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RELATO DE EXPERIÊNCIA VIVENCIADA DURANTE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM EDUCAÇÃO INFANTIL:

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Academic year: 2021

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Adriana Lima de Jesus

Discente do Curso de Licenciatura em Educação Física da UESC. Resumo: O presente trabalho foi desenvolvido baseado nas experiências vivenciadas no Estágio Supervisionado no Ensino Fundamental I em uma turma de Ciclo I, com crianças de 3 a 4 anos de idade. As atividades realizadas durante o período de estágio tiveram o objetivo de fortalecer a relação teoria e prática, baseando-se no princípio do método dialético de transmissão do conhecimento, proposto por Demerval Saviani. A experiência pedagógica que estamos trazendo não é inovadora no âmbito da Educação Física, nem tampouco, inédita. Todavia, apresentaremos um olhar fitado na aprendizagem dos conteúdos, buscando trazer elementos que possam favorecer a construção de experiências exitosas, com base na Pedagogia Histórico-crítica. A experiência vivida no Estágio permitiu conferir que um trabalho sequencial, organizado e dirigido com base na Pedagogia Histórico-Crítica, desde a educação infantil, é um importante passo no processo de apropriação dos conhecimentos da Educação Física historicamente produzida pela humanidade.

Palavras-chave:Estágio. Experiência docente. Reflexões. Teoria e prática.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi realizado a partir das experiências vivenciadas no Estágio Supervisionado em Educação Física Escolar I, realizado na Creche Municipal Dom Eduardo, localizada no município de Ilhéus-BA, no período de 09 de novembro de 2015 a 21 de dezembro de 2015 no período da manhã em turmas do Ciclo I, com crianças de 3 a 4 anos de idade e teve a finalidade de aperfeiçoar os conhecimentos adquiridos no Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual de Santa Cruz. Foram realizadas atividades de observação da rotina escolar, participação e colaboração em atividades da prática diária e regência de aulas. O trabalho realizado durante o período de estágio abrangeu a relatividade de algumas disciplinas do curso como fonte de aprendizado e aplicabilidade da teoria com a prática. As disciplinas foram: Didática em Educação Física, Metodologia de Ensino da Capoeira e Metodologia de Ensino da Dança.

O Estágio Supervisionado é um momento de experiência em que somos colocados de frente com a realidade escolar. E é nesse momento, de transição do olhar de estudante para o de profissional, que precisamos: compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo, sendo este o

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grande desafio da educação infantil e de seus profissionais. E segundo Saviani (2005) nossa tarefa enquanto educadores é prover os meios necessários para que os alunos não apenas assimilem o saber objetivo enquanto resultado, mas apreendam o processo de sua produção, bem como as tendências de sua transformação.

Tais afirmativas corroboram com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n.º 9.394, promulgada em dezembro de 1996, que estabelece de forma incisiva o vínculo entre o atendimento às crianças de zero a seis anos e a educação infantil, onde, ao longo do texto, aparecem, diversas referências específicas à educação infantil e à forma como tal modalidade deve ser conduzida (BRASIL, 1996).

No decorrer do texto serão apresentadas as atividades realizadas durante o período de estágio com o objetivo de fortalecer a relação teoria e prática, baseada no princípio do método dialético de transmissão do conhecimento, proposto por Demerval Saviani. A experiência pedagógica que estamos trazendo não é inovadora no âmbito da Educação Física, nem tampouco, inédita. Todavia, apresentaremos um olhar fitado na aprendizagem dos conteúdos, buscando trazer elementos que possam favorecer a construção de experiências exitosas, com base na Pedagogia Histórico-crítica.

METODOLOGIA

Com o intuito de compreender como o Estágio Supervisionado em Educação Infantil relaciona a prática docente com a teoria do conhecimento, os procedimentos deste estudo se basearam nas experiências que foram relevantes para a reflexão do profissional de Educação Física, dentro de uma abordagem histórico crítica dos conteúdos.

A escola onde o estágio foi realizado é a Creche Municipal Dom Eduardo, que se localiza na Rua Osmundo Marques, S/N, Bairro São Francisco, CEP: 45656-110 Ilhéus-BA. A modalidade de ensino é a Educação Infantil - Ciclo I – Pré-escolar, com alunos de uma turma de alunos de faixa etária entre 3 e 4 anos, de período integral.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA

EDUCAÇÃO INFANTIL: A Capoeira sob a ótica da Pedagogia Histórico-crítica

Nas duas primeiras intervenções, abordamos o conteúdo Capoeira e nosso trabalho pedagógico teve como base a transmissão de conhecimentos sobre a Capoeira capaz de estimular o senso crítico e a consciência da realidade social em que vivem os alunos com faixa etária entre 3 e 4 anos. Para isso, utilizamos como objeto de trabalho a contação de história com imagens ilustrativas representando a capoeira e em seguida pintura.

