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Hospital referência em pneumologia: assistência a saúde pública e privada

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Academic year: 2021

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Hospital Referência em Pneumologia

Assistência à Saúde Pública e Privada

Trabalho de Conclusão de Curso 1

UNISUL - Arquitetura e Urbanismo

Orientador:

Prof. Arq. Ramon Lima

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UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina Davi Goulart Felipe Mota

TCC I - Hospital Referência em Pneumologia Assistência à Saúde Pública e Privada

Tubarão 2018.1

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Davi Goulart Felipe Mota

TCC I - Hospital Referência em Pneumologia Assistência à Saúde Pública e Privada

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Arq. Ramon Lima de Carvalho.

Tubarão 2018.1

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Davi Goulart Felipe Mota

TCC I - Hospital Referência em Pneumologia Assistência à Saúde Pública e Privada

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo e aprovado em sua forma final pelo Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 22 de junho de 2018.

______________________________________________________ Professor e orientador Ramon Lima de Carvalho.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Avaliador 01

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Avaliador 02

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Agradecimentos

Primeiramente gostaria de honrar a fé de minha mãe e agradecer a Deus pela oportunidade e força necessária para desenvolver esse trabalho. Mesmo sem compartilhar muito de tal fé, sei que onde quer que eu vá, dona Joana, a senhora orará a Ele e pedirá suas bênçãos a mim.

Agradeço aqui aos meus pais, Joana Goulart Felipe e Ademir Mota, por toda a dedicação e anos de afinco doados à minha educação, que com toda certeza foram de grande valia em minha vida e em meu caminho estudantil. Em especial, mãe, obrigado por seus imensuráveis esforços e todo o amor dado a mim em cada pequeno detalhe. Também a minha madrinha e segunda mãe, dona Inês Marcelo, agradeço imensuravelmente por toda a motivação e exemplo passado a mim, para sempre dar o meu melhor e nunca desistir de alcançar meus objetivos. Obrigado por ser parte de tudo que vim construindo até aqui, como uma verdadeira mãe.

Gostaria de agradecer aos meus amigos, os membros do famigerado “Grupo da Missa”, e também a todos demais que me ajudam e me motivam de alguma forma. Em especial, agradeço aos amigos Alison Fernando, André Koch, David Machado, Eduardo Michels, Gabriel Silvestri, João Loffi e Saulo Wensing, que acompanharam um pouco da minha conturbada rotina nesses últimos meses e não mediram esforços para me por nos eixos independentemente de como eu estava. Obrigado por me animarem e estimularem sempre que possível. Também agradeço abundantemente a essas maravilhosas mulheres, Gabriela Westphal, Laura Dürr, Rafaela De Pieri e Vitória Antunes, por sempre estarem por perto nos momentos bons e ruins, que, do jeito especial de cada uma, sempre me fizeram seguir em frente e acreditar em mim.

Agradeço a minha chefe, Juliana Loffi, pela oportunidade de trabalhar com arquitetura desde o meu primeiro semestre de faculdade, seus ensinamentos, exigências e puxões de orelha com certeza nortearam meu caminho no curso e potencializaram meu crescimento.

Também agradeço aos professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNISUL, em especial aos amigos Vladimir e Matilde. Sem os ensinamentos de cada um de vocês, eu nunca chegaria até aqui.

Por último e mais que especial, agradeço meu orientador, Ramon Lima de Carvalho, por exatamente tudo ligado a este trabalho, além do vínculo criado durante este processo. Este começou sendo um grande mentor e professor e com o decorrer desse último semestre passou a ser um valioso amigo, sabendo lidar com minha personalidade e sempre se mostrou pronto a me guiar para superar todas as dificuldades encontradas.

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Resumo

Este trabalho tem a finalidade de embasar o futuro anteprojeto de um hospital referência em pneumologia no município de Tubarão – SC. Através de uma análise sobre o quadro de saúde na região da AMUREL, percebeu-se uma demanda alta de problemas de saúde no trato respiratório. Também existe a possibilidade de auxiliar o número de leitos no município e na região. Considerando esse quadro, a proposta visa dar suporte à saúde pública e privada do município, sendo referência na área de pneumologia e podendo ser alcançado por pacientes de dentro e fora do estado e auxiliar o atendimento de saúde público e privado do município e da região. Assim, foram feitas mais análises pertinentes ao desenvolvimento do anteprojeto, estes sendo os referenciais teóricos, os referenciais projetuais, a análise completa do terreno escolhido para o projeto e o partido arquitetônico. Os referenciais teóricos têm a finalidade de embasar o conteúdo didático e abordar temas quanto a arquitetura hospitalar e sua relação direta com a saúde dos pacientes. Os referenciais projetuais foram escolhidos de forma a suprir diferentes aspectos da arquitetura hospitalar e também a especialidade da futura proposta. A análise da área engloba os aspectos necessários para se compreender o terreno e a área escolhida, permitindo dar-se continuidade ao desenvolvimento do partido.

Palavras chave: Humanização. Arquitetura Hospitalar. Pneumologia.

