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Características psicológicas de adolescentes agressores nas relações de intimidade

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Departamento de Educação e Psicologia

Escola de Ciências Humanas e Sociais

Características Psicológicas de Adolescentes Agressores nas Relações de Intimidade

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Ana Margarida Alves Ribeiro

Orientação: Professor Doutor Ricardo Barroso

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Departamento de Educação e Psicologia

Escola de Ciências Humanas e Sociais

Características Psicológicas de Adolescentes Agressores nas Relações de Intimidade

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Vila Real, 2019

Ana Margarida Alves Ribeiro

Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Educação e Psicologia, Escola de Ciências Humanas e Sociais sob a orientação do Professor Doutor Ricardo Barroso

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Declaro que todo o conteúdo e/ou ideias presentes são de minha inteira responsabilidade. Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do Grau de Mestre em Psicologia Clínica, sendo apresentado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Educação e Psicologia.

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“Quando estiver em dificuldade E pensar em desistir, Lembre-se dos obstáculos Que já superou. OLHE PARA TRÁS. Se tropeçar e cair, levante, Não fique prostrado, Esqueça o passado. OLHE PARA FRENTE.

Ao sentir-se orgulhoso, Por alguma realização pessoal, Vejo as suas motivações. OLHE PARA DENTRO.

Na escalada rumo às altas posições Na azáfama de concretizar os seus sonhos, Observe se não está a pisar ALGUÉM OLHE PARA BAIXO.

Em todos os momentos da vida, Seja qual for a sua atividade, Busque a aprovação de Deus! OLHE PARA CIMA.”

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Agradecimentos

O culminar do presente estudo simboliza o encerrar de cinco anos de trabalho e dedicação acompanhados por múltiplas aprendizagens teóricas e práticas que permitiram não só o enriquecimento profissional como uma realização pessoal pelo sentimento de

preserverança e conquista.

Este percurso desafiante que culminou na satisfação em finalizar esta etapa fulcral da minha vida, só foi possível porque estive rodeada de seres humanos excecionais que sempre me acompanharam e deram a mão em momentos de alegria, mas também nas situações mais difíceis. Estou, extremamente, grata a todos eles pelo apoio incondicional, pela força e coragem nos momentos mais frágeis. A cada um de vós, agradeço-vos, com profunda sinceridade.

Em primeiro lugar, ao Professor Doutor Ricardo Barroso, pessoa por quem nutro uma grande estima e admiração. Agradeço pela excelente orientação deste meu percurso, pela disponibilidade, ajuda, compreensão e incentivo e pelos momentos de partilha de

conhecimentos e de experiências profissionais. Obrigado por exigir de mim o melhor, por estimular o rigor, o empenho, a entrega, a competência e a persistência como peças fundamentais para uma boa prática profissional.

Agradeço à minha família por sempre me mostrarem que mesmo que a luta seja difícil nunca podemos baixar os braços. À minha Margarida, um exemplo de Mulher Guerreira, que durante toda a sua vida lutou por um futuro melhor para si e para todos nós. Sei que,

independentemente, do lugar que estejas continuarás a cuidar de mim como sempre o fizeste e estarás de coração cheio e orgulhoso pela minha conquista. Aos meus pais por me terem dado a oportunidade de concretizar este sonho e pela paciência e dedicação que sempre prestaram. Ao meu irmão, pelo exemplo de força e coragem e por me demostrar, diariamente, que as verdadeiras vitórias têm mais sabor quando são fruto do esforço e capacidade de superação. A

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vós devo-vos muito, sobretudo, pelas figuras de referência que sempre foram e pelos valores transmitidos.

Estou igualmente muito grata a todos os meus amigos por despertarem o meu sentido de humor e por me permitirem saber o verdadeiro significado de amizade e companheirismo. À Beatriz Santos, “minha alma gémea feminina e companheira de todas as horas”, obrigada por me teres levantado nas horas de aflição e por me lembrares que somos capazes de

conquistar o mundo. Obrigada pela calma, paciência e pelas palavras certas nos momentos certos. Foste a minha luzinha nesta reta final, não há palavras que expressem o sentimento que tenho por ti. Ao João, meu irmão de coração, pelos chocolates, pela paciência e por todos os Sim´s mesmo quando só apetecia dizer Não. Nunca me falhaste, fizeste até os impossíveis para estar sempre lá. És especial! À Ana Rita Silva e Sofia Quintela, parceiras incansáveis, companheiras de guerra. A estes cinco fantásticos colegas e AMIGOS que Vila Real me deu e que jamais perderei. À Cláudia Mendes, amiga de infância, confidente e porto seguro,

obrigada por não teres deixado que a distância se tornasse num entrave e, por sempre,

acreditares em mim. Conheces-me melhor que eu mesma e só te tenho a agradecer por estares aqui desde os nossos belos 7 anos de existência. Sempre juntas até sermos velhinhas!

Obrigada a todos os outros amigos e colegas de trabalho que me acompanharam nesta caminhada.

Agradeço ao meu namorado, Emanuel Guimarães, pelo suporte nos momentos de catarse emocional num gesto de pura compreensão e apoio. Obrigado pela paciência, companheirismo e amor, e por me recordares, nos momentos de maior fragilidade, a minha vontade de vencer na vida.

Um agradecimento especial à Patrícia Figueiredo e Eduarda Ramião por toda a ajuda fornecida para realizar esta investigação e por todo o profissionalismo e capacidade de interajuda. Não tenho a menor dúvida que honrarão a nossa classe profissional.

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Agradeço à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a todo o corpo docente do curso de Psicologia pelo contributo para a aquisição de conhecimentos essenciais para a prática profissional.

Por último, mas não menos importante, agradeço a todos os adolescentes e instituições de ensino que participaram neste estudo.

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Índice

Introdução ... 1

Estudo Empírico I “Comportamento de stalking (perseguição) em idade juvenil: características dos agressores masculinos e femininos” ... 5

Resumo ... 6

Abstract ... 8

Comportamento de stalking em idade juvenil: características dos agressores masculinos e femininos ... 9

Objetivos e hipóteses do presente estudo ... 15

Método ... 16

Participantes... 16

Instrumentos ... 18

Questionário Sociodemográfico ... 18

Escala de Comportamentos de Agressão (Violentómetro) ... 18

Inventário de Sintomas Psicopatológicos de 18 itens (BSI-18) ... 19

Questionário de Agressividade Reativa-Proativa (RPQ) ... 19

Questionário de Agressividade de Buss-Perry (AQ) ... 20

Inventário de Traços Calosos/Não-emocionais (ICU) ... 20

Inventário de Problemas do Comportamento (YSR) ... 21

Questionário de Temperamento Precoce dos Adolescentes (EATQ) ... 22

Escala de Desejabilidade Social de 20 itens (EDS-20) ... 23

Procedimento ... 23

Análises Estatísticas ... 24

Resultados ... 25

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Implicações práticas, limitações e pistas futuras……….41

Referências Bibliográficas ... 44

Estudo Empírico II “O papel dos traços de frieza emocional na relação entre raiva e agressão reativa numa amostra de adolescentes com comportamentos de stalking”53 Resumo ... 54

Abstract ... 56

O papel dos traços de frieza emocional na relação entre raiva e agressão reativa numa amostra de adolescentes com comportamentos de stalking ... 57

