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por Mário Sérgio Ribeiro Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre Modalidade Profissional em Saúde Pública.

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“Análise comparativa entre as metodologias de monitoramento da

infestação do Aedes aegypti, associadas à transmissão de dengue nos

municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro”

por

Mário Sérgio Ribeiro

Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre

Modalidade Profissional em Saúde Pública.

Orientadora principal: Prof.ª Dr.ª Nildimar Honório Rocha Segunda orientadora: Prof.ª Dr.ª Cláudia Torres Codeço

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Esta dissertação, intitulada

“Análise comparativa entre as metodologias de monitoramento da

infestação do Aedes aegypti, associadas à transmissão de dengue nos

municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro”

apresentada por

Mário Sérgio Ribeiro

foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz

Prof.ª Dr.ª Andréa Sobral de Almeida

Prof.ª Dr.ª Nildimar Honório Rocha –

Orientadora principal

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Catalogação na fonte

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica Biblioteca de Saúde Pública

R484 Ribeiro, Mário Sérgio

Análise comparativa entre as metodologias de monitoramento da infestação do Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762)

(Diptera:Culicidae) associadas à transmissão de dengue nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro. / Mário Sérgio Ribeiro. -- 2013.

xii,93 f. : il. ; tab. ; graf. ; mapas Orientador: Rocha, Nildimar Honório

Codeço, Cláudia Torres

Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública

Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2013.

1. Dengue - epidemiologia. 2. Dengue – transmissão. 3. Aedes. 4. Controle de Mosquitos - métodos. I. Título.

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iii

Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela oportunidade de ter uma família que me apoia e me sustenta com amor, carinho e compreensão.

À minha querida e amada esposa Céia Ribeiro, pelo seu incondicional apoio e incentivo em todos os momentos da minha vida, não me negando carinho, compreensão e paciência, principalmente durante esses dois anos de curso. À Drª. Nildimar Honório, minha orientadora, pela dedicação persistente com que me motivou durante a elaboração deste trabalho, sempre incansável nas atividades de campo e correções textuais, paciente nas minhas dificuldades, proferindo palavras de carinho e compreensão.

À Drª. Cláudia Codeço, minha segunda orientadora, pelo apoio incondicional e fundamental nas análises estatísticas e aprimoramento textual.

À subsecretária de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Drª Hellen Miyamoto, pela indicação, autorização e compreensão nos momentos de ausência no trabalho, para dedicar-me aos estudos.

Aos colegas de turma, que compartilharam comigo suas potencialidades, amizade e incentivo durante os momentos em que passamos juntos em sala de aula, nas reuniões para estudo e elaboração dos trabalhos em grupo, e, sobretudo, pela oportunidade de tê-los conhecido.

À minha querida amiga Cristina Giordano, pela amizade e colaboração e paciência com todos os colegas de turma.

Aos profissionais do programa de controle da dengue dos municípios de Itaboraí e Guapimirim, em especial ao Raul, Franklin e Nilton, pela inestimável colaboração na execução das atividades de campo, bem como na disponibilização das informações que foram imprescindíveis para a qualidade deste trabalho.

Aos profissionais do Laboratório de Transmissores de Hematozoários (LATHEMA/IOC) e Núcleo de Apoio às Pesquisas em Vetores (NAPVE), em especial ao Célio Pinel e Marcos Pereira, pela participação nas atividades de

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iv campo, organização e disponibilização do material para as coletas de campo e identificação do material coletado e auxílio na tabulação dos resultados.

Aos amigos da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, pelo apoio, incentivo, amizade e dedicação durante as atividades de campo e pelas informações e suporte técnico dispensado para subsidiar a elaboração deste trabalho.

A todos os professores, que ao longo do curso, dispensaram, com dedicação e empenho, seus conhecimentos em benefício de todos os alunos, para facilitar-lhes o aprendizado e consequente aplicação em serviço.

À Drª. Andréa Sobral, pela participação na elaboração da análise espacial e por aceitar participar da banca de qualificação do projeto e da banca examinadora do trabalho final.

Ao Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz, pela participação na banca de qualificação e na banca examinadora e pela criteriosa análise e contribuições ao texto final. Aos demais membros da banca examinadora, Drª. Marilia Sá Carvalho e Drª. Tamara Nunes Lima Câmara, pelas contribuições ao texto final.

Ao Dr. Giovanini Evelim Coelho, pela participação como convidado, representando o Programa Nacional de Controle da Dengue/MS e pelas contribuições no aprimoramento do texto final.

Ao amigo Waldemir Vargas pelas contribuições na elaboração da análise espacial dos dados.

À coordenação do curso em especial aos Drs. Luciano Toledo, Paulo Sabroza, André Perissé e a sempre atenciosa Lidia Vidal, pela competência, tolerância, pelo rigor e pela capacidade de mobilizar e motivar a todos os alunos, nos proporcionando o cumprimento de nossas obrigações com oportunidade e zelo ao longo de todo o curso.

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v Sumário Resumo 01 Abstract 02 1. Introdução 03 1.1. Dengue 03

1.2. Dengue no Brasil e Rio de Janeiro 04 1.3. Itaboraí e Guapimirim: Municípios situados na área de

influência do Complexo Petroquímico do estado do Rio de Janeiro - COMPERJ

07

1.4. Vetores do dengue – Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) e

Aedes albopictus (Skuse, 1894)

08

1.4.1. Aedes aegypti – vetor primário 08 1.4.2. Aedes albopictus – vetor potencial 09 1.5. Pesquisas domiciliares para a obtenção dos índices de

Stegomyia

10

1.6. Índices de infestação do Ae. aegypti obtidos a partir de dados produzidos por armadilhas

11

1.7. Proposta deste estudo 12

2. Justificativa 14 3. Objetivos 15 3.1. Objetivo Geral 15 3.2. Objetivos Específicos 15 4. Metodologia 16 4.1. Delineamento do estudo 16 4.2. Comitê de Ética 16 4.3. Áreas de estudo 4.3.1. Município de Itaboraí 4.3.2. Município de Guapimirim 16 16 18

4.4. Seleção dos estratos do LIRAa 19

4.5. Inquérito Entomológico 4.5.1. LIRAa

4.5.2. Implantação e coleta das ovitrampas 4.5.3. Coleta dos mosquitos adultos

21 22 22 25 4.6. Análise das atividades operacionais do LIRAa 26

(8)

vi

4.7. Análise dos dados 28

5. Resultados 30

5.1. Caracterização sócio-econômica das áreas de estudo 30 5.2. Dados epidemiológicos de Itaboraí e Guapimirim 31

5.3. Dados entomológicos 33

5.3.1. LIRAa (Itaboraí) 33

5.3.2. LIRAa (Guapimirim) 36

5.3.3. Monitoramento com Ovitrampas 38 5.3.3.1. Índices de Positividade da ovitrampa em

Itaboraí

5.3.3.2. Índices de Densidade da ovitrampa em Itaboraí

5.3.3.3. Índices de Positividade da ovitrampa em Guapimirim

5.3.3.4. Índices de Densidade da ovitrampa em Guapimirim

42

44

47

49

5.3.4. Aspiração de mosquitos adultos 52

5.3.5. LIRAa x Ovitrampas 53

5.4. Análise da distribuição espacial do LIRAa, ovitrampas e captura de mosquitos adultos em Itaboraí

55

5.5. Análise da distribuição espacial do LIRAa, ovitrampas e captura de mosquitos adultos em Guapimirim

62

5.6. Análise das atividades operacionais do LIRAa 65

6. Discussão 68

7. Considerações finais 79

8. Conclusões 81

(9)

vii

Lista de Figuras, Tabelas e Quadro

Figura 1 Mapa da área de abrangência da distribuição do dengue e do Ae.

aegypti no mundo.

Figura 2 Série histórica do número de casos notificados de dengue no estado do Rio de Janeiro, período de 2002 a 2013.

