como Tavares (2012, p.495) lecionam no sentido que o salário de benefício da aposentadoria por idade e por tempo de contribuição consiste na média aritmética simples dos maiores salários de

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contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário.

Já no caso das aposentadorias por invalidez, aposentadoria especial, auxílio doença e auxílio-acidente o salário de benefício consistirá na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo, ressaltando que para estas espécies não há multiplicação do fator previdenciário.

Detalhadamente quando no período básico de cálculo – PBC1, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada, considerando como salário de contribuição, no período, o salário de benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases que os benefícios em geral, não podendo ser inferior a um salário mínimo, sendo esta a previsão legal constante no art. 29, § 5º, da Lei nº. 8.213/91.

De forma sistemática Castro e Lazzari (2012, p.501), relacionam a forma como é realizada a fixação do PBC:

Data de afastamento da atividade (aposentadoria por invalidez, auxílio-doença); data de entrada do requerimento (aposentadoria por idade e por tempo de contribuição); data da publicação da Emenda nº. 20, de 15.12.1998 (aposentadoria por tempo de serviço/contribuição, ou por idade, cujos requisitos da legislação anterior tenha sido implementados até aquela data); data da publicação da Lei nº. 9.876, de 26.11.99 (aposentadoria por tempo de contribuição cujos requisitos da legislação anterior tenham sido implementados até aquela data); data da implementação das condições necessárias à concessão do benefício (aposentadoria por tempo de contribuição, pelas regras de transição, com proventos proporcionais).

Portanto, o PBC procura “abranger o maior número possível de contribuições efetuadas pelo segurado [...]. A despeito dos protestos feitos por muitos, esta norma, em si, é benéfica, se considerarmos que os salários estão, a cada ano perdendo seu poder aquisitivo” (Lemes, 2010, p.74). Pelo entendimento do autor, quando considerando o salário de períodos anteriores, tem-se a possibilidade de inclusão de

1

Conforme explicação de Tavares (2012, p.119), segundo as normas atuais, passou de 36 meses para todo o período contributivo do segurado, excluindo, quando da realização da média, a quinta parte dos menores salários de contribuição.

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salários melhores na média a ser aferida. Entretanto é de suma importância analisar criteriosamente a quantidade de meses decorrida no PBC e a quantidade de salários de contribuição efetivamente existente no PBC.

1.4.4 Renda mensal

A renda mensal é definida como o valor mensalmente pago ao segurado a título de benefício previdenciário, e por sua vez, tem origem na renda mensal inicial (Martinez, 2001). Em consequência, renda mensal inicial é a primeira parcela paga ao segurado na concessão de determinado benefício, sendo o resultado da aplicação de um percentual previsto em lei sobre o salário de benefício.

Contudo, depois de obtida a renda mensal inicial, este valor deve ser reajustado periodicamente de modo a preservar o valor real do benefício, tendo em vista que a CF em seu artigo 201 §3º, determina que todos os salários de contribuição considerados no cálculo deverão ser corrigidos monetariamente.

Temos que atualmente, o índice utilizado para a atualização monetária dos referidos salários de contribuição integrante do cálculo de salário de beneficio é o Índice Nacional de Preços – INPC do IBGE, disposto na Lei nº. 10.887/2004 (Duarte, 2004).

Neste diapasão, não há que se confundir o preceito constitucional da manutenção do valor do benefício, com equivalência em número de salários mínimos. Isto quer dizer, manter o valor real do benefício significa reajustá-lo de acordo com a variação inflacionária, de modo a evitar diminuição injusta do seu poder de compra.

A bem da verdade é que em nenhum momento o legislador constituinte teve a intenção de vincular aquela garantia ao valor do salário mínimo. Em particular, é o caso do período em que vigorou a art. 58 do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias – ADCT, neste momento foi o valor dos proventos fixado em números

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Contudo a partir daí, os indexadores adotados forma aqueles fixados pelo legislador ordinário, acerca disto decidiu o Supremo Tribunal Federal – STF:

Por ofensa ao art. 7º. IV, da CF, que veda a vinculação ao salário mínimo para qualquer fim, a Turma, julgando recurso extraordinário interposto pelo INSS, reformou acórdão do TRF da 2º. Região que adota o índice de variação do salário mínimo como critério permanente de reajuste do beneficio previdenciário percebido pelo recorrido. Recurso extraordinário conhecido e provido para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determina a atualização do benefício previdenciário pela variação do salário mínimo na vigência da atual CF, ressalvando o período compreendido pelo art. 58, caput e parágrafo único, do ADCT (BRASIL, 1999).

