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TÍTULO: RELAÇÕES PÚBLICAS: CONTRIBUIÇÕES EM SITUÇÃO DE CONFLITOS E NEGOCIAÇÕES. ESTUDO DE CASO – OCUPAÇÃO DAS ESCOLAS ESTADUAIS POR ESTUDANTES SECUNDARISTAS EM 2015

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS ÁREA:

SUBÁREA: COMUNICAÇÃO SOCIAL SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO FECAP INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): RENAN DE OLIVEIRA PAZ AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): SIDNEIA GOMES FREITAS ORIENTADOR(ES):

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CURSO DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Renan de Oliveira Paz

RELAÇÕES PÚBLICAS: CONTRIBUIÇÕES EM SITUÇÃO DE

CONFLITOS E NEGOCIAÇÕES.

ESTUDO DE CASO – OCUPAÇÃO DAS ESCOLAS ESTADUAIS POR

ESTUDANTES SECUNDARISTAS EM 2015

Projeto de pesquisa apresentado à Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – FECAP, como parte dos requisitos para concessão de bolsa do programa de iniciação científica.

Orientadora: Sidineia Gomes Freitas

São Paulo 2016

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O objetivo geral deste trabalho é contribuir para a formação dos profissionais de Relações Públicas de forma a identificar a relação entre teoria e prática. Como objetivos específicos, i) pretende-se identificar, de forma concreta e em um caso real, os diferentes níveis do problema que geram convulsão social (SIMÕES, 1997) e ii) analisar um “case” que atenda a visão de Relações Públicas na micropolítica, averiguando se a comunicação é fator imprescindível nas negociações de conflitos. A base teórica desta investigação consiste em Simões (2001) que versa sobre a função política de Relações Públicas. Em termos metodológicos, este trabalho é um estudo de caso sobre as ocupações das escolas públicas do Estado de São Paulo por estudantes em 2015. Para a coleta de dados, foram entrevistados 9 sujeitos que responderam a um questionário com 11 perguntas em torno do conceito do termo conflito em relação às ocupações das escolas. A análise do corpus mostra o quanto pode ser prejudicial a falta, ou má gestão, da comunicação para o desempenho da função organizacional política de uma organização, principalmente em momentos de conflito, busca também mostrar que o profissional de Relações Públicas pode contribuir, significativamente, para a solução de situações conflituosas

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professionals of Public Relations of form to identifying the relation between theory and practice. As specific objectives, i) intend to identify, in a concrete form and in a real case, the different levels of the problem that produce social convulsion (SIMÕES, 1997) and ii) to analyse one "case" that attends the vision of Public Relations in the micropolitics, checking if the communication is an essential factor in the conflicts negotiations. The theoretical base of this investigation consists of Simões (2001) that is about the political function of Public Relations. In methodological terms, this work is a case‟s study about the public schools‟s occupations on the State of Sao Paulo for students in 2015. For the data collection, were interviewed 9 individuals that answered to a quiz with 11 questions around the concept of the conflict terms and regarding the occupations of the schools. The analysis of the corpus shows how much can be damaging the lack, or bad, management of the communication for the performance of the function political organizational of an organization, mainly in conflict „s moments, looks also to show that the Public Relations professional can contribute, significantly, to the solution in conflictual situations.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ... 6 TEMA E DELIMITAÇÃO ... 6 PROBLEMA DE PESQUISA ... 7 OBJETIVOS ... 7 OBJETIVOSESPECÍFICOS ... 7

CAPÍTULO 1 – RELAÇÕES PÚBLICAS: UMA FUNÇÃO POLÍTICA ... 8

1.1-RELAÇÕES PÚBLICAS E POLÍTICAS ... 10

CAPÍTULO 2 – NATUREZA E NEGOCIAÇÃO DO CONFLITO. ... 15

2.1 – ANÁLISE DE CENÁRIO ... 15

2.2 – CONFLITOS: UMA RELAÇÃO SOCIAL ... 19

CAPÍTULO 3 – ESTRATÉGIA METODOLÓGICA ... 23

3.1 – TIPO DE PESQUISA ... 23

3.2 – MÉTODO ... 23

3.3 – TÉCNICA DE COLETA DE DADOS ... 25

CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASO: OCUPAÇÃO DAS ESCOLAS ESTADUAIS POR ESTUDANTES SECUNDARISTAS EM 2015 ... 28

4.1 – APRESENTAÇÃO E ABRANGÊNCIA DO CENÁRIO. ... 28

4.2 - O GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO... 29

4.3 - A SECRETARIA DA EDUCAÇÃO ... 30

4.4 – APRESENTAÇÃO DO CASO ... 30

4.5 CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS ... 31

CAPITULO 5 – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS34 5.1 – PERCEPÇÃO DOS EVENTOS. ... 35

5.2 – ALINHAMENTO DE INTERESSES. ... 38

5.3 – COMUNICAÇÃO COMO FATOR IMPRESCINDÍVEL. ... 42

CAPITULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS. ... 46

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INTRODUÇÃO

TEMA E DELIMITAÇÃO

Tema – Relações Públicas: Contribuições em situação de conflitos e negociações.

Delimitação – Estudo de Casos: Ocupação das escolas por estudantes secundaristas em 2015.

Pesquisar e identificar as causas comuns dos conflitos e entender como funciona a dinâmica de situações conflituosas para, assim, analisá-las por meio dos conceitos de Relações Públicas, identificando a relação de empresas e público interno envolvido nos conflitos e também destacando o profissional de Relações Públicas como possível negociador do conflito.

O mundo está cada vez mais complexo e multipolarizado, caminhando nesta direção a passos largos. Com isso, pessoas, empresas e governos vêm intensificando a defesa de seus interesses, polarizando cada vez mais as relações uns com os outros. A partir desta premissa, criam-se opiniões distintas sobre alguma situação, nascendo impasses ou controvérsias, que, se não forem bem administrados, tornam-se conflitos.

Uma relação conflituosa pode ser altamente dispendiosa, gerando grandes esforços físicos, mentais e monetários, exigir a mobilização de recursos com pouca ou nenhuma solução entre as partes envolvidas, uma vez que elas não conseguem ver realizar a construção de um futuro a partir de um ponto em comum, mas partem sempre para o choque das questões que possuem diferenças.

O profissional de Relações Públicas (RP) tem na sua formação acadêmica diretrizes que o prepara para gerenciar os diferentes relacionamentos entre uma organização e seus públicos. Entretanto, o público já não aceita facilmente as justificativas dadas pelas organizações, por isso, é fundamental que o RP ponha em prática seus conhecimentos na mediação de conflitos em busca de situações mais harmônicas.

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Face à situação, o presente trabalho tem, como objetivo principal, entender as dinâmicas que envolvem as relações de conflito, visto que tais dinâmicas estão se tornando cada vez mais corriqueiras. Assim, pretende-se compreender melhor os seus processos e qual o papel que deve ser exercido pelo RP como negociador de conflito.

PROBLEMA DE PESQUISA

Em que medida e como o profissional de Relações Públicas pode contribuir em situações de conflito evitando crises e convulsões sociais.

OBJETIVOS

Identificar, de forma concreta e em um caso real, os diferentes níveis do problema que, para Roberto Porto Simões, geram convulsão social.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Contribuir para a formação dos profissionais de Relações Públicas, de forma a identificar a relação entre teoria e prática.

b) Coletar dados e analisar um “case” que atenda a visão de Relações Públicas na micropolítica.

c) Averiguar se a comunicação é fator imprescindível nas negociações de conflitos.