Abstract

This work has the purpose of supporting the future project of a reference hospital in pulmonology in the municipality of Tubarão - SC. Through an analysis of the health framework in the AMUREL region, there was a high demand for health problems. Also, there is the possibility of suport the number of beds in the municipality and in the region. Considering this framework, the proposal aims to support the public and private health of the municipality, being a reference in the area of pneumology and can be reached by patients from inside and outside the state and help the public and private health care of the municipality and the region. Thus, more analysis was made pertinent to the development of the preliminary project, these being the theoretical references, the project references, the complete analysis of the terrain chosen for the project and the architectural schematic design. Theoretical references have the purpose to base the didactic content and to approach themes regarding the hospital architecture and its direct relation with the health of the patients. The design references were chosen in order to supply different aspects of the hospital ar chitecture and also the specialty of the future proposal. The analysis of the area includes the necessary aspects to understand the terrain and the chosen area, allowing continuity to the development of the schematic design.

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Sumário

1 Introdução ... ... ... 8 1.1 Apresentação do Tema ... ... 8 1.2 Problemática e Justificativa ... ... 9 1.3 Objetivos ... ... ... 11 1.3.1 Objetivos Gerais ... ... 11 1.3.2 Objetivos Específicos ... ... 11 1.4 Metodologia ... ... .... 12 2 Referenciais Teóricos ... ... 13

2.1 Arquitetura contra Infecção ... ... 13

2.2 Humanização Hospitalar ... ... 15

2.3 Fluxos e Circulações em Ambientes de Saúde ... 17

3 Referenciais Projetuais ... ... 20

3.1 Hospital of Sant Joan Despi Doctor Moises Broggi ... 20

3.1.1 Ficha Técnica ... ... 20

3.1.2 Elementos Físico-Funcionais ... ... 21

3.1.3 Relações ... ... ... 25

3.1.4 Ordem de ideias ... ... 27

3.1.5 Partido ... ... ... 28

3.1.6 Porquê da escolha? O que pretende usar? ... 28

3.2 Centro Médico MEDVIE ... ... 28

3.2.1 Ficha Técnica ... ... 29

3.2.2 Elementos Físico- Funcionais ... ... 29

3.2.3 Relações ... ... ... 33

3.2.4 Ordem de ideias ... ... 35

3.2.5 Partido ... ... ... 36

3.2.6 Porquê da escolha? O que pretende usar? ... 36

4 Estudo de Caso – Hospital Nereu Ramos ... 37

4.1 Hospital Nereu Ramos – Florianópolis - SC ... 37

4.1.1 Ficha Técnica ... ... 37

4.1.2 Elementos Físico-Funcionais ... ... 37

4.1.3 Relações ... ... ... 40

4.1.4 Ordem de ideias ... ... 42

4.1.5 Partido ... ... ... 43

4.1.6 Porquê da escolha? O que pretende usar? ... 43

4.1.7 Análise da visita ... ... 43 5 Análise da área ... ... ... 44 5.1 Análise geográfica ... ... 44 5.1.1 O terreno e o município ... ... 44 5.1.2 Localização e topografia ... ... 45 5.1.3 Aspectos bioclimáticos ... ... 46 5.2 Análise histórica ... ... 46

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5.2.2 Quanto a arquitetura hospitalar da cidade ... 47

5.3 Análise físico-funcional ... ... 49

5.3.1 Legislação urbana da área ... ... 49

5.3.2 Usos do solo ... ... 50

5.3.3 Gabaritos ... ... ... 50

5.3.4 Análise do sistema viário para pedestres e veículos .... 51

5.3.5 Infraestrutura Urbana ... ... 52

5.3.6 Equipamentos Urbanos quanto a saúde ... 52

5.4 Aspectos arquitetônicos, urbanísticos e paisagísticos. .... 53

5.4.1 Espaços públicos e privados ... ... 53

5.4.2 Cheios e vazios ... ... 54

5.4.3 Parâmetros arquitetônicos do entorno ... 54

5.4.4 Tendências de desenvolvimento e planos governamentais para a área ... ... ... 55

5.5 Síntese da análise ... ... 55

6 Partido Arquitetônico ... ... 55

6.1 Conceito ... ... ... 56

6.2 Intenções de projeto ... ... 56

6.3 Programa de necessidades com pré-dimensionamento .. 57

6.4 Fluxograma Geral ... ... 57

6.5 Zoneamento Funcional e sua Evolução ... 58

6.5.1 Zoneamento Base para Proposta ... . 58

6.5.2 Estudo de Volumetria do Zoneamento e Definição dos Sistemas Construtivos ... ... 58

6.6 Proposta de Partido ... ... 59

6.6.1 Volumetria Geral Setorizada ... ... 60

6.6.2 Aplicação do Conceito ... ... 60

6.6.3 Aplicação dos Referenciais Projetuais ... 60

6.6.4 Materialidade ... ... 61

6.6.5 Croquis e Fachadas ... ... 61

6.6.6 Uso da Iluminação Natural ... ... 61

7 Considerações Finais ... ... 62

8 Referências ... ... ... 62

9 Apêndices ... ... ... 66

9.1 Pré-dimensionamento e Programa de Necessidades Específicos ... ... ... 66

(9)

INTRODUÇÃO

1

Introdução

Este capítulo mostrará as informações necessárias para o desenvolvimento completo do trabalho, seu tema, problemática, objetivos e metodologia.