Figura 3 Taxa de incidência de casos notificados de dengue /100 mil habitantes, no estado do Rio de Janeiro em 2012.

Figura 4 Circulação viral dos sorotipos dengue no estado do Rio de Janeiro em 2012.

Figura 5 Imagem aérea da construção do Pólo Petroquímico do estado do Rio de Janeiro – COMPERJ.

Figura 6 Percentual de municípios do estado do Rio de Janeiro que realizaram o LIRAa, em março nos anos de 2009 a 2012, em relação aos IIP.

Figura 7 Mapa do município de Itaboraí, localizado na região metropolitana do Rio de Janeiro. Fonte: Laboratório de Monitoramento Epidemiológico-ENSP/FIOCRUZ 2011.

Figura 8 Mapa do município de Guapimirim, localizado na região serrana do Rio de Janeiro. Fonte: Laboratório de Monitoramento Epidemiológico-ENSP/FIOCRUZ 2011.

Figura 9 Mapa do município de Itaboraí com os 18 estratos do LIRAa, em 2012. Fonte: SES-RJ.

Figura 10 Mapa do município de Guapimirim com os 4 estratos do LIRAa, em 2012. Fonte: DCV/SES-RJ.

Figura 11 Foto ilustrativa de uma ovitrampa.

Figura 12 Mapa de Itaboraí com a distribuição das ovitrampas na 1ª e 2ª semana de coletas (círculos pretos) e nos imóveis onde o LIRAa foi realizado (triângulo rosa).

Figura 13 Mapa de Guapimirim com a distribuição das ovitrampas na 1ª e 2ª semana de coletas (círculos pretos) e nos imóveis onde o LIRAa foi realizado (triângulo rosa).

Figura 14 Foto ilustrativa do aspirador movido à bateria, que foi utilizado na coleta de mosquitos adultos.

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viii Figura 15 Mapa com a distribuição dos imóveis onde os mosquitos adultos

foram coletados com os aspiradores movidos à bateria, nos meses de agosto e outubro de 2012, nos municípios de Guapimirim e Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 16 Porcentagem de domicílios com cobertura dos serviços de água, esgoto e coleta de lixo no município de Itaboraí, Rio de Janeiro. Fonte: IBGE 2010.

Figura 17 Porcentagem de domicílios com cobertura dos serviços de água, esgoto e coleta de lixo no município de Guapimirim, Rio de Janeiro. Fonte: IBGE 2010.

Figura 18 Taxa de incidência de casos notificados de dengue, por semana epidemiológica, nos municípios de Guapimirim, Itaboraí e estado do Rio de Janeiro, no ano de 2012 e nas semanas epidemiológicas de 1 a 23, no ano de 2013. Fonte: SINAN/SES-RJ.

Figura 19 Classificação dos estratos de acordo com o LIRAa realizado nos meses de março (a), maio (b), agosto (c) e outubro (d) de 2012, no município de Itaboraí. Fonte: SES-RJ.

Figura 20 Classificação dos estratos de acordo com o LIRAa realizado nos meses de março (a), agosto (b) e outubro (c) de 2012, no município de Guapimirim, Rio de Janeiro. Fonte: SES-RJ.

Figura 21 Proporção de Ae. aegypti e Ae. albopictus em cinco bairros de Itaboraí, nos meses de março, maio, agosto e outubro de 2012. Figura 22 Proporção de Ae. aegypti e Ae. albopictus em cinco bairros de

Guapimirim, nos meses de agosto e outubro de 2012.

Figura 23 Índice de Positividade de Ovos (IPO) obtido no monitoramento por ovitrampas realizado em março, maio, agosto e outubro de 2012, Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 24 Índice de Positividade de Ovos nas três coletas realizadas nas duas semanas, durante os LIRAa de março, maio, agosto e outubro de 2012, nos cinco bairros pesquisados, Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 25 Índice de Densidade de Ovos (IDO) obtido no monitoramento por ovitrampas realizado em março, maio, agosto e outubro de 2012,

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ix em bairros de Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 26 Índice de Densidade de Ovos (IDO) nas três coletas realizadas nas duas semanas, durante os LIRAa de março, maio, agosto e outubro de 2012, nos cinco bairros pesquisados, Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 27 Correlação linear de Pearson entre IDO e IPO da 1ª e 2ª semanas, em 2012, em Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 28 Índice de Positividade de Ovos (IPO) obtido no monitoramento por ovitrampas realizado em agosto e outubro de 2012, Guapimirim, Rio de Janeiro.

Figura 29 Índice de Densidade de Ovos (IDO) nas três coletas realizadas nas duas semanas, durante os LIRAa de agosto e outubro de 2012, nos cinco bairros pesquisados, Guapimirim, Rio de Janeiro. Figura 30 Índice de Densidade de Ovos (IDO) nas três coletas realizadas

nas duas semanas, durante os LIRAa de agosto e outubro de 2012, nos cinco bairros pesquisados, Guapimirim, Rio de Janeiro. Figura 31 Índice de Densidade de Ovos (IDO) nas três coletas realizadas

nas duas semanas, durante os LIRAa de agosto e outubro de 2012, nos cinco bairros pesquisados, Guapimirim – Rio de Janeiro.

Figura 32 Correlação linear de Pearson entre IDO e IPO da 1ª e 2ª semanas, Guapimirim – 2012.

Figura 33 Índice de Positividade de Adultos (IPA) de Ae. aegypti (a) e Ae.

albopictus (b) nas coletas realizadas nos meses de agosto e

outubro de 2012, por bairro, no município de Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 34 Índice de Positividade de Adultos (IPA) de Ae. aegypti (a) e Ae.

albopictus (b) nas coletas realizadas nos meses de agosto e

outubro de 2012, por bairro, no município de Guapimirim, Rio de Janeiro.

Figura 35 Mapa com delimitação dos estratos e identificação dos Índices de Infestação Predial, aferidos durante o LIRAa, nos meses de março, maio e outubro de 2012, em Itaboraí – Rio de Janeiro. Figura 36 Mapa com delimitação dos estratos e identificação dos Índices de

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x Infestação Predial, aferidos durante o LIRAa, no mês de agosto de 2012, em Itaboraí – Rio de Janeiro.

Figura 37 Número médio de ovos coletados na 1ª semana nos imóveis onde o LIRAa não foi realizado por mês, com sobreposição aos índices de infestação predial aferidos durante a realização do LIRAa nos meses de março, maio e outubro de 2012, em Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 38 Número médio de ovos coletados na 2ª semana nos imóveis onde o LIRAa não foi realizado, por mês, com sobreposição aos índices de infestação predial aferidos durante a realização do LIRAa nos meses de março, maio e outubro de 2012, em Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 39 Número médio de ovos coletados na 2ª semana nos imóveis onde o LIRAa não foi realizado, por mês, com sobreposição aos índices de infestação predial aferidos durante a realização do LIRAa nos meses de março, maio e outubro de 2012, em Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 40 Número médio de ovos coletados na 1ª e 2ª semana nos imóveis onde o LIRAa não foi realizado e na 2ª semana onde o LIRAa foi realizado, com sobreposição aos índices de infestação predial aferidos durante a realização do LIRAa no mês de agosto de 2012, em Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 41 Distribuição espacial de adultos de Ae. aegypti e Ae. albopictus, capturados na semana após a realização do LIRAa, por mês, com sobreposição aos índices de infestação predial aferidos durante o LIRAa de 2012, no município de Itaboraí, Rio de Janeiro.

Figura 42 Mapa com delimitação dos estratos e identificação dos Índices de Infestação Predial, aferidos durante o LIRAa, nos meses de agosto e outubro de 2012, em Guapimirim – Rio de Janeiro.

Figura 43 Número de ovos coletados na 1ª e 2ª semanas, nos imóveis onde o LIRAa não foi realizado, e na 2ª semana onde o LIRAa foi realizado, por mês, com sobreposição aos índices de infestação predial aferidos durante a realização do LIRAa nos meses de agosto e outubro de 2012, no município de Guapimirim, Rio de

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xi Janeiro.