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CAPÍTULO 1 – Relações Públicas: uma função política

Para iniciar o desdobramento do tema é necessário compreender uma questão que muitas vezes pode parecer trivial: O que é comunicação? Qual o papel da comunicação para o profissional de Relações Públicas.

“Fazer-se entender”, “emitir uma mensagem” ou simplesmente “falar” são definições que muitos têm sobre a função da comunicação, contudo tais definições são apenas um recorte do que seria a comunicação.

A palavra comunicação tem origem no latim. Ela é derivada do termo “communicare” que tem o significado de “tornar comum”, com o intuito de tornar um conhecimento publico, de forma que seja compreendida (INFOPEDIA, 2015).

A busca do entendimento por meio da comunicação é ressaltada por Jürgen Habermas (HABERMAS, 2012 pág. 496), onde afirma:

“De outra parte, falo ainda de ações comunicativas quando os planos de ações dos atores envolvidos são coordenados não por meio de cálculos egocêntricos do êxito que se quer obter, mas por meio de atos de entendimento. No agir comunicativo, os participantes não se orientam em primeira linha pelo êxito de si mesmo: perseguem seus fins individuais sob a condição de que sejam capazes de conciliar seus diversos planos de ação com base em definições comuns sobre a situação vivida. De tal forma, a negociação sobre as definições acerca da situação vivida faz-se um componente essencial das exigências interpretativas necessárias ao agir comunicativo.”

(HABERMAS, 2012 pág. 496),

Conforme as afirmações apresentadas, Roberto Porto Simões nos apresenta no livro “Relações Públicas Função Política” onde diz “entende-se por comunicação um

processo de trocas de informações, chegando à resultante: compreensão mútua”

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O RP terá sempre como objetivo a compreensão e a comunicação, por diferentes formas e meios, é a ponte, o instrumento que o RP utiliza para atingir a compreensão mutua.

Portanto, se a comunicação tem o objetivo de “tornar algo comum”, é razoável entender que, quando exercida, ela ocorre em função de algo. Ou seja, não é sem propósito, pois não se comunica a esmo.

No que tange à ciência da comunicação, temos a Relações Públicas como uma de suas vertentes, a qual a Associação Brasileira de Relações Públicas tem por definição:

“O esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da Alta Administração para estabelecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização pública ou privada e seu pessoal, assim como entre essa organização e todos os grupos aos quais está ligada direta ou indiretamente”.

Roberto Porto Simões defende o seguinte posicionamento:

“A atividade profissional de Relações Públicas, cuja habilitação é adquirida no âmbito da cultura universitária na qual a ciência possui o seu ninho, se propõe a intervir em um fenômeno social específico: as relações políticas entre a organização e seus públicos.” (SIMÕES, 2001, pág. 32).

É de grande importância ater-se ao que significa a “compreensão mutua”, uma vez que a intervenção em um fenômeno, do ponto de vista científico, deveria ser feita após a compreensão do cenário que constitui o fenômeno, caso contrário pode agravar a situação que, segundo Simões (2001, pág 34) nos alerta na obra de “Relações Públicas e Micropolitica”.

“A intervenção em um fenômeno, do ponto de vista de um saber cientificamente constituído, seria de bom alvitre se

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ocorresse apenas após a sua compreensão, caso contrário poderá potencializar o problema” (SIMÕES, 2001, pág.34).

Uma vez que a Relações Públicas busca a compreensão mútua com todos os públicos que estão ligados à instituição, Simões chama a atenção para um importante aspecto da relação organização– público: o conflito.

“Cada público desejando impor suas próprias decisões ou

influenciar as decisões dos outros sobre recursos escassos. Daí a eminência do conflito.” (SIMÕES, 2001, pág. 50)

Simões (SIMÕES, 2001, pág. 50) entende como conflito um colapso no sistema decisório e, caso ocorra ou perdure por muito tempo, trará graves prejuízos aos envolvidos. Tal prejuízo se dá porque toda a energia, antes produtiva, é colocada para a solução do conflito

Desta forma, a questão da compreensão mútua depende dos recursos dos envolvidos. Neste sentido, a escassez de recursos torna-se um ponto de conflito em potencial, para chegar à compreensão mútua. Tal escassez deve ser trabalhada de forma que esteja clara pelos envolvidos para que não haja impedimentos nos processos decisórios, ocasionando o conflito.

Simões (SIMÕES, 2001, pág 34) nos alerta a cerca da existência de um termostato inerente à função organizacional política, na qual quando transcorre de forma positiva e em bom nível mantém o processo funcionando de forma a não descaracterizar a missão organizacional.

1.1-Relações Públicas e Políticas

Entende-se então que as Relações Públicas têm base na ciência política, como Simões apresenta:

“A ciência política estuda a relação de poder na sociedade. Seu programa, segundo a teoria da interdependência, busca a cooperação - em oposição ao conflito - entre as partes, a fim de que cada uma atinja a sua missão, apesar de interesses

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divergentes. A micropolítica refere-se a este mesmo fenômeno, em espaços mais circunscritos” (SIMÕES, 2001, pág. 46).

Temos então que as Relações Públicas têm extrema relação com a Ciência Política, na qual se constitui como a arte de negociação dos interesses dentro da sociedade.

O termo “política” tem origem na obra grega “A Política” de Aristóteles (ARISTÓTELES, 1998, pág. 1), na qual é a arte ou ciência da organização, direção de Estados na busca dos seus interesses. Vejamos:

“Como sabemos, todo Estado é uma sociedade, a esperança de um bem, seu princípio, assim como de toda associação, pois todas as ações dos homens têm por fim aquilo que consideram um bem. Todas as sociedades, portanto, têm como meta alguma vantagem e aquela que é a principal e contém em si todas as outras se propõe a maior vantagem possível. Chamamo-la Estado ou sociedade política (ARISTÓTELES,

1998, pág. 1).

Logo, a sociedade política se dá na busca dos seus interesses. O autor (ARISTÓTELES, 1998, pág. 22) também argumenta que a política ou as ações que têm por fim aquilo que se considera um bem podem e são praticadas tanto pelo governo, quanto pela unidade das famílias para a consolidação da boa condução da vida:

“Conforme esta breve exposição, é evidente que o governo, tanto o das famílias particulares como o dos Estados, contém como parte integrante todas as maneiras naturais de adquirir as coisas necessárias ou úteis à vida. Ele deve encontrar sob sua mão todas as coisas ou senão saber onde tomá-las.”

(ARISTÓTELES, 1998, pág. 1).

O autor apresenta que a ciência prática é a política, pois almeja a felicidade e o bem-estar do homem como um todo dentro da sociedade. A política ganha, também, um caráter amplo por conta de estudar maneiras de como o homem pode conquistar tal felicidade na sociedade.

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As definições, formas e funções da política mudaram muito desde os tempos de Aristóteles. Contudo, a política como forma de alcançar o bem-estar ou a felicidade permanece até hoje, mas atualmente ela tem um campo mais largo de estudo, que atualmente nas palavras de Roberto Porto Simões está colocada como:

“Como teoria, a política busca compreender os processos de

exercícios de poder em sociedade, qualquer que seja sua extensão. Como pratica, busca interferir no processo, no qual aparece a relação de poder, a fim de organizar o sistema social” (SIMÕES, 2001, pág. 66.)