Objetivos e hipóteses do presente estudo ... 63

Método ... 64

Participantes... 64

Instrumentos ... 66

Questionário Sociodemográfico ... 67

Escala de Comportamentos de Agressão (Violentómetro) ... 67

Questionário de Agressividade Reativa-Proativa (RPQ) ... 67

Questionário de Agressividade de Buss-Perry (AQ) ... 68

Inventário de Traços Calosos/Não-emocionais (ICU) ... 68

Escala de Desejabilidade Social de 20 itens (EDS-20) ... 69

Procedimento ... 69

Análises Estatísticas ... 70

Resultados ... 71

Discussão ... 74

Implicações práticas e limitações ... 79

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Índice de Figuras e Tabelas

Estudo Empírico I

Figura 1. Média das pontuações obtidas no BSI referente à presença de sintomas psicopatológicos por sexos em adolescentes stalkers nas relações de namoro………..………..27 Figura 2. Média das pontuações obtidas no RPQ referente à agressão reativa e proativa por

sexos em adolescentes stalkers nas relações de

namoro……….………...28 Figura 3. Média das pontuações obtidas no AQ referente à raiva e hostilidade por sexos em

adolescentes stalkers nas relações de

namoro………29 Figura 4. Média das pontuações obtidas no ICU referente aos traços de frieza emocional por

sexos em adolescentes stalkers nas relações de

namoro………..……….…………...30 Figura 5. Média das pontuações obtidas no YSR referente às competências e problemas de comportamento por sexos em adolescentes stalkers nas relações de namoro ……….……….…31 Figura 6. Média das pontuações obtidas no EATQ referentes ao temperamento por sexos em

adolescentes stalkers nas relações de

namoro……….…….33

Tabela 1. Medidas descritivas relativamente à caracterização da amostra ………..…17 Tabela 2. Resultados obtidos com a aplicação do Teste t em relação as dimensões da BSI face às stalkers femininas e aos stalkers masculinos ………...……….27

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Tabela 3. Resultados obtidos com a aplicação do Teste t em relação as dimensões da RPQ face às stalkers femininas e aos stalkers masculinos ………..….….…28 Tabela 4. Resultados obtidos com a aplicação do Teste t em relação as dimensões da AQ face às stalkers femininas e aos stalkers masculinos ……….28 Tabela 5. Resultados obtidos com a aplicação do Teste t em relação as dimensões da ICU face às stalkers femininas e aos stalkers masculinos ………..29 Tabela 6. Resultados obtidos com a aplicação do Teste t em relação as dimensões da YSR face às stalkers femininas e aos stalkers masculinos ………..…30 Tabela 7. Resultados obtidos com a aplicação do Teste t em relação as dimensões da EATQ face às stalkers femininas e aos stalkers masculinos ……….….32 Estudo Empírico II

Figura 1. Modelo representativo das hipóteses em estudo. O efeito moderador dos traços de frieza emocional na relação entre a raiva e agressão reativa ………….………...….64 Figura 2. Efeito moderador da indiferença dos traços de frieza emocional na associação entre a raiva e a agressão reativa ……….……….…74

Tabela 1. Medidas descritivas relativamente à caracterização da amostra …..…………65 Tabela 2. Médias (M), desvio-padrão (DP) e corelações entre as variáveis em estudo ………..….72

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Lista de siglas e acrónimos AQ - Questionário de Agressividade de Buss-Perry

BSI-18 – Inventário de Sintomas Psicopatológicos de 18 itens CI – Intervalo de Confiança de 95%

CNPD - Comissão Nacional de Proteção de Dados DGE – Direção-Geral da Educação

DP – Desvio-Padrão

DSM - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders EATQ - Questionário de Temperamento Precoce dos Adolescentes EDS-20 –Escala de Desejabilidade Social de 20 itens

ICU - Inventário de Traços Calosos/Não-emocionais INE – Instituto Nacional de Estatística

M – Média

PreVINT - Programa de Intervenção na Violência nas Relações Interpessoais RPQ - Questionário de Agressividade Reativa-Proativa

SCL-90 - Symptom Checklist-90

SPSS - Statistical Package for Social Sciences YSR - Inventário de Problemas do Comportamento

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Introdução

A investigação científica sobre o tema da violência nas relações de intimidade começou por privilegiar, durante cerca de duas décadas, o casamento/união de facto

descurando outros contextos relacionais como as relações de namoro. Durante vários anos a magnitude deste fenómeno permaneceu inexplorada, sendo que só em 1981 surge um estudo pioneiro nesta área (Makepeace, 1981), verificando-se que um em cada cinco estudantes universitários admitiam sofrer de violência no seio de relações amorosas e 61% da amostra assumiu conhecer casos respeitantes a experiências abusivas nas relações de namoro. Até à data tem-se verificado um aumento das investigações destinadas ao apuramento da

prevalência e disposições violentas subjacentes a este tipo de relacionamentos (Caridade, & Machado, 2013).

A violência nas relações de namoro é definida como o recurso a comportamentos que pretendam assumir o poder na relação, magoar e/ou controlar o/a parceiro/a, podendo tomar a forma de violência física (e.g. bater, empurrar), psicológica (e.g. insultar, humilhar), sexual (e.g. beijar contra a vontade do outro, forçar práticas sexuais) ou stalking (e.g. perseguir, vigiar contactos) (Coelho, & Machado, 2010).

O stalking, uma das formas de comportamento violento nas relações de intimidade, é de difícil definição uma vez que, por natureza, compreende comportamentos aparente e superficialmente rotineiros e inofensivos (Gavina, & Scott, 2016). Como referem Gavina e Scott (2016), o stalking pode ser definido por um contínuo de comportamentos e práticas menos agressivas, como envio de e-mail e afeto exagerado, a práticas mais ameaçadoras e violentas, como agressão e danos à propriedade. É, assim, um padrão intencional de repetidos comportamentos intrusivos e intimidantes em relação a uma pessoa específica que faz com que o alvo se sinta incomodado, ameaçado e com medo (Miller, 2012).

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Segundo Sheridan e Davies (2010) as estratégias mais comuns utilizadas pelos stalkers passam pelo estabelecimento de ligações telefónicas intrusivas, envio de cartas de assédio, vigiar o domicílio da vítima, segui-la, destruir ou roubar os seus bens, fazer abordagens indesejadas, ameaça-la e agredi-la fisicamente. Negligenciar ou minimizar estes

comportamentos pode ser prejudicial à segurança das vítimas visto que para os agressores são um meio para estabelecer domínio, poder e controlo (Brandy, & Hayes, 2018). Ter tido um relacionamento íntimo anterior com a vítima é um dos fatores de risco com mais suporte, bem como ter sido agressor da vítima, ser obcecado por ela, sentir-se humilhado e expressar-lhe sentimentos de raiva. A idade inferior a 30 anos de idade assim como baixa escolaridade e história geral de comportamento antissocial são igualmente considerados fatores de risco (Miller, 2012). Smet, Uzieblo, Loeys, Buysse e Onraedt (2015) no estudo com uma amostra de 631 ex-parceiros íntimos, com o objetivo de estudar o comportamento de stalking,

verificaram que as características de como a relação entre o stalker e a vítima terminou, assim como as características individuais do stalker (traços de personalidade boderline como

impulsividade, instabilidade, baixa autoimagem e afetividade reduzida) são importantes fatores de risco.

O maior número de cenários de stalking desenvolvem-se a partir de relacionamentos íntimos pré-existentes, seguidos por relações familiares, de trabalho e de amizade sendo a perseguição a desconhecidos a menos comum. Quanto mais íntimo o relacionamento, maior o tempo de duração do stalking (Miller, 2012).

O término de um relacionamento pautado pela violência parece estar associado à manifestação de comportamentos de stalking futuros (Brewster, 2003; Melton, 2007), podendo representar uma tentativa de manter ou perpetuar o domínio por parte do agressor/a face ao ex-parceiro/a. A rejeição amorosa (real ou simbólica) poderá, deste modo, desecadear este tipo de conduta, caracterizada por um desejo ambivalente de reconciliação e vingança.

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O stalking deve, portanto, ser assumido como uma estratégia de controlo, que exibe padrões de violência, nomeadamente, no âmbito das relações amorosas. Ao mesmo tempo, o stalking pode também apresentar-se como um mecanismo de opressão da vítima, com recurso ao exercício do poder e de métodos de controlo e como salientam Grangeia e Matos (2011), a disposição violenta é habitualmente motivada pelo desejo de reconciliação e/ou de vingança, comumente associados a um desequilíbrio psicológico do sujeito agressor.

Estudos internacionais estimam que cerca de 80% de todos os casos de stalking envolvem pessoas que estão ou estiveram intimamente envolvidos (Edwards, & Gidycz, 2014; Scott, Rajakaruna, & Sheridan, 2014; Spitzberg, & Cupach, 2007; Spitzberg, Cupach, & Ciceraro, 2010) levando assim a concluir que a maioria dos casos de stalking é perpetrado por parceiros nas relações de intimidade.

