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A Amazônia brasileira do ponto de vista da dinâmica migratória: faz sentido sua atual delimitação?

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Academic year: 2021

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A Amazônia brasileira do ponto de vista da dinâmica migratória: faz

sentido sua atual delimitação?

Alberto Augusto Eichman Jakob

Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” (Nepo)/ Unicamp

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A Amazônia brasileira do ponto de vista da dinâmica migratória: faz

sentido sua atual delimitação?

Resumo

O presente artigo tem como principal objetivo inicialmente analisar a dinâmica migratória observada no espaço compreendido pela Amazônia Legal Brasileira, considerada no período mais recente. A fonte de dados utilizada é o último censo demográfico disponível, do ano de 2010. Portando, o período migratório mais atual, e considerado neste artigo, são os anos 2000. Ênfase maior será dada à migração interna, que retrata a mobilidade populacional de brasileiros nas Unidades da Federação que compõem a Amazônia Legal Brasileira. Posteriormente, se fará uma discussão acerca da delimitação atual da Amazônia. Do ponto de vista das relações entre locais que enviam e que recebem migrantes, em especial as Unidades da Federação limítrofes da Amazônia Legal, faz sentido incluir Tocantins e não incluir Goiás? Ou incluir Maranhão e não incluir Piauí? Em termos demográficos, esta delimitação tem sentido? Ou seria mais adequado fazer alguns ajustes, resultando em um novo recorte espacial? Questões como estas serão observadas na tentativa de inferir sobre a lógica da criação da Amazônia Legal Brasileira e se atualmente é adequada pensando demograficamente.

Introdução

A denominação “Amazônia Legal” brasileira surgiu em 1953, por meio da Lei 1.806 de 06 de janeiro, que criou a Superintendência do plano de valorização econômico da Amazônia (SPVEA), resultado de um conceito político, dada a meta do governo de planejar e promover o desenvolvimento da região. Faziam parte da Amazônia brasileira todos os estados da Região Norte do país, além do Maranhão (oeste do meridiano 44º), Goiás (norte do paralelo 13º, atualmente o Tocantins) e Mato Grosso (norte do paralelo 16º)1.

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Posteriormente, em 1966, pela Lei 5.173, de 27 de outubro, é criada a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), em substituição ao SPVEA, com motivos mais focados no planejamento regional2. Por fim, por meio da Lei Complementar n. 31, de 11 de outubro de 1977, todo o estado do Mato Grosso passou a fazer parte da Amazônia Legal brasileira3.

Assim, a delimitação de Amazônia Legal, considerada neste trabalho, pode ser visualizada na Figura 1.

Figura 1: Delimitação da Amazônia Legal brasileira em 2016

2 Fonte: http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/110838/lei-5173-66 (acesso em 18/04/2016). 3 Fonte: http://www.lex.com.br/doc_82471_LEI_COMPLEMENTAR_N_31_DE_11_OUTUBRO_DE_1977.aspx (acesso em 18/04/2016).

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Com respeito à delimitação expressa na Figura 1, o correto seria desconsiderar a porção leste do meridiano 44º do estado do Maranhão, mas o estado entrou em sua totalidade para efeitos de comparação de dados com outras fontes oficiais. Isto será abordado mais adiante neste trabalho.

Mas se esta foi uma delimitação originalmente política, em termos demográficos ela também faria sentido? Por que a inclusão do Maranhão e não de Piauí? Por que a inclusão de Tocantins e não de Goiás? Estes estados vizinhos não apresentariam uma relação forte o suficiente para fazer parte da região?

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A Figura 2 mostra fluxos migratórios acima de 10 mil pessoas que se mudaram de estado dentro da Amazônia Legal brasileira no período 2005-2010 (denominados migrantes de data fixa)4. Percebe-se que existe uma dinâmica migratória intensa sobretudo entre Maranhão e Pará, mas Tocantins também se relaciona com seus vizinhos amazônicos. Mas e com relação a Piauí e Goiás?

A Tabela 1 traz os migrantes de data fixa de todas as Unidades da Federação (UFs) amazônicas em 2010, incluindo-se também Piauí e Goiás para efeitos de comparação, segundo UF de residência em 2005.

Obviamente, os migrantes da própria UF de residência possuem um maior peso relativo. Correspondem aos migrantes intraestaduais, que mudaram de município dentro da própria UF entre 2005 e 2010.

Entre os migrantes interestaduais de data fixa, em geral a maior proporção ficou para aqueles de UFs vizinhas. Porém, o que mais chama a atenção é a parte de baixo da tabela, que compara Tocantins, Goiás, Maranhão e Piauí.

No caso de Tocantins, esta foi a UF selecionada por pouco mais de 10% de maranhenses e de goianos, e quase este valor para paraenses. Assim, parece haver uma dinâmica populacional entre Tocantins e Goiás deste ponto de vista. Porém, observando-se os imigrantes interestaduais em Goiás, 11% são originários do Distrito Federal, e apenas 6% do Maranhão.

Observando os imigrantes no Maranhão, o peso relativo dos intraestaduais é grande (2/3 do total de migrantes) e a segunda UF com maior origem é o Pará, com 7% do fluxo, ficando o Piauí com apenas 4% dos migrantes. Mas no Piauí a situação se inverte, sendo que 10% do fluxo migratório entre 2005 e 2010 era formado por maranhenses e de paulistas.