Foucault se aprofunda no estudo das relações de poder, na obra “Microfísica do

Poder” (FOUCAULT, 1979, pág. 6), mostrando que elas vão além de ação e

relações de sentido, mas estão no âmago das relações humanas:

"A historicidade que nos domina e determina é belicosa e não linguística. Relação de poder, não relação de sentido. A história não tem "sentido", o que não quer dizer que seja absurda ou incoerente. Ao contrário, é inteligível e deve poder ser analisada em seus menores detalhes, mas segunda a inteligibilidade das lutas, das estratégias, das táticas. (FOUCAULT, 1979, pág. 6)

A história da humanidade, segundo Foucault, é marcada por guerras iniciadas por diversos motivos, seja por vingança, desentendimento, ideologia ou simplesmente a busca de mais poder.

Vale lembra que tais relações de poder ocorrem também em escalas menores, como entre grupos e classes, entre vizinhos ou mesmo entre familiares.

Temos aqui uma situação curiosa, pois quem domina o poder é dotado de autoridade para tomada de decisões e o exercício do poder, em especial do cargo ocupado, facilitando a tomada de decisão.

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O exercício do poder envolve ainda dois componentes que lhe são intrínsecos. Ou seja, a manipulação e a comunicação, segundo Dijk em “Discurso e poder” (DIJK, 2008, pág. 197)

Percebe-se então que o exercício do poder causa a reprodutibilidade do próprio poder.

O campo de pesquisa sobre “poder” é bastante amplo e com diversas obras abordando o objeto de estudo. Onde o estudo do poder é realizado para o entendimento da manipulação (DIJK, 2008), dominação (FOUCAULT, 1979), e até pela comunicação (LUHMAN, 1985). Podendo variar em suas definições e formas de abordagem.

Porém, há uma definição mais comumente usada, em que poder é a capacidade de influenciar algo ou alguém, como indica Simões (SIMÕES, 1995, pág.110) que o exercício de poder é a probabilidade de A decidir ou influenciar a decisão de B, em processo de troca, envolvendo recursos escassos.

Trazendo uma posição alinhada com a definição de poder apresentada por Simões, Van Djik argumenta que a influência e a manipulação são realizadas pelo exercício do poder:

“Para entender e analisar o discurso manipulador é crucial, primeiramente, examinar seu ambiente social. Já assumimos que uma das características da manipulação – por exemplo, em distinção à persuasão – é que ela envolve poder e dominação” (DJIK, 2008, pág. 236).

Acerca do desenvolvimento do poder, Foucault (FOUCAULT, 1979, pág. 7) apresenta com bastante sentido lógico:

“O que faz com que o poder se mantenha e que seja aceito é simplesmente que ele não pesa só como uma força que diz não, mas que de fato ele permeia, produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discurso. Deve-se considerá-lo como uma rede produtiva que atravessa todo o corpo social muito mais do que uma instancia negativa que tem por função reprimir” (FOUCAULT, 1979, pág. 7).

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Para Foucault (FOUCAULT,1979, pág. 7) um dos principais atributos do poder é a produção de discurso. Em tempos mais atuais Van Dijk (2008, pág. 197) afirma que a comunicação está diretamente relacionada ao discurso:

“Nosso conhecimento e opiniões sobre políticos, partidos ou presidentes são adquiridos, mudados ou confirmados pelas várias formas de fala e escrita durante nossa socialização. Assim, o processamento de informações políticas é frequentemente uma forma de processamento discursivo também porque boa parte da ação e da participação política é realizada pelo discurso e pela comunicação.” (grifo nosso) (DIJK, 2008, p. 197).

Ao pesquisar sobre a relação entre comunicação e poder, o autor Niklas Luhmann na obra “Poder” (LUHMANN, 1985, pág. 73) apresenta que poder é uma forma de comunicação:

“PODER: é uma comunicação orientada por um código. O

Poder se distingue de outros meios de comunicação pelo fato de seu código pressupor, de ambos os lados da relação de comunicação, parceiros que reduzem a complexidade da relação pelo agir e não meramente pela vivência.” (LUHMANN, 1985, pág. 73).

Tendo em vista os pontos estabelecidos, fica claro que os temas relacionados às relações de poder, comunicação e política são intrínsecos à função política de Relações Públicas e precisam ser mais estudados.

Destaca-se na função política de Relações Públicas, na medida em que as relações com os públicos são relações de poder, de persuasão, de manipulação das organizações com os seus públicos e relações, muitas vezes, conflituosas, é preciso avaliar os conflitos e suas variações.

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CAPÍTULO 2 – Natureza e Negociação do Conflito.

2.1 – Análise de cenário

Conflitos e negociações se desenvolvem em cenários sócio-políticos e econômicos. Assim, é necessário analisar os impasses decorrentes do capitalismo no século XX e início do presente século.

Uma vez que o sistema social vigente é o capitalismo, as políticas que geram as questões socioeconômicas estão no seio dos conflitos contemporâneos. A economia é hoje sinônimo de política e comanda a política. Vendo o endurecimento das causas que germinam o conflito, Lester Thurow (THUROW, 1997, pág. 34) faz uma análise de como esse conflito se endurece.

“No século XX, este conflito entre os fundamentos igualitários da democracia e a realidade não-igualitária do capitalismo tem sido atenuado pelo enxerto de investimentos sociais e do Estado do bem-estar social no capitalismo e na democracia. Uma rede de segurança social, financiada pelo Estado protegeria os vulneráveis (os velhos, os doentes, os desempregados e os pobres) da extinção econômica e os investimentos sociais em ensino estreitariam as defasagens de ganhos que os mercados, caso contrário, iriam gerar.”

Tal conflito ocorre porque a compreensão de como deve ser elaborada e administrada as questões de política econômica são bastante divergentes, como o próprio Thurow apresenta, fazendo uma comparação de como os economistas veem à economia, com a metáfora dos cegos apalpando um elefante para descrevê-lo. Cada um toca uma parte e descreve como se essa parte fosse o elefante. Explica:

“Para se compreender o elefante subjacente à economia, é necessário examinar as forças que estão mudando a própria estrutura do mundo econômico em que vivemos. Como elas interagem umas com as outras? Onde essas forças irão apressar os eventos? Como irão elas mudar a natureza do jogo econômico e o que é necessário para vencer? Projeções das tendências correntes

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sempre são erradas, pois deixam de levar em conta os momentos decisivos nos eventos humanos”(THUROW, 1997, pág. 15).

Os momentos decisivos para o ser humano são destacados Thurow (THUROW, 1997, pág. 16) lembra que as intervenções das novas tecnologias e as ideologias que são formadas e estão presentes na sociedade, como um momento de fragilidade e fluidez. A interação se faz tão importante para o desenvolvimento social, pois como o autor afirma sobre as tecnologias: “São elas as forças que impulsionaram o sistema econômico em novas direções. Em conjunto, elas estão produzindo um novo jogo econômico, com novas regras exigindo novas estratégias para vencer” (THUROW, 1997, pág. 15).

Acontece que Thurow (THUROW,1997, pág. 16) coloca os governantes de determinado sistema como conservadores sociais, pois foram escolhidos pelo sistema, logo entende-se que este seria o “correto” e que atuam nas regras atuais do sistema.

Os governantes, sabendo das condições em que governam, se opõem à mudança, uma que se mudarem as regras, outras pessoas poderão governar. O que confirma Van Djik (DJIK, 2008, pág. 237) quando diz: “Nós observamos que a

manipulação é uma das práticas sociais discursivas de grupos dominantes que servem à reprodução do seu poder”.

Contudo, mesmo que os governantes trabalhem para se manter no poder, as mudanças ocorrem de forma mais lenta e menos visível, mas firmemente estabelecido, na sociedade e economia que rege a política, como afirma Lester Thurow (THUROW 1997, pág. 20)

“Por baixo das alterações fundamentais da superfície econômica do mundo que está em andamento e dos espetaculares terremotos e vulcões econômicos, muito visíveis, estão os movimentos de cinco placas econômicos, cujas forças são tão irresistíveis quanto aquelas da geologia” (THUROW 1997, pág. 20).