Tanto Sette (2007, p.196) como Castro e Lazzari (2012, p.506), relacionam que a renda mensal do benefício será calculada aplicando-se o salário de beneficio os percentuais conforme o caso. Em primeiro lugar a auxílio doença será de 91% do salário de benefício, em seguida a aposentadoria por invalidez será de 100% do salário de benefício, logo depois, aposentadoria por idade será de 70% do salário de benefício, mais 1% deste por grupo de doze contribuições mensais, até o máximo de 30%.

Em particular relacionam a aposentadoria por tempo de contribuição onde, para a mulher é de 100% do salário de benefício aos trinta anos de contribuição. Já para o homem, é de 100% do salário de benefício aos trinta e cinco anos de contribuição. No entanto, no caso de professor aos trinta anos e para professora vinte e cinco anos de contribuição e de efetivo exercício em função de magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou no ensino médio, serão de 100% do salário de benefício.

No mesmo sentido há de se dar especial atenção nos casos de aposentadoria proporcional prevista no art. 9º. §1º da EC nº. 20/1998:

§ 1º - O segurado de que trata este artigo, desde que atendido o disposto no inciso I do "caput", e observado o disposto no art. 4º desta Emenda, pode aposentar-se com valores proporcionais ao tempo de contribuição, quando atendidas as seguintes condições:

I - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e

(25)

b) um período adicional de contribuição equivalente a quarenta por cento do tempo que, na data da publicação desta Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo constante da alínea anterior;

II - o valor da aposentadoria proporcional será equivalente a setenta por cento do valor da aposentadoria a que se refere o "caput", acrescido de cinco por cento por ano de contribuição que supere a soma a que se refere o inciso anterior, até o limite de cem por cento.

Nos casos de aposentadoria especial é de 100% do salário de benefício. Valor do salário de benefício de acordo com o art. 57, §1º, da Lei nº. 8.213, de 1991.

Assim o cálculo do valor da renda mensal do benefício do segurado empregado, inclusive o doméstico, e do trabalhador avulso, serão contados aos salários de contribuições referentes aos meses de contribuições devidas, ainda que não recolhidas pelo empregador. Para os demais segurados, somente serão computados os salários de contribuições referentes aos meses de contribuições efetivamente recolhidos.

De outra banda, após do advento de Decreto nº. 4.079/2002, o INSS passou a calcular os benefícios tendo por base as informações constantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS, pois os dados inseridos neste cadastro, relacionados a vínculos, remunerações e contribuições valem como prova de filiação à previdência social, tempo de contribuição e salário de contribuição.

(26)

2 O FATOR PREVIDENCIÁRIO

Conforme já referenciado no capítulo anterior, com a EC nº. 20/1998 desapareceu a garantia do cálculo do benefício pela media dos 36 últimos salários de contribuição, conforme previa o caput do art. 202 da CF/88, na sua redação original, consequentemente este prazo de cálculo foi ampliado gradualmente até chegar ao período total das contribuições, nas condições definidas pela Lei nº. 9.876, de 26.11.1999 (Diário Oficial da União – DOU de 29.11.99), que por sua vez criou o então chamado Fator Previdenciário, conferindo nova redação ao art. 29 da Lei nº. 8.213/91:

Art. 29. O salário-de-benefício consiste: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99).

I - para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99).

II - para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e e h do inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99).

[...]

§ 7º O fator previdenciário será calculado considerando-se a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar, segundo a fórmula constante do Anexo desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99).

§ 8º Para efeito do disposto no § 7º, a expectativa de sobrevida do segurado na idade da aposentadoria será obtida a partir da tábua completa de mortalidade construída pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99).

§ 9º Para efeito da aplicação do fator previdenciário, ao tempo de contribuição do segurado serão adicionados: (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99).

I - cinco anos, quando se tratar de mulher; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99).

II - cinco anos, quando se tratar de professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) III - dez anos, quando se tratar de professora que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99).

A EC nº 20 introduziu a aposentadoria por tempo de contribuição em substituição a aposentadoria por tempo de serviço, ressalvando ao segurado o direito adquirido em relação a este último benefício, ou seja, para os segurados que

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cumpriram todos as requisitos para a obtenção dos benefícios até a entrada em vigor da Lei nº. 9.876/99.