Assim, Tocantins parece atrair migrantes do Maranhão e de Goiás, e Piauí também parece atrair migrantes do Maranhão, além de São Paulo. Porém em Goiás a atração de migrantes do Tocantins não é expressiva, assim como de piauienses no Maranhão.

4 Os dados referentes a migrantes de data fixa neste trabalho correspondem àqueles cujo município de

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Tabela 1: Principais fluxos migratórios de data fixa na Amazônia Legal brasileira e mais Goiás e Piauí, 2005-2010.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2010. Tabulações especiais do autor.

UF em 2005 % UF em 2005 % UF em 2005 % UF em 2005 %

Rondônia 61,1 Acre 63,2 Amazonas 55,9 Roraima 36,4

Mato Grosso 7,2 Amazonas 9,2 Pará 14,6 Pará 15,2

Ignorado 4,6 Rondônia 7,7 Ignorado 6,0 Amazonas 12,4

Amazonas 3,2 Ignorado 5,3 Rondônia 3,6 Maranhão 10,9

São Paulo 3,1 São Paulo 2,2 Rio de Janeiro 2,9 Ignorado 4,8

Paraná 2,7 Mato Grosso 1,7 Maranhão 2,1 Ceará 2,0

Acre 2,6 Minas Gerais 1,4 Acre 1,9 São Paulo 2,0

Minas Gerais 2,1 Pará 1,0 Roraima 1,6 Rondônia 1,7

Pará 1,5 Ceará 1,0 Ceará 1,6 Pernambuco 1,5

Maranhão 1,4 Paraná 1,0 São Paulo 1,5 Rio de Janeiro 1,3

Goiás 1,3 Outras UFs 6,2 Pernambuco 1,0 Paraná 1,1

Espírito Santo 1,2 Total 44.144 Outras UFs 7,2 Outras UFs 10,6

Mato Grosso do Sul 1,1 Total 187.797 Total 43.411

Bahia 1,0

Santa Catarina 1,0

Outras UFs 5,0

Total 192.191

UF em 2005 % UF em 2005 % UF em 2005 %

Pará 66,7 Pará 48,0 Mato Grosso 57,9

Maranhão 10,6 Amapá 32,2 Ignorado 5,2

Ignorado 5,9 Maranhão 5,6 Paraná 4,6

Tocantins 2,7 Ignorado 5,3 São Paulo 4,2

Amazonas 1,8 Ceará 1,1 Goiás 4,1

Goiás 1,6 São Paulo 1,0 Maranhão 3,7

Amapá 1,4 Outras UFs 6,8 Rondônia 3,5

Mato Grosso 1,4 Total 59.254 Mato Grosso do Sul 3,4

São Paulo 1,2 Pará 2,2

Minas Gerais 1,0 Alagoas 1,7

Outras UFs 5,8 Rio Grande do Sul 1,5

Total 589.213 Minas Gerais 1,3

Santa Catarina 1,0

Pernambuco 1,0

Outras UFs 4,6

Total 389.508

UF em 2005 % UF em 2005 % UF em 2005 % UF em 2005 %

Tocantins 48,3 Goiás 44,8 Maranhão 66,7 Piauí 50,2

Maranhão 10,8 Distrito Federal 11,4 Pará 7,4 Maranhão 10,7

Goiás 10,3 Maranhão 6,0 Ignorado 6,6 São Paulo 10,6

Pará 9,6 Bahia 5,1 Piauí 4,2 Ignorado 5,4

Ignorado 4,6 Ignorado 5,0 São Paulo 2,7 Distrito Federal 5,1

Distrito Federal 2,4 Minas Gerais 5,0 Tocantins 1,8 Ceará 4,7

São Paulo 2,3 Tocantins 4,3 Distrito Federal 1,8 Goiás 2,0

Minas Gerais 2,0 São Paulo 3,5 Goiás 1,4 Pará 1,9

Mato Grosso 1,6 Pará 3,0 Ceará 1,2 Pernambuco 1,8

Bahia 1,5 Mato Grosso 2,9 Rio de Janeiro 1,0 Bahia 1,8

Piauí 1,3 Piauí 2,0 Outras UFs 5,4 Rio de Janeiro 1,2

Outras UFs 5,0 Ceará 1,0 Total 395.462 Outras UFs 4,6

Total 182.206 Outras UFs 6,1 Total 165.582

Total 725.395

Tocantins Goiás Maranhão Piauí

Mato Grosso

Rondônia Acre Amazonas Roraima

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Mas este processo de estudo da dinâmica migratória passa também pela análise da mobilidade populacional diária. Para isto, a Tabela 2 informa, dentre as pessoas que trabalham e retornam para casa diariamente, sua UF de trabalho.

Tabela 2: Principais UFs de trabalho dos residentes na Amazônia Legal brasileira e mais Goiás e Piauí em 2010.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2010. Tabulações especiais do autor.