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Thurow destaca que as mudanças são lentas, porém firmes e resultarão em um período de equilíbrio interrompido, posto que ideologias e tecnologias novas e velhas não combinam mais.

“Os sistemas biológicos, sociais ou econômicos entram em períodos de equilíbrio interrompido com estruturas em lenta evolução, mas firmemente estabelecidas. E emergem desses períodos com estruturas radicalmente diferentes, que mais uma vez começam a evoluir lentamente. As características necessárias para se vencer em um lado do período de equilíbrio interrompido são muito diversas daquelas necessárias para se vencer no outro. Durante períodos de equilíbrio interrompido tudo está mudado, o desequilíbrio torna-se a norma e reina a incerteza (THUROW 1997, pág. 20).”

Sendo as interações entre ideologias e tecnologias o que direciona a economia, em um período de equilíbrio interrompido a capacidade econômica da sociedade é abalada e fragilizada, fazendo com que o restabelecimento da economia não seja tão simples, como é explicado por Thurow (THUROW, 1997, pág. 26)

“Antes que uma boa combustão econômica possa ser restabelecida, as duas precisam tornar-se novamente compatíveis ou consistentes. Este é um processo complicado, uma vez que aquilo que é possível depende fortemente daquilo em que acreditamos. Crenças filtram experiências, condicionam visões da realidade e alteram as tecnologias que serão utilizadas. Porém, novas tecnologias alteram crenças, bem como oferecem novas opções” (THUROW, 1997, pág. 26)

Crenças estas que estão em constante atrito com a realidade vivida pela sociedade por meio da vida política e dos dirigentes do Estado, uma vez que estes são eleitos por um discurso que promete atender aos interesses daqueles que o elegeram, criando aqui uma crença naquele agente.

Porém, muitas vezes esse discurso é apenas um meio de manipulação social com o objetivo da classe dominante em permanecer no poder como foi citado por Van Djik anteriormente: “Nós observamos que a manipulação é uma das práticas

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sociais discursivas de grupos dominantes que servem à reprodução do seu poder”

(DJIK, 2008, pág. 237).

Essas formas de dominação acabam gerando desgastes e mudanças nas crenças mencionadas por Thurow, levando com o passar do tempo a uma ruptura do sistema vigente. Vejamos:

“Normalmente os sistemas sociais antigos e bem-estabelecidos precisam ter um fracasso visível antes que lhes seja possível adaptar-se a um novo ambiente. Sem esse fracasso visível, a maioria das mentes permanece fechada a maior parte do tempo. O fracasso abre as janelas da mente ao pensamento a respeito de novas maneiras de fazer as coisas. Entretanto, agir depois de surgida a crise normalmente significa que as mudanças necessárias são muito mais dolorosas do que teriam sido se o novo ambiente houvesse sido compreendido e as adaptações necessárias feitas antes da chegada da crise” (THUROW ,1997, pág. 26).

No Brasil vivemos um claro momento de equilíbrio interrompido, principalmente após julho de 2013, quando o País foi tomado por diversas manifestações contra o aumento das tarifas no transporte publico e contra a corrupção na política.

Como se não bastasse, enormes protestos começaram a ocorrer a partir do fim das eleições gerais que ocorreram em 2014, por conta do acirramento das disputas políticas pré e pós-eleições. Uma enorme insatisfação com a classe política e com a elite do empresariado brasileiro por conta das denúncias de corrupção apontadas pela operação da Lava Jato, apontam para o desequilíbrio.

Em diversos setores da sociedade brasileira, para não falar em todos, a incerteza reina, uma vez que parte considerável da população já não se sente representada pela classe política, que há muito tempo é considerada corrupta e não age com coerência perante os interesses públicos. Essa crítica está alinhada com a análise do professor Thurow (THUROW, 1997, pág. 32).

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“Nesta era de indústrias de poder cerebral feito pelo homem, o papel adequado do governo numa sociedade capitalista é de representa o interesse do futuro perante o presente, mas os governos de hoje estão fazendo precisamente o contrário. Eles estão reduzindo os investimentos no futuro para elevar o consumo no presente” (THUROW, 1997, pág. 32).

Segundo a análise do professor Lester Thurow (THUROW, 1997, pág. 21), a insatisfação foi se aglomerando, reduzindo a resiliência da sociedade, as mudanças são lentas, mas firmes. A tal ponto que em julho de 2013 os protestos gerais foram rompidos em diversos estados, iniciados pelo aumento das tarifas.

A partir deste mês, não é raro vermos conflitos de caráter político-ideológico e movimentos políticos se formando nas casas, bares, faculdades, ruas e escolas. Por fim, tornou-se plausível entender que estamos em um período de equilíbrio interrompido e agora que tal estopim foi dado, não há mais volta.

Até o ajuste do communicare das relações políticas e o retorno da congruência das interações tecnológicas e ideológicas, o conflito não só será uma realidade, como uma realidade rotineira e com possibilidade exponencial diárias.

2.2 – Conflitos: uma relação social

Conflito não é mais uma palavra rara de ouvir no cotidiano. Basta ler algum jornal para encontrar notícias sobre algum conflito, alguém no almoço ou no café contando sobre algum conflito que teve ou mesmo quando ouvimos um chefe conversando sobre conflitos no desenvolvimento de um projeto.

Sendo então o conflito tão presente em nossas vidas, é de grande importância compreender algumas perguntas como: o que é conflito? O que se caracteriza como conflito?

Um conflito é caracterizado como um colapso no sistema decisório segundo Simões (SIMÕES, 2001, pág. 50) e pode trazer danos sérios para a organização, como afirma:

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“O conflito caso ocorra e perdure por muito tempo, traz sérios prejuízos à organização, ao sistema decisório e a sociedade, pois toda a energia, principalmente a dos membros da organização, é carreada para a solução do conflito, deixando de lado os aspectos produtivos” (SIMÕES, 2001, pág. 50).

A perda do direcionamento, da energia aplicada a algum projeto e do impedimento das tomadas de decisão são certamente fatos bastante impactantes na competitividade de uma organização e, consequentemente, na sua lucratividade ou em seu objetivo previamente estabelecido.

Sabendo que o conflito é um colapso no sistema decisório e que a energia dos membros da organização é focada para a solução do conflito, trazendo prejuízos para os envolvidos e para a sociedade, mostra-se de grande importância saber e entender o que leva a este colapso para que se possa evita-lo, já que pode ser bastante custosa a sua solução.

Para ilustrar o processo de conflito e para se ter uma ideia de como este pode ser danoso aos envolvidos, Simões ilustra a desconstrução do relacionamento em 10 níveis (SIMÕES, 1995, pág. 73):

1) Públicos satisfeitos com a organização; 2) Insatisfação de alguns membros do grupo;

3) Fofocas, charges, boatos entre os membros do público referentes às ações da organização;

4) Os líderes dos grupos buscam realizar coligações com fontes de poder, geralmente a mídia;

5) O público se organiza e passa a pressionar a organização; 6) O sistema organização-público entra em conflito;

7) Ocorre a negociação entre as partes;

8) O sistema entra em crise, não há mais entendimento entre as partes; 9) As partes se submetem às questões para a arbitragem do Estado; 10) Caso o público não veja solução que seja justa para o caso e que a

insatisfação continue, ocorre a convulsão social. Explode a violência. Para Martinelli, diversos são os motivos que podem desencadear o conflito, tais como competição por recursos escassos, choque de valores, responsabilidade

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indesejáveis, busca de vantagens, procura pelo poder, etc (MARTINELLI, 1998, pág. 32).

