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ESTRATÉGIAS COLIGACIONISTAS NAS ELEIÇÕES ESTADUAIS MAJORITÁRIAS: O CASO PSDB ( )

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ESTRATÉGIAS COLIGACIONISTAS NAS ELEIÇÕES ESTADUAIS

MAJORITÁRIAS: O CASO PSDB (1990-2010)

Nayara Moreira Lacerda da Silva1

RESUMO: O recurso das coligações partidárias esteve presente em grande parte das

disputas eleitorais no decorrer da vida democrática brasileira. Ao longo deste artigo se buscou verificar, com base em dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral e pelos Tribunais Regionais Eleitorais, a partir de que ordenamento estratégico o Partido da Social Democracia Brasileira movimentou seus enlaces coligacionistas no âmbito das eleições para os executivos estaduais durante o período de 1990 a 2010.

PALAVRAS-CHAVE: partidos políticos, eleições, coligações eleitorais.

INTRODUÇÃO

Em um contexto global demarcado por transformações econômicas e políticas, ocorre no Brasil o surgimento de uma sigla partidária que se identifica como social-democrata2. O Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB - sua fundação oficial datada em 25 de junho de 1988, inicialmente trazendo em suas diretrizes programáticas aspectos da social-democracia alemã, assim como da chamada política de Terceira Via3.

A opção pelo Partido da Social Democracia Brasileira para a análise proposta foi realizada, tendo em vista que seu surgimento não representou uma grande ruptura, ou inovação em relação aos demais partidos até então existentes no sistema brasileiro, além de não se ter observação de um partido que tenha crescido

1 Graduanda, modalidade bacharelado, no curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás. E-mail: lacerdanayara@hotmail.com

2 A social- democracia é uma ideologia que se iniciou no final do século XIX a partir dos ideais marxistas, dos quais se diferencia pelo fato de acreditar que a transição da sociedade poderia ocorrer de forma gradual, dentro da democracia, ou seja, sem a necessidade da revolução. De acordo com essa lógica o próprio sistema permitiria, por meio da reforma legislativa, o alcance de uma forma de organização social mais igualitária.

3 Em 1999, Anthony Giddens escreveu The Third Way – The Renewal of the Social Democracy, classificando a terceira via como uma social democracia revisitada, modificada pelo neoliberalismo.

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com tamanha velocidade, no que diz respeito ao desenvolvimento organizacional e também aos resultados eleitorais (Campos, 2002).

Os partidos sociais democratas, em sua maioria, são partidos de massa e têm seus processos de origem ligados a movimentos sociais e sindicalistas (Przewoski, 1985), de modo que o PSDB se apresenta como uma exceção. Pelo critério ideológico, os membros fundadores do partido afirmavam se tratar de uma organização democrata que se alinhava principalmente aos moldes da social-democracia europeia. Em seus primórdios enquanto organização partidária o PSDB conseguiu reunir uma bancada composta por intelectuais e também participantes de movimentos sociais (Marcos e Fleischer, 1999), se afastando da formatação das sociais-democracias europeias pela ausência de vínculos com questões sindicais.

Torna-se então interessante apontar que grande parte das lideranças do novo partido já atuava previamente no cenário político4 e, dessa forma, possuíam um vasto capital de integração e receptividade para tal meio. Segundo Roma (2002), a institucionalização do PSDB se desdobra historicamente não apenas sobre questões ideológicas, mas também pragmáticas. Para o autor três aspectos pragmáticos são fundamentais para se compreender a fundação do PSDB: primeiramente, o restrito espaço político que o governo Sarney conferiu aos membros fundadores deste partido. Em seguida, a exclusão de tais atores do processo de sucessão à presidência da República. E, por fim, o terceiro elemento que está relacionado aos anteriores pela configuração de uma nova demanda criada por eleitores de centro insatisfeitos com o governo federal.

Percebendo que a social democracia brasileira, representada pelo PSDB, se inicia de maneira diferenciada em relação aos modelos tradicionais, indicados principalmente pelos partidos europeus. Considerar de que maneira esta configuração se reflete no histórico de estratégias coligacionistas utilizadas pelo partido para disputar os cargos executivos estaduais será uma das questões fundamentais tratadas no decorrer deste estudo. Para tanto, inicialmente são discutidos os aspectos relativos à origem e institucionalização do PSDB, com o intuito de levantar situações tanto no que condiz aos critérios ideológicos, quanto pragmáticos que possam se mostrar relevantes para a compreensão das políticas de coligação utilizadas por esse partido em eleições majoritárias nas diferentes unidades da federação. Sequencialmente, serão analisados os dados relativos ao estabelecimento das referidas coligações,

4 Devido à origem interna ao parlamento, o PSDB já nasce com uma base sólida de parlamentares (45 ao todo), sendo a grande maioria composta por dissidentes do PMDB.