Figura 44 Distribuição espacial de adultos de Ae. aegypti e Ae. albopictus, capturados na semana após a realização do LIRAa, por mês, com sobreposição aos índices de infestação predial aferidos durante o LIRAa de 2012, no município de Guapimirim, Rio de Janeiro. Tabela 1 Descrição de cada estrato do LIRAa de março de 2012, contendo

informações dos bairros, número de quarteirões e imóveis, nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro.

Tabela 2 População e casos notificados de dengue em Itaboraí e Guapimirim, no período de 2002 a 2013 (até a 23ª semana epidemiológica).

Tabela 3 Descrição dos índices de infestação predial, índice de Breteau e depósitos predominantes aferidos pelo LIRAa nos meses de março, maio, agosto e outubro de 2012, nos municípios de Itaboraí e Guapimirim. Fonte: SES-RJ.

Tabela 4 Número total de ovos de Aedes e porcentagem de Ae. aegypti e

Ae. albopictus coletados nas ovitrampas nos meses de março,

maio, agosto e outubro de 2012, município de Itaboraí, Rio de Janeiro.

Tabela 5 Medidas descritivas dos resultados das coletas de ovos de Aedes em cinco bairros de Itaboraí, nos meses de março, maio, agosto e outubro de 2012.

Tabela 6 Número total de ovos e porcentagem de Ae. aegypti e Ae.

albopictus coletados nas ovitrampas nos meses de agosto e

outubro de 2012, município de Guapimirim, Rio de Janeiro.

Tabela 7 Medidas descritivas dos resultados das coletas de ovos de Aedes em cinco bairros de Guapimirim, nos meses de agosto e outubro de 2012.

Tabela 8 Índices de positividade e de densidade de ovos de Aedes nos meses de março, maio, agosto e outubro de 2012 no município de Itaboraí, Rio de Janeiro.

Tabela 9 Índices de positividade e de densidade de ovos de Aedes nos meses de agosto e outubro de 2012 no município de Guapimirim, Rio de Janeiro.

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xii Tabela 10 Comparação entre ovitrampas positivas e imóveis positivos no

LIRAa (Ae. aegypti) em 20 imóveis pesquisados, por bairro, nos meses de março, maio, agosto e outubro de 2012, em Itaboraí – Rio de Janeiro.

Tabela 11 Comparação entre ovitrampa positiva e imóveis positivos no LIRAa (Ae. aegypti) em 20 imóveis pesquisados nos meses de março, maio, agosto e outubro de 2012, em Itaboraí – Rio de Janeiro.

Tabela 12 Comparação entre ovitrampas positivas e imóveis positivos no LIRAa (Ae. aegypti) em 20 imóveis pesquisados, por bairro, nos meses de agosto e outubro de 2012, no município de Guapimirim, Rio de Janeiro.

Tabela 13 Comparação entre ovitrampas positivas e imóveis positivos no LIRAa (Ae. aegypti) em 20 imóveis pesquisados, nos meses de agosto e outubro de 2012, no município de Guapimirim, Rio de Janeiro.

Quadro 1 Roteiro de observação do planejamento e execução do LIRAa, utilizado nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro.

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1

RESUMO

O dengue é considerado a mais importante doença viral transmitida por mosquitos ao homem e apresenta-se de forma endêmica no estado do Rio de Janeiro. Aedes aegypti, vetor primário do dengue, está amplamente associado às atividades antrópicas, que disponibilizam sítios de oviposição artificiais e permitem a manutenção da sua infestação em áreas urbanas. O monitoramento dos níveis de infestação do Ae. aegypti é feito através de pesquisas larvárias domiciliares, com posterior construção de índices de infestação predial e Breteau. Atualmente, um componente das ações de vigilância em dengue é o Levantamento de Índice Rápido do Ae. aegypti – LIRAa. Embora, seja considerado um método rápido para estimar o nível de infestação do Ae. aegypti, sua estratégia tem sido muito questionada. O presente estudo avaliou o LIRAa e comparou-o com indicadores de positividade da ovitrampa (IPO) e a proporção de adultos de Ae. aegypti, além de densidade de ovos de Aedes (IDO) em dois municípios do Rio de Janeiro. O inquérito entomológico foi realizado durante quatro ciclos do LIRAa em Itaboraí e dois ciclos em Guapimirim. Para tal, em cinco bairros de cada município, foram implantadas 200 ovitrampas distribuídas nos quarteirões e imóveis onde o LIRAa foi realizado, além da aspiração de adultos em 10 imóveis do LIRAa. Observações sobre a operacionalização do LIRAa foram obtidas em cada município. Como resultados, observou-se que o LIRAa apresentou baixa capacidade de detecção do Ae. aegypti em Itaboraí. Diferenças de mais de 22% em Itaboraí e mais de 10% em Guapimirim foram observadas entre imóveis com ovos de Ae. aegypti e imóveis com a presença de larvas e/ou pupas de Ae. aegypti. Diferenças dos IPO e IDO foram observadas quando comparados os resultados entre as coletas das duas semanas, porém com tendência de semelhança entre as coletas realizadas dentro da mesma semana. Correlações significativas foram observadas entre IPO e IDO em Itaboraí e Guapimirim. Observou-se grande variabilidade na produtividade de ovos de Aedes dentre os bairros estudados, em Itaboraí de 11,07 ± 23,68 a 32,47 ± 70,56 ovos/ armadilha, porém em Guapimirim a variabilidade foi menor, de 8,7 ± 23,2 a 18,1 ± 57,5 ovos/armadilha. O mês de maio apresentou-se com maior número de ovos coletados e também o mês com maiores índices de infestação aferidos pelo LIRAa, e Ae. aegypti foi a espécie mais frequente em ambos os municípios comparado com Ae. albopictus. Um total de 87 Ae.

aegypti adultos foram capturados em 32 imóveis de Itaboraí, com índices de

positividade que variaram de 10 a 80%. Já em Guapimirim foram coletados 58 Ae. aegypti distribuídos em 20 imóveis. Nossos resultados em relação à análise do padrão espacial do número de ovos de Aedes, revelaram alta densidade em estratos onde o LIRAa apresentou índices de infestação predial entre <1 e ≥4%, apontando para a presença e elevadas densidades do Ae.

aegypti, mesmo em estratos onde o LIRAa apresenta situação satisfatória ou

de alerta. Os resultados da avaliação do planejamento e execução do LIRAa evidenciaram a necessidade de atualização das bases cartográficas, qualificação profissional dos agentes de saúde e uniformidade na estratificação dos estratos do LIRAa. Esse trabalho aponta para a necessidade e viabilidade de se executar estratégias integradas de monitoramento da infestação do Ae.

aegypti e subsidiar as ações de intervenção para essa grave doença que

acomete nossa população, o dengue.