Novamente aqui, como seria de se esperar, a maior parte do trajeto casa-trabalho é feito na própria UF de residência, mas alguns destaques podem ser dados, como 38%

UF trabalho % UF trabalho % UF trabalho % UF trabalho %

Rondônia 87,5 Acre 87,7 Amazonas 76,5 Roraima 85,7

Ignorada 5,7 Amazonas 7,7 Pará 7,1 Ignorada 4,1

Mato Grosso 1,6 Ignorada 1,8 Ignorada 5,6 Amazonas 4,1

Outras UFs 5,2 Outras UFs 2,8 Acre 3,0 Pará 2,8

Total 6.806 Total 2.898 Rondônia 2,0 Maranhão 1,5

Maranhão 1,2 Outras UFs 1,9

Minas Gerais 1,2 Total 1.707

Outras UFs 3,3

Total 6.005

UF trabalho % UF trabalho % UF trabalho %

Pará 95,7 Amapá 59,3 Mato Grosso 94,7

Ignorada 1,8 Pará 37,9 Goiás 1,6

Maranhão 0,5 Ignorada 1,7 Ignorada 1,5

Amapá 0,5 Outras UFs 1,1 Outras UFs 2,2

Outras UFs 1,5 Total 10.801 Total 49.731

Total 128.150

UF trabalho % UF trabalho % UF trabalho % UF trabalho %

Tocantins 67,1 Goiás 55,0 Maranhão 71,4 Piauí 58,6

Maranhão 20,4 Distrito Federal 41,6 Piauí 17,1 São Paulo 15,0

Goiás 4,2 Mato Grosso 1,2 São Paulo 3,0 Maranhão 11,4

Pará 2,5 Ignorada 0,9 Pará 1,3 Goiás 2,1

Ignorada 1,2 Outras UFs 1,3 Goiás 1,3 Distrito Federal 2,0

Outras UFs 4,6 Total 377.725 Ignorada 1,2 Ignorada 1,9

Total 11.495 Outras UFs 4,6 Minas Gerais 1,6

Total 102.515 Pernambuco 1,3

Rio de Janeiro 1,2

Ceará 1,1

Outras UFs 3,9

Total 31.828

Tocantins Goiás Maranhão Piauí

Rondônia Acre Amazonas Roraima

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dos residentes do Amapá trabalhando no Pará. Com relação a Tocantins, sua relação era mais forte com o Maranhão (fluxo diário de 20%), mas em Goiás, 42% dos trabalhadores se dirigiam diariamente ao Distrito Federal para trabalhar em 2010.

No Maranhão, 17% dos trabalhadores se deslocavam para Piauí para trabalhar em 2010, apresentando, portanto, uma relação significativa. Mas observando-se em termos do Piauí, 11% dos residentes se dirigiam ao Maranhão para trabalhar, ao passo que 15% se deslocavam a São Paulo diariamente.

Este fluxo de Piauí para São Paulo chama a atenção, são perto de 5 mil pessoas (e perto de 1 mil sem a expansão da amostra). Observando mais a fundo, a maior parte se destina à capital paulista (35% do fluxo com destino ao estado de São Paulo), e os municípios de origem no Piauí são esparsos: Piripiri (9,3% do fluxo para São Paulo), Batalha (8,5%), Pedro II (6,7%), Barras (6%) e assim por diante. Como são fluxos pequenos dispersos entre muitos municípios não valeria a pena discorrer mais sobre eles neste trabalho, por fugir um pouco do objetivo inicial, embora futuramente se possa tornar em um objeto interessante de análise.

Comparando-se os dados das tabelas 1 e 2, pode-se verificar que os principais imigrantes no Piauí do período 2005-2010 foram de maranhenses e paulistas (21% do fluxo total de migrantes), e as principais UFs de trabalho dos piauienses foram também São Paulo e Maranhão (26% do fluxo).

O mesmo aconteceu com relação a Tocantins, onde 20% do fluxo migratório de data fixa era proveniente de Maranhão e Goiás, ao passo que 24% dos trabalhadores tocantinenses se dirigiam diariamente também a Maranhão e Goiás.

Sendo assim, parece haver um fluxo migratório e um contrafluxo de mobilidade diária para trabalhar entre estas UFs mencionadas. Para analisar de forma mais detalhada esta relação, o próximo tópico mostra as características dos migrantes e daqueles que realizam a mobilidade diária para trabalhar em outro município ou UF na tentativa de verificar se são as mesmas pessoas que migraram e voltam ao município de origem para trabalhar ou não.

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Características dos migrantes de data fixa e dos trabalhadores

Para uma análise da comparação entre migrantes e trabalhadores residentes5, as características observadas foram em termos da idade, da renda total, do nível de instrução, da posição na ocupação e, para o caso dos trabalhadores, o tempo de residência no município e na UF de residência.

Inicialmente, por meio da Tabela 3, pode-se dizer que existem diferenças, tanto entre migrantes e trabalhadores, quanto entre locais de trabalho (para trabalhadores) ou de residência em 2005 (para os migrantes).

Tabela 3: Características selecionadas dos migrantes de data fixa do período 2005-2010 e dos trabalhadores residentes na Amazônia Legal e mais Goiás e Piauí em 2010, segundo residência em 2005 ou local de trabalho em 2010.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2010. Tabulações especiais do autor.

5 Será aqui utilizado o termo “trabalhadores” para se referir às pessoas que fazem a mobilidade diária para

trabalhar, para facilitar a nomenclatura, mesmo sabendo que os migrantes também são trabalhadores.