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assim como os níveis de sucesso e insucesso obtidos por elas chegando dessa forma, à percepção de quais são os critérios pelos quais o partido desdobrou suas estratégias eleitorais de coligação para os executivos estaduais durante o período de 1990 a 2010.

Sob essa perspectiva, tais análises são apresentadas no intuito de contribuir com os debates sobre as tendências relacionadas ao desenvolvimento e institucionalização dos partido e do sistema partidário brasileiro. Inclinações e tendências que, por sua vez, estão inseridas em uma discussão mais ampla, perpassando o âmbito de estruturação e funcionamento da nova democracia brasileira.

METODOLOGIA

A pesquisa realizada procurou analisar os ordenamentos estratégicos eleitorais das coligação utilizadas pelo PSDB para disputar os executivos estaduais nas eleições dos anos 1990, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010. Para este fim, foram consultados dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral e pelos Tribunais Regionais Eleitorais dos Estados brasileiros.

É interessante ressaltar que não há na literatura nacional, de fato, um consenso no que condiz ao atual posicionamento ideológico do PSDB, questão que pode ser relacionada à própria natureza do partido, que se estrutura a partir de uma cisão dentro de um partido de centro (PMDB) e possui em seus programas5 elementos de identificação liberal. De acordo com algumas discussões a cerca da polarização ideológica no Brasil contemporâneo, existe uma inclinação explicativa de que o PSDB surge na centro-esquerda (Kinzo, 1993), se movimenta para a centro-direita durante os anos em que esteve à frente do executivo federal (Santos, 2008; Power e Zucco, 2009) e hoje se encontra no centro do espectro político ideológico (Krause e Godoi, 2010). Dessa forma o posicionamento do partido para a realização deste estudo, foi considerado como centro.

As análises se desenvolvem no intuito de avaliar as vitórias e derrotas reveladas pelas eleições em função das coligações estabelecidas pelo PSDB. Nesse sentido, as coligações foram classificadas de acordo com as seguintes indicações : (1) o partido ter participado da coligação ao governo do Estado; (2) no caso de a

5 O manifesto de fundação do partido e os dois programas partidários publicados pelo partido, um em 1988 e o outro em 2007. Disponíveis em: www.psdb.org.br/biblioteca/

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coligação ser composta apenas por partidos de esquerda, a denominação dada é de “coligação com partidos de esquerda”; (3) no caso de ser composta somente por partidos de direita, foi designada “coligação com partidos de direita”; (4) quando composta por partidos de diversas identificações ideológicas, a coligação é considerada como “inconsistente”, de característica mista.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Recurso muito utilizado no decorrer da vida democrática brasileira, as coligações eleitorais têm sua natureza jurídica regida pela Lei nº.4737/65, conhecida como Código Eleitoral, em seu Art. 105, que tem a redação dada pela Lei nº. 7.454/85. Em suma, a referida literatura dispõe que a coligação é a união dos partidos políticos que a integram, durante o processo eleitoral, atuando para todos estes fins como um único partido político.

De acordo com essa perspectiva, pode-se observar, segundo as informações contidas na Tabela 1, que a vivência do Partido da Social Democracia Brasileira não representa uma exceção no que diz respeito à utilização de coligações partidárias na disputa das eleições para governadores nos Estados brasileiros.

É possível perceber que em termos evolutivos a participação do partido se caracteriza pela tendência diminutiva de que este apresente sua candidatura de forma isolada e, se contrapondo a este fato, cada vez mais há a utilização do recurso de coligações, objetivando a obtenção de resultados eleitorais mais satisfatórios.

Tabela 1

PSDB: coligações e não-coligações.