Com os avanços da tecnologia de comunicação, surgem novas formas de assediar, intimidar e aterrorizar outras pessoas. O termo cyberstalking tem sido usado para descrever um conjunto de comportamentos que envolvem ameaças repetidas, assédio ou outro contato indesejado pelo uso de computador ou outra tecnologia baseada na comunicação eletrónica que tenha o efeito de fazer outra pessoa sentir medo e intimidação. O cyberstalking é usado, frequentemente, em paralelo com o stalking físico e, nesses casos, pode ser considerado uma extensão dele (Pereira, & Matos, 2015; Ybarra, Mitchell, & Langhinrichsen-Rohling, 2017).

A presente dissertação, assente nos pressupostos teóricos do comportamento de stalking, versa a análise e compreensão deste comportamento em adolescentes stalkers nas relações de namoro, averiguando, num primeiro momento, as suas características e padrões de funcionamento e, num segundo momento, compreender o papel dos traços de frieza

emocional na relação entre raiva e agressão reativa em adolescentes com este comportamento problemático.

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O trabalho organiza-se em dois estudos empíricos distintos, mas complementares. Ambas as investigações abordam o estudo do comportamento de stalking embora contemplem outras variáveis e assumam objetivos diferentes. Neste sentido, o primeiro estudo, intitulado “Comportamento de stalking (perseguição) em idade juvenil: características dos agressores masculinos e femininos” tem como objetivo compreender o padrão de funcionamento das stalkers femininas e dos stalkers masculinos em idade juvenil, identificando as suas principais características. O segundo estudo que se intitula “O papel dos traços de frieza emocional na relação entre raiva e agressão reativa numa amostra de adolescentes com comportamentos de stalking” pretende testar o papel moderador dos traços de frieza emocional na relação entre a raiva e agressão reativa em adolescentes stalkers nas relações de namoro.

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ESTUDO EMPÍRICO I

“Comportamento de stalking (perseguição) em idade juvenil: características dos agressores masculinos e femininos”

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Resumo

A investigação sobre o stalking praticado nas relações de namoro deadolescentes é de grande relevância. Dada a escassez de estudos sobre este fenómeno nestas faixas etárias, existe a necessidade em obter informações sobre as suas especificidades e analisar as diferenças entre rapazes e raparigas stalkers. O presente estudo procurou assim, por um lado, determinar a prevalência deste problema no contexto português, e, por outro lado, identificar as diferenças de comportamento entre rapazes e raparigas.

Os dados foram recolhidos através de um questionário online no decorrer da implementação do Programa de Intervenção no âmbito da Violência nas Relações Interpessoais (PreVINT) em várias instituições escolares do país. A amostra é composta por 235 stalkers no namoro com idades compreendidas entre os 12 e os 21 anos de idade (M = 15.51; DP = 1.618), sendo 73 do sexo masculino (31.06%) e 162 do sexo feminino (68.94%). Os instrumentos utilizados incluíram um questionário sociodemográfico, o Inventário de Sintomas Psicopatológicos de 18 itens (BSI-18), o Questionário de Agressividade Reativa-Proativa (RPQ), o Questionário de Agressividade de Buss-Perry (AQ), o Inventário de Traços Calosos/Não-emocionais (ICU), o Inventário de Problemas do Comportamento (YSR), o Questionário de Temperamento Precoce dos Adolescentes (EATQ), a Escala de Comportamentos de Agressão (Violentómetro) e a Escala de Desejabilidade Social de 20 itens (EDS-20).

Os resultados obtidos sugerem uma prevalência de 7% de comportamento de stalking nas relações de namoro de adolescentes stalkers portugueses. Apesar de não apresentar diferenças significativas em relação ao comportamento de stalking, o sexo masculino tende a agredir de forma proativa, apresentam maior autocontrolo emocional, são mais extrovertidos e, por isso, perseguem as vítimas através de contacto direto. Já as stalkers femininas tendem a agredir reativamente, evidenciam dificuldades de regulação emocional, utilizam perseguições mais

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intimidatórias, motivadas pela rejeição e ressentimento. As implicações para a prevenção e a intervenção da violência no namoro são destacadas.

Palavras-Chave: stalking, stalkers masculinos, stalkers femininas, características, padrão de funcionamento

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Abstract

The research on stalking practiced in adolescent dating relationships is of great relevance. Given the scarcity of studies on this phenomenon in these age groups, there is a need to obtain information about their specificities and to analyze the differences between boys and girls stalkers. The present study sought, on the one hand, to determine the prevalence of this problem in the portuguese context, and, on the other hand, to identify differences in behavior between boys and girls.

The data were collected through an online questionnaire during the implementation of the Intervention Program for Violence in Interpersonal Relations (PreVINT) in various school institutions in the country. The sample consisted of 235 dating stalkers aged between 12 and 21 (M = 15.51; SD = 1.618), 73 males (31.06%) and 162 females (68.94%). The instruments used included a sociodemographic questionnaire,Aggression Behavior Scale(Violentómetro), Brief Symptom Inventory of 18 items (BSI-18), Reactive-Proactive Aggression Questionnaire (RPQ), Aggression Questionnaire (AQ), Inventory of Callous-Unemotional Traits (ICU), Youth Self Report (YSR), Early Adolescent Temperament Questionnaire (EATQ), Social Desirability Scale of 20 items (EDS-20).

The results obtained suggest a prevalence of 7% of stalking behavior in the dating relationships of portuguese stalkers. Although they do not present significant differences in relation to stalking behavior, the male tends to attack proactively, they present greater emotional self-control, they are more extroverted and, therefore, they persecute the victims through direct contact. Female stalkers, however, tend to act aggressively, show difficulties in emotional regulation, use more intimidating pursuits, motivated by rejection and resentment. The implications for the prevention and intervention of dating violence are highlighted.

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Comportamento de stalking em idade juvenil: características dos agressores masculinos e femininos

A violência perpetrada por adolescentes nas relações de namoro tem sido considerado um problema social relevante (Evans, & Meloy, 2011; Matos, Machado, Caridade, & Silva, 2006; Smith-Darden, Reidy, & Kernsmith, 2016), embora grande parte dos estudos se centre nas relações de adultos (Evans, & Meloy, 2011; Matos et al., 2006; Smith-Darden et al., 2016). Do ponto de vista da sua dinâmica de funcionamento, a violência nas relações de namoro é encarada como o recurso a comportamentos que pretendem assumir o poder na relação, magoar e/ou controlar o/a parceiro/a, sob a forma de violência física, psicológica, sexual ou stalking (Coelho, & Machado, 2010).

O facto de os adolescentes serem, comumente, considerados incapazes de interpretar comportamentos de perseguição subjacentes à sua faixa etária (Ostermeyer, Friedman, Sorrentino, & Booth, 2016) pode justificar a escassez de estudos que têm como população-alvo stalkers juvenis. Estes indivíduos poderão desenvolver, neste período desenvolvimental, ideologias amorosas, transmitidas socialmente, (Ostermeyer et al., 2016) que se vêem

confirmadas pelas várias tentativas de contacto. Apesar das especificidades próprias desta fase desenvolvimental, a literatura sugere uma similaridade da conduta destes adolescentes

relativamente aos stalkers adultos (Ostermeyer et al., 2016).

Conceptualmente, o stalking é, por vezes, comparado ao bullying (Ostermeyer et al., 2016), uma vez que em ambos o indivíduo é ameaçado, humilhado ou assediado por outro. Contudo, alguns autores (Purcell, Moller, Flower, & Mullen, 2009) distinguem o bullying do stalking baseado onde os comportamentos ocorrem, sugerindo-se que o stalking, ao contrário do bullying, envolve uma atenção indesejada de um indivíduo para outro num contexto em que não tem direito legítimo de o fazer, comprometendo a privacidade da vítima.