A busca pelo poder; a competição por recursos escassos e posições sobre determinada responsabilidade de alguém, são algumas questões que estão ligadas diretamente aos interesses do indivíduo ou do grupo. As pessoas estabelecem relações sociais que são relações políticas e, portanto, caracterizando o conflito como uma relação política.

Uma vez apresentado que o conflito é de natureza política e sendo as relações sociais também relações políticas, percebe-se que o colapso que provoca o conflito está sempre em um estado de eminência, por conta das várias razões que podem estimulá-lo.

Entendendo que o conflito é uma das diversas relações políticas que existem, fica claro que a ocorrência de um conflito se torna inevitável, pois basta que existam grupos de interesses diferentes há potencial latente para um conflito (MARTINELLI, 1998, pág. 32). Desta forma, o conflito deve ser administrado para que não se transforme em convulsão social.

Para a boa administração do conflito, é necessário o entendimento das relações políticas ou de poder entre os grupos.

“Como teoria, a política busca compreender os processos de exercício de poder em sociedade, qualquer que seja sua extensão. Como pratica, busca interferir no processo, no qual aparece a relação de poder, a fim de organizar o sistema social” (SIMÕES, 2001, pág. 66).

E para que haja o entendimento na relação, o tratamento deve ser dado grupo a grupo separadamente e não em uma ação global. Continua o autor que tal tratativa é realizada pela micropolítica na administração das relações de poder ” (SIMÕES, 2001, pág. 71).

Contudo, caso o colapso no sistema decisório ocorra, o que não é um evento raro de ocorrer, Martinelli defende que a solução da situação venha pela negociação, pois, para o autor, quase todas as negociações nascem por conta de um conflito (MARTINELLI, 1998, pág. 47).

(23)

Segundo o autor, uma negociação é o uso de informação e do poder para influenciar uma rede tensão, na qual deve ser realizada de forma bilateral a fim de se chegar a uma decisão conjunta (MARTINELLI, 1998, pág. 28).

A definição de negociação dada por Martinelli destaca a importância da comunicação. Isso porque a comunicação é fundamental no processo de negociação. Vejamos: “Pela experiência prática, nota-se claramente que

comunicação é básica e fundamental dentro de um processo de negociação, visto que ela está presente em todas as etapas do processo e de maneira muito intensa”

(MARTINELLI,1998, pág. 18).

Contudo, Martinelli defende que o conflito não possui apenas aspectos negativos. Também pode trazer benefícios:

“Então, existem duas maneiras de encará-los, uma negativa que encara o conflito como algo apenas prejudicial, devendo ser evitado a todo custo e, não se podendo evitá-lo, pelo menos dever-se-ia buscar minimizar seus efeitos. A segunda alternativa é a de encarar o conflito de maneira positiva, procurando verificar aquilo que pode trazer de benefício, em termos de diferenças de opiniões e visões, bem como de possibilidades de aprendizagem e enriquecimento em termos pessoais e culturais” (MARTINELLI ,1998, pág. 46).

A compreensão de que o conflito tem aspectos positivos é confirmada por Simmel: “o conflito está destinado a resolver dualismos divergentes; é um modo de

conseguir algum tipo de unidade, ainda que através da aniquilação de uma das partes conflitantes” (SIMELl, 1983, pág. 122).

O conflito é um momento de impasse, na qual com preparo e bem conduzido, pode se chegar a um patamar mais alto de relacionamento. Contudo, se mal conduzido, leva o relacionamento a cair em um abismo econômico-social. Cabe agora a análise de caso onde a relação organização-público foi impactada pelo conflito.

(24)

CAPÍTULO 3 – Estratégia Metodológica

Nesta etapa do trabalho será apresentada a estratégia metodológica do estudo realizado, a qual foi escolhida para responder o objetivo desta pesquisa, que é identificar de forma concreta e em um caso real, os diferentes níveis de problema, que são apontados por Roberto Porto Simões, como influenciadores do conflito e da convulsão social.

A seguir, serão apresentados os componentes que compõe a metodologia escolhida para o estudo de caso: o tipo de pesquisa, método, técnicas de coleta de dados, técnica de análise de dados e a cronologia dos acontecimentos.

3.1 – Tipo de Pesquisa

Segundo Mattar (2001), uma vez que se mostra necessária uma melhor compreensão da temática escolhida, para se ter uma melhor compreensão de como se relaciona os conceitos pesquisados e apresentados com objeto de estudo, uma pesquisa exploratória deve ser realizada.

Para Zikmund (2006), a pesquisa de exploratória deve ser implantada para fundamentar que um estudo futuro mais rigoroso não inicie com uma compreensão equivocada sobre a natureza do problema.

Desta forma para a condução do tema desta pesquisa, entende-se que o tipo de pesquisa exploratória se faz imprescindível para se compreender melhor as formas que geram um conflito dentro de um caso real.

3.2 – Método

Visto que este trabalho se propôs em contribuir para a tese de que o profissional de relações públicas pode auxiliar na resolução de um conflito entre organização e seu público, uma análise de caso se faz necessária, pois, segundo Robert Yin (YIN, 2001, pág. 11), esta abordagem é preferível quando o que se pesquisa está fora do controle do pesquisador. Vejamos

“O estudo de caso é apenas uma das muitas maneiras de se fazer pesquisa em ciências sociais. Experimentos,

(25)

levantamentos, pesquisas históricas e análise de informações em arquivos (como em estudos de economia) são alguns exemplos de outras maneiras de se realizar pesquisa. Cada estratégia apresenta vantagens e desvantagens próprias, dependendo basicamente de três condições: a) o tipo de questão da pesquisa; b) o controle que o pesquisador possui sobre os eventos comportamentais efetivos; c) o foco em fenômenos históricos, em oposição a fenômenos contemporâneos” (YIN, 2001, pág. 11).

Sendo o conflito uma relação política e o caso escolhido já ocorreu, portanto, uma análise histórica, entende-se que um estudo de caso seja mais adequado para a condução do trabalho.

Yin chama a atenção para a escolha do projeto do estudo de caso, no qual ele afirma:

“O estudo de caso único é um projeto apropriado em várias circunstâncias. Primeiro, recorde-se de que um estudo de caso único é análogo a um experimento único, e muitas das condições que servem para justificar um experimento único também justificam um estudo de caso único. Encontra-se um fundamento lógico para um caso único quando ele representa o caso decisivo ao testar uma teoria bem formulada (observe novamente a analogia a um experimento decisivo). A teoria especificou um conjunto claro de proposições, assim como as circunstâncias nas quais se acredita que as proposições sejam verdadeiras. Para confirmar; contestar ou estender a teoria, deve existir um caso único, que satisfaça todas as condições para testar a teoria. O caso único pode, então, ser utilizado para se determinar se as proposições de uma teoria são corretas ou se algum outro conjunto alternativo de explanações possa ser mais relevante” (YIN, 2001, pág. 48).

(26)

Entendendo que o presente trabalho segue com base no estudo de Roberto Porto Simões em relação ao posicionamento da atuação dos relações públicas, além conceituar pontos importantes do conflito, tais como suas relações políticas e sua relação com a economia, cabe então a escolha de estudo de caso à apenas um único caso.

3.3 – Técnica de coleta de dados

As técnicas de coleta de dados utilizadas para a condução desta pesquisa foram pesquisa bibliográfica e entrevistas.