(16)

2

ABSTRACT

Currently, dengue is considered the most important mosquito-borne human viral disease and is endemic in the state of Rio de Janeiro. Aedes aegypti, the primary vector in the state, is commonly associated with anthropogenic activities, which provide artificial oviposition sites and allow for the maintenance of its infestation in urban areas. Monitoring of Ae. aegypti infestation levels is conducted using immature and adult forms, with subsequent construction of infestation rates and Breteau index. Today, a component of dengue surveillance includes the Ae. aegypti infestation index rapid survey (LIRAa). Although considered a rapid method for estimating the level of Ae. aegypti infestation, the usage of this strategy remains questionable. The present study evaluated LIRAa and compared this index with the ovitrap positive index (OPI), the proportion of Ae. aegypti adults and egg density index (EDI) in two municipalities of Rio de Janeiro, Itaborai and Guapimirim. The entomological survey was conducted for four LIRAa cycles in Itaboraí and two cycles in Guapimirim. For this study, in five districts of each municipality, 200 ovitramps were distributed in blocks and buildings where LIRAa had been previously performed and the aspiration of adults were conducted in 10 buildings where LIRAa had also been performed. LIRAa management strategies and results were obtained for each municipality. For the comparison between LIRAa and ovitramp results, LIRAa was shown to present low Ae. aegypti detection capacity in Itaborai. Differences of more than 22% in Itaboraí and more than 10% in Guapimirim were observed between buildings with Ae. aegypti eggs and properties with the presence of larvae and/or pupae of Ae. aegypti. Differences in OPI and EDI were found when comparing results between the two collection weeks, but tended to be similar between collections of the same week. Significant correlations were observed between OPI and EDI in Itaboraí and Guapimirim. Large variability was demonstrated in the productivity of Aedes eggs among the districts studied. In Itaboraí, there were 11.07 ± 23.68 to 32.47 ± 70.56 eggs/trap and in Guapimirim the variability was smaller, with 18.1 23.2 ± 8.7 ± 57.5 eggs/trap. The month of May presented the highest number of eggs collected and also represented the month with the highest rates of infestation standardized by LIRAa. Aedes aegypti was the most frequently observed species in both municipalities when compared with Ae. albopictus. A total of 87 Ae. aegypti adults were captured in 32 buildings of Itaboraí, with positivity rates ranging from 10% to 80%. In Guapimirim, the 58 collected

Ae. aegypti were distributed among 20 buildings. Spatial pattern analysis of Aedes egg counts revealed a high density in strata where LIRAa presented

infestation rates between <1% and ≥ 4%, highlighting the presence and high densities of Ae. aegypti even in strata where LIRAa presents as a satisfactory or alert situation. Our results suggest the need for evaluation of LIRAa planning and execution, updating of cartographic databases, professional training of health workers and uniformity in the stratification of LIRAa layers. This work also points to the need for integrated strategies for monitoring Ae. aegypti infestation and subsidized dengue entomological surveillance.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Dengue

O dengue é atualmente considerado a mais importante arbovirose transmitida por mosquitos ao homem, em função da sua morbidade e mortalidade (Gubler & Kuno 1997). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevalência global do dengue cresceu exponencialmente nas últimas décadas. As estimativas sugerem que poderão ocorrer de 50 a 100 milhões de casos anuais de dengue, ocasionando aproximadamente 250.000 a 500.000 casos de febre hemorrágica e 24.000 mortes/ ano em todo o mundo (OMS 1997, 2012, Halstead 2008).

É caracterizado como uma doença infecciosa aguda causada por vírus (DENV), de genoma RNA, pertencente à família Flaviviridae e ao gênero

Flavivirus. Até o momento, são conhecidos quatro sorotipos antigenicamente

distintos, denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 (Gubler 1998, Halstead 2008). Os sorotipos do vírus dengue estão presentes em vários países tropicais e subtropicais (Gubler & Kuno 1997) (Figura 1). São transmitidos aos seres humanos por mosquitos do gênero Aedes. A principal espécie vetora é o Aedes aegypti (Christophers 1960, Consoli & Lourenço-de-Oliveira 1994).

Figura 1. Mapa da área de abrangência da distribuição do dengue e do Ae. aegypti no mundo. As linhas azuis definem os limites da área tropical e subtropical. Fonte: OMS 2011.

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1.2. Dengue no Brasil e no Rio de Janeiro

Surtos e notificações comparáveis ao dengue são registrados no Brasil desde o século XIX, nos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul (Meira 1916, Mariano 1917, Figueiredo et al. 2000). Várias décadas se passaram até a ocorrência de novo registro de dengue no Brasil. Durante os anos de 1981 e 1982, em Boa Vista, Roraima, foram isolados os vírus DENV-1 e DENV-4 durante uma epidemia com 11 mil casos notificados de dengue, os quais ficaram restritos à cidade de Boa Vista (Osanai et al. 1983). Embora medidas de controle e prevenção contra o Ae. aegypti tenham sido implementadas em Roraima, quatro anos depois, o estado do Rio de Janeiro registrou sua primeira epidemia causada pelo vírus DENV-1 (Schatzmayr et al. 1986). A partir desse episódio, a doença se disseminou para outras regiões do país, sendo considerado um grave problema de saúde pública e de extrema relevância para as autoridades no âmbito nacional (Nogueira et al. 1999).

Após a entrada do vírus DENV-1 no Rio de Janeiro em 1986, sucederam-se vários episódios com a entrada de novos sorotipos, o que ocorreu em 1990 com a entrada do vírus DENV-2 (Nogueira et al. 1990) e DENV-3 em dezembro de 2000 (Nogueira et al. 2001, Lourenço-de-Oliveira et al. 2002), ambos na cidade de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro e, posteriormente, a reemergência do DENV-4 no Brasil (MS Nota Técnica 2010) e introdução, em 2011, na cidade de Niterói, Rio de Janeiro (Nogueira & Eppinghaus 2011). A Figura 2 apresenta a série temporal do número de casos notificados de dengue no estado do Rio de Janeiro desde 2002 até a 23ª semana epidemiológica de 2013 (de 01/01 a 08/06).

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Figura 2. Série histórica do número de casos notificados de dengue no estado do Rio de Janeiro, período de 2002 a 2013. Fonte: SES-RJ/2013.

Hoje, os sorotipos DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 circulam simultaneamente no Rio de Janeiro, o que reforça este estado como o mais receptivo para introdução e disseminação de novos sorotipos de dengue no Brasil (Honório et al. 2009a). Com efeito, os anos considerados epidêmicos (2002, 2008, 2011 e 2012) foram precedidos pela introdução de um novo sorotipo viral, como, por exemplo, DENV-3, isolado em dezembro 2000, e DENV-4, em 2011, ou houve reintrodução de um sorotipo após um determinado período sem ser detectado, como, por exemplo, DENV-2, em 2007/2008, e DENV-1, em 2011 (SES-RJ 2012).

Durante o período de estudo, em 2012, foram notificados 182.128 casos notificados de dengue, com 41 óbitos confirmados, o que possibilitou a caracterização desse ano como o terceiro ano com o maior número de casos, superando o ano de 2011. Acredita-se que a intensa transmissão do dengue, nos anos de 2011-2012, se estabeleceu pela presença predominante do DENV-4, detectado no estado, na cidade de Niterói (Nogueira & Eppinghaus 2011). A Figura 3 apresenta a distribuição da taxa de incidência de dengue por 100.000 habitantes no estado do Rio de Janeiro em 2012, um dos anos considerados epidêmicos. Adicionalmente, é importante ressaltar que o DENV-4 também foi isolado em outros 22 municípios do estado do Rio de Janeiro, dentre eles, o município de Itaboraí (SES-RJ 2012) (Fig. 4).

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Nº casos 285702 9460 2936 3140 30567 67275 255818 12636 29813 168.242 182.128 198.028 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 C as o s n o ti fi ca d o s d e d en gu e

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Figura 3. Taxa de incidência de casos notificados de dengue/ 100 mil habitantes, no estado do Rio de Janeiro em 2012. Em destaque o município de Itaboraí. Fonte: SINAN/GDTVZ/SES-RJ.

Figura 4. Circulação viral dos sorotipos dengue no estado do Rio de Janeiro em 2012. Fonte: SES/RJ.

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1.3. Itaboraí e Guapimirim: Municípios situados na área de

influência do Complexo Petroquímico do estado do Rio de Janeiro - COMPERJ

Em 2006, o município de Itaboraí foi escolhido para sediar o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), considerado um dos maiores empreendimentos industriais do mundo, onde serão produzidos derivados de petróleo e produtos petroquímicos. O COMPERJ está em construção em uma área de 45 km², o que equivale a 10,5% da área de Itaboraí, o qual será constituído por uma refinaria e unidades geradoras de produtos petroquímicos e um Arco Metropolitano, que ligará Itaboraí ao Porto de Itaguaí, atraindo indústrias para as esferas municipais da região (Fig. 5) (http//.www.comperj.com.br).