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Os resultados eleitorais são, em termos analíticos, uma das maneiras mais relevantes de se compreender a trajetória de um partido político. Toda instituição partidária precisa agregar votos ocupar cargos eletivos e se manter em termos de organização. Nesse sentido, torna-se ainda mais interessante a observação das estratégias coligacionistas e resultados obtidos pelo PSDB nas eleições para os executivos estaduais, uma vez que esse partido apresenta em seu histórico eleitoral um crescimento efetivamente satisfatório (Campos, 2002).

Tabela 2

Perfil de coligações do PSDB nas eleições estaduais majoritárias (1990-2010)6

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

6 Para a construção dessa tabela apenas foram utilizadas as coligações compostas somente por partidos de um definido posicionamento ideológico: centro, esquerda, ou direita. Sendo, dessa forma, desconsiderados os casos nos quais a formação coligacionista permitiu a participação de partidos de mais de uma das mencionadas localizações dentro do espectro ideológico.

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A Tabela 2 relata a quantidade de coligações formadas pelo PSDB e quais foram as unidades federativas em que ocorreram. Sendo classificadas conforme a literatura tradicional, podem ser identificadas como consistentes, se efetuadas apenas com partidos de centro e como semi consistentes se integrada por partidos situados em um mesmo espaço no espectro ideológico, ou seja, apenas partidos de direita, ou de esquerda. Ainda levando em consideração a referida classificação, pode-se mencionar as chamada coligações inconsistentes, onde a formação não obedece um critério regular, permitindo a participação de partidos de diversos posicionamentos ideológicos dentro de uma mesma coligação.

Tabela 3

Participação do PSDB nas eleições estaduais majoritárias (1990-2010)

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

A configuração da participação do PSDB, percebida por meio dos dados indicados pela Tabela 3, além de confirmar a inclinação de se reduzirem as candidaturas isoladas, já indicada pela Tabela 1, também revela que na maior parte das eleições em que concorreu coligadamente, o partido deteve a liderança da chapa. Sendo assim, não só se verificou a tendência de maior participação com uso de coligações, mas ainda que na maior parte das coligações efetuadas o PSDB esteve em uma posição de destaque, com a representação do candidato ao Governo Estadual.

Essa informação torna-se ainda mais interessante, se for pensada em conjunto com a constituição das coligações no que diz respeito às suas formações ideológicas. E ainda, que estratégia de coligação concedeu efetivamente ao PSDB os maiores índices de sucesso nas eleições. Apontamentos relativos à estas questões são desenvolvidos em função dos dados apresentados pelos tópicos que seguem, que

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foram nomeados pelos respectivos anos eleitorais, e discorrem especificamente sobre os aspectos condizentes às estratégias de coligação utilizadas em cada uma das referidas eleições.

1990

Em 1990 o Partido da Social Democracia Brasileira disputou suas primeiras eleições para governador e concorreu em praticamente todos os Estados brasileiros. De acordo com as tabelas 1 e 2, nesse ano o partido participou em dezenove Estados de forma coligada, sendo que em sete destes casos esteve na liderança da chapa.

Nestas eleições, o Partido Democrático Trabalhista – PDT- aparece como principal aliado, tendo o maior número de participações nas coligações em conjunto com o PSDB. Na totalidade das coligações efetuadas para as concorrer nas referidas eleições, a maior parte foi realizada com partidos de centro-esquerda. A Tabela 4 permite visualizar quais foram os partidos com que se coligou e quantas vezes cada um desses partidos esteve em uma mesma coligação que o PSDB.

Tabela 4

Coligações realizadas em 1990 nas eleições para os Governos Estaduais

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

O desempenho do partido na mencionada competição eleitoral resultou em uma vitória, no Ceará. Ainda nessa eleição, nos Estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia e Santa Catarina o partido lançou candidatos a governador, mas não obteve sucesso e não voltou a apresentar candidatos nesses estados na eleição seguinte.

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1994

A Tabela 5 revela que para as eleições majoritárias estaduais do ano 1994, o PSDB formatou um quadro de coligações diferenciado daquele que foi previamente utilizado. É possível perceber que o número de alianças com partidos de esquerda diminuiu em comparação às uniões coligativas que haviam se formado em 1990. Em contrapartida, pode-se notar um aumento no número de partidos de centro-direita que o apoiaram o PSDB nestas eleições, assim como uma maior participação da legenda tucana em coligações de apoio ao PMDB.