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O stalking define-se assim como um padrão de comportamentos de assédio persistente, que se traduz em diversas formas de comunicação (e.g., chamadas telefónicas, mensagens de texto, e-mails, cartas e redes sociais), contacto, vigilância e monitorização de uma pessoa-alvo (e.g., seguir a vítima, mantê-la sob vigilância, frequentar locais onde é esperada a sua

presença e contactar familiares e amigos) (Grangeia, & Matos, 2012; Smith-Darden et al., 2016). Comportamentos adicionais podem incluir a entrega de encomendas, cancelamento de compromissos em nome da vítima ou iniciar ações legais falsas (Grangeia, & Matos, 2012; Smith-Darden et al., 2016). Devido ao seu caráter repetitivo e variado torna-se difícil de definir com precisão sendo assinalado como um crime de características distintivas que lhe imprime uma marca ameaçadora e intimidatória (Matos, Grangeia, Ferreira, & Azevedo, 2012; Roberts, Tolou-Shams, & Madera, 2016; Shorey, Cornelius, & Strauss, 2015;Ybarra, Mitchell, & Langhinrichsen-Rohling, 2017). Inclui um espectro diversificado de

comportamentos, desde atos aparentemente inócuos a estratégias claramente intimidatórias que tendem a escalar ao longo do tempo (Matos et al., 2012; Roberts et al., 2016; Shorey et al., 2015;Ybarra et al., 2017). Trata-se de um tipo de conduta obsessiva, difícil de combater eficazmente com intervenções psicológicas (Malsch, Keijser, & Debets, 2011).

As motivações para o comportamento de stalking incluem uma crença ilusória no destino romântico, um desejo de recuperar um relacionamento anterior, um desejo sádico de atormentar a vítima ou uma super-identificação psicótica e o desejo de substituí-la (Miller, 2012). Estas motivações são fundamentais para compreender as características e

comportamentos dos agressores, enquadrando-os nas várias categorias (Ostermeyer et al., 2016). As tipologias de stalkers existentes apenas incluem adultos, podendo, no entanto, ter validade em adolescentes stalkers. Essas classificações foram criadas com o objetivo de identificar diferenças entre grupos de stalkers para desenvolver recomendações úteis de tratamento e melhorar as previsões de risco de violência (Ostermeyer et al., 2016).

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Integrando as várias tipologias, surge uma categorização básica que inclui: (1) stalking com o propósito de adquirir um novo relacionamento; (2) perseguir com o propósito de intimidação, assédio, coerção e/ou punição pela rejeição de um relacionamento anterior e; (3) stalking motivado, principalmente, pelo poder e controlo (Miller, 2012). Na primeira categoria estão incluídos os stalkers por amor obsessivo, convencidos de que estão

apaixonados por outrem que os ama, mas não pode mostrá-lo, os salkers erotomaníacos, mais raros, geralmente, com menos contacto com as vítimas e menor risco de violência (Zona, Sharma, & Lane, 1993). Existem também os stalkers que procuram intimidade, geralmente, sem relacionamentos anteriores e mais persistentes), os stalkers incompetentes, tipicamente dotados de poucas capacidades e que facilmente dirigem a sua atenção para um novo alvo (Mullen, Pathe, Purcell, & Stuart,1999; Mullen, Pathe, & Purcell, 2000; Mullen et al., 2006) e, finalmente, os stalkers de celebridades e alguns tipos de stalkers políticos (Holmes, 2001). Nesta categorização a primeira escolha do stalker é claramente obter amor, atenção ou admiração do seu alvo. Na segunda categoria, são abarcados os stalkers obsessivos simples que perseguem um ex-companheiro e ex-colega de trabalho por retaliação (Zona et al., 1993), os stalkers rejeitados, em geral, ex-parceiros íntimos descontentes com o maior risco de agressões e com motivos iniciais altamente ambivalentes de reconciliação e vingança e os stalkers ressentidos que se sentem prejudicados pela vítima (Mullen et al., 1999; Mullen et al., 2000; Mullen et al., 2006; Holmes, 2001). Por último, na terceira categoria encontram-se os stalkers predatórios que utilizam a vigilância e a busca secreta, geralmente, como preparação para um ataque real (Mullen et al.,1999; Mullen et al., 2000; Mullen et al., 2006) e os stalkers sádicos que sentem prazer em intimidar e aterrorizar as suas vítimas (Sheridan, & Boon, 2002).

Esta conduta de violência praticada na adolescência pouco se distingue da praticada em idade adulta, sendo que, por exemplo, tanto os adultos como os adolescentes stalkers

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tendem a ser do sexo masculino com vítimas femininas (Leitz, & Theriot, 2005; Roberts et al., 2016).A maioria dos estudos concentra-se nos stalkers masculinos porque quase 80% das perseguições são feitas por homens (Mullen, Pathe, & Purcell, 2009).Miglietta e Maran (2017) num estudo com 350 estudantes universitários de Turim, com os objetivos de

investigar como as pessoas comuns entendem os comportamentos de stalking e analisar se o género e as atitudes dos entrevistados em relação às mulheres se encontrava relacionada com a forma como o fenómeno é descrito e compreendido, verificaram que a taxa de prevalência na Itália, em 2014, do stalking, na população geral, foi de 11.2%. As vítimas eram na sua maioria mulheres (90%), enquanto os stalkers típicos eram homens (91.1%). Shorey et al., (2015) constataram, no entanto, não existir predomínio de género no que diz respeito à perpetração e vitimização nas relações de namoro, sendo ambos os sexos suscetíveis de incorrerem na posição de vítimas. Do mesmo modo, tanto adultos, como os adolescentes revelam uma necessidade tendencial de controlo sobre o sujeito vitimizado, que pode ser manifestada na forma de violência física e/ou psicológica, por meio de ameaças ou assédio, que pode ser mantida à distância (Norris, Huss, & Palarea, 2011), pelo que os ex-parceiros possuem, geralmente, comportamentos mais hostis (Edwards, & Gidycz, 2014; Scott, Rajakaruna, & Sheridan, 2014).

Algumas investigações concluíram que as vítimas de stalking cujo agressor é ou foi um parceiro íntimo são mais propensas a sofrer violações do que vítimas de stalkers não íntimos (Logan, & Walker, 2009), bem como taxas mais elevadas de violência física, sexual e psicológica (Logan, Shannon, & Cole, 2007). Logan e Lynch (2018) verificaram que os stalkers são ainda mais propensos a ameaçar com armas. Num estudo efetuado com uma amostra de mais de 500 mulheres norte-americanas, vítimas de violência doméstica,

verificaram que três quartos das vítimas de stalking são ameaçadas com armas assim como a existência deste comportamento correlacionado com a utilização de ameaças com armas

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representam um risco significativo para a população em geral. Das vítimas de stalking, metade mencionou que o seu agressor tinha também ameaçado ferir terceiros (Logan, & Lynch, 2018).

Apesar das semelhanças, existem estudos que apontam diferenças entre adultos e adolescentes stalkers. Purcell, Moller, Flower e Mullen (2009), numa investigação com 299 stalkers jovens, identificaram algumas diferenças importantes quando comparados com stalkers adultos. Embora a maioria dos stalkers juvenis fossem do sexo masculino (64%) com vítimas femininas (69%), quase todos os stalkers juvenis perseguiram uma vítima

previamente conhecida (98%), sendo que, no geral, mais de metade (57%) envolveu-se em perseguição de indivíduos do mesmo sexo, sendo as mulheres mais suscetíveis a isso (86%) do que os homens (40%) (Purcell et al., 2009). Quando comparados com os stalkers adultos, os stalkers juvenis são menos motivados pelo desejo de iniciar um relacionamento, contudo, são mais motivados pela retaliação e comportamentos antissociais (Purcell et al., 2009). Ademais, enquanto os adultos tendem a perseguir a mesma vítima durante anos, os adolescentes tendem a mudar de vítimas com frequência e a perseguir mais que uma ao mesmo tempo devido ao fraco controlo dos impulsos (Leitz, & Theriot, 2005).

Estudos realizados no contexto nacional (Matos, Grangeia, Ferreira, & Azevedo, 2011), corroboram alguns dos estudos internacionais, demonstrando que as mulheres são as principais vítimas com uma prevalência ao longo da vida de 25%, e o sexo masculino com uma prevalência ao longo da vida de 13.3%. Os jovens entre os 16 e os 29 anos de idade são a faixa etária de maior prevalência com 26.7%. A mesma investigação apurou ainda que 40.2% dos participantes apresentaram o/a stalker como alguém conhecido/colega/familiar/vizinho. Os parceiros/as ou ex-parceiros/as representaram 31.6% dos casos (Matos et al., 2011).