Acredita-se que a construção do Pólo Petroquímico poderá transformar a paisagem urbana de Itaboraí passando a ser um dos maiores centros de geração de emprego e renda do Rio de Janeiro. Sabe-se que o empreendimento será construído na mesma região do Macacu, onde outrora existiu a Vila de Santo Antônio de Sá, que foi responsável, no século XIX, pela formação de diversos municípios fluminenses, como Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Tanguá, Rio Bonito, Maricá e Itaboraí (Prefeitura do Município de Itaboraí 2012). De fato, a construção do COMPERJ pode favorecer uma transformação do perfil socioeconômico da região, além da ocorrência de impactos sobre o ambiente biológico, produzidos pela construção e operação do empreendimento, o que causará importantes mudanças relacionadas com a qualidade ambiental e o perfil das doenças veiculadas por vetores como, por exemplo, o dengue. Além de Itaboraí, outros municípios sofrem o impacto do COMPERJ, como o município de Guapimirim, através de mudanças na paisagem urbana da cidade. Cabe ressaltar que as alterações no ambiente urbano podem propiciar aumento da densidade do Ae. aegypti em áreas consideradas de baixa infestação ou até mesmo a presença em áreas antes indenes.

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Figura 5. Imagem aérea da construção do Pólo Petroquímico do estado do Rio de Janeiro – COMPERJ. Foto: Frederico Bailoni (site www.comperj.com.br).

1.4. Vetores do dengue – Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) e Aedes

albopictus (Skuse, 1894)

O Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) e Aedes albopictus (Skuse, 1894) são espécies do subgênero Stegomyia, originadas da região da Etiópia e Ásia, respectivamente, que se dispersaram para fora de sua área zoogeográfica, adaptando-se às condições de outras regiões, incluindo o Brasil. (Consoli & Lourenço-de-Oliveira 1994).

1.4.1. Aedes aegypti – vetor primário

Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) é um mosquito originário da África, tendo

sido descrito pela primeira vez no Egito. Ao longo do tempo, acompanhou o homem em sua migração pelo mundo e, hoje, é considerado um mosquito cosmopolita (Consoli & Lourenço-de-Oliveira 1994). Aedes aegypti foi introduzido no Brasil durante o período colonial, provavelmente através do tráfico de escravos. Por ser também vetor da febre amarela, foi intensamente combatido e erradicado em nosso território em 1955. Uma reinvasão do Aedes

aegypti em território brasileiro ocorreu no final da década de 60, quando após

campanhas de controle foi novamente considerado erradicado. Porém, a partir de 1976, o Ae. aegypti reiniciou sua expansão no Brasil, provavelmente a partir do litoral. Hoje em dia, essa espécie é encontrada em todos os estados do

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9 Brasil, sendo considerado o principal vetor dos quatro sorotipos do vírus dengue circulantes em território brasileiro (Consoli & Lourenço-de-Oliveira 1994, Lourenço-de-Oliveira et al. 2002, Nogueira et al. 2001, Teixeira et al. 2002).

Aedes aegypti está associado a ambientes urbanos e suburbanos, onde

há elevada concentração populacional humana e alta concentração de residências (Braks et al. 2003, Lima-Camara et al. 2006). Com efeito, sua distribuição pelo mundo se deu de forma passiva, sendo o homem o principal responsável por sua disseminação, tornando a espécie presente no domicílio e peridomicílio, onde encontrou condições favoráveis para a sua permanência e proliferação, provavelmente devido à oferta abundante de criadouros produzidos e por seu comportamento antropofílico (Christophers, 1960). Aedes

aegypti apresenta alta antropofilia, alimentando-se com elevada frequência do

sangue humano, demonstrando assim sua importância na transmissão do vírus dengue ao homem (Scott et al. 1993, Hoeck et al. 2003). As fêmeas de Ae.

aegypti colocam seus ovos em criadouros artificiais, como pneus usados,

garrafas, latas, potes, vasos de plantas e reservatórios de água destampados como caixas d’água, cisternas e tonéis contendo água parada (Christophers 1960, Consoli & Lourenço-de-Oliveira 1994).

1.4.2. Aedes albopictus - vetor potencial

O Ae. albopictus é uma espécie oriunda da Ásia, onde atua como vetor primário do vírus dengue em diversos países (Hawley 1988, Gratz 2004, Ponlawat & Harrington 2005). Sua descrição original foi feita na Índia e, assim como o Ae. aegypti, é encontrado em áreas tropicais e temperadas (Hawley 1988). No Brasil, o Ae. albopictus foi primeiramente encontrado na década de 1980, nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Aos poucos, foi invadindo estados vizinhos, como Espírito Santo e São Paulo (Gomes & Marques 1988, Consoli & Lourenço-de-Oliveira 1994).

Aedes albopictus também apresenta sua distribuição associada à

presença humana. Entretanto, é um mosquito que também ocupa ambientes urbano, suburbano e rural e, diferentemente de Ae. aegypti, tem maior frequência nos locais de menor concentração humana e maior cobertura vegetal (Hawley 1988, Braks et al. 2003, Honório et al. 2009b). No Brasil, Ae.

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10

albopictus é considerado vetor potencial do dengue (Schatzmayr et al. 2000) e

trata-se de um mosquito que, frequentemente, é capturado no lado de fora das casas, preferindo o peridomicílio ao intradomicílio (Lima-Camara et al. 2006). Quanto à alimentação, Ae. albopictus é considerado eclético, podendo se alimentar do sangue de outros vertebrados, além do homem (Niebylski et al. 1994), além de utilizar criadouros artificiais produzidos pelo homem, como o

Ae. aegypti (Honório et al. 2006), também utiliza os criadouros naturais, como

bromélias, internódios de bambu, formados por depressões em plantas, encontrados no peridomicílio e vegetações distantes do ambiente domiciliar (Hawley 1988, Consoli & Lourenço-de-Oliveira 1994, Marques et al. 2001).

1.5. Pesquisas domiciliares para a obtenção dos índices de

Stegomyia

Os índices utilizados na vigilância entomológica, visando avaliar os níveis de infestação do Ae. aegypti são conhecidos como índices de Stegomyia (revisado por Focks 2003).Alguns dos índices de Stegomyia mais empregados são o índice de infestação predial (IIP) e o índice de Breteau (IB). O primeiro deles - IIP - é definido como o percentual de imóveis positivos para imaturos de

Ae. aegypti em uma dada localidade, enquanto o segundo - IB - quantifica o

número de recipientes contendo larvas de Ae. aegypti por 100 imóveis pesquisados. Tradicionalmente, durante os inquéritos para a determinação destes índices, um agente inspeciona um em cada 10 imóveis ou mais, de uma rua e quarteirão (Focks et al. 2000). Estes índices consideram tanto o imóvel quanto o recipiente positivo independentemente do número de imaturos neles encontrados. Com efeito, existem múltiplos fatores envolvidos na transmissão do dengue que não são totalmente cobertos por estes indicadores, como, por exemplo, a medida da abundância do adulto fêmea e a estimativa do risco de transmissão do dengue.

O Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti - LIRAa, é um método de amostragem cujo objetivo principal é a obtenção de indicadores entomológicos de maneira rápida. No LIRAa é empregada uma técnica de amostragem randômica na qual uma unidade de amostra corresponde a 9.000 ou 12.000 imóveis. Na amostragem randômica do LIRAa, 450 imóveis de uma localidade são sorteados e visitados pelos agentes de endemias. Durante a

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11 inspeção, os imóveis são vistoriados para a busca de larvas ou pupas de Ae.

aegypti e, em seguida, são calculados os índices de IIP e IB (Coelho et al.

