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Academic year: 2021

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Rumo a uma era digital obscura? : Boa parte da informação gerada nesta era será inacessível para as gerações futuras pela deterioração dos dados, a obsolescência tecnológica ou as leis do ‘copyright’

Nas poucas décadas que a humanidade leva imersa na era digital ela criou dados suficientes para encher a memória de tantos iPads que, empilhados, quase chegariam à lua. O ritmo de criação de informação é tal que, segundo um estudo da corporação EMC e a consultora IDC, dobra a cada dois anos. Antes que a década acabe, existirão 44 zetabytes de dados (um ZB é igual a um trilhão de gigabytes) e a montanha de tablets terá ido e voltado ao satélite mais de três vezes. O paradoxal é que boa parte dessa informação se perderá para as gerações futuras.

O vice-presidente da Google e um dos pais da internet, Vinton Cerf, alertou em uma conferência da Associação Norte-Americana para o Avanço da Ciência dias atrás sobre o perigo de que o criado por esta geração quase não deixe vestígios. Na crença de sua eternidade, o homo digitalis já não imprime fotos, as guarda em formato digital, não escreve cartas, mas as envia por e-mail, não armazena discos, arquiva as canções em nuvem. Uma parte cada vez maior de sua vida se desenvolve na rede: joga online, publica selfies no Facebook e compartilha suas paixões no Twitter. Mas o digital não é tão eterno. A deterioração dos suportes nos quais a informação é armazenada, o desaparecimento dos programas para interpretá-la ou as limitações impostas pelo copyright a deixará inacessível para os humanos do futuro. De fato, não será necessário sequer esperar que os arqueólogos do futuro descubram que, como disse Cerf ao Financial Times, o começo do século XXI é “um buraco negro de informação”. Os primeiros efeitos dos que os anglo-saxões chamam de era digital obscura já estão sendo notados.

O caso dos disquetes exemplifica o problema colocado pelo vice-presidente da Google em toda sua complexidade. Foram o sistema de armazenamento básico nos anos oitenta. Neles cabiam tanto as fotos familiares como o trabalho escolar ou os documentos do trabalho. A maior parte dessa informação já se perdeu. E se ainda resta algum disquete, é quando os problemas começam de verdade: será necessário encontrar um drive que o leia, rezar para que os dados não tenham sido danificados com o passar do tempo para, provavelmente, descobrir que o programa para abrir o arquivo não existe há anos.

“Guardo disquetes velhos de 3,5 polegadas que alojam arquivos de texto escritos com um programa que já não existe e que funcionava com um Macintosh de 1986”, diz o consultor tecnológico Terry Kuny. Esse arquivista digital canadense foi o primeiro a falar deste tempo como uma possível era digital obscura há quase 20 anos. “Que opções eu, ou qualquer um, tem para acessar esses dados hoje? Mesmo se eu conseguir um drive velho, conseguir o sistema operacional e os programas não seria nada fácil. E se não existir alguém para dizer a quem tentar o que está dentro desses discos e em qual formato, o problema seria enorme”, acrescenta.

Em 1997, quando a atual era digital estava apenas começando, quando os computadores pessoais só estavam ao alcance dos mais abastados e a internet era para uma casta,

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quando ainda não existia o Google e muito menos o Facebook ou o Twitter, e a Microsoft dominava o mundo com seu Windows 95, Kuny, então assessor da Biblioteca Nacional do Canadá deu uma palestra para a Federação Internacional de Associações de Bibliotecas. Seu título era premonitório: Uma era digital obscura? Desafios para a conservação da informação eletrônica. A visão de Kuny, como a atual de Cerf, estão mais em voga do que nunca.

“Não acredito que exista um risco de que a informação de nosso tempo fique inacessível, acredito que é uma certeza. Já está acontecendo, a cada dia, em todo tipo de organização, para todas as classes de dados”, afirma Kuny. De fato, ele acredita que tudo o relacionado com a conservação digital vai de mal a pior. “Existe muito mais informação nascida digital do que antes e existem apenas poucas instituições pública ou privadas que estejam ativamente implicadas em lidar com esse problema”.