1.1 Apresentação do Tema

Como pessoas, possuímos características únicas, sentimentos indescritíveis e vontade própria. Somos biologicamente prontos para nos adaptarmos no seu devido tempo ao ambiente em que vivemos e assim desfrutarmos de uma dádiva indescritível, a vida. Com o decorrer do tempo nossas vidas passam e justamente por sermos seres biológicos vivos nos deparamos com inúmeras situações em que nossas vidas correm perigo eminente de se esgotarem. Prontamente em ocasiões de risco a busca pela cura se mostra implacável e imediata.

Possuímos hoje sistemas de saúde supostamente prontos a todo momento para nos atender independentemente da situação crítica em que nossas vidas estejam ameaçadas. Em nosso país assim como em grande parte dos demais, o hospital é a principal busca e forma viável de se procurar a cura da atualidade. Estes estabelecimentos podem ser definidos como:

É parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive domiciliar, constituindo-se também em centros de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente. (Ministério da Saúde, 1977. Pág.9)

Vivemos em uma época de informações rápidas e práticas, vemos desenvolvimento e evolução em diversas áreas tecnológicas e cientificas praticamente todos os dias. O que é novo hoje pode se tornar obsoleto amanhã. Tal evolução é acompanhada também pela construção civil e pela medicina, concluindo-se que os hospitais acompanham essa evolução, concorda-se com Miquelin quanto:

... as construções hospitalares têm se tornado cada vez mais complexas, incorporando tecnologias numa velocidade diretamente proporcional aos recursos e nível de desenvolvimento das sociedades que as têm gerado ( MIQUELIN 1992, p.27).

Considerando a citação no ano de 1992, podemos afirmar que atualmente esse crescimento se mostra ainda mais vigente e acelerado. Hospitais e as demais instalações de saúde no Brasil possuem uma defasagem quanto a questão projetual e administrativa. A evolução dos sistemas construtivos e principalmente da medicina proporciona um desenvolvimento considerável para ser suprido pelos atuais

(10)

INTRODUÇÃO

estabelecimentos de assistência à saúde, principalmente em nosso

país.

A região da Amurel é composta por 18 municípios e mais de 400 mil habitantes (IBGE 2014), onde em muitos dos casos, um município recorre ao vizinho em questão de assistência médica. Tal procura se mostra presente devido à pouca demanda de pacientes em sua respectiva comunidade, como é o caso, por exemplo, dos municípios de Armazém, Capivari de Baixo, Pescaria Brava e outros da região que não possuem hospitais em sua própria cidade.

Além dessa lacuna necessitar ser preenchida na região em que vivemos, possuímos em todo território nacional uma grande taxa de óbitos e principalmente de entrada em sistemas de saúde decorrente de problemas respiratórios, o que é ainda mais agravante na região da Amurel. Em prol das usinas e minas ao redor de nossa cidade, sem contar os fatores de normais agravantes a problemas respiratórios, possuímos na cidade de Tubarão e também em seus municípios vizinhos, uma taxa acima do normal para esse aspecto.

Este trabalho visa embasar e iniciar a futura elaboração de um anteprojeto arquitetônico sobre um hospital referência em pneumologia no município de Tubarão, afim de propor qualidade projetual, visual e principalmente de atendimento, além de se adequar ao crescimento populacional, médico, científico e construtivo que se mostra vigente.

A ideia surgiu pela própria necessidade do aluno ao recorrer a sistemas de saúde na cidade e perceber a potencialidade para criar um estabelecimento que atendesse a região e servisse de exemplo de funcionalidade e crescimento às demais instalações.

1.2 Problemática e Justificativa

Tubarão hoje possui um alto índice de crescimento populacional (segundo o IBGE em 2007 com 92.569 habitantes e em 2015 com 102.883, e população estimada de 104.457 em 2017) e geralmente é suprido por estabelecimentos particulares quanto a saúde. Segundo o Ministério da Saúde (2014) dos 91 estabelecimentos de saúde no município, 63 são particulares e somente dois possuem internação, sendo que desses dois, apenas um desses estabelecimentos interna via SUS.

O SUS (Sistema Único de Saúde) é o sistema público de saúde brasileiro, este por sua vez é exemplo e referência em muitos outros países por ser um sistema público gratuito e operante capaz de dar suporte a todos os cidadãos brasileiros. Os recursos para o funcionamento deste são providos pelo município, pelo Estado, Distrito Federal e outros, como descrito no artigo 198 da Constituição Federal.

