Ano
Faculdade de Ciências Médicas - NOVA
Aluna: Ana Rita Moura Alexandre Número: 2008027
Turma: 2
Índice
Índice 2 01. Introdução 3 02. Estágios Parcelares 4 Medicina Interna 4 Cirurgia Geral 5Medicina Geral e Familiar 5
Pediatria 6
Ginecologia e Obstetrícia 7
Sáude Mental 7
03. Reflexão Crítica 8
A Medicina é uma ciência da incerteza aliada à arte da probabilidade. William Osler
01. Introdução
O presente relatório pretende descrever as atividades desenvolvidas ao longo do 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina. Encontra-se dividido em três partes: introdução, seguida duma descrição sucinta dos estágios realizados durante o ano letivo e, por últi-mo, uma reflexão crítica acerca das aprendizagens adquiridas, bem como dum balanço entre os objectivos propostos e os alcançados.
O ensino da Medicina, enquanto “Ciência Moderna”, que requer a percepção do indivíduo em todas as suas esferas, implica uma formação científica sólida, aliada a um sentido moral e ético exigentes. Como tal, o 6º ano assume-se como um período funda-mental para adquirir alguns gestos e atitudes que serão determinantes para o meu per-curso profissional.
Como objectivos traçados para cumprir ao longo do curso e, em particular neste último ano, destaco o treino na observação de doentes, bem como da colheita de dados para anamnese; a realização atenta do exame objectivo, com a formulação de diagnósti-cos e, nalgumas situações de propostas terapêuticas. Procurei ainda saber identificar as patologias mais prevalentes nas diferentes especialidades; desenvolver e melhorar apti-dões na realização de procedimentos necessários para a gestão do doente. O aperfeiço-amento de capacidades comunicacionais, nomeadamente através da descodificação de eventuais motivos/preocupações não verbalizados pelo doente assume-se como funda-mental; reconhecer os factores psicossociais que influenciam o estado de saúde do indi-víduo, favorecendo a abordagem do doente como um todo. Para tal, incluo como
preocu-pação, entender e distinguir a diferença entre doença e diminuição funcional, não me cen-trado exclusivamente na procura de causas orgânicas para determinado sintoma. Por úl-timo, torna-se fundamental consolidar conhecimentos teóricos e aplicá-los à prática clínica diária, bem como aplicar princípios da medicina baseada na evidência. A incorporação de conceitos promotores de saúde que se ajustem à comunidade são igualmente objectivos importantes.
02. Estágios Parcelares
Medicina Interna
O estágio de Medicina Interna decorreu durante 8 semanas, de 16 de Setembro de 2013 a 8 de Novembro de 2013, no Serviço de Medicina II do Hospital Egas Moniz (HEM), sob a orientação do Dr. Manuel Nisa Pinheiro.
Das atividades desenvolvidas ao longo deste estágio destaca-se a enfermaria onde pude proceder à observação de doentes com posterior discussão, em equipa, da sua abordagem médica mais correta. Pude realizar a colheita de dados de anamnese e exe-cutar o exame objectivo, com vista à elaboração de notas de entrada, de alta e, por ve-zes, de histórias clínicas.
Frequentei a consulta externa realizada pelo Dr. Nisa Pinheiro todas as terças-feiras de manhã. Às quintas-feiras decorreu a visita do serviço e às sextas-feiras assisti às reu-niões de discussão inter-equipas de notas de alta. Compareci igualmente a sessões clíni-cas hospitalares e a sessões de apresentação de clíni-casos clínicos entre os serviços de Me-dicina I e II do hospital. Na semana de 28 a 1 de Novembro, o Dr. Nisa Pinheiro esteve
responsável por realizar o atendimento aos pisos do HEM, atividade essa em que o acompanhei.
Por último, apresentei juntamente com a minha colega de estágio, um trabalho de revisão sobre o tema “Estado Confusional Agudo”. Ao longo deste estágio, assisti a seis seminários realizados na FCM-NOVA sobre temas pertinentes para a Medicina Interna.
Cirurgia Geral
Ao longo de 8 semanas (de 11/11/2013 a 17/01/2014), frequentei o Departamento de Cirurgia Geral do Hospital Beatriz Ângelo (HBA), coordenado pelo Professor Doutor Rui Maio. Este estágio teve uma duração de 8 semanas, tendo tido como tutor o Dr. Paulo Oliveira. Das atividades desenvolvidas destacam-se a frequência do bloco operatório; a enfermaria e ainda a consulta externa. Para além destas, tive oportunidade de realizar um estágio opcional que decorreu entre os dias 9 e 20 de Dezembro de 2013, no Departa-mento de Anestesiologia. Este estágio opcional permitiu-me conhecer uma especialidade com a qual nunca havia contactado ao longo do curso.