Como bem explica Vianna (2005, p.510):

O segurado que, até 28.11.1999, tiver cumprido os requisitos necessários para a concessão do benefício poderá optar pelo cálculo do salário de benefício conforme as regras até então vigentes, considerando-se como Período Básico de Cálculo (PBC) os últimos 36 salários de contribuição, apurados em período não superior a 48 meses imediatamente anteriores aquela data. Assim sendo o direito adquirido ao benefício em março/98, por exemplo, poderá o segurado optar entre as regras atualmente vigentes, ou pelo cálculo existente aquela época.

No entanto, com relação aos segurados filiados a Previdência Social até o dia anterior à publicação da lei que virem a cumprir as condições exigidas para a concessão dos benefícios, é aplicada a regra específica e transitória prevista no art. 3º da aludida Lei nº. 9.876/99:

Art. 3º Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei nº 8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei.

§ 1º Quando se tratar de segurado especial, no cálculo do salário-de-benefício serão considerados um treze avos da média aritmética simples dos maiores valores sobre os quais incidiu a sua contribuição anual, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e II do § 6º do art. 29 da Lei nº 8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei.

§ 2º No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d do inciso I do art. 18, o divisor considerado no cálculo da média a que se refere o caput e o § 1º não poderá ser inferior a sessenta por cento do período decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do benefício, limitado a cem por cento de todo o período contributivo.

Em síntese, o direito adquirido não se confunde com o exercício do requerimento, sendo que uma coisa é direito adquirido, outra é o exercício de direito adquirido. Igualmente é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, em voto proferido por Carlos Velloso, em 11 de junho de 2002, no Agravo no Recurso Extraordinário, nº. 269.407.0/RS, ementado da seguinte forma:

(28)

Constitucional – Previdenciário – Aposentadoria – Proventos – Direito Adquirido. I – Proventos de aposentadoria: direito aos proventos na forma da lei vigente ao tempo da reunião dos requisitos da inatividade, mesmo se requerida após a lei menos favorável. Súmula 359-STF: desnecessidade do requerimento. Aplicabilidade à aposentadoria previdenciária. Precedentes do STJ. II – Agravo não provido.

Ainda segundo Correia (2012), é evidente que o direito adquirido coincide com o cumprimento das obrigações na inteireza como foram instituídas, com a possibilidade, apenas e se for o caso, da incidência imediata de normas mais benéficas.

2.1 A fórmula matemática do fator previdenciário

O fator previdenciário é uma fórmula utilizada para cálculo de aposentadoria, que nos termos do §7º e §8º da Lei nº. 9.876/1999 será considerada, para efeito de cálculo do fator previdenciário, a expectativa de sobrevida do segurado na idade da aposentadoria obtida a partir da tábua completa de mortalidade efetivada pelo IBGE, considerando média nacional única para ambos os sexos, compete ainda ao IBGE, publicar no DOU anualmente, até o dia 1º de dezembro, a tábua completa de mortalidade para o total da população brasileira referente ao ano anterior, o que foi regulado pelo Decreto nº. 3.266, de 29.12.1999 nos seguintes termos:

Tábuas Completas de Mortalidade – 2010

Em cumprimento ao disposto no Art. 2º do Decreto no 3.266, de 29 de novembro de 1999, o IBGE divulga, anualmente, até o dia primeiro de dezembro de cada ano, a Tábua Completa de Mortalidade para o total da população brasileira, referente ao ano anterior. Essas informações subsidiam o cálculo do fator previdenciário, por parte do Ministério da Previdência Social, para fins das aposentadorias das pessoas regidas pelo Regime Geral da Previdência Social.

A Tábua de Mortalidade de 2010 é uma projeção com base na mortalidade calculada para os anos de 1980, 1991 e 2000, as quais resultaram de ampla discussão durante uma Oficina de Trabalho entre técnicos da Coordenação de População e Indicadores Sociais - COPIS, do IBGE, e do Centro Latinoamericano y Caribeño de Demografia - CELADE, Divisão de População da Comisión Económica para América Latina y el Caribe - CEPAL, realizada no período de 24 a 28 de março de 2003, em Santiago, Chile.