O funcionamento deste por sua vez, depende de uma malha de atendimento que engloba desde postos de saúde até hospitais. Em

(11)

INTRODUÇÃO

muitos dos casos, um atendimento básico realizado em um hospital

poderia ser feito de forma eficiente em um posto de saúde ou UPA (Unidade de Pronto Atendimento), por exemplo. O mal funcionamento e principalmente preconceito com o sistema acaba acarretando em diversos problemas em toda malha de atendimento público, isto derivado de anos de má prática de atendimento.

O SUS realiza desde o simples atendimento ambulatorial até transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. O único problema se dá realmente pela má administração e uso incorreto desta pirâmide de atendimentos. Em Tubarão a situação não é diferente, o Hospital Nossa Senhora da Conceição realiza atendimentos a pessoas de toda a região, muitas vezes sendo a única opção de internação viável para alguns pacientes. Em Tubarão, considerando os 250 leitos SUS e 168 leitos não SUS, possuímos com os 418 leitos uma taxa de aproximadamente 4 leitos por mil habitantes, o que se mostra superior a muitas cidades da região e ideal quanto a OMS (Organização Mundial da Saúde) que é de 3 a 5 leitos por mil habitantes e segundo o Ministério da Saúde é de 3,2 na região Sul (DataSUS 1999). Porém, considerando municípios vizinhos como Capivari de Baixo e Pescaria Brava, que não possuem nenhum estabelecimento de saúde que interne, principalmente via SUS, ainda que comparado ao município de Laguna com um

estabelecimento de internação, a necessidade de leitos se mostra vigente.

Além de considerar as informações acima, também nos deparamos com as taxas de morbidade local, o que segundo o Ministério da Saúde, em 2014 o município de Tubarão atingiu uma taxa de 19% dos óbitos relacionados a problemas respiratórios. Uma taxa elevada que supera os índices de morbidade por neoplasias e pelo sistema cardíaco, ficando atrás somente das doenças infecciosas, com uma taxa de 20%.

O que preocupa também são as taxas dos munícipios vizinhos, onde nenhuma se mostra inferior a 20% e no caso de Capivari de Baixo é ainda mais agravante com seus 24,8% de óbitos por problemas respiratórios em 2014.

Por mais que o país possua um sistema de saúde teoricamente superior aos demais, quando administrado e projetado de forma inadequada gera problemas em todo o sistema público de saúde. Os sistemas de saúde americano e argentino por exemplo, possuem muitas medidas de atendimento público de saúde, porém nenhum se mostra 100% gratuito e disponível para todos os seus cidadãos como o SUS.

A Própria ONU referencia o sistema brasileiro como um dos melhores do mundo em seu livro “Arctectura para Salud en América Latina”, dizendo:

(12)

INTRODUÇÃO

O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, sendo considerado modelo para muitos outros países. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2012, o sistema universal de saúde brasileiro é um exemplo de acesso público à saúde e uma importante contribuição a ser replicada em outros contextos.1 (UNOPS - Arctectura para Salud en América Latina 2017. Pág. 127)

Assim, pela má gestão do sistema, os hospitais públicos no Brasil são considerados ineficientes por possuírem filas extensas e não suprir a demanda recebida, o que gera a procura das pessoas por estabelecimentos privados, ou o que é pior e ainda mais frequente, gera o agravamento do problema de saúde do paciente.

Visando dar suporte ao SUS, mas também melhorar o quadro da região quanto às altas taxas de morbidade, principalmente por problemas respiratórios, este trabalho visa auxiliar o desenvolvimento do anteprojeto de um hospital referência em pneumologia, com os objetivos descritos a seguir.

1.3 Objetivos

Considerando as informações encontradas e para atingir o nível desejado neste trabalho, foram traçados os seguintes objetivos:

1 Texto Original: The Brazilian Unified Health Care System (SUS) is one of the biggest public health care systems of the world, having been considered a model for many other countries. According to the World Health Organization, in

1.3.1 Objetivos Gerais

Usar este trabalho como base teórica e projetual para a elaboração de um partido arquitetônico de um hospital referência em pneumologia, que, além de auxiliar os demais estabelecimentos de saúde do município de Tubarão e da região, servirá como exemplo de funcionalidade e qualidade de atendimento para estabelecimentos públicos e privados.

1.3.2 Objetivos Específicos

· Realizar pesquisa e análise de dados para o embasamento teórico deste trabalho.

· Encontrar e dissertar a respeito de referenciais teóricos que ajudem no desenvolvimento futuro do partido.

· Encontrar e analisar referenciais projetuais que possam ser usados direta e indiretamente no desenvolvimento do partido e do futuro anteprojeto.

· Realizar um estudo de caso em um estabelecimento de saúde de modo a conhecer na prática o funcionamento do mesmo e

2012, the Brazilian universal health care system is an example of public access to health care and an important contribution to be replicated in other contexts.

(13)

INTRODUÇÃO

analisar e criticar sua concepção quanto aos parâmetros

projetuais e funcionais.