Inimigos da memória digital

O primeiro desafio tem a ver com a física. Qualquer um com idade para ter visto fitas VHS com a gravação de seu casamento sabe da deterioração dos suportes nos quais os dados são armazenados. A gravação magnética da informação foi a dominante nas primeiras décadas da era digital. Ainda hoje, os discos rígidos guardam os dados utilizando a polaridade das partículas e, por conta do magnetismo, os dados acabam se perdendo. Se aconteceu com a NASA, por que não aconteceria com o vídeo do casamento? A agência espacial norte-americana viu como boa parte das imagens feitas pelas sondas da Missão Viking enviadas à Marte nos anos setenta eram irrecuperáveis. Ainda que a NASA tenha transferido os dados das fitas magnéticas originais a suportes óticos, até 20% do material não pôde ser recuperado.

O caso das sondas Viking ilustra outro dos perigos de que esse tempo se transforme em uma idade digital obscura. Foi possível salvar 80% da informação enviada de Marte, mas foi guardada em um formato e com programas que já não existem. Só recentemente uma empresa canadense voltou a extrair as imagens. Existem formatos que parecem que vão durar a vida inteira e depois dela. É o caso das imagens guardadas no formato JPEG ou música em mp3. Mas e se aparecer um novo formato melhor e os anteriores caírem em desuso?

E confiar a preservação dos dados à boa fé das empresas que os criam tem seus perigos. Como a Fundação Fronteiras Eletrônicas (EFF, na sigla em inglês) denunciou mês passado, gigantes dos jogos como a Eletronic Arts fecham os servidores para jogar online em apenas um ano e meio se o jogo não tiver o sucesso esperado. Só em 2014, a indústria abandonou 65 jogos. Mas, ao mesmo tempo, as leis de copyright impedem que os jogadores mantenham seus próprios servidores.

Mas o maior risco de que a informação deste tempo desapareça no futuro está na Internet. Como mostra o estudo da IDC sobre o universo digital de 2014, a maior parte dos dados são alocados na rede. Dos milhões de selfies até cada minuto de vídeo

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carregado no YouTube, passando pelos comentários no Facebook, cada vez mais, a maior parte da vida de uma pessoa se encontra em algum servidor de alguma empresa e não em seu álbum familiar de fotografias.

Supomos que a Google ou o Facebook não vão acabar amanhã. Até mesmo quando encerram algum serviço, como fez o buscador com o Wave, dão um tempo razoável para que seus usuários descarreguem tudo o que tinham ali. A Google, por exemplo, conta com o Takeout, um sistema simples para fazer uma cópia de todos os dados criados e alocados em seus serviços. Mas nem sempre é assim.

No começo da década passada, existia uma rede social muito mais importante e conhecida do que o Facebook. Ela se chamava Friendster e em seu auge chegou a ter 100 milhões de usuários. Erros próprios e a popularidade de outras alternativas, entretanto, fizeram o Friendster afundar e, com ele, todas as histórias, conversas, amores e momentos compartilhados por seus usuários. Hoje, a empresa sobrevive como plataforma de jogos no sudeste asiático.

“Tivemos muita sorte da Internet Archive reagir a tempo e obter uma cópia de toda a informação pública no Friendster poucos antes dele ser desativado”, comenta o especialista em redes sociais da Escola Técnica Federal de Zurique (ETH), o espanhol David García. A relevância que as redes sociais têm na vida de hoje as transformou para os cientistas sociais em ferramentas fundamentais para estudar as sociedades humanas. Essa cópia, por exemplo, serviu para que García e outros pesquisadores estudassem fenômenos sociais que afetam a privacidade.