Relativamente aos adolescentes, algumas investigações procuraram analisar as

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intimidação envolvendo-se em telefonemas inoportunos e propagação de rumores e os rapazes parecem mais propensos a serem motivados pela rejeição e predação sexual (Purcell, Pathé, & Mullen, 2010). Estas diferenças de género são igualmente verificadas na população adulta. Apesar da maioria dos estudos evidenciarem que o stalking é praticado, essencialmente, pelo sexo masculino, existem estudos em que a perseguição é feita pelo sexo feminino. As

mulheres podem perseguir homens ou outras mulheres (West, & Friedman, 2008). São mais propensas a perseguir pessoas do mesmo sexo comparativamente aos homens (West, & Friedman, 2008). Por norma, as suas motivações são semelhantes às do sexo masculino, no entanto, são mais propensas a tentar estabelecer um relacionamento íntimo, enquanto os stalkers masculinos têm maior probabilidade de tentar manter um relacionamento íntimo anterior (Meloy, 2013). As mulheres são, igualmente, mais propensas para perseguir contatos profissionais (Meloy, 2013). Strand e McEwan (2012) num estudo com 143 stalkers

femininas norte-americanas, averiguaram que a maioria das mulheres perseguia alguém conhecido, inclusive ex-parceiros íntimos. O motivo mais frequente foi a rejeição, seguido do ressentimento e procura de intimidade. Ademais, concluíram que o sexo feminino era mais propenso que o masculino a ter perturbação de personalidade boderline (33% vs 2%) e maior tendência para a psicose (38% vs 20%). Por último, verificaram que os homens eram mais propensos a seguir as suas vítimas através de contacto direto, enquanto as mulheres eram mais propensas a perseguir pelos meios eletrónicos (Strand, & McEwan, 2012).

Nos últimos anos, com o aparecimento de novas tecnologias e a utilização frequente das redes sociais, o cyberstalking destaca-se (Pereira, & Matos, 2015). Esta prática inovadora torna o comportamento menos detetável, mais aliciante e com menor gasto de energia (Ybarra et al., 2017). Nesta fase crítica do desenvolvimento psicossocial, o impacto do stalking tem efeitos a longo prazo. São apontadas consequências como falta de segurança, dificuldades de concentração e um declínio no desempenho escolar (Purcell et al., 2009; Roberts et al., 2016).

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De uma forma geral, o impacto nas vítimas provoca alterações na saúde física e mental incluindo medo, hipervigilância, desconfiança e sentimentos de abandono, sintomatologia psicopatológica, salientando-se sintomas depressivos, ansiosos e traumáticos (Matos et al., 2012).

Objetivos e hipóteses do presente estudo

O presente estudo teve como objetivo principal compreender as circunstâncias em torno do comportamento de stalking perpetrado por adolescentes portugueses. Num primeiro momento, pretendeu-se averiguar a prevalência da violência do namoro bem como do

comportamento de stalking em Portugal, recorrendo-se a uma amostra representativa da população portuguesa. Num segundo momento, procurou-se analisar o padrão de funcionamento das stalkers femininas e dos stalkers masculinos em idade juvenil, identificando as suas principais caraterísticas.

Atendendo aos objetivos propostos, as hipóteses levantadas foram as seguintes: Hipótese 1: Existem diferenças significativas entre o sexo masculino e feminino relativamente à presença de sintomas psicopatológicos, sendo que as raparigas apresentarão uma maior ocorrência.

Hipótese 2:Existem diferenças significativas entre o sexo masculino e feminino no que respeita a agressão reativa e proativa. Os rapazes utilizarão uma agressão mais proativa e as raparigas uma agressão mais reativa.

Hipótese 3: Existem diferenças significativas entre sexos em relação à raiva e hostilidade, sendo o sexo feminino o que apresentará uma maior expressividade.

Hipótese 4:Existem diferenças significativas entre sexos no que diz respeito aos traços de frieza emocional, nomeadamente, insensibilidade (callousness), ausência de emoção

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16

(unemotional) e indiferença (uncaring). Os rapazes apresentarão níveis mais elevados de traços de frieza emocional comparativamente com o sexo oposto.

Hipótese 5: Existem diferenças significativas entre o sexo masculino e feminino no que concerne as competências e os problemas de comportamento, sendo o sexo masculino o que apresentará maior evidência.

Hipótese 6:Existem diferenças significativas entre sexos no que se refere ao temperamento. As raparigas demonstrar-se-ão mais introvertidas comparativamente com o sexo masculino.

Método

O presente estudo é de carácter quantitativo, pretendendo quantificar fenómenos através de procedimentos estatísticos onde os dados obtidos foram recolhidos através de um questionário. Além disso, este estudo é do tipo transversal de carácter nomotético e de

comparação entre indivíduos, visto que a recolha dos dados relativos às variáveis dependentes resulta de amostras de comportamentos normativos medidas num único espaço de tempo. Participantes

Os dados foram recolhidos no âmbito de um projeto de investigação mais vasto denominado “Programa de Intervenção na Violência nas Relações Interpessoais - PreVINT” (Barroso, Ramião, & Figueiredo, 2018). A amostra total recolhida neste projeto (n = 3448) foi obtida em escolas de Portugal Continental e da região autónoma dos Açores, sendo 1917 participantes do sexo masculino e 1929 do sexo feminino. Importa realçar que esta amostra era já o resultado da aplicação da Escala de Desejabilidade Social (Almiro et al., 2016) tendo sido retirados previamente os participantes com indícios de desejabilidade social nula ou diminuída, conferindo aos dados uma maior consistência e rigor. No âmbito da investigação que nos propusemos realizar sobre adolescentes com comportamentos de stalking, foi inserido

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um item específico na Escala de Comportamentos de Agressão (Violentómetro) com a indicação de ter praticado o comportamento de “Perseguir/Espiar/Seguir de forma insistente (por exemplo, espiar algum(a) ex-namorado(a), para saber o que estava a fazer, seja na rua ou na internet”). Esta definição de comportamento stalker serviu para identificar o grupo amostral com estas características e, nesse sentido, os participantes que responderam “sim” a este item foram colocados numa amostra específica.

Desta forma, a amostra utilizada para o estudo dos comportamentos de stalking corresponde a 235 stalkers no namoro com idades compreendidas entre os 12 e os 21 anos de idade (M = 15.51; DP = 1.618), sendo 73 do sexo masculino (31.06%) e 162 do sexo

feminino (68.94%). Através das respostas a este mesmo item foi possível averiguar a não existência de diferenças significativas entre os sexos no que respeita o comportamento de stalking, pelo que a presente amostra engloba assim ambos os sexos.

Tabela 1.

Medidas descritivas relativamente à caracterização da amostra

N % Participantes 235 Sexo Masculino 73 31.06 Feminino 162 68.94 Idade 12 anos 6 2.6 13 anos 17 7.2 14 anos 42 17.9 15 anos 52 22.1 16 anos 55 23.4 17 anos 43 18.3

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18 18 anos 12 5.1 19 anos 4 1.7 20 anos 3 1.3 21 anos 1 0.4 Escolaridade 6º ano 2 0.9 7º ano 25 10.6 8º ano 29 12.3 9º ano 49 20.9 10º ano 48 20.4 11º ano 33 14.0 12º ano 46 19.6 Curso Profissional 3 1.3 Instrumentos

Tendo em consideração os objetivos deste estudo foi selecionado um conjunto de instrumentos cuja escolha teve em conta três aspetos: qualidades psicométricas, adaptação à população portuguesa e, por último, facilidade de aplicação e preenchimento por

adolescentes.

Questionário Sociodemográfico

De forma a recolher dados pessoais e sociodemográficos relevantes para caracterizar a amostra em estudo foi utilizado um questionário sociodemográfico para recolher informações relativas à idade, sexo, ano de escolaridade e estatuto sócio-económico.

Escala de Comportamentos de Agressão (Violentómetro)

A Escala de Comportamentos de Agressão (Violentómetro)tem a sua base no dispositivo com o mesmo nome e que é utilizado no PreVINT. Trata-se de uma listagem de comportamentos agressivos em que é solicitado ao sujeito que assinale através de uma escala

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dicotómica “Sim/Não” se já foi agressor (ou vítima) desse mesmo comportamento. É assim um questionário de violência gradual, onde se assinala manifestações desde as mais subtis até às mais evidentes e extremas (Monserrat, Albarrán, & Cruz, 2015).