O IBGE informa antecipadamente à sociedade que a Tábua de Mortalidade de 2011, a ser divulgada em 29 de novembro de 2012, incorporará as informações mais recentes sobre população e óbitos, por sexo e idade, provenientes do Censo Demográfico 2010, e as estatísticas vitais oriundas da pesquisa Estatísticas do Registro Civil do mesmo ano. Trata-se de um

(29)

procedimento necessário de atualização, quando se trabalha com indicadores e/ou modelos demográficos prospectivos. Além disso, o desenvolvimento desta atividade cumpre, também, o propósito de gerar parâmetros atualizados da mortalidade do Brasil para serem incorporados à Projeção da População por Sexo e Idade para o Período 1980-2050 - Revisão 2012 (IBGE, 2012).

Por derradeiro, diante do princípio, tempus regit actum2 e do preceito legal contido no art. 29 da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.876/1999 é de praxe que no cálculo do fator previdenciário, seja utilizada a tábua de mortalidade vigente na data da aposentadoria do segurado da Previdência Social, inexistindo previsão legal à utilização de outra não mais vigente.

Neste sentido é a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 4º Região, onde:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. REVISÃO DE BENEFÍCIO. TÁBUA DE MORTALIDADE. FATOR PREVIDENCIÁRIO. LEI 9.876/99. 1. Com o surgimento da Lei 9876/99 foi estabelecido o Fator Previdenciário, que tem como móvel a estimulação da permanência dos segurados na atividade formal, retardando sua aposentadoria para que não tenham decréscimo em seu benefício.

2. Pela fórmula se verifica que eventuais mudanças no perfil demográfico da população são consideradas em sua composição. Assim, quanto maior a expectativa de vida, menor será o fator previdenciário e, consequentemente, menor a RMI.

3. Improcede o pedido de aplicação da Tábua de Mortalidade de 2003 com critérios de aferição próprios, formulados pelo segurado, com base nas expectativas de vida dos anos que entende conveniente (BRASIL, 2011).

A saber, a regra do cálculo com fator previdenciário é aplicado de forma obrigatória nas espécies de aposentadoria por tempo de contribuição e facultativamente nas espécies de aposentadoria por idade, note-se, no entanto, que Duarte (2004, p.79), faz a seguinte menção sobre a aludida fórmula:

Esta fórmula somente será aplicada nos benefícios concedidos após 29.11.1999, que foi a data da entrada em vigor da Lei 9.876, de 26.11.1999. A regra do § 7º do art. 29 da LB determina ser ele calculado levando-se em consideração a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar.

2

O tempo rege o ato, isto quer dizer, que os atos jurídicos se regem pela lei da época em que ocorreram.

(30)

Desse modo, segundo Correia (2007, p.226), o fator previdenciário será obtido da seguinte fórmula3:

[ ] Onde: f = fator previdenciário;

Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria; Tc = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria; Id = idade no momento da aposentadoria;

a = alíquota de contribuição correspondente a 0,31. Traduzindo:

Fator previdenciário = tempo de contribuição multiplicado por alíquota correspondente a 0,31 dividido por expectativa de sobrevida momento da aposentadoria. Obtido o resultado, multiplica-se o montante encontrado por 1 mais o valor resultante da seguinte equação: idade no momento da aposentadoria multiplicado pela alíquota de 0,31, dividido por 100 (cem).

Em sendo assim, a presente fórmula é aplicada integralmente aos segurados filiados à Previdência Social a partir de 29.11.99, e de forma gradual aos segurados filiados até o dia anterior à data de publicação da Lei nº. 9.876/99. Atente-se no §9º do art. 29 da mencionada lei:

§ 9º. Para efeito da aplicação do fator previdenciário, ao tempo de contribuição do segurado serão adicionados:

I - cinco anos, quando se tratar de mulher;

II - cinco anos, quando se tratar de professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio;

III - dez anos, quando se tratar de professora que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

É notória a intenção do legislador visto que criou, para efeito do fator previdenciário, ao tempo de contribuição do segurado, um bônus de cinco anos para o cálculo, e se mulher professora, tem dez anos de bônus. Esse adicional tem por finalidade adequar o cálculo ao preceito constitucional que garante às mulheres e professores aposentadoria com redução de cinco anos em relação aos demais segurados da Previdência (Lemes, 2010).

