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EDUCAÇÃO MUSICAL INCLUSIVA NUM CONTEXTO AMAZÔNICO: APORTES PARA UMA EFICIÊNCIA SOCIAL E DESENVOLVIMENTO DA CULTURA

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Academic year: 2021

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EDUCAÇÃO MUSICAL INCLUSIVA NUM CONTEXTO AMAZÔNICO: APORTES PARA UMA EFICIÊNCIA SOCIAL E DESENVOLVIMENTO DA CULTURA

Silvia Gomes Correia - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá Nelson dos Santos Dutra - Secretaria de Estado da Educação no Amapá Sheila Cristina Cunha Maués - Faculdade Estácio Amapá

Eixo Temático: Práticas pedagógicas inclusivas

Palavras-chave: Educação Musical. Inclusão. Projetos musicais inclusivos. 1 Introdução

A pesquisa da qual trata o presente artigo, que está em andamento, tem como objetivo investigar projetos de Educação Musical (EM) desenvolvidos em dois contextos educacionais distintos: um centro educacional especializado e numa orquestra quilombola, ambos situados no município de Macapá.

A partir do entendimento de que são múltiplos os modos pelos quais se pode formar um indivíduo musicalmente, surgiu o interesse de conhecermos como a EM vem sendo construída e articulada em um contexto da Amazônia legal na perspectiva inclusiva. Trata-se de compreender confluências entre o campo da Educação Musical em interface com a Educação Inclusiva e sobre modos de apropriação – aqui entendidos como polifonias na construção do conhecimento pedagógico musical.

O texto se apoia em reflexões de alguns autores estudiosos do tema e nas contribuições filosóficas de Dewey (1936, 2010) e Louro (2006), como atributos para pensar a EM na contemporaneidade e na perspectiva inclusiva. A partir de tais reflexões e partindo do pressuposto de que objetivo central do ensino de Música é a formação humana (KOELLREUTER apud BRITO, 2008), a pergunta central é: Como é instaurado o processo pedagógico e musical nesses espaços e quais são as expetativas dos alunos em relação a esse trabalho?

2 Metodologia

A pesquisa vem sendo conduzida pela abordagem qualitativa, que busca envolver uma postura interpretativa e naturalística diante do campo e dos sujeitos investigados. Os

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pesquisadores estudam as coisas em seus contextos naturais, tentando entender ou interpretar os fenômenos em termos dos sentidos que as pessoas lhes atribuem (GIBBS, 2009). A opção metodológica é o estudo de caso com entrevistas semiestruturadas com os sujeitos integrantes dos projetos musicais em pauta.

O estudo também poderá ser apoiado com observações participantes a ser realizadas no campo empírico da aprendizagem musical desses indivíduos, assim como as apresentações artísticas que decorrerem no período da coleta de dados.

3 Resultados e discursão

A educação da sensibilidade estética e a multidimensionalidade da experiência artística – como uma das interfaces da Educação na perspectiva inclusiva – têm inserido a utilização da Música nos chamados projetos sociais, trazendo à tona que não é um desafio somente da área de Artes refletir sobre o papel da Música na formação dos sujeitos e sua inserção expressiva na sociedade.

Louro (2015) adverte que um dos conflitos que dificulta o avanço pedagógico musical inclusivo é que ainda há distorções na compreensão das práticas inclusivas em Música. Para a autora, é comum confundirem-se, por exemplo, a Educação Musical Especial e a Educação Musical Inclusiva com a Musicoterapia. No entanto, para pensar em uma sociedade e educação inclusivas, esse tipo de pensamento “precisa ser eliminado, na perspectiva de que a inclusão parte do pressuposto de que todos podem e têm o direito legal de participar de qualquer campo social, desde que queiram, incluindo a aprendizagem musical” (LOURO, 2015, p. 37)

O educador musical alemão Hans-Joachim Koellreuter buscou fundamentos para uma ação pedagógica musical na mediação do sujeito com o outro. Para Brito (2001), as atitudes pedagógicas desse educador se voltavam para a música que humaniza e universaliza, transcendente, que é expressão do tempo e de um novo estado de inteligência. Trata-se de uma formação musical que revela a expressão do novo. O ensino de Música, para esse teórico, não pode ser um início e nem um fim, mas um modo de ser e estar no mundo.

O educador americano John Dewey (1859 – 1952) foi um importante pensador e filósofo da Educação da Era Moderna. Na defesa da democracia e da liberdade de pensamento como alicerces para uma Educação pautada no desenvolvimento crítico intelectual e emocional das crianças, Dewey foi considerado um dos grandes representantes do

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pragmatismo, que ele concebia como instrumentalismo, por conta de seus pressupostos ideias como instrumentos para a resolução de problemas reais.