O Violentómetro foi criado pela Unidad Politécnica de Gestión con Perspectiva de Género (2009), no México, com vista a detetar práticas agressivas em contextos académicos e foi traduzido e adaptado por Barroso (2016).

Inventário de Sintomas Psicopatológicos de 18 itens (BSI-18)

Este instrumento constitui a versão reduzida dos questionários BSI (Brief Symptom Inventory) e SCL-90 (Symptom Checklist-90) desenvolvidos por Derogatis em 2001 e adaptados para a população portuguesa por Canavarro (2007). Consiste num questionário de autorrelato que pretende avaliar a presença de sintomas psicopatológicos evidenciados nos últimos sete dias. Este inventário pode ser administrado a doentes do foro psiquiátrico, a indivíduos perturbados emocionalmente, a quaisquer outros doentes e a pessoas da população geral. É composto por 18 itens, respondido numa escala tipo Likert de quatro pontos de “Nada” a “Extremamente” (Canavarro, 2007).

A escala é composta por três fatores: Ansiedade; Depressão e Somatização. O Índice Geralde Sintomas corresponde ao somatório das três dimensões. Os valores mais elevados indicam maior presença de sintomas psicopatológicos. No presente estudo, o alfa de Cronbach foi de .78 na escala total, .78 na dimensão de ansiedade, .78 na dimensão de depressão e .78 na dimensão de somatização.

Questionário de Agressividade Reativa-Proativa (RPQ)

O Questionário de Agressividade Reativa-Proativa (RPQ) foi desenvolvido por Raine, Dodge, Loeber, Gatzke-Kopp, Lynam, Reynolds e Liu (2006) e adaptado para a população portuguesa por Pechorro, Marôco, Ray e Gonçalves (2015). É uma medida de autorresposta constituída por 23 itens que distingue entre agressividade reativa e proativa. Cada item é

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cotado em escala ordinal de três pontos, de “Nunca” a “Frequentemente”. Dos 23 itens, 11 têm como objetivo avaliar a agressão reativa e 12 itens avaliam a agressão proativa. A pontuação total e as pontuações de cada dimensão são obtidas somando os respetivos itens. As pontuações mais elevadas indicam maior presença dos traços em questão. Este

instrumento apresentaboas propriedades psicométricas, com o alfa de Cronbach de .93 (agressão reativa [α = .88] e agressão proativa [α = 0.89]) (Pechorro, Silva, Marôco & Gonçalves, 2014). No presente estudo, o alfa de Cronbach foi de .74 da escala total e, de .74 e .76 nas dimensões reativa e proativa, respetivamente.

Questionário de Agressividade de Buss-Perry (AQ)

O Questionário de Agressividade de Buss-Perry (AQ) foi desenvolvido por Buss e Perry (1992) e adaptado para a língua portuguesa por Vieira e Soeiro (2002). É um

instrumento de autorrelato com 29 itens submetidos a apreciação numa escala de tipo Likert cujas respostas variam entre “Nunca ou quase nunca” a “Sempre ou quase sempre”. A escala é constituída por quatro subescalas: agressão física (9 itens), agressão verbal (5 itens), raiva (7 itens) e hostilidade (8 itens). A clarificação do tipo de agressividade presente no sujeito surgirá em função das elevadas cotações nas respetivas subescalas. Possui dois itens com necessidade de inversão (itens 15 e 24). Os autores da versão original referem que o questionário possui indicadores de fidelidade entre .72 e .85 (Buss, & Perry, 1992). No presente estudo, o alfa de Cronbach foi de .76 da escala total e, de .83 na subescala agressão física, de .84 na subescala agressão verbal, de .84 na subescala raiva e, finalmente, de .85 na subescala hostilidade.

Inventário de Traços Calosos/Não-emocionais (ICU)

Este instrumento foi desenvolvido por Essau, Sasagawa e Frick (2006), e adaptado para a população portuguesa por Pechorro, Ray, Barroso, Marôco e Gonçalves (2014). É uma medida multidimensional de autorresposta constituída por 24 itens desenhada para avaliar

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traços calosos/não-emocionais (e.g., frieza/insensibilidade emocional) em jovens. Cada item é cotado numa escala ordinal de quatro pontos de “Totalmente Falso” a “Totalmente

Verdade”. Através de análise fatorial confirmatória identificou-se três dimensões

independentes: callousness (insensibilidade), unemotional (ausência de emoção) e uncaring (indiferença). Pontuações mais elevadas indicam maior presença dos traços em questão (Pechorro, Ray, Barroso, Marôco & Gonçalves, 2014).

Este instrumento apresenta boas propriedades psicométricas, com o alfa de Cronbach de .90 na escala total e de .88, .86 e .87 nas dimensões insensibilidade, indiferença e ausência de emoção, respetivamente (Pechorro et al., 2014). No presente estudo, o alfa de Cronbach foi de .72 da escala total e, de .72 na dimensão insensibilidade, de .77 na dimensão

indiferença e, finalmente, de .72 na dimensão ausência de emoção. Inventário de Problemas do Comportamento (YSR)

O Inventário de Problemas do Comportamento (YSR) foi desenvolvido por Achenbach e Rescorla (2001) e adaptado por Gonçalves, Dias e Machado (2009). Este instrumento pretende avaliar as competências e os problemas de comportamento dos adolescentes, tal como são percecionados pelo próprio. Trata-se de um instrumento usado com adolescentes entre os 11 e os 18 anos de idade, embora tenha sido usado com sucesso com sujeitos com idades superiores. É um questionário de autorrelato com 120 itens, cada um descrevendo um problema evidenciado nos últimos 6 meses, cotados numa escala de três pontos: “Não verdadeira”, “De alguma forma ou algumas vezes verdadeira” e “Muito verdadeira ou muitas vezes verdadeira”. Para além da possibilidade de uso da escala do total de problemas, subescalas de internalização e de externalização e das escalas de competências, o instrumento possui também 8 síndromes (ansiedade/depressão, isolamento/depressão, queixas somáticas, problemas sociais, problemas de pensamento, problemas de atenção, comportamento de quebra de regras e comportamento agressivo). Os autores recomendam que

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o ponto de corte que diferencia sujeitos com alto risco de psicopatologia de outros seja a partir de uma nota T de 65 pontos. De acordo com os autores da versão original, este instrumento possui um elevado grau de consistência interna (Achenbach, 2011). No presente estudo, o alfa de Cronbach foi de .74 na escala total, .74 nas dimensões de oposição, problemas sociais, ansiedade/depressão, .73 na dimensão agressivo e .72 na dimensão controlo/ativação.

Questionário de Temperamento Precoce dos Adolescentes (EATQ)

Este instrumento foi desenvolvido por Ellis e Rothbart (2001) e adaptado para a população portuguesa por Carvalho (2007). É um questionário de autoavaliação das

dimensões do temperamento composto por 65 itens com um formato de resposta numa escala de tipo Likert de cinco pontos de “Quase nunca se aplica” a “Quase sempre se aplica”. O EATQ possui 12 dimensões que podem ser agrupadas em quatro fatores principais do

temperamento: controlo com esforço (capacidade para realizar uma ação, quando há uma forte tendência para evitá-la), afiliação (desejo de proximidade com os outros, capacidade de focar a atenção), afetividade negativa (caracterizada pela frustração, humor depressivo e ações agressivas) e extroversão (baixos níveis de timidez e de medo) (Conceição, & Carvalho, 2013).

Este instrumento apresenta boas qualidades psicométricas com valores de consistência interna adequados, alfa de Cronbach, entre .68 (humor depressivo) e .92 (autorregulação), tendo a medida apresentado correlações no sentido esperado com uma medida de problemas emocionais e comportamentais (Conceição, & Carvalho, 2013). No presente estudo, o alfa de Cronbach foi de .72 na escala total, .78 na dimensão de afiliação, .75 na dimensão de

agressão, .63 na dimensão de atenção, .75 na dimensão de humor depressivo, .74 na dimensão de medo, .77 na dimensão de frustração, .77 na dimensão de sensibilidade prazerosa, .79 na dimensão de sensibilidade percetiva, .78 na dimensão vergonha/timidez e, por último, .67 na dimensão de alta intensidade.