3

(31)

Com efeito, o cálculo de salário de benefício de segurado, que efetivamente contribuir em razão de atividade concomitante este será resultado da soma dos salários de contribuição das atividades exercidas na data do requerimento ou óbito (isso se em ambas as atividades forrem satisfeitos os requisitos para a concessão do benefício). A partir do salário de contribuição, resultado da fórmula acima mencionada, será feito o cálculo da RMI do benefício (Correia e Correia, 2012).

A atual exigência para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição é de 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos, se mulher, conforme estabelecido no inciso I, § 7º, do artigo 201 da CF, permite a concessão de aposentadorias em idades que podem ser consideradas baixas. A título de exemplo, respeitando o atual limite de idade para entrada no mercado de 16 anos, as mulheres podem se aposentar, no limite, aos 46 anos e os homens aos 51 anos. Claro que, para tal, seria necessária uma densidade contributiva de 100%, que nem sempre vai de encontro com a realidade para uma parcela relevante dos trabalhadores.

De qualquer forma, dadas às expectativas de sobrevida de uma mulher de 46 anos e de um homem de 51, pode se esperar que essas aposentadorias sejam pagas pelos períodos de, respectivamente, 34 e 26 anos. No caso das mulheres, inclusive, elas teriam contribuído durante 30 anos e a expectativa é que recebam o benefício por 34 anos.

Para especificar cita-se um exemplo prático de cálculo de renda mensal inicial de uma aposentadoria por tempo de contribuição integral para uma mulher com 50,4 anos de idade na data do requerimento, conforme o cálculo:

[

] = 0,5991

Onde:

Tc - Tempo de contribuição em anos = 30,0 + 5,0 (bônus) = 35,0 Es - Expectativa de Sobrevida em anos = 29,2000

Id - Idade em anos = 50,4 a - alíquota = 0,31

Salário de Benefício = média X fator previdenciário = 1.806,58 onde,

(32)

média - Média dos 80% maiores salários de contribuição = 428.173,25 ¸ 145 = 3.015,49

y - Número de meses, após a Publicação da Lei = 156

Renda Mensal Inicial = Salário de Benefício X coeficiente = 1.806,58 Coeficiente = 1,0004.

Em seguida analisa-se o caso de uma aposentadoria por tempo de contribuição integral de um homem com 50,4 anos de idade na data do requerimento, assim segue:

[

] = 0,5991

Onde:

Tc - Tempo de contribuição em anos= 35,0 Es - Expectativa de Sobrevida em anos = 29,2000 Id - Idade em anos = 50,4

a - alíquota = 0,31

Salário de Benefício = média X fator previdenciário = 1.806,58 onde,

média - Média dos 80% maiores salários de contribuição = 428.173,25 ¸ 145 = 3.015,49

y - Número de meses, após a Publicação da Lei = 156

Renda Mensal Inicial = Salário de Benefício X coeficiente = 1.806,58 Coeficiente = 1,0005.

Nas simulações acima demonstradas, utilizaram-se os mesmos valores de contribuição, bem como pessoas com a mesma idade, tempo de contribuição e mesma expectativa de vida. A coincidência de dados determinou a apuração de um fator previdenciário idêntico para ambos os casos (0,5991), o que resultou na mesma RM.

E ainda, examina-se o cálculo de renda mensal inicial de uma aposentadoria por tempo de contribuição integral para uma mulher com 49,4 anos de idade na data do requerimento, 30 anos de tempo de contribuição e relação de salários de contribuição, durante todo o PBC, equiparado ao teto, neste caso o resultado do fator será de 0,5796, conforme abaixo:

4

Inteiro teor do cálculo se encontra em apêndice A.

5

(33)

[

] = 0,5796

Onde:

Tc - Tempo de contribuição em anos = 30,0 + 5,0 (bônus) = 35,0 Es - Expectativa de Sobrevida em anos = 30,0000

Id - Idade em anos = 49,4 a - alíquota = 0,31

Salário de Benefício = média X fator previdenciário = 2.137,87 onde,

média - Média dos 80% maiores salários de contribuição = 649.183,00 ¸ 176 = 3.688,53

y - Número de meses, após a Publicação da Lei = 156

Renda Mensal Inicial = Salário de Benefício X coeficiente = 2.137,87 Coeficiente = 1,0006.

