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Academic year: 2021

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TÍTULO: OBSERVATÓRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO E PREVENÇÃO À VULNERABILIDADES – FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL: A IMPORTÂNCIA DA FIGURA PATERNA NO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA CRIANÇA

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:

SUBÁREA: PSICOLOGIA SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): LUÍZA DACAL CORRÊA AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): PROFª. DRª. MARIA IZABEL CALIL STAMATO ORIENTADOR(ES):

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RESUMO

Este Projeto de Iniciação Científica integra-se ao Projeto de Pesquisa Observatório de Políticas Públicas de Promoção do Desenvolvimento e Prevenção a Vulnerabilidades e tem o objetivo de investigar o impacto das ações do Programa Pai Presente e o motivo pelo qual as mães não incluem o nome do pai na certidão de nascimento de seus filhos. A metodologia utilizada foi a pesquisa quanti-qualitativa, com aplicação de questionários e observação das ações interventivas. Os resultados obtidos permitiram aproximação e conhecimento com relação ao objeto de estudo, mas a dinâmica de execução do Programa prejudicou o aprofundamento da pesquisa, no sentido da avaliação do impacto das ações nas atitudes das mães. A pesquisa foi valiosa para entender melhor o contexto social da ausência paterna na certidão de nascimento, situação que viola o direito das crianças à paternidade.

Palavras-chave: Psicologia e Políticas Públicas, Programa Pai Presente, Ausência

Paterna.

1. INTRODUÇÃO

O Programa Pai Presente, instituído pelo Conselho Nacional de Justiça, foi implementado pela equipe técnica do Fórum de Justiça do município de São Vicente, em função do grande número de crianças sem o nome do pai em suas certidões de nascimento, que fere o direito à paternidade, garantido no Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990). Este Programa basicamente tem como foco sensibilizar as mães sobre a importância do pai no desenvolvimento infantil, enquanto direito previsto no ECA, para que incluam o nome do pai no registro de nascimento dos filhos. A pesquisa tem como premissa a importância paterna na construção de vínculos familiares e no desenvolvimento da criança, desconstruindo o patriarcado instaurado socialmente. Seu objetivo é investigar os motivos que levaram essas mães a não colocar o nome dos pais na certidão de seus filhos e avaliar o impacto das ações do Programa Pai Presente, desenvolvido pela equipe do Fórum de Justiça e Juiz da Vara da Família de São Vicente, para reflexão e proposição de metodologias inovadoras de atuação da Psicologia.

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2. OBJETIVOS

- Levantar o número de crianças registradas no Cartório de Registro Civil em São Vicente que não têm o nome do pai em seu registro de nascimento e o perfil destas famílias, consideradas em condição e vulnerabilidade por desrespeitar o direito da criança á paternidade.

- Conhecer os motivos e fatores determinantes da não inclusão do nome do pai no registro de nascimento das crianças.

- Contribuir com as ações grupais e individuais do Programa PAI PRESENTE, desenvolvido pela equipe técnica do Fórum de São Vicente, por meio da participação, acompanhamento e avaliação do impacto destas ações na dinâmica das famílias envolvidas.

- Inserir os alunos no campo da pesquisa, promovendo a articulação com a extensão e o ensino, e compatibilizando as necessidades da formação acadêmica com as demandas da comunidade.

- Contribuir para o desenvolvimento de novos conhecimentos sobre famílias e papel da figura paterna, e para a construção de políticas públicas voltadas para o fortalecimento dos vínculos familiares e para o exercício consciente e adequado das funções da família.

3. DESENVOLVIMENTO (ETAPAS)

1. Participação nas reuniões semanais com a orientadora para acompanhamento, análise, avaliação e orientação do Projeto.

2. Aprofundamento bibliográfico do referencial teórico sobre o objeto de estudo, por meio da leitura e análise de livros, artigos e pesquisas científicas, monografias, dissertações de mestrado, teses de doutorado, e outros materiais.

3. Acompanhamento das ações do Programa PAI PRESENTE e observação da participação das mães para analisar sua adesão e nível de envolvimento, assim como a efetividade das ações.