Tabela 5

Coligações realizadas em 1994 nas eleições para os Governos Estaduais

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

Esta inovação das configurações coligacionistas trouxe resultados eleitorais mais satisfatórios do que aquelas que foram empregadas anteriormente, permitindo que o PSDB efetivasse vitórias em Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo. Do ano de 1990 ao de 1994 a quantidade de votos recebidos pelo partido praticamente dobrou. Uma possível explicação para tal evolução pode ser dada com base na vinculação destes resultados à candidatura de Fernando Henrique Cardoso ao executivo nacional (SILVA, 2010).

1998

Segundo Roma (2002), as eleições de 1998 representam efetivamente uma mudança em relação às medidas adotadas pelas coligações formadas pelo PSDB, apesar de uma inclinação já ter sido indicada previamente, em 94. Sendo a primeira ocasião em que o partido não lançou candidatos de maneira isolada, participando em todos os casos observados por meio de coligações. A legenda se apresentou como líder de chapa em quatorze Estados brasileiros, e atuou como integrante secundária em outras doze situações observadas.

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A tendência de aumento das coligações realizadas com partidos de centro-direita se confirma, principalmente pelo elevado número de aparições do PTB, PPB, PL e PFL. A inicial força de aliança com o PDT demonstra um enfraquecimento ainda mais claro do que o percebido em 94, dado que não há nenhuma situação em que esse partido participe como apoiador do PSDB. Estas informações podem ser facilmente identificadas em sequência, por meio da Tabela 6.

Tabela 6

Coligações realizadas em 1998 nas eleições para os Governos Estaduais

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

Como resultado da alteração mais efetiva na configuração das estratégias usadas em suas coligações, o Partido da Social Democracia Brasileira consegue reeleger seus quatro governadores, e ainda, adiciona a estas vitórias outras duas com a eleição de seus candidatos nos Estados de Goiás e do Mato Grosso, nos quais se pode verificar o maior aumento na quantidade de votos recebidos pelo partido. As maiores quedas relativas aos votos recebidos foram verificadas nos Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais onde, por consequência, os candidatos do partido foram derrotados.

2002

Nas eleições para os Governos Estaduais deste ano, há uma continuidade na estratégia de se aliar preferencialmente com partidos de centro e centro-direita, assim como a diminuição do número de partidos esquerdistas nas coligações que são firmadas. Essa configuração pode ser observada tanto nas coligações em que o PSDB deteve a liderança das chapas, quanto nas em que atuou como apoio a outro partido.

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A maior redução de participações percebidas são as do PTB e do PPS, que em momentos eleitorais passados apareciam como importantes pontos de apoio para as coligações formadas pelo PSDB. Os resultados demonstram a manutenção da força adquirida no desenvolvimento da referida estruturação estratégica estabelecida ao longo dos anos, sendo alcançados governos importantes como Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

Tabela 7

Coligações realizadas em 2002 nas eleições para os Governos Estaduais

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

É interessante perceber o reflexo que o executivo federal desdobra sobre as questões relativas aos executivos estaduais no caso brasileiro (SILVA, 2010). Uma vez que o candidato à Presidência do partido José Serra foi derrotado pelo candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), em sequência ao ano de 2002 se aumentaram as dificuldades de o primeiro partido conseguir aliados, agora que o PSDB se apresentava como oposição.

2006

As consequências de ter sido derrotado nas eleições para a Presidência em 2002 são expressas através de um aumento no que condiz à variedade no espectro das alianças coligacionistas formadas para as eleições estaduais majoritárias no ano de 2006. É possível perceber o retorno da participação de partidos que haviam anteriormente se ausentado como o PTB e o PPS.

Apesar disso, se evidencia a tendência de predileção pelas alianças com partidos de centro-direita que, mantida em algumas das situações observadas, mais uma vez permitiu um relativo ponto favorável no que tange aos resultados alcançados pela legenda. Dentre as vitórias consolidadas, vale destacar o caso de São Paulo,

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onde, por meio da eleição de José Serra em 2006, o partido conseguiu efetivamente exercer o Governo Estadual por dezesseis anos.

A Tabela 8 permite a visualização dessa formatação tomada para as estratégias de coligação usadas pelo PSDB nas eleições estaduais majoritárias do ano de 2006. Com relação ao apoio destinado a outras candidaturas, o PSDB volta a dar maior apoio ao PMDB e ao PFL, sendo que o único partido de centro-esquerda ao qual o partido direciona seu apoio nesse ano é o PSB.