Conforme as palavras de Sette (2012, p.505), “o fator previdenciário será vantajoso nos casos em que o segurado contar com idade mais vanaçada ou tempo maior de contribuição, por que aí o fator passa a ter efeito de bônus”. Nesse sentido, um homem com 40 anos de tempo de contribuição e 62,3 anos de idade, terá apurado um fator previdenciário de 1,0891 de acordo com os dados:

[

] = 1,0891

Onde:

Tc - Tempo de contribuição em anos = 40,0 Es - Expectativa de Sobrevida em anos = 19,9000 Id - Idade em anos = 62,3

a - alíquota = 0,31

Salário de Benefício = média X fator previdenciário = 3.916,20 onde,

média - Média dos 80% maiores salários de contribuição = 534.284,39 ¸ 176 = 3.688,53

y - Número de meses, após a Publicação da Lei = 156

Renda Mensal Inicial = Salário de Benefício X coeficiente = 3.916,20 onde,

Coeficiente = 1,0007.

No mesmo sentido fica a simulação de uma aposentadoria por tempo de contribuição para uma mulher com 62,3 anos de idade na época do requerimento, 40 anos de contribuição, esta por sua vez atingiu um fator previdenciário de 1,2361, de acordo com a fórmula a seguir:

6

Inteiro teor do cálculo se encontra em apêndice C

7

(34)

[

] = 1,2361

Onde:

Tc - Tempo de contribuição em anos = 40,0 + 5,0 (bônus) = 45,0 Es - Expectativa de Sobrevida em anos = 19,9000

Id - Idade em anos = 62,3 a - alíquota = 0,31

Salário de Benefício = média X fator previdenciário = 3.916,20 onde,

média - Média dos 80% maiores salários de contribuição = 534.284,39 ¸ 176 = 3.688,53

y - Número de meses, após a Publicação da Lei = 156

Renda Mensal Inicial = Salário de Benefício X coeficiente = 3.916,20 onde,

Coeficiente = 1,0008.

No entanto, ainda representa vantagem no caso de uma aposentadoria por idade urbana, pois nesta espécie, a aplicação do fator previdenciário é facultativa, sendo somente aplicado se assim o for mais vantajoso para o segurado. Homem com 65,1 anos de idade e 35,3 anos de contribuição, o resultado da apuração do fator previdenciário será de 1,0775, nesse sentido, segue exemplo:

[

] = 1,0775

Onde:

Tc - Tempo de contribuição em anos = 35,3 Es - Expectativa de Sobrevida em anos = 17,9000 Id - Idade em anos = 65,1

a - alíquota = 0,31

Salário de Benefício = média X fator previdenciário = 2.748,95 onde,

média - Média dos 80% maiores salários de contribuição = 512.271,82 ¸ 176 = 2.551,23

y - Número de meses, após a Publicação da Lei = 156

Renda Mensal Inicial = Salário de Benefício X coeficiente = 2.748,95 onde,

Coeficiente = 1,0009.

Importante salientar, que conforme previsão legal art. 201, §2º da CF, “nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (Alterado pela

8

Inteiro teor do cálculo se encontra em apêndice E.

9

(35)

000.020-1998)”. Isto quer dizer que, em qualquer que seja o cálculo realizado, o valor do benefício não poderá vir a ser inferior ao salário mínimo.

2.2 O fator previdenciário x aposentadoria precoce

Feito isto, há de se entender o real objetivo do fator previdenciário, pois pela compreensão de Lemes (2010, p.79-80):

Em linhas gerais, é verificar por quanto tempo o segurado verteu contribuições para o Sistema, compara com sua expectativa de sobrevida, e definir o valor a ser pago a título de benefício, de maneira a manter a sustentabilidade do Sistema. A cada dia aumenta a expectativa de vida do cidadão brasileiro [...]. O fator então, procura adequar as contribuições vertidas para o sistema ao tempo estimado que o segurado ficará em gozo de benefício.

Contrariamente a isto é o entendimento de Constanzi (2011, p.4):

A tentativa de amenizar o problema por meio do fator previdenciário, como uma alternativa ao fracasso na colocação de uma idade mínima, também tem se mostrado ineficaz para postergar as aposentadorias, servindo apenas para reduzir o valor dos benefícios. Os trabalhadores preferem se aposentar, com grande redução no valor da aposentadoria, pois, provavelmente, continuam trabalhando e, dessa forma, acumulam no curto prazo, salário e aposentadoria. Contudo, como prejuízo por essa visão imediatista, eles acabam se aposentado com benefícios com valores bem mais baixos do que seria possível caso postergassem o requerimento do benefício.