· Criar um partido arquitetônico de forma a iniciar o desenvolvimento projetual de um hospital referência em pneumologia, este com os objetivos de:

o Ser referência quanto a atendimento, diagnóstico e tratamento de doenças, principalmente as respiratórias. o Auxiliar o município e a região quanto a atendimento de

saúde público e privado.

o Ser referência quanto a funcionalidade e qualidade no atendimento de saúde.

o Propor aos pacientes um ambiente humanizado e confortável durante todo o processo de atendimento ou visita hospitalar.

o Propor aos funcionários um ambiente de trabalho digno e realizador.

o Atingir um nível arquitetônico exemplar quanto a estabelecimentos de saúde.

· Desenvolver o anteprojeto arquitetônico, futuramente no TFG II, como forma de continuidade deste trabalho e uso pertinente das informações aqui analisadas.

1.4 Metodologia

Análise teórica, analítica e legislativa:

Ler, revisar e entender sobre as normas vigentes quanto a estabelecimentos de saúde, em especial quanto a hospitais. Analisar os índices do ministério da saúde para checar a demanda e assim propor o norteamento da especialidade do hospital. Analisar referenciais teóricos para melhor embasamento e desenvolvimento projetual, através de artigos, monografias, teses e livros.

Análise de referenciais projetuais e elaboração de estudo de caso:

Encontrar e analisar referenciais projetuais arquitetônicos com pontos positivos que possam ajudar no desenvolvimento do anteprojeto arquitetônico, este futuramente proposto. Também um estudo de caso, onde haverá a análise de um estabelecimento que auxilie o entendimento do aluno quanto ao tema e auxilie no desenvolvimento do trabalho, além do contato direto com estabelecimentos de saúde.

Análise e levantamento da área:

Escolher um terreno que atenda o tamanho, a necessidade e a demanda estabelecida, além da análise total do terreno, seu entorno, acessos, história, clima, fluxos, vias, infraestrutura e demais características que viabilizem o uso do mesmo para a elaboração do anteprojeto.

(14)

INTRODUÇÃO / REFERENCIAIS

TEÓRICOS

Elaboração de partido geral:

Elaborar conceito e diretrizes projetuais para a elaboração de partido arquitetônico com estudos de implantação, setorização, volumetria, acessos e fluxos, utilizando organogramas, croquis e textos.

Elaboração de Anteprojeto Arquitetônico:

Utilizando todas as informações e desenvolvimento anterior, bem auxiliado, será desenvolvido o anteprojeto arquitetônico que representará a proposta completa, contendo todas as informações necessárias para se compreender o projeto proposto.

2

Referenciais Teóricos

Após os dados vistos anteriormente, este capítulo trará referenciais teóricos inerentes ao tema, assim será analisado e criticado os temas de arquitetura contra infecção, humanização hospitalar e fluxos e circulações em ambientes de saúde.

2.1 Arquitetura contra Infecção

Durante todo o processo de graduação em arquitetura, aprendemos que ela está completamente ligada a saúde das pessoas que utilizam os espaços que projetamos, de forma direta e indireta. Com a arquitetura hospitalar a situação se agrava, pois os ambientes

projetados podem contribuir ou não com a cura dos pacientes que ali repousam e inclusive prejudicar visitantes.

Em 1859 a enfermeira Florence Nightingale disse: “Embora pareça estranho, é importante estabelecer que a primeira condição para o funcionamento de um hospital é que ele não cause nenhum mal ao paciente. ” (NIGHTINGALE, apud MIQUELIN, 1992, p.27). Atualmente, analisando o longo processo histórico da arquitetura hospitalar, temos abrangência suficiente para tratar pacientes de forma a respeitar essa afirmação, curar o paciente sem o causar mal algum.

Vendo este contexto, percebemos o poder da arquitetura na cura, além de analisar os principais critérios que agravam a saúde humana. As infecções de forma geral se mostram como um dos principais agravantes contra a saúde, onde segundo Suraana e Kasper (2017) “As doenças infecciosas permanecem como a segunda causa principal de morte no mundo”. Assim confirmado, a arquitetura deve combater as infecções no seu possível âmbito.

Infecções nosocomiais ou infecções hospitalares podem ser entendidas como:

Infecção Hospitalar é qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. (Ministério da Saúde, apud FIORENTINI (Portaria no 930 de 27 de agosto de 1992, Anexo II).

(15)

REFERENCIAIS

TEÓRICOS

Considerando o espaço hospitalar de forma a receber, tratar, diagnosticar e no caso deste trabalho também abrigar pacientes, a prevenção de infecções deve ser uma das principais preocupações da segurança vital dos pacientes.

Infecções tem um poder de reprodução tremendo através de seus agentes patogênicos, é essa reprodução que causa as inflamações e transmissão para pessoas, ambientes e objetos. Segundo Dantas, podemos afirmar que:

Os contaminantes biológicos ou bioaerossóis, como fungos, bactérias, algas, ácaros, amebas utilizam-se de matéria particulada (pólen, fragmentos de insetos, escamas de pele humana e pelos) como substrato, onde se multiplicam, dobrando a população a cada 20 segundos, pois dependem do parasitismo celular para reprodução. Surtos de Infecção Hospitalar - IH podem estar associados à contaminação de filtros de ar condicionado por estes bioaerossóis. (DANTAS, 1998 apud AFONSO et al 2004, pág. 2).