Média Mediana Média Mediana Média Mediana Média Mediana Média Mediana Média Mediana Mesmo município 28,8 26 1,49 1,00 34,6 33 2,62 1,49 15,5 15 20,4 22

Outro município/ Mesma UF 28,6 26 1,34 0,94 33,7 31 2,97 1,96 12,6 11 20,0 22

Outra UF 29,0 28 2,37 1,00 35,2 33 4,38 1,96 12,0 8 13,0 10

Mesmo município 25,8 22 1,19 0,33 34,6 33 2,54 1,24 16,7 15 17,9 17

Outro município/ Mesma UF 25,8 22 1,14 0,26 34,8 32 2,84 1,59 11,7 7 16,9 15

Outra UF 28,5 27 2,89 1,00 35,4 34 2,52 1,12 10,7 8 10,7 8

Mesmo município 25,8 22 1,23 0,24 34,8 33 2,48 1,18 16,7 15 16,6 15

Outro município/ Mesma UF 25,8 23 0,99 0,26 35,8 33 3,51 1,67 11,0 8 22,7 22

Outra UF 28,3 26 2,18 1,00 38,0 36 2,87 1,18 13,8 10 13,3 10

Mesmo município 25,6 22 1,42 0,49 34,2 32 2,87 1,37 14,3 13 15,5 15

Outro município/ Mesma UF 27,4 24 1,09 0,39 37,8 36 3,67 2,00 10,9 8 15,3 14

Outra UF 27,9 26 1,90 0,69 38,3 34 2,86 1,69 5,4 2 7,9 4

Mesmo município 27,0 24 1,02 0,26 34,8 33 1,96 1,00 15,6 14 18,6 18

Outro município/ Mesma UF 26,9 24 1,03 0,26 36,1 34 2,75 1,48 13,5 12 19,7 20

Outra UF 27,7 26 1,86 0,63 35,3 33 3,41 1,52 13,4 11 14,4 10

Mesmo município 25,2 22 1,42 0,39 34,8 33 2,70 1,37 15,1 14 15,6 14

Outro município/ Mesma UF 26,3 23 1,49 0,35 34,4 32 3,83 2,03 15,0 14 15,8 15

Outra UF 27,1 25 1,61 0,59 33,9 32 2,04 1,39 12,5 10 13,0 10

Mesmo município 28,7 25 1,28 0,78 34,6 33 2,45 1,18 13,9 12 16,3 15

Outro município/ Mesma UF 27,8 24 1,38 0,69 35,3 33 3,18 1,57 12,0 9 16,8 15

Outra UF 28,1 26 2,26 1,00 31,8 29 2,41 1,37 8,5 5 9,2 6

Mesmo município 31,3 29 1,81 1,00 35,5 34 2,80 1,52 17,9 16 20,3 19

Outro município/ Mesma UF 29,7 27 1,83 1,00 34,2 32 2,79 1,57 12,9 11 18,7 18

Outra UF 28,0 26 1,82 1,00 34,4 33 2,45 1,57 16,8 17 16,8 17

Mesmo município 27,8 24 0,83 0,22 35,2 33 1,54 1,00 18,7 17 18,7 16

Outro município/ Mesma UF 27,1 23 0,85 0,22 35,0 33 2,35 1,32 13,8 11 17,6 14

Outra UF 27,5 26 1,67 0,39 32,8 30 1,82 1,09 13,8 12 12,9 10

Mesmo município 30,5 27 0,95 0,26 36,8 35 1,68 1,00 14,5 13 18,1 19

Outro município/ Mesma UF 28,4 24 0,94 0,25 35,6 33 2,10 1,02 14,9 14 19,4 20

Outra UF 27,9 26 1,35 0,28 32,1 29 2,28 1,43 10,7 6 11,4 6

Mesmo município 29,8 28 1,70 1,00 34,9 33 2,76 1,57 16,0 14 17,0 14

Outro município/ Mesma UF 28,6 26 1,61 1,00 34,3 32 3,01 1,67 12,2 10 15,8 14

Outra UF 28,9 27 2,20 1,00 35,0 33 4,49 1,96 11,3 10 11,7 10

Migrante Trabalhador

Tempo UF (anos) Idade (anos) Renda Total (SM) Tempo Munic.

Idade (anos) Renda Total (SM) UF em 2010 Residência em 2005 (migr.)

ou Local de trabalho (trab.)

Acre Rondônia Maranhão Piauí Mato Grosso Amazonas Roraima Pará Amapá Tocantins Goiás

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Observando-se primeiramente os migrantes do período 2005-2010, pode-se dizer que aqueles provenientes de outras UFs declararam possuir uma renda total superior aos migrantes de mesma UF, ou mesmo aos não migrantes (mesmo município), para todas as UFs de residência consideradas. A idade média destes migrantes de mais longa distância parece ser também um pouco superior à dos demais migrantes ou não migrantes (à exceção de Tocantins, Goiás, Maranhão, Piauí e Mato Grosso, onde a idade dos não migrantes é superior).

Quanto aos trabalhadores, a renda declarada foi superior àquela dos migrantes em geral, chegando até a 4,5 Salários Mínimos (SM) em média para os residentes do Mato Grosso que se deslocavam diariamente para trabalhar em outra UF, e 4,4 SM para os moradores de Rondônia também trabalhando em outra UF. Em geral, a renda média era quase o dobro em comparação aos migrantes. A idade dos trabalhadores também foi superior em comparação com a idade dos migrantes, independendo do local de trabalho ou de residência em 2005.

Em termos de tempo de residência, em geral as pessoas que trabalham em outras UFs distintas das de residência possuíam menos tempo de município ou UF, mas mesmo assim este valor era superior a 5 anos (no caso da mediana) ou superior a 10 (no caso da média).