2008). De acordo com as Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue (MS 2009), os parâmetros para definição de risco de um município, considerando o indicador do LIRAa, o Índice de Infestação Predial – IIP, são os seguintes: IIP < 1% = satisfatório; IIP > 1% e < 4% = alerta; > 4% = alto risco. Esses parâmetros são representados em mapas ou gráficos pelas cores verde, nível satisfatório, amarelo, representando o nível de alerta, e vermelho, o nível de alto risco. A Figura 6 apresenta a porcentagem de municípios do estado do Rio de Janeiro que realizaram o LIRAa (IIP) do mês de março nos anos de 2009 a 2012.

Figura 6. Percentual de municípios do estado do Rio de Janeiro que realizaram o LIRAa do mês de março nos anos de 2009 a 2012, em relação aos IIP. Fonte: SES-RJ.

1.6. Índices de infestação do Ae. aegypti obtidos a partir de dados

produzidos por armadilhas

Visando aperfeiçoar e facilitar o processo de monitoramento da infestação do Ae. aegypti, métodos de captura utilizando armadilhas têm sido desenvolvidos para a captura tanto de formas imaturas quanto de adultos de

2009 2010 2011 2012 < 1% 46.34 39.02 19.51 63.41 > 1% < 4% 51.22 53.66 68.29 36.59 > 4% 2.44 7.32 12.20 0.00 0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00 70.00 80.00 % d e m u n ic íp io s

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Ae. aegypti. Vários métodos e armadilhas inovadores e tradicionais têm sido

propostos e empregados. O monitoramento baseado nas coletas de formas imaturas, as ovitrampas foram pioneiras neste sentido. A utilização da ovitrampa como ferramenta para detectar a presença do Ae. aegypti foi primeiramente proposta por Fay & Perry (1965), que demonstraram que o uso dessa armadilha de ovos era um método mais sensível do que a pesquisa larvária para o levantamento de índices de infestação (índices de positividade e de densidade de ovos de Aedes). Hoje, índices calculados a partir de ovitrampas são utilizados para estimar a distribuição dos vetores do dengue, bem como a densidade populacional de Ae. aegypti em áreas infestadas (Gomes 1998). O uso da ovitrampa vem ocorrendo na vigilância indireta das populações adultas de Ae. aegypti, além de representar importante instrumento de avaliação e do monitoramento do impacto de certas medidas de controle (Fay & Perry 1965, Braga et al. 2000). Por outro lado, iniciativas mais recentes sugerem o uso de armadilhas para adultos (MosquiTrap, Adultrap, BG-Sentinel, dentre outras), que teriam a vantagem de estimar diretamente essa população (Fávaro et al. 2006, Gomes et al. 2007, Honório et al. 2009a).

1.7. Proposta deste estudo

Planejou-se avaliar a metodologia que estabelece os indicadores entomológicos que subsidiam o rumo das ações a serem desencadeadas no âmbito federal, estadual e municipal.

São 3 os indicadores entomológicos usados pelos órgãos de vigilância, aferidos pelo Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti-LIRAa, a saber: o índice de infestação predial-IIP, o Índice de Tipo de Recipiente-ITR, e o Índice de Breteau-IB.

O Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti, o LIRAa, avalia primeiramente o nível de infestação do Ae. aegypti nos imóveis de uma determinada área, definida como estrato, gerando o Índice de Infestação Predial (IIP). Posteriormente, a proporção de recipientes positivos por tipo de criadouro é avaliada pelo Índice de Tipo de Recipiente (ITR). E finalmente a frequência do tipo de criadouro é verificada através do índice de Breteau (IB).

Procurou-se no presente estudo avaliar a concordância entre os indicadores gerados pelo LIRAa e aqueles obtidos por outras metodologias.

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13 Cabe ressaltar que não há padrão-ouro para mensuração de indicadores de infestação e que, por causa disso, não é possível medir a sensibilidade e valor preditivo do LIRAa.

Contudo, sabe-se que a ovitrampa é um dos métodos mais sensíveis de detecção de presença de Ae. aegypti e ao desenvolver esse estudo, partimos do pressuposto de que os índices baseados em ovitrampa seriam relevantes parâmetros de comparação. Por fim, investigamos também a metodologia baseada em captura de adultos, por meio de aspiração, com uso de equipamento específico. Essa metodologia, embora empregada em diversos estudos focais, não é usualmente utilizada para monitoramento em larga escala.

Por fim, pretendeu-se discutir aspectos socioambientais, operacionais e gerenciais que podem interferir e influenciar nos resultados finais alcançados, podendo comprometer o planejamento geral no nível local. Essa interferência poderá ser sentida até mesmo em outras instâncias onde são definidas as prioridades quanto ao direcionamento de suporte técnico, físico e financeiro para a execução das ações. Com base nos resultados por nós encontrados, objetivamos ainda apontar e sugerir medidas possíveis para a superação das limitações identificadas durante o estudo.

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14 2. JUSTIFICATIVA

As ações de vigilância em dengue têm um custo alto para o Brasil, com cerca de um bilhão de dólares gastos por ano (Pepin et al. 2013). A execução das ações de vigilância em dengue requer uma série de ações e estratégias integradas, com vistas a minimizar o impacto dessa arbovirose em áreas urbanas e endêmicas do país. Um componente importante das ações de vigilância em dengue é o Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti LIRAa, recomendado pelo Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD/MS). Embora seja considerado um método rápido para estimar o nível de infestação do Ae. aegypti, sua estratégia tem sido muito questionada. Um dos questionamentos se refere aos índices larvários, os quais são considerados ineficazes para estimar o risco de transmissão do dengue, por serem de baixa sensibilidade e pouca associação com a população de adultos, responsáveis pela transmissão do dengue. Para ampliar a sensibilidade e o poder de detecção do monitoramento de vetores, propõe-se a combinação dos métodos tradicionais com métodos baseados em armadilhas, que são mais sensíveis e menos custosos, que permitiriam uma amostragem mais frequente da população de vetores para nortear as estratégias de monitoramento da infestação do Ae. aegypti e subsidiar as ações de intervenção do dengue.

Sendo assim, a questão iminente é: A metodologia de medição da infestação do Ae. aegypti, baseada na utilização do LIRAa, é considerada um marcador entomológico capaz de definir áreas de maior abundância do Ae.

aegypti de forma nortear as intervenções e direcionar as ações de controle do

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3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Comparar o método atual de Levantamento de Índice Rápido do Aedes

aegypti (LIRAa) para monitoramento de Aedes aegypti com metodologias

entomológicas alternativas, visando subsidiar possíveis estratégias de maior precisão às ações de vigilância entomológica nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, no estado do Rio de Janeiro.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar nas áreas urbanas de Itaboraí e Guapimirim fatores socioambientais que podem estar associados à infestação do Ae.

aegypti que favorecem sua presença em alta densidade.

- Comparar os índices de infestação do Ae. aegypti baseados em armadilhas de oviposição e mosquitos adultos, com os índices de infestação predial aferidos pelo LIRAa.

- Mapear a distribuição espacial e temporal do Ae. aegypti e comparar com os índices obtidos no LIRAa.

- Descrever os fatores que podem interferir na qualidade das coletas e na produção das informações do LIRAa.

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4. METODOLOGIA

4.1. Delineamento do estudo

O trabalho foi desenvolvido nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, localizados nas regiões Metropolitana II e Serrana do estado do Rio de Janeiro, respectivamente. A pesquisa apresentou uma avaliação quali-quantitativa, considerando cada um dos objetivos específicos apresentados. O critério de seleção dos bairros respeitou a sua conformação urbana, onde geralmente ocorre a maioria dos casos notificados de dengue e onde os índices de infestação predial estão acima de 1%, quando comparados aos outros bairros do município.

4.2. Comitê de ética

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/CONEP) em 17 de dezembro de 2012, sob número CAEE 08277612.2.0000.5240.