Além a afirmação acima descrita, também vemos de modo claro que a transmissão de germes deve ser contida para evitar infecções hospitalares, assim se mostra vigente a necessidade de classificar os meios de transmissão, que são descritos por Fiorentini como:

Etapa importante na prevenção e controle de Infecção Hospitalar (IH) foi distinguir quatro mecanismos de transmissão: contato (direto, indireto, gotículas oro-nasais), veículos comuns (mãos, objetos contaminados e fômites), mecanismos aéreos (núcleos de gotículas e poeiras

contaminadas) e vetor (artrópodos). (FIORENTINI 1995, Pág. 19.)

No caso das pessoas, um dos receptores desses patógenos é o sistema respiratório, onde a função pulmonar de filtrar o ar que respiramos é capaz de impedir que inúmeras impurezas adentrem ao corpo. Porém, por essa questão, todo o sistema respiratório está exposto a infecções, assim, patógenos resistentes e específicos podem atacar essa região onde ali são facilmente multiplicados.

Segundo ambas as citações acima, vemos que o ar pode ser facilmente contaminado por agentes patogênicos de diversas formas, assim, gotículas, poeira e outros fômites podem facilmente chegar ao sistema respiratório. Essa contaminação pode ser evitada de forma lógica, onde Afonso mostra “Taxas de renovação de ar 100% externo com exaustão total parecem produzir ambientes com menores índices de infecção hospitalar. “ (SIQUEIRA & DANTAS, 1999 apud AFONSO

et al 2004, pág. 4.)

Esta afirmação além da sua ligação com a assepsia mostra a dependência de estabelecimentos de saúde com sistemas de ar condicionado. Este mecanismo se mostra indispensável para o planejamento hospitalar e não deve jamais ser subestimado. Em muitos dos casos, o uso do ar condicionado em ambientes de saúde vai além de conforto. É ele que aplica os sistemas de pressão positiva e negativa, imprescindível na proteção de pacientes imunocomprometidos do meio externo e também protege os visitantes, funcionários e outros pacientes

(16)

REFERENCIAIS

TEÓRICOS

de possíveis contaminações específicas que podem ser isoladas através do controle por pressão.

Outros casos específicos também podem ser acrescentados quanto ao bom uso do ar condicionado, como Boing explica:

No entanto, em determinadas áreas do hospital o ar condicionado é um equipamento essencial, proporcionando o conforto térmico aos ambientes onde não é possível atingir os níveis ideais de temperatura exigidos pelo Ministério da Saúde apenas através das condições naturais. Em algumas unidades, o ar condicionado é utilizado não somente por aspectos de conforto ambiental, mas também técnicos e terapêuticos – por exemplo, “uma unidade de tratamento de queimados requer temperatura constante de 32º C e 95% de umidade relativa do ar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1995) ” (BOING 2003, pág. 88.)

Assim exibidos as potencialidades desse sistema, deve-se prestar atenção a sua manutenção e desempenho de modo a garantir a saúde das pessoas que utilizam o mesmo. Por mais que um sistema completo de exaustão possa renovar o ar dos ambientes internos, é indispensável assegurar que o uso do ar condicionado em um hospital é tão importante quanto o de ventilação natural. Este é completamente inerente para estabelecimentos de saúde por questões assépticas, de humanização e conforto.

2.2 Humanização Hospitalar

Podemos dizer que o fator cura de um paciente é constantemente variável, além do tratamento completo e eficaz, outros meios de cura podem ser acrescentados no processo, por exemplo, a forma como uma pessoa encara uma doença ou situação de risco pode acarretar numa melhora mais rápida ou mais lenta. Descrevendo assim, um fator psicológico tem um poder significativo na melhora do quadro de saúde de um paciente.

Como afirmam grandes nomes da psicologia como Bock e Skinner, através da ciência do comportamento humano, inconscientemente, o ser humano é moldado por inúmeros fatores a sua volta, pessoas, ambiente, clima, geografia, religião e outros, são alguns dos exemplos que impactam diretamente a vida de todos nós, além de outros fatores fixos, como por exemplo a hereditariedade.

Da mesma forma que um ambiente impróprio pode prejudicar ou atrasar a melhoria de um quadro clínico, um ambiente confortável, com aspectos de vida, contato com o meio externo, vegetações, pessoas, cores e profissionais que ajudem o desempenho psicológico positivo dos pacientes, pode melhorar um quadro clínico de forma eficaz. Segundo o Washinton Post (2017), Roger Ulrich nos anos 80 comprovou que pacientes com vistas e contato com a natureza tinham

(17)

REFERENCIAIS

TEÓRICOS

menos estresse e se recuperavam mais rápido que pacientes isolados do meio externo.

Segundo o historiador e filósofo Michel Foucault, quanto a evolução do edifício hospitalar e fatores de humanização, afirma:

A arquitetura do hospital deve ser fator e instrumento de cura. O hospital−exclusão, onde se rejeitam os doentes para a morte, não deve mais existir. A arquitetura hospitalar é um instrumento de cura de mesmo estatuto que um regime alimentar, um a sangria ou um gesto médico. (FOUCAULT 1979, pág. 109.)