Assim, apenas por meio desta tabela, parecem ser pessoas distintas que foram analisadas, ou seja, os chamados trabalhadores são aqueles que já podem ter passado ou outras etapas migratórias ou chegado antes de 2005 em seu local de residência. Ou podem ser também não migrantes, naturais da UF de residência. De qualquer forma, por esta Tabela 3 pode-se inferir que o fluxo migratório não corresponde ao mesmo fluxo com motivo de trabalho, não parecem ser as mesmas pessoas no fluxo e contra-fluxo.

Outra informação importante diz respeito à escolaridade da pessoa. Neste caso, o Censo Demográfico de 2010 traz o nível de instrução como variável pesquisada. Observando-se esta variável (Tabela 4), percebe-se claramente que os não migrantes apresentaram as piores escolaridades, chegando a perto de 70% deles no Maranhão e Piauí sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto.

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Tabela 4: Nível de instrução de migrantes de data fixa do período 2005-2010 ou trabalhadores na Amazônia Legal brasileira e mais Goiás e Piauí em 2010 segundo residência em 2005 ou local de trabalho em 2010.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2010. Tabulações especiais do autor.

E tanto no caso dos migrantes, quanto daqueles que realizam o movimento populacional diário para trabalhar, as maiores escolaridades parecem estar na categoria daqueles com origem em outro município da mesma UF. A exceção fica por conta do Amazonas, onde o nível de instrução parece ser maior tanto para migrantes provenientes de outras UFs quanto para pessoas que trabalham em outra UF.

Migrante

Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá Tocantins Goiás Maranhão Piauí Mato Grosso Fundam.incompleto 65,3 67,7 64,6 61,5 68,3 59,2 63,8 58,4 69,6 69,6 60,6 Médio incompleto 13,4 12,3 12,4 12,4 13,5 13,6 12,8 15,0 12,5 12,3 14,4 Superior incompleto 16,2 15,2 18,3 20,4 14,8 21,4 17,6 19,6 14,7 13,7 17,9 Superior completo 4,5 4,2 4,0 5,0 3,1 5,3 5,4 6,5 2,8 4,2 6,2 Não determinado 0,6 0,6 0,7 0,7 0,4 0,5 0,4 0,5 0,4 0,3 0,9 Sub-total 1.320.045 674.182 3.223.980 394.257 6.814.707 593.557 1.160.517 5.072.149 6.054.111 2.899.852 2.546.756 Fundam.incompleto 62,6 64,5 59,2 57,3 62,3 54,1 52,4 51,3 59,7 58,6 54,6 Médio incompleto 16,3 14,8 15,9 16,5 16,2 17,2 15,6 17,5 16,7 15,9 17,3 Superior incompleto 16,9 15,6 20,6 21,5 17,6 23,6 24,8 23,3 19,7 19,2 21,0 Superior completo 3,8 4,6 3,9 3,8 3,6 4,6 6,7 7,3 3,5 5,9 6,4 Não determinado 0,4 0,6 0,4 1,0 0,4 0,4 0,5 0,6 0,4 0,4 0,7 Sub-total 117.502 27.907 104.993 15.782 392.729 19.059 88.043 325.243 263.633 83.107 225.389 Fundam.incompleto 51,8 48,4 44,0 50,7 55,9 56,0 50,2 51,0 57,1 58,6 51,8 Médio incompleto 16,4 12,3 17,0 14,3 15,9 15,3 16,1 18,0 15,5 16,0 17,1 Superior incompleto 22,2 21,6 28,5 25,1 20,6 20,4 23,9 23,9 20,4 19,4 20,5 Superior completo 9,1 17,4 9,6 9,5 7,2 7,7 9,3 6,4 6,6 5,8 10,1 Não determinado 0,4 0,3 0,9 0,5 0,4 0,6 0,5 0,5 0,4 0,2 0,6 Sub-total 78.294 17.128 86.430 28.718 200.955 41.069 95.269 412.693 133.271 82.907 168.113 1.515.841 719.217 3.415.403 438.757 7.408.391 653.685 1.343.829 5.810.085 6.451.015 3.065.867 2.940.258 Trabalhador

Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá Tocantins Goiás Maranhão Piauí Mato Grosso Fundam.incompleto 39,6 37,6 38,4 27,2 45,6 30,7 32,7 35,6 48,1 49,8 35,5 Médio incompleto 18,1 16,5 15,6 16,0 18,1 16,1 17,0 18,9 16,1 15,3 19,1 Superior incompleto 30,8 32,7 35,3 42,1 27,9 39,8 35,3 32,1 27,9 24,4 31,4 Superior completo 11,0 12,7 10,1 14,2 8,1 13,1 14,6 13,1 7,6 10,3 13,4 Não determinado 0,4 0,4 0,6 0,6 0,3 0,4 0,4 0,4 0,4 0,2 0,7 Sub-total 451.653 175.892 913.678 121.107 1.765.555 178.871 391.075 1.715.508 1.530.910 828.343 912.086 Fundam.incompleto 29,0 27,2 34,8 23,4 26,2 18,5 29,0 33,6 24,5 38,4 27,1 Médio incompleto 19,4 16,2 16,0 14,6 18,6 12,5 15,9 20,1 15,3 16,1 18,5 Superior incompleto 36,2 38,7 33,8 42,1 42,4 46,9 35,6 34,9 47,3 26,9 38,8 Superior completo 15,2 17,9 15,2 19,9 12,5 21,7 19,0 10,8 12,5 18,4 14,9 Não determinado 0,3 0,0 0,2 0,0 0,2 0,4 0,4 0,7 0,3 0,3 0,7 Sub-total 5.956 2.542 4.593 1.463 122.685 6.409 7.715 207.926 73.187 18.651 47.109 Fundam.incompleto 34,7 39,6 22,0 42,4 30,8 39,2 35,3 39,2 43,5 49,3 33,1 Médio incompleto 17,3 15,6 14,6 20,1 19,9 26,2 20,3 20,3 20,1 15,7 15,5 Superior incompleto 32,2 25,6 45,2 19,5 35,0 30,9 35,6 33,9 30,1 22,1 29,3 Superior completo 12,9 19,1 18,2 17,5 14,2 3,6 8,7 6,1 5,9 12,5 21,9 Não determinado 2,9 0,0 0,0 0,5 0,0 0,0 0,2 0,5 0,4 0,3 0,2 Sub-total 934 836 1.806 405 5.623 4.666 3.788 169.959 29.430 13.231 2.702 458.544 179.270 920.077 122.975 1.893.864 189.946 402.577 2.093.394 1.633.527 860.225 961.896 Outro município/ Mesma UF Outra UF Total Local de

trabalho Nível de Instrução

UF em 2010 Mesmo município Total Residência em 2005 Nível de Instrução UF em 2010 Não migrante Outro município/ Mesma UF Outra UF

(12)

12

Outra informação de interesse se refere à posição na ocupação. Para tratar disso, por meio da Tabela 5 pode-se observar que a maior precariedade no mercado de trabalho, representada pela categoria de empregado sem carteira de trabalho assinada, estava presente entre os migrantes com origem em outro município (intraestaduais).

Tabela 5: Proporção de pessoas migrantes do período 2005-2010 por residência em 2005 e trabalhadores por local de trabalho em 2010 na Amazônia Legal brasileira e mais Goiás e Piauí segundo posição na ocupação.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2010. Tabulações especiais do autor.

Migrante

Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá Tocantins Goiás Maranhão Piauí Mato Grosso Empregado com carteira assinada 37,0 40,1 35,9 29,4 26,5 34,2 28,7 41,7 24,2 29,2 41,8

Militar ou corpo de bombeiros 0,7 1,0 0,9 2,1 0,6 0,9 0,4 0,5 0,3 0,4 0,4

Funcionário público 7,9 4,3 6,4 15,2 6,8 11,7 14,6 7,0 6,6 6,4 7,8

Empregado sem carteira assinada 20,1 26,6 24,5 26,8 27,5 24,6 30,0 24,0 32,1 32,9 22,2

Conta própria 29,4 23,8 28,6 22,9 34,2 25,3 22,4 23,0 32,0 26,8 23,5

Empregador 1,7 1,1 1,1 1,5 1,2 1,2 1,8 2,2 1,0 1,2 2,2

Não remunerado 3,2 3,2 2,7 2,0 3,2 2,1 2,1 1,6 3,8 3,2 2,1

Sub-total 567.986 229.544 1.079.540 141.186 2.342.373 215.948 440.196 2.420.039 1.865.386 962.902 1.145.420 Empregado com carteira assinada 36,1 36,9 29,9 22,9 31,1 29,6 35,2 45,5 28,0 27,4 48,2

Militar ou corpo de bombeiros 0,9 1,6 2,2 2,5 0,8 1,2 0,6 0,5 0,3 0,9 0,5

Funcionário público 6,1 3,3 5,4 13,0 5,2 12,1 10,7 5,2 5,1 7,6 6,0

Empregado sem carteira assinada 26,2 36,9 34,2 35,3 33,2 27,9 33,6 26,6 38,4 40,9 24,7

Conta própria 26,3 17,5 24,3 23,4 25,1 24,5 16,9 18,9 24,4 19,0 17,2

Empregador 1,4 0,8 0,8 0,6 1,2 1,7 0,9 1,6 0,6 0,8 1,4

Não remunerado 3,0 3,0 3,2 2,5 3,3 2,9 2,0 1,8 3,2 3,2 1,9

Sub-total 56.439 10.336 41.752 6.470 160.941 7.793 40.028 169.207 100.845 33.228 114.764 Empregado com carteira assinada 49,3 38,2 42,4 27,6 36,8 34,9 36,0 54,8 31,3 29,6 53,5

Militar ou corpo de bombeiros 1,3 3,5 8,9 5,8 2,5 1,0 0,6 0,8 1,0 0,7 0,5

Funcionário público 4,9 9,0 3,0 9,1 4,7 7,1 9,3 2,8 4,9 4,0 5,0

Empregado sem carteira assinada 20,2 28,6 23,9 32,0 27,8 30,1 29,3 23,5 31,3 35,6 20,2

Conta própria 21,1 18,4 18,3 21,7 23,9 24,0 21,1 15,3 27,1 25,8 17,5 Empregador 1,6 1,1 1,9 1,1 1,4 0,9 2,1 1,6 1,7 1,8 1,6 Não remunerado 1,7 1,2 1,6 2,6 2,9 1,9 1,5 1,3 2,7 2,5 1,7 Sub-total 40.352 8.479 43.251 13.375 92.339 19.033 44.832 217.822 55.651 32.761 91.677 664.778 248.359 1.164.543 161.031 2.595.653 242.774 525.056 2.807.069 2.021.882 1.028.892 1.351.861 Trabalhador

Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá Tocantins Goiás Maranhão Piauí Mato Grosso Empregado com carteira assinada 44,7 46,2 40,3 33,4 29,7 37,2 31,7 43,8 24,8 30,2 46,4

Militar ou corpo de bombeiros 0,8 1,1 1,3 2,7 0,6 0,9 0,4 0,4 0,2 0,4 0,4

Funcionário público 9,6 5,4 7,4 17,1 8,1 12,7 17,3 8,3 7,8 7,3 9,4

Empregado sem carteira assinada 21,9 28,3 26,4 28,2 30,8 26,9 31,3 26,4 36,0 35,7 23,7

Conta própria 20,4 17,1 22,2 16,5 28,1 20,4 16,7 18,2 28,1 23,3 17,3

Empregador 1,8 1,0 1,1 1,3 1,2 1,1 1,8 2,3 1,0 1,3 2,1

Não remunerado 0,8 0,9 1,4 0,7 1,6 0,8 0,8 0,6 2,0 1,9 0,6

Sub-total 442.808 170.480 837.287 117.953 1.675.434 174.331 379.588 1.707.692 1.355.035 732.432 902.728 Empregado com carteira assinada 53,3 53,1 37,3 29,1 54,0 48,3 41,2 64,9 49,1 40,7 66,9

Militar ou corpo de bombeiros 1,6 1,9 2,0 1,2 2,3 3,0 2,2 0,7 1,0 0,6 1,1

Funcionário público 14,4 8,3 13,2 32,6 8,8 19,0 16,3 5,4 9,6 11,9 6,9

Empregado sem carteira assinada 15,8 29,0 28,1 17,8 21,3 20,1 23,2 17,6 24,8 30,0 14,9

Conta própria 12,3 7,2 15,9 17,1 12,1 8,9 14,2 9,8 14,0 14,9 8,8

Empregador 1,8 0,4 1,5 1,2 1,1 0,6 2,3 1,4 1,0 1,2 1,1

Não remunerado 0,7 0,0 2,0 0,9 0,3 0,1 0,6 0,3 0,5 0,8 0,3

Sub-total 5.812 2.505 4.250 1.379 121.615 6.375 7.316 207.160 71.262 17.588 46.863 Empregado com carteira assinada 56,6 20,8 35,9 11,7 40,6 69,9 57,7 67,7 59,6 62,3 43,1

Militar ou corpo de bombeiros 0,8 1,3 1,3 2,6 3,1 0,1 0,7 1,3 0,8 1,0 2,3

Funcionário público 3,2 4,5 10,1 10,7 11,1 3,5 6,9 4,3 4,2 8,5 11,1

Empregado sem carteira assinada 21,4 54,2 28,6 49,6 26,4 16,0 23,9 18,0 22,5 22,5 21,7

Conta própria 15,1 16,2 22,3 24,1 13,8 10,1 10,5 8,2 12,0 5,4 14,7 Empregador 2,0 1,6 0,6 1,4 3,6 0,1 0,3 0,4 0,5 0,1 6,0 Não remunerado 0,8 1,3 1,3 0,0 1,4 0,2 0,0 0,1 0,4 0,1 1,2 Sub-total 926 789 1.784 361 5.483 4.588 3.717 169.718 29.194 12.963 2.683 449.546 173.773 843.320 119.693 1.802.532 185.295 390.622 2.084.570 1.455.491 762.983 952.275 Outra UF Total Local de

trabalho Posição na Ocupação

UF em 2010 Mesmo município Outro município/ Mesma UF UF em 2010 Não migrante Outro município/ Mesma UF Outra UF Total Residência em 2005 Posição na Ocupação

(13)

13

Esta maior precariedade pode ser observada também entre as pessoas residentes no Acre, Amazonas e Roraima e que trabalhavam em outra UF diariamente e entre as que trabalhavam no mesmo município nas demais UFs abordadas.

Já com relação ao outro extremo, aquelas pessoas empregadas com carteira de trabalho assinada, o maior peso relativo estava em geral entre os migrantes provenientes de outras Ufs (no caso dos migrantes) ou entre as pessoas que se deslocavam diariamente para trabalhar em outra UF.

Assim, existem diferenças significativas entre migrantes segundo origem ou trabalhadores segundo local de trabalho em termos destas variáveis analisadas. Mas falta ainda abordar mais a fundo a mobilidade populacional diária para trabalhar em nível intraestadual, para saber se existe ou não áreas de concentração/ atração de trabalhadores entre as UFs abordadas, mais especificamente entre Tocantins-Goiás e Maranhão-Piauí. Isto é feito no tópico a seguir.

Espacializando a mobilidade populacional diária para trabalho

Até este momento, as análises foram realizadas no âmbito intermunicipal, mas para um maior detalhamento das relações populacionais entre as UFs vizinhas, torna-se interessante abordar mais o que ocorre dentro das UFs. Com este intuito, foram elaboradas figuras a seguir que trazem, da perspectiva dos residentes em determinadas UFs, sendo estas Tocantins, Goiás, Maranhão e Piauí, seus municípios de trabalho. É importante observar que estes dados correspondem apenas às pessoas cujo município de trabalho era diferente do município de residência em 2010 e que retornavam diariamente para casa.