A pesquisa bibliográfica foi composta por um apanhado de materiais já existentes, como livros, artigos, monografias, matérias de jornais, teses e revistas. Como Lima (LIMA, 2004, pág. 38) mostra:

“A atividade de localização e consulta de fontes diversas de informação escrita orientada pelo objetivo explícito de coletar materiais mais genéricos ou específicos a respeito de um tema [...] pesquisar no campo bibliográfico é procurar no âmbito dos livros e documentos escritos as informações necessárias para progredir na investigação de um tema de real interesse do pesquisador” (LIMA, 2004, pág. 38).

Uma vez que um conceito sobre o tema da monografia foi estabelecido, por meio da pesquisa bibliográfica que levantou diversos autores sobre os pontos relevantes do conflito, para que se pudesse responder o problema de pesquisa apresentado, o uso de entrevistas em profundidade foi o recurso utilizado.

A partir de um roteiro semiestruturado, o entrevistador realizou diversas entrevistas, primeiramente gravadas e depois transcritas para análise e para prevenção de uma eventual perda de material.

O local de coleta foi uma reunião da Alesp (Assembléia Legislativa de São Paulo), que reuniria diversos estudantes e representantes de classe envolvidos no caso do fechamento das escolas no Estado de São Paulo.

(27)

Na figura 1, é demonstrado um roteiro norteador, mas ressalta-se que as entrevistas poderiam variar enquanto a formatação devido ao ritmo e andamento das entrevistas.

(28)

Nome Idade Profissão

O que é conflito?

Comentar o Caso do fechamento das escolas. Dê o seu relato. O que deu errado?

O que deu certo?

Como e o que deveria ter sido realizado? Por ambos os lados. Como está a situação agora?

Por que a construção de uma agenda em comum é tão difícil?

A negociação de conflitos pode, realmente, ajudar a construir essa agenda? Por quê? Caso, sim. Cite um case.

O que falta para que possamos diminuir os conflitos? Como isso pode ser feito?

Figura 1 – Roteiro de entrevista

O conteúdo é dividido em três partes que são: a pré-análise, a exploração do material e a interpretação dos dados. A pré-análise constitui-se no planejamento necessário para a conclusão do projeto, no qual abordam questões como objeto de estudo, objetivos, objetivos específicos e problema de pesquisa.

Já a exploração do material requer atenção e esforço em sua análise, uma vez que busca a compreensão do material, como também dos seus simbolismos e significados.

Para o exercício de exploração do material, foram definidas categorias derivadas dos objetivos e do referencial teórico apresentado: (1) Percepção dos eventos, (2) Alinhamento de interesses, (3) Comunicação como fator imprescindível.

Na terceira fase, será realizada a análise dos resultados e sua interpretação, que buscam substanciar as ponderações presentes nas considerações finais.

(29)

CAPÍTULO 4 – Estudo de caso: Ocupação das escolas estaduais por estudantes secundaristas em 2015

As informações que aqui serão apresentadas são decorrentes do caso de fechamento das escolas estaduais que geraram uma grande convulsão social. A mobilização veio de estudantes secundaristas, professores da rede estadual e membros da sociedade civil em diversos pontos e escolas do Estado de São Paulo.

A obtenção das informações foi realizada por meio de pesquisas em sites de jornais, site do Governo do Estado São Paulo, entrevistas com envolvidos no tema, entidades de classe e com a sociedade civil.

4.1 – Apresentação e abrangência do cenário.

O Estado de São Paulo é uma unidade federativa, entras 27 unidades que constituem o Brasil. O Estado está localizado na região Sudeste e faz divisa com os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul, além do oceano Atlântico.

São Paulo ocupa uma área de 248.808,8 quilômetros quadrados, sendo maior do que o Reino Unido. Tem como capital o município de São Paulo.

Sendo a terceira unidade federativa mais populosa da América do Sul, tem a maior população do Brasil, onde são mais 43 milhões de habitantes distribuídos em 645 municípios.

Além de ser o Estado mais cosmopolita da América do Sul, SP abriga mais três milhões de imigrantes de 70 países diferentes, o que faz com que a sua população seja a mais diversificada do País.

A mais rica das unidades federativas, São Paulo é responsável por 28,7% do PIB brasileiro, o que lhe rende o status de “motor econômico” do Brasil. O Estado também possui a melhor infraestrutura, mão de obra qualificada, produção de tecnologia, parque industrial e a maior produção econômica do País.

Os dados apresentados foram retirados do site do Governo de São Paulo

(30)

http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/principal_conheca. Acesso: 27 de maio de 2016).

Por esses e outros motivos, o Estado de São Paulo pode ser resumido como uma potência civil, socioeconômica e, sobretudo, geradora de conflitos.

4.2 - O Governo do Estado de São Paulo

Tendo em vista o tamanho das adversidades que estão presentes no Estado de São Paulo, cabe então a direção e bom uso da máquina pública ao Governador do Estado de São Paulo, que deve apurar e direcionar as formas de governança da política e das políticas públicas adotadas para a administração do Estado.

O Governo do Estado conta com 26 secretárias para coordenar as áreas estratégicas do Governo. Essas secretárias são:

 Administração Penitenciária  Agricultura e Abastecimento  Casa Civil  Casa Militar  Cultura  Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia  Desenvolvimento Metropolitano  Desenvolvimento Social

 Direitos da pessoa com deficiência

 Educação

 Emprego e Relações do Trabalho

 Energia

 Esporte, Lazer e Juventude

 Fazenda

 Governo

 Habitação

 Justiça e Defesa da Cidadania

 Logística e Transportes

 Meio Ambiente

 Planejamento e Gestão

 Procuradoria Geral do Estado

 Saneamento e Recursos Hídricos  Saúde  Segurança Pública  Transportes Metropolitanos  Turismo

(31)

4.3 - A Secretaria da Educação

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo possui a maior rede de ensino do País, com mais de 5,3 mil escolas, 230 mil professores e 4 milhões de alunos.

Atualmente a Secretaria conta com dois órgãos vinculados, sendo eles o Conselho Estadual de Educação (CEE) e a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) e seis Coordenadorias: Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores – “Paulo Renato Costa Souza” (EFAP); Coordenadoria de Gestão da Educação Básica (CGEB); Coordenadoria de Informação, Monitoramento e Avaliação Educacional (CIMA); Coordenadoria de Infraestrutura e Serviços Escolares (CISE); Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos (CGRH); Coordenadoria de Orçamento e Finanças (COFI).

Atualmente, é na Casa Caetano de Campos que está localizada a Secretaria do Estado de São Paulo, na Praça da República, região central de São Paulo.

4.4 – Apresentação do caso

As informações aqui apresentadas são referentes às manifestações que ocorreram em formas de ocupações em diversas escolas estaduais, por estudantes secundaristas em todo o Estado de São Paulo, no final ano de 2015.

Buscando uma melhor compreensão do caso, uma breve apresentação cronológica da evolução dos acontecimentos se faz necessária. Portanto, um relato dos desdobramentos das manifestações contra o fechamento das escolas foi obtido no site da Revista Educação, da Editora Segmento, e aqui é apresentado (Revista Educação. Disponível em: http://revistaeducacao.com.br/textos/0/entenda-a-evolucao-das-ocupacoes-de-escolas-em-sao-paulo-366953-1.asp. Acesso em: 15 de abril de 2016).

(32)

4.5 Cronologia dos acontecimentos

23 de setembro 2015

Em setembro de 2015, o Governo do Estado de São Paulo anuncia a diversas escolas que elas seriam fechadas em 2016. O projeto ficou conhecido como Reorganização Escolar, na qual estava programado o fechamento de 94 escolas pelo governo, fazendo com que os alunos, em torno de 311 mil estudantes, fossem transferidos para outras unidades determinadas pela Secretaria da Educação. Já a APEOSP estimava que seriam mais ou menos 150 escolas, o que resultaria em torno de 1 milhão de alunos impactados pela medida.