A arquitetura vista aqui vai além de cumprir sua função social, quando bem realizada tem seu critério de ambiência visto como fator de melhoria a quadros clínicos.

Esse mesmo critério é visto no “Documento Base para Gestores e Trabalhadores do SUS” (Ministério da Saúde, 2006) classificando a ambiência em ambientes hospitalares como:

Ambiente físico, social, profissional e de relações interpessoais que deve estar relacionado a um projeto de saúde (confira-se: Projeto de saúde) voltado para a atenção acolhedora, resolutiva e humana. Nos serviços de saúde, a ambiência é marcada tanto pelas tecnologias médicas ali presentes quanto por outros componentes estéticos ou sensíveis apreendidos pelo olhar, olfato, audição, por exemplo, a luminosidade e os ruídos do ambiente, a temperatura, etc. Muito importante na ambiência é o componente afetivo expresso na forma do acolhimento, da atenção dispensada ao usuário, da interação entre os trabalhadores e gestores.

Devem-se destacar também os componentes culturais e regionais que determinam os valores do ambiente. (Ministério da Saúde, 2006, pág. 35.)

A ambiência em si engloba os fatores de direto impacto no paciente, que se mostram abrangentes em quantidade e diversidade. O jeito que um profissional trata um paciente, de forma a não deixar sentimento de pena, ou repudia, impacta diretamente na melhora do paciente, assim como outros aspectos sociais, físicos e visuais em todo o estabelecimento, da recepção até os mais específicos processos. As cores dos ambientes, o cheiro dos espaços, o contato com a natureza, esse mesmo que em alguns casos específicos somente visual, por uma abertura ou janela, já são aspectos vivos que tiram o ar hermético dos ambientes hospitalares.

Concordando com esse argumento e ainda falando do desenvolvimento hospitalar a arquiteta Vania Paiva Martins afirma:

...o hospital do futuro, além da viabilidade econômico-financeira, deve atender aos requisitos de: expansibilidade, flexibilidade, segurança, eficiência e, sobretudo, humanização. Nesse ponto, o conforto ambiental aparece como forte aliado nos processos de cura de pacientes. (MARTINS, 2004, Pág. 01)

Neste contexto Luiz Carlos Toledo expõe e concorda com Roslyn Lindheim quanto a evidente potencialidade da arquitetura como processo de cura, como uma resolução da autoestima dos pacientes em relação ao ambiente em que são inseridos. Sem contar que esse parâmetro também beneficia a saúde e desempenho dos funcionários.

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REFERENCIAIS

TEÓRICOS

A humanização em si se mostra tão abrangente e qualitativa quanto o próprio projeto hospitalar, seus aspectos de iluminação, cor, treinamento profissional, conforto ambiental e higrotérmico, uso de vegetação, contato com o meio externo através de jardins, terraços ou até mesmo visuais por aberturas, possuem ainda mais aspectos específicos quando vistos individualmente.

A cor por exemplo, possui um número de estudos considerável para com o impacto no comportamento humano, onde segundo Martins (2004) a cor pode aumentar ou diminuir a percepção de espaços, além de mudar aspectos higrotérmicos e inclusive evitar o cansaço da retina. Outro exemplo de humanização, especialmente em ambientes de saúde, se dá pela iluminação, tanto artificial como natural. Indispensável para a saúde, mas principalmente para o funcionamento dos ambientes internos a iluminação também tem poder de influenciar as pessoas e o ritmo de cura delas.

Segundo o arquiteto e professor Fábio Bitencourt, concorda-se com os aspectos de humanização para com o ambiente hospitalar quanto:

O desenho do espaço, os elementos funcionais e estéticos, a adequada utilização da iluminação natural e artificial, o uso das cores e, naturalmente, os aspectos vinculados ao conforto ambiental, assumem um papel fundamental na aproximação entre a atividade e o resultado. Esta abordagem assume relevância significativa quando se observa a

sua importância no acolhimento proposto pelos programas de humanização dos ambientes de saúde. Seja esse serviço de caráter público ou privado. (BITENCOURT, 2006. Pág. 02)

Segundo Boing (2003) a humanização atinge tanto aspectos de conforto ambiental quanto aspectos físico-funcionais, e se monstra útil e inseparável para o bom desempenho destes. Assim visto, a humanização possui direta influência no desempenho hospitalar e na melhora de quadros clínicos, essa se mostra imprescindível para os ambientes de saúde sendo considerada um fator decisivo na qualidade hospitalar.

2.3 Fluxos e Circulações em Ambientes de Saúde

O quadro atual da arquitetura hospitalar é considerado como complexo, em prol do longo programa de necessidades, crescimento acelerado da área médica e construtiva, normativas e especialmente o cuidado à saúde. Nesse quesito, o processo projetual de hospitais é árduo e sem um modelo de qualidade especificamente definido.