4.3. Áreas de estudo

4.3.1. Município de Itaboraí

O município de Itaboraí pertence à Região Metropolitana II do estado do Rio de Janeiro e apresenta uma área total de 429,32 km² (Fig. 7). Itaboraí fica aproximadamente a 48 km de distância da capital do Rio de Janeiro, de coordenadas geográficas 22° 44' 51" sul, 42° 51' 21" oeste e altitude média de 17m em relação ao nível do mar. O município de Itaboraí faz divisa com os municípios de São Gonçalo a oeste, Cachoeiras de Macacu e Guapimirim ao norte, Tanguá a leste e Maricá ao sul. A população estimada é de 220.352 habitantes (estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/ IBGE - 2011), densidade demográfica de 506,6 hab/ km² e aproximadamente 69.422 domicílios. A área urbana de Itaboraí é de 98,8%, enquanto a rural é de 1,2% (IBGE, 2010).

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17 Em sua divisão territorial, o município é constituído por 8 distritos: o 1º distrito corresponde ao Centro, o 2º distrito a Porto das Caixas, o 3º distrito a Itambi, o 4º distrito a Sambaetiba, o 5º distrito a Visconde, o 6º distrito a Cabuçu, o 7º distrito a Manilha e o 8º distrito a região de Pachecos. As principais atividades econômicas de Itaboraí são: serviços, comércio, transporte, comunicação, construção civil, indústria de transformação, apicultura, pecuária, agroturismo, gastronomia e citricultura (IBGE 2010, Prefeitura Municipal de Itaboraí 2012).

Figura 7. Mapa do município de Itaboraí, localizado na região metropolitana do Rio de Janeiro. Fonte: Laboratório de Monitoramento Epidemiológico-ENSP/FIOCRUZ 2011.

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4.3.2. Município de Guapimirim

O município de Guapimirim está localizado na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro e dista da capital do estado cerca de 50 km, apresentando uma área total de 360.766 km², em um vale formado pela Serra dos Órgãos (Fig. 8). Guapimirim faz limite com os municípios de Teresópolis e Petrópolis ao norte, Itaboraí ao sul, Cachoeiras de Macacu a leste e Magé e fundos da Baía de Guanabara a oeste, de coordenadas geográficas 22º 32' 14" sul, 42º 58' 55" oeste e altitude média de 60m em relação ao nível do mar. Apresenta uma população estimada de 51.483 habitantes, com densidade demográfica de 142,70 habitantes/ km² distribuída em aproximadamente 15.741 domicílios. Do total de domicílios do município 96,71% está em área urbana e 3,29% em área rural (IBGE, 2010). O município de Guapimirim foi desmembrado do município de Magé pela Lei Estadual nº 1772, de 21/12/1990, sendo constituído em distrito sede desde 1995 e não apresenta oficialmente divisão distrital (Prefeitura Municipal de Guapimirim 2012).

Figura 8. Mapa do município de Guapimirim, localizado na região serrana do Rio de Janeiro. Fonte: Laboratório de Monitoramento Epidemiológico-ENSP/FIOCRUZ 2011.

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4.4. Seleção dos estratos do LIRAa

O LIRAa é um método de amostragem que tem como objetivo principal a obtenção de indicadores entomológicos, de maneira rápida. Os critérios para delineamento da amostra do LIRAa em cada município são determinados em função de sua densidade populacional, do número de imóveis e de quarteirões existentes, considerando sempre como unidade primária de amostragem o quarteirão. Em municípios de médio e grande porte, a amostragem é de conglomerados em dois estágios: quarteirões (unidade primária) e imóveis (unidade secundária). Essa forma de amostragem permite menor concentração de imóveis nos quarteirões sorteados, propiciando a divisão dos municípios de médio e grande porte em estratos de, no mínimo, 8.100 imóveis e de, no máximo, 12.000 imóveis, sendo o ideal 9.000 imóveis. Em cada estrato, sorteia-se uma amostra independente de, no máximo, 450 imóveis, número que poderá variar de acordo com o número de imóveis do estrato (MS, 2009).

Para a escolha dos estratos e respectivos bairros, foram utilizadas as mesmas áreas definidas no processo de estratificação do LIRAa, limitando-se àquelas no entorno do eixo urbano, onde há maior concentração de imóveis e adensamento populacional, garantindo uma representatividade da área urbana do município.

Rotineiramente em Itaboraí, o LIRAa é realizado em 18 estratos (Fig. 9). Para o atual estudo, foram selecionados os estratos 2, 3, 16 e 17, que correspondem aos bairros do Centro, Outeiro das Pedras, Rio Várzea, Areal e Venda das Pedras. Em Guapimirim, o LIRAa é realizado em 4 estratos urbanos (Fig. 10). Para o presente estudo, foi selecionado o estrato 1, que inclui os bairros do Capim, Centro, Parada Modelo, Jardim Modelo e Quinta Mariana. A Tabela 1 apresenta a descrição de cada estrato com o número de quarteirões, imóveis e os bairros correspondentes.

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Figura 9. Mapa do município de Itaboraí com os 18 estratos do LIRAa, em 2012. Fonte: SES-RJ.

Figura 10. Mapa do município de Guapimirim com os 4 estratos do LIRAa, em 2012. Fonte: SES-RJ.

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Tabela 1. Descrição de cada estrato do LIRAa de março de 2012, contendo informações dos bairros, número de quarteirões e imóveis, nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro.

ITABORAI

Nº. do estrato Nome dos bairros Nº.

quarteirões Nº. imóveis

16 Areal 262 9.269

2 Centro 80 4.626

2 Outeiro das Pedras 20 1.908

3 Rio Várzea 129 6.563

17 Venda das Pedras 40 4.002

GUAPIMIRIM 1 Capim 52 11.117 Centro 110 Jardim Modelo 32 Parada Modelo 16 Quinta Mariana 20 4.5. Inquérito entomológico

Em Itaboraí, foram realizados quatro inquéritos entomológicos pelas equipes de vigilância entomológica nos meses de março, maio, agosto e outubro de 2012, enquanto em Guapimirim foram realizados dois inquéritos nos meses de agosto e outubro de 2012, concomitantes à realização do LIRAa. Nesses inquéritos, foram obtidos índices de infestação de formas imaturas e adultas de mosquitos do gênero Aedes, por meio do LIRAa (índices de infestação predial), de armadilhas de oviposição (índices de positividade e de densidade de ovos de Aedes) e de aspiração de mosquitos adultos (proporção de Ae. aegypti e Ae. albopictus). Todas as atividades de campo foram realizadas uma semana antes, durante e após a execução do LIRAa realizado pelas equipes de vigilância entomológica do município.

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22

4.5.1. LIRAa

Como é rotina durante a vigilância entomológica realizada pela autoridade municipal a cada ciclo do LIRAa, em cada estrato são sorteados os quarteirões que serão incluídos na pesquisa domiciliar. Durante a semana de execução do LIRAa, o agente de saúde visitou os imóveis selecionados em busca de criadouros contendo formas imaturas de Ae. aegypti e Ae. albopictus, respeitando um percentual de 50% do total de imóveis de cada quarteirão. Para a realização dessas visitas, define-se o quantitativo de agentes necessários, visando a cobertura do número de imóveis programados para a realização do LIRAa em um período máximo de cinco dias, cabendo a cada agente realizar uma média de 20 visitas por dia. Se o agente identificar um imóvel positivo, as formas imaturas são coletadas, colocadas em tubinhos contendo álcool a 70% e transportadas para o laboratório do município para identificação. Após a identificação das espécies coletadas, foram obtidos os indicadores de infestação preconizados pelo Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), que são Índice de Infestação Predial (IIP), Índice de Tipos de Recipientes (ITR) e Índice de Breteau (IB). Mapas com o resultado dos índices de infestação predial de cada LIRAa e estrato foram construídos, utilizando o programa ArcGIS versão 10.0. Todas as etapas do LIRAa foram realizadas nos estratos incluídos nesse estudo, seguindo os procedimentos de rotina da autoridade de vigilância entomológica do município. Os dados obtidos nesse monitoramento de rotina, referentes aos estratos de estudo, foram incluídos para comparação na presente análise.