Por último, apresentei, juntamente com as minhas colegas de estágio, no Mini-Con-gresso de Cirurgia organizado pelo Departamento, um Caso Clínico intitulado “Ossos do Ofício” sobre perfuração intestinal.
Medicina Geral e Familiar
As quatro semanas de estágio (entre 27/01/2014 21/02/2014) foram cumpridas na totalidade em ambiente rural, na USF Sol, em Évora, sob a tutoria do Dr. Passão Lopes. Ao longo deste período procurei responder aos objectivos que estabeleci, que incluíam
conhecer a dinâmica dos cuidados de saúde primários, no contexto do Sistema Nacional de Saúde, num ambiente diferente do que até agora me havia sido proporcionado. Deste modo, propus-me a desenvolver capacidades e aptidões de forma a saber utilizar racio-nalmente os recursos de saúde disponíveis e aperfeiçoar técnicas de comunicação e es-tabelecimento de empatia no contexto da relação médico-doente. Durante o estágio, pude contactar com os programas de rastreio, de saúde materna, saúde infantil, planeamento familiar e consulta aberta. Acompanhei o meu tutor em consultas ao domicílio, como exemplo da estreita ligação que os serviços de saúde primários estabelecem com a co-munidade.
Pediatria
Decorreu durante 4 semanas, entre o dia 24 de Fevereiro de 2014 a 21 de Março de 2014, no Hospital D. Estefânia (HDE), na Unidade de Hematologia, sob a orientação da Dra. Paula Kjöllerström. Trata-se de um centro de referência com um grande fluxo de do-entes pediátricos com patologias hematológicas seguindo, a título de exemplo, mais de 100 casos de anemia de células falciformes. Tive a oportunidade de participar nas ativi-dades dum serviço muito diferenciado de hematologia pediátrica, o que me permitiu con-tactar com patologias muito raras.
Das atividades desenvolvidas ao longo deste estágio destaca-se a enfermaria; con-sulta externa; serviço de urgência e o hospital de dia.
Durante o tempo em que permaneci na enfermaria pude observar entidades patoló-gicas como aplasia medular, hemofília B e doença von Willebrand tipo 3.
durante dois dias e realizei um trabalho com os meus colegas de estágio, intitulado “Más
Influenzias” sobre a infecção pelo vírus H1N1, em idade pediátrica.
Ginecologia e Obstetrícia
O estágio decorreu durante 4 semanas, entre o dia 24 de Março de 2014 e o dia 25 de Abril de 2014, no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Beatriz Ânge-lo (HBA), sob a orientação do meu tutor, Dr. José Reis.
Durante as duas primeiras semanas, pude acompanhar as valências ligadas à Gine-cologia, como a enfermaria, o bloco operatório, bem como diversos tipos de consulta ex-terna. Nas duas últimas semanas, conheci o funcionamento da área da Obstetrícia, desde consultas de acompanhamento da gravidez, onde se incluiu a observação de ecografias. No serviço de urgência, local por excelência para a observação de partos, contactei com a realidade do bloco de partos, onde observei partos eutócicos, e partos distócicos.
Realizei a apresentação duma análise dum artigo intitulado: “Treatment of ectopic
pregnancies in 2014: New answers to some old questions.”, dos autores Perrine Capmas,
M.D., Jean Bouyer Ph.D., e Hervé Fernandez M.D., Ph.D.
Saúde Mental
Este estágio teve a duração de 4 semanas, (entre 28/04/2014 e 23/05/2014), em que integrei o Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Serviço de Psiquiatria da
Infân-cia e da AdolescênInfân-cia do Hospital São Francisco Xavier. Durante este período
acompa-nhei o meu tutor, Dr. Volker Dieudonné, nas suas atividades diárias. Tal incluiu, maioritari-amente, as consultas externas, algumas consultas de psiquiatria de ligação e ainda as
reuniões multidisciplinares do serviço. Pude ainda frequentar o serviço de urgência de Psiquiatria do mesmo hospital, onde contactei com a patologia psiquiátrica mais prevalen-te de adultos.
Nos primeiros dois dias, realizaram-se os dois seminários de Psiquiatria de carácter teórico-prático leccionados pelo Professor Doutor Miguel Xavier.
Juntamente com a minha colega de estágio, apresentámos um trabalho intitulado “Resiliência: o estado da arte”, realizando uma revisão de alguns artigos recentes sobre este tema.