A medida que ainda impactaria mais 74 mil professores, quase um terço da classe na rede pública, afirmava que eram tomadas tais atitudes, uma vez que as escolas estão com espaços ociosos e que as instituições de ciclo único apresentavam melhores resultados.

Uma vez que as escolas fossem fechadas, os prédios seriam distribuídos para as prefeituras que poderiam se tornar escolas técnicas, municipais ou creches e aparentemente 66 unidades já estavam certas para ser distribuídas.

As mudanças anunciadas pelo Governador do Estado de São Paulo, então Geraldo Alckmin do PSDB, ainda previam que as escolas fossem reorganizadas para funcionar com apenas um ciclo de ensino, fundamental (primeira à quinta série), fundamental (da sexta à nona série) e ensino médio, que já afetariam 5147 colégios do Estado de São Paulo no ano de 2016.

9 de novembro de 2015

Contudo, a ação não foi bem aceita pelos professores, sindicatos, associações, pais e, principalmente, estudantes que iniciaram diversos protestos em todo o Estado de SP. No dia 9 de novembro de 2015, os alunos da Escola Estadual de Diadema iniciam a ocupação da escola como forma de protesto.

(33)

No dia seguinte, a Escola Estadual Fernão Dias Paes é ocupada por estudantes e, por estar localizada em uma área nobre da cidade, a manifestação ganha maior destaque nas mídias tradicionais.

19 de novembro de 2015

Enquanto o movimento de ocupação continua crescendo, o Governador do Estado de São Paulo oferece uma negociação, suspender a reorganização por 10 dias e os alunos desocupariam as escolas, porém os alunos não aceitaram.

23 de novembro de 2015

O movimento continua crescendo a cada dia. Em 23 de Novembro, chegam a 100 escolas ocupadas em manifestação contra a medida do governador, a ponto que estudantes do Liceo Statale Virgilio em Roma (Itália) ocupam a escola como forma de solidariedade as manifestações dos estudantes de São Paulo.

30 de novembro a 3 dezembro 2015

Em todo o momento, o governo afirmava que estava aberto ao diálogo, então o Tribunal de Justiça de São Paulo convocou os dois lados para tentar uma conciliação, mas nenhum representante do governo apareceu.

No dia 1 de Dezembro de 2015, mais de 200 escolas estaduais já estavam ocupadas. Em reportagem, a TV Folha mostra a precariedade que muitas escolas estavam e como os alunos estavam organizando as manifestações. Porém, no mesmo dia a matéria foi retirada do ar.

Enquanto as autoridades do governo têm dificuldade de responder aos manifestantes, o movimento continua ganhando corpo. Entre 30 de novembro e 3 de dezembro, mais de 20 manifestações ocorreram, ações essas que foram reprimidas pela PM de forma truculenta.

4 de dezembro de 2015

O governo continuava demonstrando uma total inabilidade para lidar com a situação, a ponto de ver a popularidade do governador Geraldo Alckmin cair do ótimo ou bom 38% para 28% e ver aumentar a porcentagem do ruim e péssimo de

(34)

24% para 30%. Logo após o anúncio da queda de popularidade pelo Datafolha, o governo anuncia a suspensão do programa e o secretário de Educação Herman Voorwald deixa o cargo.

5 de dezembro de 2015

O governo publica no Diário Oficial a revogação do decreto que autorizava a reorganização e também a transferência de funcionários e professores. Após a publicação, algumas escolas começam a ser desocupadas.

De 6 a 8 de dezembro de 2015

Com o resultado obtido, um evento é lançado em sua comemoração, a Virada Ocupação, organizado pela Minha Sampa em apoio aos estudantes secundaristas. O evento contou com a participação de diversos artistas como Criolo, Leo Cavalcante, Maria Gadú, entre outros.

15 de dezembro de 2015

O jornal The New York Times publica o artigo “Brazil’s Students Occupy Their

Schools to Save Them”, que conta sobre os acontecimentos referentes aos

protestos dos estudantes secundaristas. (BRAZIL‟S STUDENTS OCCUPY THEIR SCHOOLS TO SAVE THEM. The New York Times. Disponível em:

http://www.nytimes.com/2015/12/16/opinion/brazils-students-occupy-their-schools-to-save-them.html?_r=1. Acesso em: 9 de fevereiro de 2016)

17 de dezembro de 2015

A Justiça de Sã Paulo, em decisão, reforça a suspensão da reorganização escolar para 2016 e o Comando das Escolas em Luta recomenda que o restante das escolas seja desocupado.

(35)

Capitulo 5 – Apresentação, análise e discussão dos resultados

Este capítulo tem o objetivo de realizar a analise do conteúdo dos dados colhidos através de entrevistas realizadas em um evento na ALESP, Assembleia Legislativa de São Paulo, sobre o lançamento de um documentário abordando as ocupações das escolas.

Segundo Yin, em terminada fase de um estudo de caso, a ligação dos dados coletados a proposições de estudo previamente estabelecidas é necessária para confirmá-las ou refutá-las (YIN, 2001, pág.34).

Para isso, a abordagem adotada é a adequação de padrão, que segundo Yin (2001) as várias partes das informações obtidas podem ser relacionadas com as proposições teóricas previamente apresentadas.

Como colocado no capitulo de metodologia, para realização das análises, as respostas foram categorizadas para melhor interpretação dos dados. Segue assim, a apresentação das categorias que serão abordadas neste capitulo:

 Categoria 1 – Percepção dos Eventos;

 Categoria 2 – Alinhamento de interesses;

 Categoria 3 – Comunicação como fator imprescindível.

Desta forma, a categoria a seguir visa o tratamento da primeira categoria, a Percepção dos Eventos.

(36)

5.1 – Percepção dos eventos.

A primeira categoria tem o objetivo de analisar a percepção dos entrevistados referente às ocupações das escolas estaduais pelos estudantes. Vale lembrar aqui que, segundo Simões, a percepção é construída com base na realidade e não é a realidade em si, mas que essa percepção deve ser o mais próximo da realidade o possível (SIMÕES, 1987, pág. 201).

Sendo assim, foram identificados nas entrevistas realizadas três padrões nas percepções dos entrevistados sobre o caso estudado do fechamento das escolas estaduais. São eles: Interesse, Decisão e Comunicação.

Cada um desses pontos identificados é abordado por Simões, onde o autor apresenta a divergência de interesses é um aspecto da relação de poder existente na sociedade e este é um tema da ciência política. A relação de poder também visa a influencia e a tomada de decisão das partes. O autor declara que a comunicação é um processo de troca de informações, que busca a compreensão mútua (SIMÕES, 1987, pág. 201),.

Identifica-se o interesse como ponto em comum na percepção do caso do fechamento das escolas no comentário do entrevistado 6: “É uma política neoliberal

do governo em fechar salas e escolas públicas para diminuir custos. Nunca pensando no custo benefício dos alunos e sim somente redução de custos”. Opinião que o entrevistado 1 concorda:

“E no caso especifico que é o da educação aqui em São Paulo, nós vivemos um antagonismo, ao mesmo tempo em que a educação publica é considerada o principal instrumento de desenvolvimento humano, social, econômico, cultural, nós temos um conflito com o investimento, não há um investimento para que ela se torne o motor do desenvolvimento das mais diversas áreas que eu já citei. Ela acaba não sendo prioridade” (Entrevistado 1).