Nota-se que, para a presente fórmula não foi suficiente para impedir a aposentadoria precoce, ponto central, da criação do fator previdenciário.

É o que se pode concluir analisando os dados extraídos da pesquisa realizada por Rogério Nagamine Constanzi, de setembro de 2011. A mesma faz referência que no período entre dezembro de 1993 a dezembro de 2010, o estoque de aposentadorias por tempo de contribuição cresceu de cerca de 1,8 milhão para cerca de 4,5 milhões (alta de 141% - média anual de 5,3% a.a.). Sendo que nestes períodos podem-se observar pelo menos três comportamentos diferentes na evolução entre os anos de 1994 a 2010:

(36)

a) fase de 1994 a 1998, onde o crescimento do estoque se deu em ritmo muito acelerado, acima dos 10% ao ano;

b) de 1999 a 2006, quando o crescimento da emissão se deu na média de 2,2% a.a., atingindo no máximo o patamar de 3%;

c) no período de 2007 a 2010 nota-se uma aceleração da emissão, com a média anual de crescimento ficando no patamar de 4,3% a.a. Sendo que no mês de agosto de 2011, foram emitidos cerca de 4,6 milhões de aposentadorias por tempo de contribuição.

Quanto ao valor acumulado no ano das aposentadorias por tempo de contribuição emitidas, nota-se que o mesmo passou, em valores nominais, de R$ 10,5 bilhões, em 1995, para cerca de R$ 69,5 bilhões em 2010. Em valores reais, a preços de julho de 2011, corrigidos pelo INPC, o incremento foi de R$ 31,1 bilhões, em 1995, para cerca de R$ 74 bilhões em 2010 (alta acumulada de 138,2% e média anual de 5,96%).

No entanto, pode-se afirmar que no período de 1995 a 2010 a despesa real com aposentadorias por tempo de contribuição cresceu a média de cerca de 6%a.a., tendo mais que dobrado no referido período. Entre todas as espécies de benefício, a que gera a maior despesa no âmbito do Regime Geral são exatamente as aposentadorias por tempo de contribuição. Em 2010, de um valor total de benefícios emitidos no Regime Geral de R$ 223,4 bilhões, cerca de R$ 69,5 bilhões foram com aposentadorias por tempo de contribuição, ou seja, cerca de 31,1% do total, sendo que em dezembro de 2010 essa espécie de benefício respondeu por 18,4% do total de benefícios emitidos no âmbito do RGPS.

Com a relação dos números expressos acima, extraídos da pesquisa referida, existe a convicção de que o fator previdenciário certamente é um dos elementos que ajuda a explicar a redução do patamar de 2,2%, em 1998, para 1,9% em 2010. O melhor desempenho do crescimento econômico a partir de 2004 também colaborou para essa redução.

(37)

Segundo dados do Ministério da Previdência Social, o número de pedidos de aposentadoria por tempo de contribuição em 2010 em aspecto geral foi de 276.841 (mil), deste total 183.303 (mil) são requerimentos dos homens e 93.538 (mil) são requerimentos das mulheres, a idade média que os brasileiros encaminham seus pedidos de aposentadoria é com 53 anos de idade. Em específico os homens aos 54 anos de idade e as mulheres aos 51 anos de idade.

2.3 A constitucionalidade do fator previdenciário

Além da alta complexidade da fórmula acima explanada, há ainda a análise sob prisma constitucional, pois no entendimento de alguns doutrinadores o fator é inconstitucional, ao entender de Correia e Correia (2007, p.227) “se introduzem por meio de lei ordinária, elementos de cálculo não previstos constitucionalmente para a obtenção do valor”, relaciona ainda, que não há nenhuma existência na lei quanto à previsão para que o benefício seja concedido de elementos como a expectativa de vida.

Por outras palavras, em flagrante ofensa ao princípio da igualdade, que a Lei nº. 9.876/1999 instituiu um critério diferenciador entre segurados nas mesmas condições, quais sejam: segurados que contribuíram pelo mesmo período e sobre o mesmo salário de contribuição, mas com idades diferentes por ocasião do requerimento do benefício, logicamente terão um beneficio com RMI diferente, ora, pois, neste prisma fica evidente a hipótese da inconstitucionalidade do contexto do cálculo.