03. Reflexão Crítica
No último ano de medicina, urge fazer uma breve análise integrada na experiência que tive ao longo destes seis anos. O ano profissionalizante visa incorporar as valências adquiridas desde o primeiro ano até o presente e conferir-lhe aplicação ajustada ao con-texto clínico. Como tal, as expectativas que criei aliaram-se a alguns factores que fui re-conhecendo como importantes para que estas se cumprissem. O acompanhamento do tutor, o número de alunos por tutor e ainda o tipo de integração no serviço são alguns que destaco. Relativamente ao último ponto, torna-se inevitável para esta reflexão a compara-ção com a minha experiência dos anos anteriores, em particular de realidades académi-cas e médiacadémi-cas diferentes, como foi possível através da participação no programa Erasmus durante um semestre do 4º ano, na Universidade Paris-Sud, Paris. Desse período destaco como ponto positivo a integração nos serviços por onde passei, Cirurgia Geral e Gineco-logia e Obstetrícia, onde os alunos são encarados como elementos da equipa médica
com tarefas definidas. Como ponto negativo, destaco algumas limitações na preparação teórica que recebi, nomeadamente a nível dos mecanismos fisiopatológicos da doença.
Numa reflexão mais atenta em relação a cada um dos estágios que realizei, consi-dero que o estágio de Medicina Interna cumpriu os objectivos, tendo superado as minhas expectativas na autonomia que me foi dada, através da integração na equipa de profissi-onais médicos. O estágio de Cirurgia Geral contou um rácio tutor aluno de 1 para 3, o que dificultou, por vezes, a participação mais activa em ambiente de bloco operatório. Quanto ao estágio de Medicina Geral e Familiar, considero que se revelou uma experiência muito gratificante, quer pelo seu contexto comunitário, como pelo ambiente rural em que me in-tegrei, obrigando-me a lidar com exigências diferentes das encontradas em meio hospita-lar. O estágio de Pediatria, assumiu-se fundamental para o treino dos meus conhecimen-tos na área da hematologia pediátrica, bem como para o contacto com crianças com pato-logias raras. O estágio de Ginecologia e Obstetrícia, possibilitou a familiarização com as diversas valências da especialidade e com um contexto de serviço de urgência com ca-racterísticas únicas. Por último, o estágio de Saúde Mental, foi extremamente aliciante, quer pela possibilidade de contactar com a patologia psiquiátrica da infância, como pela postura do meu tutor que nos integrou de forma muito atenta e pedagógica nas suas ati-vidades diárias.
No inicio do presente ano lectivo até Dezembro de 2013 fiz parte da Direção da As-sociação de Estudantes da FCM-NOVA enquanto Coordenadora do Departamento de Sa-úde Reprodutiva e SIDA, atividade essa que me permitiu adquirir alguma experiência en-quanto dirigente associativa e conhecer formas de intervenção social que envolvem os
estudantes universitários e a comunidade (nomeadamente através de projetos de preven-ção de comportamentos de risco nas escolas).
Os objectivos que me propus a cumprir ao longo dos seis anos, foram-se modifi-cando de acordo com os desafios com que fui confrontada, conquanto julgo que, em parte foram atingidos. Por vezes de forma menos linear quanto antevira, o que confere à profis-são do Médico um dos seus apanágios: a capacidade de unir conhecimentos das ciências exatas às vicissitudes do ser Humano. Ser este que, em sentido figurado, será o meu fu-turo doente. É talvez o momento de maior dúvida com que me deparo ao escrever esta reflexão. Como e quem será o meu futuro doente? Para ele me preparei estes seis anos e, contudo, nem tudo o que aprendi me parece retirar o receio constante de não estar à altura do verdadeiro desafio que é o de zelar pelo outro. Propus-me conhecer desde o gene, à célula, ao órgão, até aos vários ecossistemas em que se integra o Homem, en-quanto ser social e a fazer diagnósticos, com base na observação clínica, sabendo pedir os exames complementares necessários. Todavia, o receio continua o mesmo, não são os nomes que tive que decorar, nem os livros que prometi a mim mesma que leria e o fiz, mas, saber o ponto de equilíbrio entre cada um destes elementos. A incapacidade de não controlar todas as variáveis e de como aprender a geri-la. Acredito hoje, que é isso uma parte importante da Medicina. Avançar, sabendo que nem só de certezas se tomam deci-sões, ainda que nos rodeemos de toda e qualquer segurança encontrada na página dum livro, na experiência dum tutor ou, tão somente, por vezes, na nossa própria voz, que nos ecoa: não sabes o caminho, mas continua a perguntar.
!!!!!! ! ! "#$%$&'$%(!