Leva-se em conta nessa perspectiva, de que o contexto educacional vem sendo configurado pela diversidade social. Ao vislumbrar o potencial humanizador do conhecimento, o objetivo da eficiência – como qualquer outro objetivo educacional –deve considerar as aptidões instintivas do homem e a realização de experiências propiciadoras de cultura que aprimorem as relações sociais. Para Dewey (1936), a eficiência social não pode ser classificatória e deve considerar aspectos voltados para a edificação espiritual e humana do indivíduo. Isso influenciará nos modos como nos posicionamos enquanto associados a outras pessoas, na ideia de reciprocidade.

Exemplificamos nas figuras a seguir duas instâncias de ensino de Música na perspectiva inclusiva realizadas no estado do Amapá, campo empírico de nossas investigações para aprofundar sobre as questões sublinhadas neste trabalho. A foto 01 da Figura 1 trata de práticas musicais desenvolvidas com jovens autistas de um Centro Educacional Especializado no município de Macapá, mantido pelo poder público estadual. A foto 02 da Figura 1 retrata os participantes do projeto “Orquestra Quilombola”, realizado com crianças e jovens da comunidade do Curiaú – quilombo situado no município de Macapá, dependente de apoio da iniciativa pública e privada.

Figura 1. Atividades de Educação Musical Inclusiva – Macapá (AP) – 2015 Fonte: Registros da autora.

Os locais onde ocorrem essas práticas inclusivas na EM, uma desenvolvida em uma instituição escolar para pessoas com Transtorno do Espectro Autismo (TEA) e a outra voltada para inserção, são espaços diferenciados, mas atuam na direção dos objetivos da Educação propostos por Dewey (1936): a eficiência social e o desenvolvimento da cultura.

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No pensamento do filósofo americano, cultura implica algo cultivado e que necessita de amadurecimento. Trata-se de uma via contrária a algo que esteja cru, verde ou bruto. Na Arte, especificamente na Música, a noção de cultura está ancorada no desenvolvimento da liberdade e da criação e valorada na experiência. A cultura vincula-se a algo pessoal, que, para Dewey (1936), reside no sentido do gosto por ideias, pelas Artes e por aspectos com dimensões amplas compreendidas no modo de ser e experimentar de cada sujeito.

As experiências que a pesquisa têm nos possibilitado levam a refletir, para além do delineamento e refinamento da pesquisa, sobre o sentido cultural de complementaridade, de desenvolvimento cognitivo e do exercício de cidadania que a EM pode proporcionar para os sujeitos participantes desse projeto. O que mudou na vida deles? De que modo é instaurada e pensada a continuidade desses projetos? São algumas das questões que nos guiarão nas entrevistas durante a próxima fase da pesquisa.

4 Conclusão

A inserção num campo de pesquisa levanta questões que são construídas a cada dia. Ao discorrer sobre a importância da EM na contemporaneidade, sobretudo na perspectiva da inclusão escolar, buscamos também apontar outros aspectos subjacentes à necessidade de ações político-pedagógicas para que alunos privados de oportunidades educacionais tenham acesso à arte musical em suas diversas interfaces.

Como qualquer atividade criadora, a Música surge das inquietudes da vida, de aspirações reais e seu ensino há que ser estruturado de acordo com as necessidades do aluno ou de determinado grupo, sem a rigidez de conteúdos musicais hierarquizados ou da promoção de um currículo musical engessado.

Nesse sentido, o objeto da EM é o sujeito que aprende e o ensino de música deve ser para todos os que veem nela uma oportunidade de se expressar. Dewey (1936) ressalta que devemos lembrar que a Educação, por si só, não tem objetivos. São os sujeitos que os têm, e não é uma ideia abstrata, como a de Educação. O objetivo da EM, na perspectiva inclusiva, não é exclusivamente musical, têm-se outros valores educacionais inclusos nesse processo e que favorecem o desenvolvimento humano.

Frente ao exposto, os resultados dessa pesquisa poderão contribuir para uma reflexão crítica e contemporânea sobre projetos de Educação Musical inclusiva. Embora já se configurem debates teóricos acerca da legitimação da Música nos currículos escolares das

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escolas brasileiras, ainda há muito para se defender, discutir, argumentar e atuar efetivamente na perspectiva de uma EM para todos.

Referências

BRITO, Teca A. de. Koellreutter educador: o humano como objetivo da Educação Musical. São Paulo: Petrópolis, 2001.

DEWEY, John. Democracia e Educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936. ______. Democracia e Educação. Trad. Godofredo Rangel; Anísio Teixeira. 3. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959

GIBBS, Graham. Análise de dados qualitativos. Porto Alegre: Artmed, 2009.

LOURO, V. S. Educação musical inclusiva: desafios e reflexões. In: LOPES, Helena; ZILLES, José Antônio. Música e educação. Ensaios, v. 02. Barbacena, EduUEMG, 2015. Série Diálogos com o Som.

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