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Escala de Desejabilidade Social de 20 itens (EDS-20)

A Escala de Desejabilidade Social de 20 itens (EDS-20) foi desenvolvida por Simões, Almiro e Sousa (2014) para avaliar o constructo de desejabilidade social. É uma medida de autorrelato que avalia as respostas socialmente desejáveis, isto é, a tendência do participante para responder de uma forma que julga ser vista como favorável pelos outros. É composta por 20 itens, com um formato de resposta dicotómica, entre “Sim” e “Não”, obtendo-se, assim, no final uma nota total. As pontuações mais elevadas refletem a tendência de dar respostas socialmente mais desejáveis. Em relação às qualidades psicométricas apresenta boa

consistência interna com α=.82 (Almiro et al., 2016). No presente estudo, o alfa de Cronbach foi de .73 da escala total.

Procedimento

Inicialmente foi solicitado o parecer institucional da Direção-Geral da Educação (DGE) (Registo nº 0602100001), da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) (Autorização n.º 5649/2017) e da Comissão de Ética daUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Após o deferimento de todos estes organismos foram feitos contactos com as escolas envolvidas no Programa PreVINT e solicitada autorização às direções de cada estabelecimento de ensino tendo estas, após concordância, procedido ao pedido dos

consentimentos dos responsáveis legais/encarregados de educação dos menores. Por último, e depois da obtida autorização parental anterior, foi obtido o consentimento dos próprios adolescentes. A participação nesta investigação foi voluntária e não implicou pagamento monetário ou entrega de qualquer bem material.

O conjunto de instrumentos de avaliação foi aplicado num formato on-line, tendo os participantes preenchido o mesmo em contexto de sala de aula recorrendo aos computadores da escola, ou quando autorizados, a smartphones. A confidencialidade dos dados e o

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anonimato foram garantidos, desde o início, de forma a que nenhuma informação pessoal pudesse identificar os participantes ou os seus encarregados de educação. Aquando do acesso inicial ao conjunto de questionários eram apresentadas informações relevantes sobre o

objetivo e os procedimentos do estudo, assim como as instruções para o respetivo preenchimento, sendo salientado que poderia desistir a qualquer momento. Análises Estatísticas

Para as análises estatísticas recorreu-se ao Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 23.0. Inicialmente foram identificados e excluídos os missing values e os outliers de forma a não se fazer sentir os seus efeitos nos procedimentos estatísticos. Posteriormente, foi testada a consistência interna (alfa de Cronbach) dos instrumentos utilizados e procedeu-se à caracterização da amostra recorrendo-se a análises de natureza descritiva. Foram depois efetuados cálculos de prevalência dos comportamentos de agressão no namoro e, mais especificamente, de prevalência de stalking, tendo-se previamente

garantido, através de uma fórmula matemática específica, que a amostra era representativa da população portuguesa.

Com objetivo de se decidir quais os procedimentos estatísticos a utilizar foram

realizados testes de normalidade de dados, verificando-se a não confirmação da hipótese nula, rejeitando-se assim a normalidade dos dados. De seguida, foi testada a homoestacidade (Pallant, 2005) que foi confirmada o que permitiu justificar a normalidade e homogeneidade dos dados, bem como o suporte para a utilização de testes paramétricos. Visto que a amostra tem um valor total de sujeitos superior a 30, é considerada uma amostra com número

suficiente para que a distribuição da média amostral seja considerada normal (Marôco, 2007). Após as análises preliminares descritas, recorreu-se às análises de comparação entre dois grupos (Test t) de forma a averiguar a existência de diferenças significativas entre os

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stalkers masculinos e as stalkers femininas o que permitiu justificar a utilização da amostra total.

Por fim, para se identificar as características dos stalkers de ambos os sexos e responder às hipóteses levantadas foram utilizadas, novamente, as análises de comparação entre dois grupos relativamente às várias dimensões do estudo (Test t).

Resultados

De forma a avaliar a representatividade da população, recorreu-se ao cálculo da fórmula abaixo apresentada, com base nos dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Para que a amostra fosse considerada representativa da população portuguesa seriam necessários, pelos menos, 582 participantes, valor inferior aos 3448 adolescentes portugueses inquiridos. Desta forma, o presente estudo apresenta validade estatística para a representatividade e pode ser aceite pela comunidade científica (Weyne, 2004). 𝑛 = [(1.96)2 ∙ (( 1089478 10 291 027) ∙ (1 − 1089478 10 291 027))] (0.0252) 𝑛 = 582

Numa primeira análise à prevalência da violência no namoro, foi analisada a amostra de 3448 jovens, com idades compreendidas entre os 12 e os 21 anos de idade (M = 15.51; DP = 1.618), sendo 1917 do sexo masculino e 1929 do sexo feminino. Nesta análise o sexo feminino evidenciou uma prevalência de violência superior ao sexo masculino, 18.8% e 14.3%, respetivamente. Por outras palavras, 18.8% (18 raparigas em cada 100) assumem ter comportamentos de agressão dentro das suas relações de namoro e, em relação aos rapazes, 14.3% (14 rapazes em cada 100) admitem o mesmo.

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Relativamente ao stalking, forma específica de violência nas relações de namoro, 235 destesadolescentes assumem ter praticado este comportamento nas suas (ex)relações de intimidade. Foram realizados testes de comparação (Test t) entre stalkers femininas e stalkers masculinos, verificando-se a inexistência de diferenças significativas entre os sexos [t

(87.176) = -1.051; p= .296], o que permitiu englobar ambos os sexos na presente amostra. A análise estatística deste comportamento sugere uma prevalência de 6.82%. Ou seja, 6 em cada 100 adolescentes assumem ter praticado comportamento de stalking nas suas (ex)relações de intimidade.

Uma análise comparativa em relação às variáveis demográficas, constatou que a maioria dos intervenientes são do sexo feminino (n = 162) com uma prevalência de 68.94%, comparativamente à prevalência de 31.06% do sexo oposto.Assim, 68.94% dos adolescentes que assumem ter praticado comportamento de stalking nas suas (ex)relações de intimidade são raparigas (68 raparigas em cada 100) e 31.06% (31 rapazes em cada 100) são do sexo masculino. Este comportamento é mais frequente entre os 15 e 17 anos de idade e no 9º e 10º anos de escolaridade.

Características dos stalkers masculinos e stalkers femininas em idade juvenil Apesar de se não verificar diferenças significativas entre os sexos no que toca ao comportamento de stalking, foram realizados testes de comparação (Test t) entre stalkers masculinos e femininos em relação às variáveis emocionais e cognitivas.

No que diz respeito à presença de sintomas psicopatológicos, verificou-se diferenças significativas entre stalkers masculinos e stalkers femininas na dimensão somatização [t (233) = -3.169; p<.05]; na dimensão depressão [t (233) = -3.265; p<.05] e na dimensão ansiedade [t (120.66) = -2.582; p<.05]. Neste sentido, como é visível na Tabela 2 e na Figura 1, as stalkers femininas tendem a pontuar mais alto em todos as dimensões da escala em comparação com os stalkers masculinos.

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27 Tabela 2.

Resultados obtidos com a aplicação do Teste t em relação às dimensões da BSI face às stalkers femininas e aos stalkers masculinos

Figura 1. Média das pontuações obtidas no BSI referente à presença de sintomas psicopatológicos por sexos em adolescentes stalkers nas relações de namoro

Em relação à agressão reativa e proativa, verificaram-se diferenças significativas entre stalkers masculinos e stalkers femininas na dimensão reativa [t (233) = 2.150; p<.05] e na dimensão proativa [t (233) = 2.506; p<.05]. As stalkers femininas tendem a pontuar mais alto na dimensão reativa e os stalkers masculinos na dimensão proativa, tal como exposto na Tabela 3 e na Figura 2. Stalkers femininas (n=162) Stalkers masculinos (n=73) t ρ M (DP) M (DP) Somatização 8.64 (4.670) 6.60 (4.271) -3.169 .002* Depressão 11.89 (4.994) 9.53 (5.378) -3.265 .001* Ansiedade 9.93 (4.716) 8.00 (5.556) -2.582 .001* *ρ<.05 0 2 4 6 8 10 12 14

Somatização Depressão Ansiedade

Média das pontuações obtidas no BSI referente à presença de sintomas psicopatológicos

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28 Tabela 3.