Inicialmente, para observar a relação entre Tocantins e Goiás, a Figura 3 mostra que, no caso dos residentes de Tocantins, a maioria se desloca para a capital Palmas para o trabalho ou para alguns municípios próximos, mas também são importantes alguns municípios maranhenses logo após a divisa estadual, como Estreito, Imperatriz e Carolina. Parece haver uma dinâmica entre estes municípios e seus vizinhos na fronteira do Tocantins.

(14)

14

Figuras 3 e 4: Município de trabalho dos residentes em Tocantins e em Goiás que realizavam mobilidade diária em 2010.

(15)

15

A Figura 4, trazendo a mesma informação, mas desta vez para os residentes em Goiás, mostra que, embora haja alguma relação de trabalho entre municípios nas fronteiras com Tocantins, Mato Grosso e Bahia, as maiores concentrações espaciais ocorreram mesmo no entorno da capital Goiânia, Aparecida de Goiânia e sobretudo com o Distrito Federal. A pendularidade se dava em 2010 para a capital estadual e para a capital federal.

Pode-se perceber, assim, que a relação dos moradores do Tocantins era muito mais forte com relação ao Maranhão do que com relação a Goiás. Deste ponto de vista, realmente não faz mesmo muito sentido incluir Goiás nas análises da Amazônia Legal brasileira.

Observando agora a relação entre Maranhão e Piauí, a Figura 5 mostra que existem alguns municípios de maior representatividade entre os trabalhadores do Maranhão. A capital São Luís e seus municípios de entorno são um exemplo, da mesma forma que Pindaré, e os já citados Imperatriz e Estreito, que fazem fronteira com o Tocantins.

Mas chama atenção também o município de Teresina, capital do Piauí, que apresentou um fluxo de 16 mil pessoas que diariamente se deslocam para lá com origem no Maranhão.

Observando o outro lado, a Figura 6 traz os residentes no Piauí segundo município de trabalho. Percebe-se que a capital Teresina e seu entorno apresentam uma grande concentração espacial de trabalhadores diários, e especialmente o município maranhense de Timon também apresentou um fluxo diário significativo (2 mil pessoas) de trabalhadores. Picos também foi outro destaque com mais de 1 mil pessoas.

Assim, pode-se dizer que os municípios fronteiriços junto a Teresina apresentam uma relação importante em termos de mobilidade populacional diária para trabalhar. Porém, é importante lembrar que, no caso do Maranhão, os limites da Amazônia Legal são a oeste do meridiano 44º. Esta referência foi incorporada na Figura 6 e mostra que a dinâmica entre Teresina e os municípios maranhenses de fronteira estão bem próximos, mas a leste do meridiano 44º, ou seja, não fazem parte da Amazônia Legal. Portanto, a entrada de Piauí nas análises da Amazônia se justificaria caso Maranhão todo estivesse na Amazônia.

(16)

16

Figuras 5 e 6: Município de trabalho dos residentes do Maranhão e do Piauí que realizavam mobilidade diária em 2010.

(17)

17

Considerações finais

Os migrantes de data fixa do período 2005-2010 foram analisados segundo sua procedência e as pessoas que realizavam a mobilidade diária para trabalhar (aqui denominados de trabalhadores) foram analisados segundo seu local de trabalho no ano de 2010.

Um dos objetivos do trabalho foi tentar mostrar se os migrantes que fizeram determinado fluxo migratório continuavam trabalhando no mesmo município de origem, gerando um contra-fluxo diário para trabalho.

Os dados mostraram que as características destes dois grupos de estudo são diferentes, os migrantes observados na região amazônica eram mais jovens e com menor renda que as pessoas que realizavam a mobilidade diária. Também estes últimos possuíam um tempo de residência bem superior aos menos de 5 anos dos migrantes, tanto para município quanto para UF de residência em 2010.

Assim, tudo indica que não são as mesmas pessoas que migraram e que fizeram o contra-fluxo migratório para trabalhar ao final dos anos 2000. Estes parecem ter mais tempo de residência, e podem ser não migrantes ou mesmo migrantes que já passaram por outras etapas migratórias, sendo mais experientes com relação a isto.

De qualquer forma, o objetivo principal do trabalho era verificar se a delimitação da Amazônia Legal brasileira estaria correta do ponto de vista da dinâmica migratória, uma vez que, em termos migratórios, parece haver relações entre Maranhão e Piauí e entre Tocantins e Goiás.

Analisando em relação à mobilidade populacional diária para trabalhar, verificou-se que existia muito mais relação de Tocantins com Maranhão do que com Goiás. Quanto ao Maranhão, existia uma significante relação dos moradores de Piauí que trabalhavam diariamente em municípios fronteiriços maranhenses (Figura 6), porém, estes municípios estavam localizados a leste do meridiano 44º, que delimita o final da Amazônia Legal.

(18)

18

Portanto, do ponto de vista da mobilidade espacial, a delimitação oficial da Amazônia parece estar bem adequada, não havendo a necessidade da inclusão de outras UFs como Piauí e Goiás.

E mesmo a inclusão de parte do Maranhão parece acertada, dada sua relação com o Pará observada a partir do grande fluxo migratório do período 2005-2010. Pela Figura 2, observa-se que Tocantins também tem certa troca migratória significativa com as UFs amazônicas vizinhas, e assim também parece bem localizado na região.

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