Um desses pesquisadores sociais é Alan Mislove, da Universidade Northeastern (EUA). Mislove estudou o Twitter a fundo. Em um artigo publicado ano passado, comprovou que quase 20% dos tweets publicados nesta rede social desapareceram. “É difícil projetar o que acontecerá futuramente com os tweets perdidos”, esclarece. Para Mislove, “os dados de sites como o Twitter e o Facebook oferecem aos pesquisadores uma capacidade sem precedentes para estudar a sociedade a uma escala e detalhamento que eram simplesmente impossíveis antes”.

Luzes contra a idade digital obscura

Se existem tantos riscos, o que está sendo feito para enfrentá-los? As soluções são tanto tecnológicas como organizacionais e até legislativas. O mais urgente parece ser o problema da longevidade dos dados, como conservá-los para os que vierem depois. As tecnologias de armazenamento não variaram muito em todo esse tempo. A informação é gravada em suportes magnéticos ou, com a ajuda do laser, em discos óticos. Mesmo que o DVD ou o Blu-ray pareçam as melhores alternativas, o futuro continuará sendo magnético.

No ano passado, a IBM e a FUJIFILM conseguiram uma densidade de armazenamento sobre fita de 85,9 gigabytes por polegada quadrada, o que permitiu uma capacidade de 154 terabytes [um terabyte são 1.000 gigabytes] em um cartucho que cabe na palma da

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mão. Isto é o texto de 154 milhões de livros”, lembra o responsável em tecnologias avançadas de fita da IBM Research, Mark Lantz.

Talvez pela IBM ser a única empresa de tecnologia com mais de um século de vida, sabe da importância da preservação dos dados. Para Lantz, a fita magnética não está morta, longe disso. “Em nosso laboratório em Zurique estamos trabalhando em uma tecnologia de fita para a preservação dos dados a longo prazo”, afirma. Com a manutenção e conservação adequadas, a gravação em suportes magnéticos mantém a informação intacta durante décadas.

Outra questão é a de poder reproduzi-las como passar do tempo. Esse é o maior temor expressado por Vinton Cerf em sua palestra. Sem as ferramentas adequadas para contextualizar os dados, eles seriam ilegíveis mesmo estando conservados. Cerf mencionou como solução um projeto no qual a IBM também participa. O gigante da informática, junto com a universidade Carnegie Mellon criaram o projeto Olive. Seu objetivo é criar uma espécie de imagem que inclua tudo, os dados do arquivo, o programa com o qual foi criado e até o código. Por meio de máquinas virtuais, o conteúdo poderá ser executado em qualquer sistema que aparecer no futuro.

Iniciativas como essa podem ser ajudadas pelo que a EFF está pedindo às autoridades dos EUA: que na legislação sobre copyright seja incluída uma exceção que obrigue as empresas que criaram um programa ou um jogo a liberar seu código quando o abandonarem ou, pelo menos, permitir sua obtenção mediante engenharia reversa.

Mas o maior desafio é conservar toda a informação acumulada em algo tão grande e dinâmico como é a rede. A Internet Archive é a maior tentativa que existe para conservar a memória da rede. Os robôs dessa organização rastreiam periodicamente a rede fazendo cópias das páginas que encontra e as guardando. Assim, se alguma página desaparece, sempre existirá a possibilidade de relembrar como era.

Na Espanha, há anos a Biblioteca Nacional vem fazendo o mesmo com a ajuda da Internet Archive. Mas o ano passado foi o primeiro em que, com seu próprio robô, começaram a escanear a rede espanhola. Já copiaram 140 terabytes entre recursos, páginas da rede, blogs... A BNE, entretanto, está à espera da aprovação de um regulamento sobre o depósito legal de publicações eletrônicas que a permita conservar tudo o que a tecnologia permitir da Internet em espanhol.