Resultados obtidos com a aplicação do Teste t em relação às dimensões da RPQ face às stalkers femininas e aos stalkers masculinos

Figura 2. Média das pontuações obtidas no RPQ referente à agressão reativa e proativa por sexos em adolescentes stalkers nas relações de namoro

Relativamente à raiva e hostilidade, verificou-se a ausência de diferenças significativas entre os sexos na dimensão raiva [t (233) = -1.159; p>.05] e na dimensão hostilidade [t (233) = -1.243; p>.215], como é visível na Tabela 4 e na Figura 3. Tabela 4.

Resultados obtidos com a aplicação do Teste t em relação às dimensões da AQ face às stalkers femininas e aos stalkers masculinos Stalkers femininas (n=162) Stalkers masculinos (n=73) t ρ M (DP) M (DP) Reativa 8.31 (3.821) 6.60 (4.271) 2.150 .033* Proativa 4.09 (4.386) 5.64 (4.401) 2.506 .013* *ρ<.05 Stalkers femininas (n=162) Stalkers masculinos (n=73) t ρ M (DP) M (DP) Raiva 5.20 (2.941) 4.72 (4.883) -1.159 .248 Hostilidade 5.80 (3.439) 9.53 (5.378) 1.243 .215 0 2 4 6 8 10 12 14

Agressão Reativa Agressão Proativa

Média das pontuações obtidas no RPQ referente à agressão reativa e proativa

Masculino Feminino

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29 Figura 3. Média das pontuações obtidas no AQ referente à raiva e hostilidade por sexos em adolescentes stalkers nas relações de namoro

No que concerne aos traços de frieza emocional,não se detetaram diferenças

significativas entre os stalkers masculinos e femininos na dimensão insensibilidade [t (233) = 1.428; p>.05]; na dimensão indiferença [t (233) = 1.741; p>.05] e na dimensão ausência de emoção [t (233) = 0.433; p>.05], como indica a Tabela 5 e na Figura 4.

Tabela 5.

Resultados obtidos com a aplicação do Teste t em relação às dimensões da ICU face às stalkers femininas e aos stalkers masculinos Stalkers femininas (n=162) Stalkers masculinos (n=73) t ρ M (DP) M (DP) Insensibilidade 10.72 (5.254) 11.77 (5.048) 1.428 .155 Indiferença 7.44 (5.094) 8.68 (4.966) 1.741 .083 Ausência de emoção 6.89 (2.975) 7.07 (2.518) .433 .665 *ρ<.05 0 2 4 6 8 10 12 14 Raiva Hostilidade

Média das pontuações obtidas no AQ referente à raiva e hostilidade

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30 Figura 4. Média das pontuações obtidas no ICU referente aos traços de frieza emocional por sexos em

adolescentes stalkers nas relações de namoro

Tendo em consideração as competências e problemas de comportamento, não se verificaram diferenças significativas entre os sexos na dimensão oposição [t (233) = 1.779; p>0.05]; na dimensão agressão [t (122.609) = -0.687; p>0.05]; na dimensão problemas sociais [t (233) = 0.416); p>0.05] e na dimensão ansiedade/depressão [t (233) = -2.576; p>0.05], como é observável na Tabela 6 e na Figura 5.

Tabela 6.

Resultados obtidos com a aplicação do Teste t em relação às dimensões da YSR face às stalkers femininas e aos stalkers masculinos Stalkers femininas (n=162) Stalkers masculinos (n=73) t ρ M (DP) M (DP) Oposição 8.49 (5.299) 9.86 (5.874) 1.779 .077 Agressão 12.08 (5.336) 11.51 (6.162) .687 .493 Problemas sociais 6.13 (4.068) 6.37 (4.168) .416 .678 Ansiedade/ Depressão 9.88 (5.089) 8.74 (5.265) 1.576 .116 *ρ<.05 0 2 4 6 8 10 12 14

Insensibilidade Indiferença Ausência de Emoção

Média das pontuações obtidas no ICU referente aos traços de frieza emocional

(51)

31 Figura 5. Média das pontuações obtidas no YSR referente às competências e problemas de comportamento por sexos em adolescentes stalkers nas relações de namoro

No que respeita ao temperamento, não se verificaram diferenças significativas entre os sexos na dimensão controlo/ativação [t (233) = -1.030; p>.05]; na dimensão agressão [t (233) = -0.640; p>.05]; na dimensão atenção [t (233) = -1.277; p>.05]; na dimensão sensibilidade prazerosa [t (233) = -0.592; p>.05]; na dimensão sensibilidade percetiva [t (233) = -0.560; p>.05] e na dimensão alta intensidade prazerosa [t (233) = -1.397; p>.05]. Em contraste, foram verificadas diferenças significativas nas dimensões afiliação [t (114.919) = -2.261; p<.05]; humor depressivo [t (233) = -4.849; p<.05]; medo [t (233) = -3.410; p<.05]; frustração [t (233) = -3.211; p<.05] e vergonha/timidez [t (233) = -2.094; p<.05]. Numa análise mais detalhada a estes últimos dados verifica-se que as stalkers femininas demonstram níveis mais elevados em comparação com o sexo masculino, tal como pode ver analisado na Tabela 7 e na Figura 6. 0 2 4 6 8 10 12 14

Oposição Agressão Problemas Sociais Ansiedade/Depressão

Média das pontuações obtidas no YSR referente às competências e problemas de comportamento

(52)

32 Tabela 7.

Resultados obtidos com a aplicação do Teste t em relação às dimensões da EATQ face às stalkers femininas e aos stalkers masculinos

Stalkers femininas (n=162) Stalkers masculinos (n=73) t ρ M (DP) M (DP) Controlo/ ativação 15.08 (3.639) 14.55 (3.723) -1.030 .304 Afiliação 19.36 (4.299) 17.74 (5.393) -2.261 .026* Agressão 14.76(4.711) 14.32 (5.372) .640 .523 Atenção 19.07 (3.197) 18.48 (3.532) -1.277 .203 Humor depressivo 19.88 (4.744) 16.58 (5.016) -4.849 .000* Medo 19.98 (4.617) 17.66 (5.253) -3.410 .001* Frustração 23.91 (5.925) 21.21 (6.069) -3.211 .002* Sensibilidade prazerosa 15.14 (4.777) 14.73 (5.208) .592 .555 Sensibilidade percetiva 13.51 (3.673) 13.21 (4.096) -.560 .576 Vergonha/timid ez 11.74 (3.796) 10.62 (3.839) -2.094 .037* Alta intensidade prazerosa 19.02 (3.933) 18.21 (4.628) -1.397 .164 *ρ<.05

(53)

33 Figura 6. Média das pontuações obtidas no EATQ referente ao temperamento por sexos em adolescentes

stalkers nas relações de namoro

Discussão

Embora seja conhecido que o comportamento de stalking ocorre em alguns

relacionamentos íntimos (Duntley, & Buss 2010) são poucos os estudos que se têm focado na prática deste tipo de violência por adolescentes e jovens adultos.

O presente estudo teve como objetivo principal compreender as circunstâncias em torno do comportamento de stalking perpetrado por adolescentes portugueses. Num primeiro momento, pretendeu-se averiguar a prevalência da violência do namoro bem como do

comportamento de stalking em Portugal, recorrendo-se a uma amostra representativa da população portuguesa.

Visto que o presente estudo recorreu a uma amostra representativa da população portuguesa, aferiu-se a prevalência nacional da violência no namoro, dado de grande

relevância, uma vez que existe uma escassez de estudos em Portugal acerca dos perpetradores da violência nas relações de namoro no período desenvolvimental da adolescência e

juventude. 0 4 8 12 16 20 24 28

Média das pontuações obtidas no EATQ referente ao temperamento

Imagem

Figura 1. Média das pontuações obtidas no BSI referente à presença de sintomas psicopatológicos por sexos em  adolescentes stalkers nas relações de namoro
Figura 2. M é dia das pontuações obtidas no RPQ referente à agressão reativa e proativa por sexos em  adolescentes stalkers nas relações de namoro
Figura 1. Modelo representativo das hipóteses em estudo. O efeito moderador dos traços de frieza emocional na  relação entre a raiva e agressão reativa

Referências

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