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Alterações: além da observação, foi feita aplicação individual de questionário às mães, com auxílio das aulas pesquisadoras, após acolhimento das mães no início das atividades e breve introdução sobre o motivo pelo qual foram convidadas.

4. Aplicação de questionário avaliativo às mães participantes das ações do Programa PAI PRESENTE, para levantar dados sobre o impacto desta participação em suas dinâmicas familiares.

Alterações: Não foi possível aplicar o questionário avaliativo, porque o programa está em processo de estruturação e não há acompanhamento das mães pós intervenção para conscientização da importância da representatividade legal do pai e da função da paternidade.

5. Análise dos resultados, a partir das categorias identificadas nos questionários das mães.

6. Elaboração do Relatório Final, para apresentação dos resultados da pesquisa ao IPECI.

7. Divulgação dos resultados da pesquisa para a Universidade e para a comunidade em geral, por meio de apresentação em Jornadas, Seminários e Congressos

4. METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa, por ser considerada a mais adequada para conhecer, esclarecer, entender e analisar fenômenos relacionados à subjetividade humana, uma vez que as ações, atitudes e comportamentos dos indivíduos são baseados em crenças, percepções, sentimentos e valores, além de ter sempre um significado que não se revela de forma explícita, mas que precisa ser desvelado (GONZÁLEZ REY, 2002).

Dados quantitativos levantados junto aos registros de nascimento no Cartório de Registro Civil de São Vicente focalizando apenas ao número de mães que eram convocadas pelo Fórum para as ações, não sendo ampliada para um levantamento quantitativo do número de nascidos sem o nome do pai no registro do município como um todo. Pois, entendemos que

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- aprofundamento bibliográfico sobre as vulnerabilidades decorrentes da ausência da figura paterna para o desenvolvimento infantil em livros, artigos científicos, Monografias, Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado;

- aplicação às mães de questionários avaliativos individuais semi-estruturados, com perguntas abertas e fechadas no início das intervenções do Programa Pai Presente, ampliadas com a inclusão de perguntas adicionais na ocasião da aplicação;

- organização, sistematização, identificação de categorias, denominadas núcleos de significação, e análise dos dados, a partir da metodologia de análise de discurso, proposta pela Psicologia Sócio-Histórica com base em Vygotski (AGUIAR e OZELLA, 2001).

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No dia 19 de novembro de 2016 acompanhamos a última ação do ano do Programa Pai Presente, realizada na Escola Prefeito José Meireles, no Bairro Jardim Irmã Dolores, antigo Quarentenário, no município de São Vicente. De 77 mães intimadas, 16 compareceram e 7 registraram os nomes dos pais nas certidões dos filhos. Muitas mães presentes relataram não entender o motivo de serem intimadas, o que pode ser associado à baixa adesão à intimação (16%). Durante a ação, percebeu-se que o assunto requer aproximação afetiva da parte dos mediadores. A dinâmica de participação das mães foi positiva, e fizeram muitas perguntas e questionamentos. O ambiente que a ação foi realizada não contribuiu para o diálogo, devido à intensidade do barulho das outras atividades. Percebemos que, durante a ação, algumas mães mais esclarecidas sobre o encontro e sobre a questão da responsabilidade paterna, usaram o momento como uma oportunidade para atualização do registro de nascimento, com inclusão do nome do pai. Muitas se conscientizaram da importância de colocar o nome do pai na certidão do filho, com a participação na atividade, mas não conseguiram quebrar as barreiras dos conflitos com os pais de seus filhos. No início da ação aplicamos o questionário, que foi preenchido com mais facilidade pela aproximação afetiva dos facilitadores da ação.

Os dados quantitativos obtidos por meio dos questionários estão sistematizados nos gráficos abaixo:

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Com relação ao questionário, destacamos a importância das respostas das mães à questão: “Por que não foi reconhecido pelo pai?”