Mas evitar que esta seja uma idade digital obscura é função de cada um. “Todos nós devemos nos transformar em nossos próprios bibliotecários. Cada um deve ser o responsável por sua vida digital. Não podemos salvá-la inteira e as coisas que decidirmos salvar, deveremos fazê-lo com cuidado”, alerta Terry Kuny, que já o faz há 20 anos, bem antes de Vinton Cerf.

Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2015/02/27/tecnologia acesso em: 27 abr. 2015.

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Podemos perder todos os nossos arquivos digitais?

Seria possível perdermos todos os nossos registros históricos do século 21? O matemático e engenheiro de sistemas Vint Cerf, conhecido como "um dos pais da internet", diz que é possível.

Cerf, que é o vice-presidente da empresa Google, diz estar preocupado com a ideia de perdermos todas as imagens e documentos que salvamos em computadores à medida em que hardwares e softwares se tornam obsoletos.

Em uma conferência científica em San Jose, na Califórnia, ele afirmou que o mundo pode entrar em uma "Idade das Trevas Digital" e que gerações futuras podem vir a ter poucos ou mesmo nenhum registro do século 21.

Durante o encontro anual da Associação Americana para o Avanço das Ciências, o engenheiro – que ajudou a definir como pacotes de dados se movem pela rede – diz que seu foco agora é resolver o problema que ameaça erradicar nossa história.

"Me preocupo muito. Já estamos passando por isso. Formatos antigos de documentos que criamos ou apresentações podem não ser legíveis pelas versões mais recentes dos softwares, porque a compatibilidade com versões anteriores não é sempre garantida", disse à BBC.

Nossa vida, nossas memórias e nossas fotos de família mais queridas existem, cada vez mais, como bits de informação – em nossos discos rígidos ou "na nuvem", mas, por causa da aceleração da revolução digital, há um risco de que elas se percam.

"O que pode acontecer ao longo do tempo é que mesmo se acumularmos arquivos enormes de conteúdo digital, pode ser que não saibamos mais o que é esse conteúdo." A solução proposta por Vint Cerf é preservar cada tipo de software e de hardware para que eles nunca se tornem obsoletos – da mesma forma que em um museu, só que em formato digital, em servidores na nuvem.

"A ideia é fazer uma espécie de raio-X do conteúdo, do programa em que ele pode ser aberto e do sistema operacional juntos, com uma descrição da máquina onde este sistema está funcionando, e preservá-lo por longos períodos de tempo. Esta foto instantânea digital irá recriar o passado no futuro", explica.

Uma empresa, é claro, terá que oferecer este serviço, mas poucas empresas duraram centenas de anos. Então como podemos garantir que tanto nossas memórias pessoais quanto a história humana sejam preservadas? Não dá para garantir nem mesmo que o Google esteja existindo no próximo milênio.

"Certamente não, mas acho divertido imaginar que estamos no ano 3000 e você ainda faça pesquisas no Google. O 'raio-X instantâneo' que estamos tentando fazer poderia ser transportado de um lugar para outro. Eu poderia enviá-lo da nuvem do Google para outra nuvem, ou colocá-lo na máquina que estou usando", diz Cerf.

"O importante aqui é a ideia de que, quando você mover esses bits de um lugar para o outro, ainda saiba como acessá-los corretamente e interpretar as partes diferentes. Tudo isso é possível se padronizarmos as descrições."

"E esta é a questão – como posso assegurar no futuro distante que os padrões ainda sejam conhecidos e que possamos interpretar esse instantâneo digital?"

O engenheiro diz que o conceito, chamado de "pergaminho digital", foi demonstrado pelo cientista da computação experimental Mahadev Satyanarayanan na Universidade

Carnegie Mellon.

"Claro que há arestas a serem aparadas, mas já foi provado que o conceito geral funciona", garante.