Tabela 8

Coligações realizadas em 2006 nas eleições para os Governos Estaduais

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

2010

Em 2010 todas as participações do PSDB se deram de maneira coligada, não havendo nenhuma candidatura isolada. As coligações formadas chamam atenção pelo fato de não demonstrarem uma configuração estratégica regular. Em comparação às formações coligacionistas utilizadas pelo partido nos anos eleitorais anteriores, é possível observar uma elevação na participação de partidos de esquerda, assim como uma um maior envolvimento de partidos políticos relevantes como, por exemplo, DEM, PPS, PSC e PMN.

Neste ano o Partido da Social Democracia Brasileira participou em vinte e cinco Estados e no Distrito Federal, sendo que dentre as coligações estabelecidas apenas cinco são classificadas como semi consistentes: quatro coligações com partidos de direita, nos Estados da Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Roraima, e somente uma coligação com partidos de esquerda, formada no Estado do Amazonas. Ou seja, das vinte e seis coligações formadas em 2010, vinte e uma podem ser classificadas como inconsistentes, de característica mista.

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Os resultados alcançados neste ano foram oito vitórias: três pela Região Norte, no Pará, em Roraima e no Tocantins, uma pela região Nordeste no Estado de Alagoas, duas na região Sudeste, em Minas Gerais e São Paulo, uma pelo Sul no Estado do Paraná e uma vitória no Centro-Oeste, com a eleição do governador de Goiás.

Tabela 9

Coligações realizadas em 2010 nas eleições para os Governos Estaduais

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

CONCLUSÕES

Os resultados encontrados sugerem que o desenvolvimento das movimentações coligacionistas do PSDB estiveram relacionadas ao contexto e às circunstâncias políticas. Além de evidenciar que a evolução seguida pelo partido demonstra uma tendência de inviabilidade de candidaturas isoladas para concorrer aos executivos estaduais.

A inicial inclinação de formar alianças com partidos localizados na esquerda do espectro ideológico foi modificada com o passar do tempo e esta predileção passou a ser destinada aos partidos de centro-direita, que possibilitaram maiores índices de vitória nas competições eleitorais.

Após 1994 o PSDB modifica suas estratégias de coligações e se aproxima mais de partidos identificados com o espectro ideológico de direita. É durante esse período que o partido demonstra, por meio de suas ações, ter compreendido que seria necessário manter alianças com a direita para alcançar o poder. A partir de 1998, o

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partido buscou aliados preferencialmente à sua direita no espectro político. Assim, a hipótese é de que o crescimento eleitoral do partido esteve associado à alteração das estratégias de aliança.

É também possível observar o aumento gradual no número de coligações inconsistentes, onde o partido efetuou seus enlaces coligacionistas com partidos de diversas identificações ideológicas. Nas eleições de 1990 são observadas seis coligações inconsistentes em um total de dezenove. Em 1994, de vinte participações coligacionistas, dez podem ser classificadas como inconsistentes. No ano de 1998 são firmadas vinte e seis coligações, dentre as quais são identificadas quinze inconsistentes. Em 2002 do total de vinte e duas coligações, quinze são consideradas inconsistentes. Sequencialmente, em 2006 de vinte e uma coligações, encontram-se dezessete inconsistentes e em 2010, o último ano eleitoral observado, das vinte e seis coligações estabelecidas, vinte e uma são indicadas como inconsistentes.

Se comparando o perfil das alianças formadas, as associações semi consistentes demonstram ter encontrado o maior percentual de ofertas em três eleições: 1990, 1994 e 2002. Nestes momentos houve uma maior preocupação em formar coligações que não incluíssem partidos com identidades ideológicas distintas. Em 1998 a 2010 este perfil não é verificado e o partido agiu preferencialmente pela estratégia de formalizar uniões com legendas encontradas diferentes posições ideológicas.

Esta evolução se relaciona com o ordenamento estratégico de uma legenda que buscou privilegiar a possibilidade de eleger seu candidato, ou mesmo de participar de um governo de outros partidos, em detrimento de uma mera demarcação de posição ideológica ou pragmática. Em termos gerais, o que se observa não é uma sequência de táticas de coligação consistentes, o que permitiu que o PSDB se adaptasse com maior facilidade às preferências eleitorais. Em consequência, o que se percebe é a configuração de um planejamento de coligações muito mais voltado aos critérios de viabilidade eleitoral.

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