4.5.2. Implantação e coleta das ovitrampas

Para o inquérito entomológico utilizando armadilhas de oviposição (ovitrampas), definiu-se um quantitativo de 200 armadilhas por município de Itaboraí e Guapimirim (Fig. 11). As ovitrampas consistem em vasos pretos de plásticos com capacidade de 500 ml, as quais foram preenchidas com 270 ml de água e 30 ml de infusão de feno. Em cada ovitrampa é presa uma palheta de Eucatex (5 mm de espessura X 12,5 cm de comprimento X 2,5 cm de

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23 largura), com auxílio de um grampo, utilizada como substrato de postura para as fêmeas de Aedes.

O esquema de instalação das ovitrampas se deu da seguinte forma: Nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, foram implantadas no ambiente peridomiciliar, um total de 100 ovitrampas na semana anterior ao LIRAa, distribuídas entre os estratos selecionados. Na semana seguinte, ou seja, na semana de averiguação do LIRAa, foram trocadas as palhetas das ovitrampas instaladas anteriormente e implantadas mais 100 ovitrampas, dessa vez em imóveis onde o LIRAa foi realizado. A coleta das 200 ovitrampas foi realizada na semana seguinte após a realização do LIRAa. Na ocasião da troca das palhetas, as ovitrampas foram lavadas e escovadas cuidadosamente antes de serem novamente preenchidas com água e feno. As palhetas foram encaminhadas para o laboratório para triagem de positividade e contagem dos ovos, com o propósito de calcular os índices de positividade (IPO) e de densidade de ovos (IDO). As palhetas positivas, contendo pelo menos um ovo de Aedes, foram submersas em água limpa e, após a eclosão, as larvas foram mantidas até o 4º estádio, para contagem e identificação da espécie. As larvas foram identificadas através da chave dicotômica de Consoli & Lourenço-de-Oliveira (1994). As figuras 12 e 13 apresentam a distribuição das ovitrampas em Itaboraí e Guapimirim, respectivamente, na primeira e segunda semanas nos imóveis onde o LIRAa não foi realizado (círculos pretos) e nos imóveis onde o LIRAa foi realizado (triângulos rosas). Todas as ovitrampas foram georreferenciadas com o auxílio do sistema de posicionamento global (GPS) e mapas de densidade de ovos de Aedes foram construídos a partir do número de ovos coletados nas ovitrampas. Para a confecção dos mapas utilizou-se o programa ArcGIS versão 10.0.

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24

Figura 12. Mapa de Itaboraí com a distribuição das ovitrampas na 1ª e 2ª semana de coletas (círculos pretos) e nos imóveis onde o LIRAa foi realizado (triângulo rosa).

Figura 13. Mapa de Guapimirim com a distribuição das ovitrampas na 1ª e 2ª semana de coletas (círculos pretos) e nos imóveis onde o LIRAa foi realizado (triângulo rosa).

(39)

25

4.5.3. Coleta dos mosquitos adultos

A aspiração dos mosquitos adultos foi realizada no 3º e 4º LIRAa, correspondente aos meses de agosto e outubro de 2012, nos municípios de Itaboraí e Guapimirim. Os mosquitos adultos foram coletados com aspiradores movidos à bateria (Fig. 14), considerando um tempo mínimo de 10 minutos no intradomicílio das residências selecionadas. A aspiração foi realizada na quarta semana, em 10 imóveis onde o LIRAa tinha sido realizado. Todos os mosquitos coletados foram armazenados em gaiolas plásticas, etiquetadas por área, endereço do imóvel e data. As gaiolas foram transportadas para o Núcleo de Apoio às Pesquisas em Vetores (NAPVE), onde os mosquitos foram separados por sexo e identificados por espécie a partir da chave dicotômica de Consoli & Lourenço-de-Oliveira (1994). Todas as informações foram registradas em formulários específicos, elaborados para os momentos de atividades de campo. A figura 15 apresenta a distribuição dos imóveis vistoriadas para coleta de adultos em agosto e outubro de 2012 em cada município de estudo. Todas as residências foram georreferenciadas com o auxílio do sistema de posicionamento global (GPS). Mapas de densidade de adultos de Ae. aegypti e

Ae. albopictus foram construídos a partir do número de mosquitos coletados

com auxílio do programa ArcGIS versão 10.0.

Figura 14: Foto ilustrativa do aspirador movido à bateria (A), que foi utilizado na coleta de mosquitos adultos, e outros materiais: (B) bateria; (C) gaiola de plástico usada para transporte dos mosquitos capturados; (D) ovitrampa.

A

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26

Figura 15. Mapa com a distribuição dos imóveis onde os mosquitos adultos foram coletados com os aspiradores movidos à bateria, nos meses de agosto e outubro de 2012, nos municípios de Guapimirim e Itaboraí – Rio de Janeiro.

4.6. Análise das atividades operacionais do LIRAa

Para a avaliação qualitativa da execução do LIRAa nos municípios de Itaboraí e Guapimirim foi elaborado um roteiro de observação, visando registrar e descrever fatores que pudessem interferir na qualidade das atividades realizadas durante a execução do LIRAa. O roteiro elaborado inclui questões sobre aspectos operacionais, relacionados à estrutura, planejamento e etapa de execução do LIRAa (Quadro 1). Trata-se de um questionário estruturado onde foram considerados quinze itens essenciais para a sua execução com notas de 0 a 5, sendo "0" para nenhuma conformidade, "1 e 2" para o mínimo de conformidade, “3 e 4” para uma conformidade aceitável e "5" para o máximo de conformidade. Para que fosse possível comparar as informações reunidas no roteiro referentes aos três aspectos mencionados (operacional, processo e estrutura), foram estabelecidos os seguintes critérios para o somatório das pontuações atribuídas aos doze itens: Satisfatório - ≥ 45 e ≤ 60, Razoável - ≥ 30 e ≤ 45 (> 50% < 75%) e Ruim- < 30.

Guapimirim

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27 Quadro 1. Roteiro de observação do planejamento e execução do LIRAa, utilizado nos municípios de Itaboraí e Guapimirim, Rio de Janeiro.

Formulário de registro das observações da operacionalização do LIRAa – RJ

MUNICÍPIO: ________________________________ MÊS: _________________________ Critérios: "0" para nenhuma conformidade; "1 e 2" para o mínimo de conformidade; “3 e 4” para uma

conformidade aceitável; e "5" para o máximo de conformidade.

Tópicos observados do Planejamento Resultado da observação

Pontuação 0 1 2 3 4 5

1. Existência de mapas atualizados.

2. Realização da estratificação com

antecedência de 30 dias.

3. Consideração dos critérios de continuidade e

contiguidade durante a estratificação.

4. Consideração do critério de equivalência no

sorteio dos quarteirões.

5. Existência de viaturas em nº suficientes para

apoiar as ações de campo.

6. Quantitativo de agentes suficiente para realização do LIRAa no período de cinco dias, incluindo supervisores para o acompanhamento.

7. Identificação para os agentes.

8. Disponibilidade de todos os materiais e insumos necessários para a realização de Pesquisa LIRAa.

9. Realização do LIRAa em 100% dos Estratos

do município.

10. Visitação de todos os imóveis programados

por QT, como planejado.

11. Realização do LIRAa no prazo preconizado.

12. Detecção da presença de supervisores

acompanhando as atividades no campo.

13. Detecção de agentes devidamente

identificados,

14. Detecção da ausência de materiais ou insumos que comprometem a execução da pesquisa.

15. Execução sem detecção de ocorrência que

comprometam os resultados. (ex.: falso registro)

Sub total

TOTAL 0

Equipe responsável pela observação: DATA: ___/___/_____.

Parâmetros de avaliação:

Satisfatório: se a pontuação for > que 45 e < ou = 60 (> 75% do total); Razoável: se a pontuação for > que 30 e < 45 (> 50% = 74%);

Referências

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