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A era da impaciência

Assim como os livros expandiram nossa capacidade cerebral, as tecnologias atuais podem gerar o efeito contrário. A vida no século XXI pode não ser maravilhosa como sugerem as propagandas de telefones celulares, graças aos consideráveis impactos sociais provocados pela onipresença das novas tecnologias de comunicação e informação. Dois filmes recentes tratam do tema: Disconnect (de 2012, dirigido por Henry Alex Rubin) e Men, Women & Children (de 2014, dirigido por Jason Reitman). As duas obras adoçam seu olhar crítico com uma visão humanista. O grande tema é a vida contemporânea, marcada pelo consumo de bens e estilos, e povoada pelas doenças da sociedade moderna: bullying, identidades roubadas, comunicações mediadas e relações fragilizadas. No centro dos dramas estão a internet e as mídias sociais.

Se determinados impactos sociais já são notáveis, alguns efeitos econômicos ainda estão sendo descobertos. No dia 17 de fevereiro de 2015, Andrew G. Haldane, economista-chefe do Banco da Inglaterra, realizou uma palestra para estudantes da University of East Anglia. O tema foi crescimento econômico. O texto, disponibilizado pela universidade, é raro exemplo de elegância e clareza, com doses bem administradas de história, economia, sociologia e psicologia. Haldane inicia mostrando que o crescimento econômico é uma condição relativamente recente na história da humanidade, começou há menos de 300 anos. Três fases de inovação marcaram essa breve história do crescimento: a Revolução Industrial, no século XVIII, a industrialização em massa, no século XIX, e a revolução da tecnologia da informação, na segunda metade do século XX. Qual a fonte primária do crescimento econômico? Em uma palavra, paciência. É a paciência que permite poupar, o que por sua vez financia os investimentos que resultam no crescimento. Combinada com a inovação tecnológica, a paciência move montanhas. Existem também, lembra Haldane, fatores endógenos, a exemplo de educação e habilidades, cultura e cooperação, infraestrutura e instituições. Todos se reforçam mutuamente e funcionam de forma cumulativa. Pobres os países que não conseguem desenvolvê-los.

De onde veio a paciência? Da invenção da impressão por tipos móveis, por Gutenberg, no século XV, que resultou na explosão da produção de livros, sugere Haldane. Os livros levaram a um salto no nível de alfabetização e, em termos neurológicos, “reformataram” nossas mentes, viabilizando raciocínios mais profundos, amplos e complexos. Neste caso, a tecnologia ampliou nossa capacidade mental, que, por sua vez, alavancou a tecnologia, criando um ciclo virtuoso. E os avanços tecnológicos contemporâneos, terão o mesmo efeito? Haldane receia que não. Assim como os livros expandiram nossa capacidade cerebral, as tecnologias atuais podem gerar o efeito contrário. Maior o acesso a informações, menor nossa capacidade de atenção, e menor nossa capacidade de análise. E nossa paciência sofre com o processo. Não faltam exemplos: alunos lacrimejam e bocejam depois de 20 minutos de aula; leitores parecem querer textos cada vez mais curtos, fúteis e ilustrados; executivos saltam furiosamente sobre diagnósticos e análise e tomam decisões na velocidade do som; projetos são iniciados e rapidamente esquecidos; reuniões iniciam sem pauta e terminam sem rumo. Hipnotizados por tablets e smart phones, vivemos em uma sociedade assolada pelo transtorno do déficit de atenção e pela impaciência crônica.

Os efeitos são preocupantes. A impaciência em crianças prejudica a educação e cerceia o seu potencial. Nos adultos, reduz a criatividade, freia a roda que gera o desenvolvimento do capital intelectual e a inovação e coloca em risco o crescimento econômico futuro. Haldane conclui que os ingredientes do crescimento ainda são misteriosos, mas que a história aponta para uma combinação complexa de fatores tecnológicos e sociológicos. É prudente observar que o autor não está sugerindo uma relação direta entre o crescimento das mídias sociais e a estagnação econômica que vem ocorrendo em muitos países. Sua

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análise é temporalmente mais ampla, profunda e especulativa. Entretanto, há uma preocupação clara com os custos cognitivos da “revolução” da informação, que se somam aos custos sociais tratados nos dois filmes que abriram esta coluna. Não é pouco.