O objetivo geral da intervenção era que os educandos pudessem compreender e vivenciar a Capoeira e seus aspectos sócio-histórico-culturais no contexto da educação física escolar.

Segundo Saviani (2006), o ponto de partida do método dialético de transmissão do conhecimento escolar é a prática social. Nestas duas aulas possibilitamos um primeiro contato com a capoeira, de modo a mobilizar os alunos para o processo pedagógico. Em seguida, identificamos o que os alunos já sabiam e o que gostariam de saber mais sobre o conteúdo. É aqui que partimos do geral e adentramos no particular da Capoeira (conceitos, traços essenciais da capoeira, história, a vivência dos movimentos, e a reflexão sobre as formas originais e atuais da Capoeira), evidenciado na Figura 1.

Figura 01 – Fotografia da Prática Social inicial da Capoeira Fonte: arquivo pessoal do autor

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Na vivência cotidiana dos conteúdos, que também integra a identificação da prática social, buscamos conhecer o que os alunos sabiam sobre a capoeira. Nesse momento, discutimos as seguintes questões gerais: Vocês conhecem a Capoeira? Alguém já viu uma roda de Capoeira ou teve a oportunidade de praticar alguma vez? Quem criou a Capoeira? Pelas respostas foi possível compreender que os alunos não dominavam um conhecimento elaborado que os permitissem responder as questões com propriedade, embora alguns tenham reconhecido na contação da história alguns elementos constitutivos da Capoeira.

O segundo passo do método dialético de transmissão do conhecimento é a problematização, Figura 2, fase na qual se busca “detectar que questões precisam ser resolvidas no âmbito da prática social e, em consequência, que conhecimento é necessário dominar” (SAVIANI, 2006).

Figura 02 – Fotografias da Problematização da Capoeira Fonte: arquivo pessoal do autor

Neste momento, formulamos algumas questões para trabalhar o conteúdo nas dimensões conceituais, sociais, econômicas, culturais, históricas, estéticas, etc. As intervenções que fizemos nas duas primeiras etapas do método dialético para transmitir o conteúdo Capoeira foram determinantes para que a coordenação pedagógica da Creche nos procurasse interessados em que apresentássemos o conteúdo para as outras turmas e nos apresentou o Projeto Bimestral da Creche: Brasil de Todas as Cores, que se relacionou muito com nossa proposta de intervenção com a Capoeira. Este projeto

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favoreceu novas interações, ampliando o conhecimento dos alunos a respeito de si e dos outros, pois enfatiza que a creche seja um ambiente farto em interações, que acolha as particularidades de cada indivíduo, promova o reconhecimento das diversidades, aceitando-as e respeitando-as, ao mesmo tempo em que contribui para a construção da identidade de cada um.

O desafio de apresentar o conteúdo para toda a Creche foi aceito, com a aquiescência do Professor Orientador, e no dia 26 de novembro de 2015 teve inicio o terceiro passo que é a instrumentalização do conteúdo, mostrado na figura 3. Neste dia realizamos uma Oficina com a participação de quatro integrantes do grupo de Capoeira Sistema Brasileira de Capoeira – SBC, que tocaram instrumentos e entoaram canções que contavam a história da Capoeira. É nesse momento do método dialético de transmissão do conhecimento que os alunos começam a apropriar-se das ferramentas culturais da Capoeira necessários ao equacionamento das questões detectadas na prática social (SAVIANI, 2006).

Figura 03 – Fotografias da Instrumentalização da Capoeira Fonte: arquivo pessoal do autor

Na experiência desenvolvida com o ensino da Capoeira na Oficina realizada, a transmissão do conhecimento foi realizada principalmente a partir das seguintes atividades: exposição da estagiária sobre o conteúdo através da contação de história e visualização de imagens. Durante a contação de história, havia momentos de participação dos alunos cantando trechos de músicas que traziam o resgate histórico do

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que estava sendo contado. Essas músicas serviram como principal instrumento para que as crianças fixassem o conteúdo histórico da Capoeira e seus principais instrumentos foram cantados em músicas que perguntavam:

O que é berimbau?

A cabaça, um arame e um pedaço de pau.