83% 17% 17%

Ação - 19/11/16

Mães intimadas Mães que compareceram

Mães intimadas 70% Mães que compareceram 26% Crianças com registro civil regularizado (nome de genitora e genitor) 4%

Porcentagem de mães que regularizaram

o registro

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A tabela acima aponta que os resultados obtidos nessa ação não trazem a profundidade necessária para o trabalho da psicologia, com relação aos reais motivos que levaram as mães a não incluir o nome dos pais na certidão de seus filhos e filhas. Refletimos muito sobre a história precedente à situação de ausência paterna nas certidões de nascimento e estabelecemos um paralelo dessa realidade com a ponta de um iceberg, que precisa ser investigada, a partir das partes submersas construídas ao longo dos anos de diferentes histórias de vida. Por isso, neste primeiro momento, questionamos a superficialidade das ações desenvolvidas com os participantes do Programa, tendo em vista que, segundo dados divulgados no Programa Profissão Repórter, transmitido pela Rede Globo, no dia 19 de outubro, atualmente 04 (quatro) milhões de crianças não têm o nome do pai na certidão de nascimento, no Brasil. A mesma edição do Programa abordou a licença maternidade, que contempla mais dias do que a licença paternidade, revelando um paradigma social da exclusividade da mãe em relação à responsabilidade do filho.

Segundo Winnicott (ROSA, 2009), a figura do pai, ao mesmo tempo em que funciona como auxiliar à mãe para criação dos filhos, ajuda a criança a superar a relação com a mãe e correr o risco de se contrapor a ela, estando presente para corrigir as coisas ou enfrentar a fúria da mãe. Com isso, destaca a importância da figura paterna na constituição da vida social da criança.

O Programa Pai Presente dá o primeiro passo para a transformação da realidade de uma sociedade com muitos pais ausentes. Colombo, Polity e Setton (2004) afirmam que: “[...] não existe nenhuma função paterna predeterminada, mas sim a

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

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possibilidade de esta ser construída na relação” (p. 94). Baseados nessa crença, acreditamos que o Programa pode gerar bons frutos para a formação das crianças, uma vez que, em São Vicente, aproximadamente 450 mães estão registradas nele.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos que precederam a interação com o Programa foram valiosos para compreensão da situação socialmente instaurada. Entender o papel que o homem e a mulher vêm exercendo ao longo da história na estrutura familiar, nos tornou mais preparadas para a interpretação e entendimento do contexto

No desenvolvimento do Projeto de Iniciação surgiram algumas dificuldades que impediram que os objetivos fossem plenamente atingidos. Por outro lado, possibilitou conclusões valiosas que contribuíram para a proposição de futuros projetos. O programa Pai Presente não está com consolidado em São Vicente, e as ações ainda não são realizadas de forma contínua e periódica, o que impediu a avaliação do impacto da ação nas mães participantes. Seriam necessários novos encontros com as mães para analisar suas necessidades, entender o real motivo de impedirem que os filhos usufruam de seu direito à paternidade e trabalhar efetivamente com as questões surgidas.

Entretanto, foi possível constatar, a partir dos dados quantitativos, que em quase 100% dos casos contatados, a situação está ligada à baixa escolaridade e a um alto nível de vulnerabilidade social. Observamos também, durante a dinâmica, a falta de compreensão das mães sobre a divisão de seus próprios direitos e os direitos de seus filhos.

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7. REFERÊNCIAS

AGUIAR, Wanda Maria Junqueira, OZELLA, Sergio. Núcleos de significação como

instrumento para a apreensão da constituição dos sentidos. Psicol. cienc.

prof. v.26 n.2 Brasília jun. 2006.

COLOMBO, Marcia Zalcman; POLITY, Sandra Fedullo; SETTON, Elizabeth. Ainda

existe a cadeira do papai? 1 ed. São Paulo: Vetor, 2004.

LEI Nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm. Acesso em: 14 ago. 2017.

Quatro milhões de brasileiros não têm o nome do pai no registro. Profissão reporte. Cidade: Globo, 19 de outubro de 2016. Programa de TV jornalístico.

ROSA, Claudia Dias. O papel do pai no processo de amadurecimento em

Winnicott. Nat. Hum. São Paulo, v. 11, n. 2, fev. 2009, p. 55-96. Disponível em

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151724302009000200 003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 3/11/2016

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