Fonte - Carta Capita l

Estudo prevê a invisibilidade da Internet

O avanço da internet e da digitalização será tão acelerado e intenso nos próximos 20 anos que ambas se tornarão comuns como a eletricidade, a roda e os motores de combustão interna, perdendo o glamour e a visibilidade atuais. É o que prevê uma pesquisa feita pelo Pew Research Center Internet Project, dos Estados Unidos, com base em entrevistas com 1.867 pesquisadores, programadores e empresários para marcar a passagem do 25º aniversário da criação da Web. O trabalho, que será desdobrado em quatro outros relatórios a serem divulgados até dezembro, foca especialmente na chamada "internet das coisas" (Internet of Things) , a denominação genérica dada à interação entre processadores eletrônicos instalados em quase todos os equipamentos que nos cercam e também em nossos próprios organismos.

O documento afirma que apesar do ceticismo de muitos integrantes de gerações mais velhas, a internet e a digitalização estão mudando irreversivelmente a nossa forma de viver ao provocar mudanças drásticas, especialmente em áreas como finanças, entretenimento, comunicação (jornalismo, publicidade e literatura) e educação. É um novo marco na história da humanidade, cujas consequências nós estamos apenas começando a sentir. Os participantes da pesquisa destacaram o fato de que em 2008 o número de processadores interconectados superou o total de habitantes do planeta, iniciando um crescimento exponencial que em 2013 chegou a 13 bilhões e vai passar dos 50 bilhões em 2020, segundo projeções feitas por engenheiros da empresa Cisco, fabricante de 90% dos equipamentos de interconexão entre chips eletrônicos. Como todas as inovações tecnológicas ao longo da história da humanidade, a mudança de paradigmas sempre gera resistências por pessoas pouco informadas ou que temem sair da sua zona de conforto. Se o estado atual da internet já provoca tantas resistências, a situação tende a se complicar ainda mais com o avanço da "internet das coisas", que nos levará a um ambiente no qual a separação entre o mundo material e o imaterial se tornará ainda mais difusa e fluida. O jornalismo está no meio de tudo isso como um dos setores mais afetados pelas mudanças tecnológicas em curso. O avanço da digitalização e da telemática na comunicação humana tende a criar um novo padrão informativo no qual o mercado deixará de ser a referência principal na produção de notícias para ceder lugar à preocupação prioritária com a geração de conhecimentos socialmente relevantes.

A natureza imaterial da digitalização fez com que os segmentos econômicos que também lidam com matérias-primas não palpáveis acabassem sendo os mais afetados, como é o caso do jornalismo. Não é apenas a indústria da comunicação que teve o seu modelo de negócios afetado drasticamente pela eliminação de intermediários como os jornais, editoras, gravadoras e empresas distribuidoras de filmes. A mão de obra nesses setores também está tendo que mudar comportamentos e valores, o que nem sempre é um processo tranquilo e isento de atritos e frustrações pessoais. A principal mudança é a demanda de atualização constante do acervo individual de conhecimentos para acompanhar a inovação dos processos tecnológicos. Se até agora gastávamos muito tempo na produção mecânica de um texto, vídeo ou áudio, os novos equipamentos digitais permitem que a criatividade passe a ser o grande diferencial . A divulgação dos resultados da pesquisa do Centro Pew de Pesquisas sobre o Projeto da Internet incomoda os que têm dificuldade em digerir os efeitos das mudanças que estamos testemunhando, ao mesmo tempo que alimenta a excitação futurológica dos que esperam ganhar muito dinheiro com as novas tecnologias. Mas sua principal virtude está em fornecer material para quem acha que deve refletir sobre os dados e depoimentos publicados. Fonte - Observatório da Imprensa - Carlos Castilho em 15/05/2014

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