(37)

De forma mais incisiva, o entrevistado 9 declara a sua opinião sobre o caso: “O

fechamento das escolas é um grande conflito, mas de interesse, a opinião aqui é o que menos importa.” e continua: “Não é difícil entender os dois lados: o dos alunos e professores é de fato uma condição decente de aula e aprendizagem e o lado do governo quer mais dinheiro e menos responsabilidade”.

O entrevistado 9 ainda fala sobre a questão de decisão por parte dos alunos:“A

ocupação das escolas foi uma surpresa, eu não esperava reação alguma. Essa decisão foi muito importante e no momento acredito que tenha sido o melhor que poderiam fazer”.

Já o entrevistado 1 faz colocações sobre as decisões tomadas pelo governo, ”O

governo errou não implantando uma gestão democrática e teve que recuar. Ele teve que interromper o programa por conta da pressão”. Na mesma linha de pensamento o entrevistado 7 afirma:

“Tudo começou em outubro de 2015, quando Geraldo Alckmin (PSDB) governador do Estado de São Paulo, decidiu junto com a Secretaria de Educação fazer uma reorganização estudantil, fechando 94 escolas no Estado. Esse ato fez com que alunos e professores ocupassem as escolas, para protestarem contra a decisão do Governador” (Entrevistado 7).

Concordando com o entrevistado 7, o entrevistado 4 coloca sua opinião sobre a decisão do governo no seu discurso que vemos: “O movimento começou em

novembro de 2015, a partir de um grupo de alunos que ocuparam uma escola na zona nobre de São Paulo, para protestar contra o projeto do atual governador, Geraldo Alckmin (PSDB), que fechará 94 escolas” e apresenta que isso não é de

interesse da classe mais nobre: “O que só mostra como a nossa sociedade é

controlada pelos grandes poderes que não defendem a classe social mais baixa, o proletariado.”

Para o entrevistado 5 o interesse do Governo é claro, na seguinte afirmativa: “O

governo quer uma massa de manobra, um aluno crítico dá trabalho para o governo, como os alunos deram em 2015 e estão dando até agora”. O entrevistado 2

complementa o a fala do entrevistado 5, com a seguinte frase: “O grande problema é

(38)

para uma escola pública de qualidade. E os estudantes passaram a questionar esse sistema. E o governo tenta apresentar sua proposta, porém não é atrativo”.

Em vista da percepção da Comunicação, o entrevistado 8 indica que: “A mudança não foi bem explicada e talvez não bem pensada e a comunidade não aceitou e iniciou ocupações nas escolas que iriam ser fechadas.”.Seguindo a linha da percepção sobre a Comunicação, o entrevistado 3 apresenta o seu argumento: “Primeiro que o governo

fez uma tentativa de reorganização sem consultar os estudantes, os pais, os professores, ele não consultou ninguém além dos técnicos da secretária da educação. Eu acho que principal erro do governo foi esse.”. Fica bem claro que o

entrevistado 6 concorda com as afirmações anteriores, por conta do seguinte comentário: “O governo chegou sem dialogar com a população. Conversaram

somente com diretores e supervisores, que muitas vezes tem cargos indicados, e não ouviu a comunidade”.

Para o entrevistado 5 a Comunicação, que seria fundamental, não é atendida: “Não há diálogo com o governador ou com a Secretaria de Educação, eles prometeram dialogar e negociar, porém até o atual momento de 2016 nenhuma negociação foi aberta”.

Vendo as respostas dos entrevistados sobre a percepção dos eventos, constata-se que principal fator atribuído á causa do conflito foi a divergência de interesconstata-ses. Contudo, outros fatores foram apontados como relevantes para o desenvolvimento dos conflitos, sendo eles a questão de como as decisões, tanto do Governo, quanto dos estudantes, foram tomadas e igualmente importantes para os entrevistados, foi a questão da comunicação que não foi bem desenvolvida pelo Governo do Estado.

Compreende-se que os aspectos apresentados na figura acima referente à Percepção dos Eventos estão sintetizados de maneira que facilitem a visibilidade e, portanto, o melhor entendimento sobre a relação entre dados coletados e a teria estudada.

(39)

5.2 – Alinhamento de Interesses.

Visto que o fator mais mencionado pelos entrevistados como causador do conflito, entre estudantes e Governo, foi com relação ao interesse das partes, entende-se que tal proposição seja relevante o bastante para se analisar de forma mais aprofundada.

Então, essa categoria de Alinhamento de Interesses tem o objetivo de analisar os dados colhidos, pelas entrevistas realizadas, com o que Simões (2001) declara com relação aos interesses. Tal análise é realizada buscando um padrão apresentado entre dados colhidos e teoria estabelecida. Padrões esses encontrados como: Objetivos dos indivíduos, Tratamento de problema com público específico e Cooperação.

Assim como foi feito anteriormente, para a melhor compreensão das proposições apresentadas, uma explicação delas na visão do Simões é bem-vinda. Quando o autor (SIMOES, 2001, pág. 67) refere-se ao objetivo dos indivíduos, ele argumenta que os objetivos dos papéis desempenhados pelos indivíduos geralmente não são os mesmos objetivos dos mesmos indivíduos que desempenham tal tarefa. Cada um busca o seu próprio interesse, o que cria margem para o conflito.

Simões (SIMOES, 2001, pág. 71) propõem que havendo algum problema político entre as partes, uma análise e tratamento desses interesses deve ser realizada separadamente com cada um dos participantes e jamais por ações globais e indistintas.

Com relação à cooperação, Simões afirma que a oposição ao conflito é a cooperação, e alerta que qualquer relação organização-público suscetíveis e vulneráveis a problemas é somente através da cooperação mútua que atingirão os seus objetivos.

Começando o cruzamento da base teórica com a análise de dados referente à proposição dos objetivos do indivíduo, um ponto já apresentado neste trabalho merece ser lembrado, por conta da similaridade percebida entre a descrição dos entrevistados com o que o Thrurow coloca sobre os governantes, onde o autor afirma que eles são conservadores sociais, pois foram escolhidos por aquele

(40)

sistema, e caso as regras do sistema mude, outras pessoas poderão governar. Reforçando tais afirmações, Maffesoli afirma que:

“A política é a ciência da produção. O político reduz-se aos interesses

econômicos. Reencontra-se o mesmo encaminhamento que transfigurou o religioso, através da extrema racionalização, em político. Este, por sua vez, se transforma, para assegurar sua própria perenidade, em um outro avatar, que será, por seu turno, varrido na ronda incessante das metempsicoses sociais” (MAFFESOLI, 2005, pág. 49).

Tais constatações são refletidas na resposta do entrevistado 7 sobre a construção de uma agenda em comum, onde ele diz:

“Pelo simples fato de vantagens, o que eu ganho com isso, o interesse da maioria pessoas é o lucro, o que é bom para você tem que ser melhor para mim. Se eu não ganho, você também não irá ganhar, nem um dos lados abrirá mão de defender seus interesses pessoais” (Entrevistado 7)

O entrevistado 1 segue a sua argumentação na mesma linha, na qual afirma que a o desenvolvimento social e político gira em torno do poder econômico. Para o entrevistado 1 esse é o cerne da divisão social. Vejamos sua resposta:

“Porque são os interesses, são os conflitos de classes. Você vive numa sociedade desigual, numa sociedade dividida em classes sociais, onde tudo gira em torno do poder econômico, na acumulação capitalista. Então nunca vai ter uma agenda comum enquanto manter esse modelo de organização política, econômica. Este é um modelo perverso que invade a esfera política e que transforma tudo em mercadoria”

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