Ao final da Oficina os alunos tiveram a vivência da Roda de Capoeira e de Samba. Trechos de músicas que descreviam a participação do negro na produção na formação econômica do Brasil foram entoados para que as crianças fixassem o conteúdo:

Ó corta cana, corta cana, corta cana, nego velho, Corta cana no canavial

A musicalidade como principal ferramenta de instrumentalização da Capoeira englobou os aspectos dos cânticos, das palmas e dos instrumentos, trabalhando com pontos criativos em relação à construção e reconstrução musical. O canto na capoeira fornece o ritual, a história, o ritmo e a animação para o jogo da capoeira. Ao se repetir os cantos conhecidos e construir novos mantêm-se as tradições e a memória da capoeira, assim como se promove “um constante repensar dessa mesma história” (VIEIRA, 1995). A instrumentalização serviu também para que os alunos pudessem manipular os instrumentos utilizados na Roda de Capoeira, conforme a figura 4.

Figura 04 – Fotografias da Instrumentalização - Manipulação dos instrumentos Fonte: arquivo pessoal do autor

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Em linhas gerais, a Oficina, que teve como tema Projeto Cores do Meu Brasil, buscou transmitir aos alunos o entendimento de que a Capoeira foi construída historicamente pelos negros como resposta aos desafios pela escravidão na formação do Brasil.

As aulas seguintes deram continuidade ao processo de instrumentalização através de atividades de pintura, desenho, contação de histórias de paradidáticos contextualizando os conteúdos trabalhados. Nas atividades que utilizávamos brincadeiras, tinham sempre um momento de exposição do estagiário, no qual eram abordados os aspectos fundamentais do conteúdo, a explicação das brincadeiras a serem realizadas, assim como uma discussão para que os alunos compreendessem a relação entre a atividade realizada e os objetivos traçados, mantendo, dessa forma, o ato de ensinar como eixo central do trabalho pedagógico. Nas tarefas realizadas, o desenho foi explorado quase que diariamente juntamente com outras proposições. Isso permitiu analisar o desenvolvimento da compreensão das crianças sobre o conteúdo trabalhado, fornecendo dados sobre o desenvolvimento real das crianças.

Saviani (2006) situa a catarse como o quarto passo do método dialético de transmissão do conhecimento escolar e o define como momento de expressão elaborada da nova forma de entendimento da prática social a que se ascendeu. Neste momento, os alunos manifestaram uma nova compreensão sobre a importância da Capoeira para os escravos negros. Nesta fase era notória a compreensão dos alunos sobre o conteúdo abordado, uma vez que identificaram a Capoeira como uma luta criada pelos negros para se proteger do malfeitor. Além disso, puderam compreender que a Capoeira hoje é uma prática corporal de lazer praticada em academias, clubes, praças por várias etnias, e não só pelos negros.

O quinto passo, finalmente, é a pratica social final, elevando os alunos, segundo Saviani (2006), ao nível do professor. A realização dessa fase com os alunos envolve, basicamente, a manifestação da nova atitude prática e a proposta de ação para expressar essa nova atitude. E como forma de desenvolver esta etapa pedagógica, sugerimos aos alunos que mostrassem as atividades realizadas nas aulas e conversassem com os pais, familiares e amigos a respeito do que foi produzido durante o período de estágio, a fim de expor o que aprenderam. Percebemos um avanço dos alunos na compreensão do conteúdo, pois eram capazes de fazer a leitura da realidade de forma diferente daquela

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visão fragmentada e de senso comum que tinham no ponto de partida da prática educativa do conteúdo Capoeira, identificando personagens, instrumentos, conceitos, etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Estágio Supervisionado em Educação Física Escolar I trouxe à possibilidade de refletir sobre a prática, uma singular oportunidade para a formação do profissional, pois, um educador de maneira alguma, poderá atuar, sem conhecer o espaço educativo e a realidade escolar com todas as suas dificuldades e imprevisibilidade.

Foi um desafio fazer os alunos compreenderem a capoeira no contexto da Educação Física Escolar, proporcionando-lhes a vivência e a reflexão crítica dos conteúdos. A experiência vivida no Estágio permite conferir que um trabalho sequencial, organizado e dirigido com base na Pedagogia Histórico-Crítica, desde a educação infantil, é um importante passo no processo de apropriação dos conhecimentos da Educação Física historicamente produzida pela humanidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei no 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9. Ed. Campinas: Autores Associados, 2005.

_____________. Escola e Democracia. 38. Ed. Campinas: Autores Associados, 2006.

VIEIRA, Luiz Renato. O jogo da capoeira: cultura popular no Brasil. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.

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