Contrariamente, é o entendimento do STF, pois em decisão da Ação Direta de Inconstitucionalidade (nº. 2.110-9 e 2.111-7, relatadas por Sydney Sanches), em liminar este considerou o fator constitucional e para tanto utilizou-se da seguinte fundamentação:

Fator Previdenciário - 1

Julgados os pedidos de liminar nas ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos - CNTM e pelo PC do B, PT, PDT e PSB, contra a Lei 9.876/99, que dispõe sobre a contribuição previdenciária do contribuinte individual e sobre o cálculo do benefício. O Tribunal, em razão da falta de demonstração da alegada inconstitucionalidade formal (Lei 9.868/99, art. 3º, I), não conheceu

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da ação direta, na parte em que se sustentava violação ao processo legislativo (CF, art. 65, § único). Prosseguindo no julgamento, o Tribunal, por maioria, indeferiu o pedido de medida cautelar relativamente ao art. 2º da Lei 9.876/99, na parte em que introduziu o fator previdenciário (nova redação dada ao art. 29 da Lei 8.213/91). Considerou-se, à primeira vista, não estar caracterizada a alegada violação ao art. 201, § 7º, da CF, dado que, com o advento da EC 20/98, os critérios para o cálculo do benefício foram delegados ao legislador ordinário (CF, art. 201: A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: .... § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,

obedecidas as seguintes condições:”). Ainda por maioria, o Tribunal

indeferiu o pedido de suspensão dos arts. 3º e 5º da referida Lei, por se tratarem de normas de transição. Vencido o Min. Marco Aurélio, que deferia a liminar por entender que a Lei impugnada reintroduzira um limite mínimo de idade para aposentadoria, o qual já fora rejeitado pelo Congresso Nacional, quando da apreciação da Proposta de Emenda à Constituição que originou a EC 20/98.

ADInMC 2.110-DF e ADInMC 2.111-DF, rel. Min. Sydney Sanches, 16.3.2000.

Fator Previdenciário - 2

Quanto à alegada inconstitucionalidade dos arts. 25 e 26 da Lei 8.213/91, com a nova redação dada pela Lei 9.876/99 — que condiciona ao requisito de carência de 10 meses o direito ao salário-maternidade para a segurada contribuinte individual e para a segurada especial —, o Tribunal, por maioria, indeferiu a liminar, por não vislumbrar, à primeira vista, relevância na alegação de ofensa ao princípio da isonomia. Vencidos, nesse ponto, os Ministros Marco Aurélio, Sepúlveda Pertence e Néri da Silveira, que deferiam a liminar.

ADInMC 2.110-DF e ADInMC 2.111-DF, rel. Min. Sydney Sanches, 16.3.2000.

Fator Previdenciário - 3

No que diz respeito à alegada inconstitucionalidade do art. 67 da Lei 8.213/91, com a redação dada pela Lei 9.876/99 — que condiciona o recebimento do salário-família à comprovação de atestado de vacinação obrigatória e de freqüência à escola do filho ou equiparado —, o Tribunal, por maioria, também indeferiu o pedido de liminar, por entender que a referida exigência é compatível com a CF. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Sepúlveda Pertence, que deferiam a liminar, por entenderem, num primeiro exame, que o atrelamento do salário-família à comprovação de atestado de vacinação obrigatória e de freqüência escolar ofenderia o princípio constitucional da razoabilidade.

ADInMC 2.110-DF e ADInMC 2.111-DF, rel. Min. Sydney Sanches, 16.3.2000. (BRASIL, 2000).

Por fim, a ADIN, acima referida restou assim ementada:

DIREITO CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. PREVIDÊNCIA SOCIAL: CÁLCULO DO BENEFÍCIO. FATOR PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 9.876, DE 26. 11.1999, OU, AO MENOS, DO RESPECTIVO ART. 2º (NA PARTE EM QUE ALTEROU A REDAÇÃO DO ART. 29, "CAPUT", INCISOS E PARÁGRAFOS DA LEI Nº 8.213/91, BEM COMO DE SEU ART. 3º. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL DA LEI, POR VIOLAÇÃO AO ART. 65, PARÁGRAFO ÚNICO, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, E DE QUE SEUS ARTIGOS 2º (NA PARTE REFERIDA) E 3º

Referências

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