No decorrer do processo projetual, a escolha de uma anatomia vigente ao projeto, seja esta vertical ou horizontal, é claramente necessária. Tanto no decorrer histórico da arquitetura hospitalar quanto na atualidade, não há definição de anatomia superior, além de não existir um único quesito que resulte num bom projeto hospitalar.

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REFERENCIAIS

TEÓRICOS

Porém, segundo Boing, referente ao atual quadro da arquitetura hospitalar, confere-se:

...atualmente, a arquitetura e o planejamento hospitalar vivenciam um período de diversidade de anatomias, onde não é possível identificar um único modelo capaz de responder com eficiência a todas as necessidades expostas pelo recente cenário da saúde. Entretanto, embora nenhuma certeza aponte para uma anatomia única ou ideal, pode-se definir um conjunto de critérios que resumem as principais exigências introduzidas ao longo da história e principalmente nas últimas décadas, e que devem ser consideradas, e se possível contempladas, no projeto de qualquer edifício da saúde nos dias de hoje, independente do tamanho, especialidade ou anatomia do mesmo. (BOING, 2003. Pág. 86.)

Para um projeto hospitalar funcionar de forma adequada, além de sustentável e humanizado, o processo de análise de conforto ambiental e estudos dos fatores físico-funcionais, estão diretamente ligados a funcionalidade e qualidade do projeto.

Os fatores chamados de físico-funcionais, são descritos por Boing como:

...os fatores físico-funcionais compreendem todos os conceitos relacionados ao espaço físico e ao funcionamento do hospital, ou seja, às características de projeto que determinam a configuração espacial do edifício hospitalar e que interferem no desempenho de suas funções e das atividades. Assim, os fatores físico-funcionais compreendem setorização, flexibilidade, possibilidade de expansão e circulação. (BOING, 2003, pág. 90.)

Dentro desses fatores, alguns se mostram ajustáveis durante a metodologia de projeto do arquiteto. Por exemplo, a questão de flexibilidade e expansão, mesmo dependentes do terreno e anatomia aderida, possuem soluções como paredes leves, modulações estruturais e até mesmo criação de novos blocos (previstos ou não no projeto) para a sua aplicação. Porém, outros fatores não são tão maleáveis como estes, as circulações, fluxos e setorização tem sua ligação vista de forma específica e direta entre si, além de estarem especialmente relacionadas a anatomia do projeto.

Toledo também cita a setorização como uma das principais etapas de projeto dos edifícios hospitalares, esta por direcionar as circulações e se adequar a anatomia do edifício. Sua ligação com os fluxos é valorizada pelo arquiteto dizendo:

Certamente existem outros fatores a serem considerados no projeto de setorização, entre eles as características climáticas (orientação da edificação em relação a insolação e aos ventos dominantes), a topografia, a drenagem, as características do terreno, a hierarquia do sistema viário em torno do mesmo, assim como o tipo e a intensidade de ocupação das áreas vizinhas.

Nenhum destes fatores, entretanto é, a nosso ver, tão determinante para a distribuição espacial das unidades funcionais, como os tipos de fluxos que entre elas ocorrem. (TOLEDO, DATA, pág. 4.)

A setorização se mostra como o elemento direcionador para os demais fatores do projeto, a partir dela, após analisados os fluxos, as

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REFERENCIAIS

TEÓRICOS

circulações são os elementos que, junto com os fluxos, ligam os diferentes setores.

Considerando que o tipo específico da anatomia aderido ao projeto, direcionará o tipo de circulação predominante a ser implementada, concorda-se com Boing em:

... a circulação é um fator que não apresenta esta flexibilidade, por ser um elemento resultante da anatomia. Assim, a circulação é, entre todos os aspectos relacionados ao projeto, o único elemento inerente à configuração espacial do edifício e, portanto, intimamente vinculado à anatomia. (BOING 2003, pág. 97.)

Dentre os muitos aspectos físico-funcionais que abrangem os ambientes de saúde, sem sombra de dúvidas os fluxos e circulações se mostram como norteadores para o bom desempenho do projeto e funcionalidade do mesmo. Além da sua ligação com a área útil do projeto, resultante no custo final deste, os fluxos e circulações são quesitos que mostram claramente a qualidade projetual do edifício hospitalar, defendido por Andrade:

Um dos mais difíceis problemas a serem resolvidos ao se projetar um hospital. Da perfeita solução do sistema de diferentes circulações dependerá o eficiente funcionamento do mesmo e sua integração total ao fim a que se destina. Um bom projeto de hospital se prende, portanto, em alta escala, às soluções dadas às circulações. (ANDRADE, 1961, pág. 31 apud BOING, 2003, pág. 99.)

Concorda-se com o arquiteto Luiz Carlos Toledo, quanto a metodologia e análise dos fluxos hospitalares, onde são analisadas as diferentes unidades funcionais e posteriormente os tipos de fluxos que constituem e ligam estas unidades. No caso de um hospital geral, por exemplo, possui-se as seguintes unidades funcionais: Atendimento Ambulatorial/Hospital Dia; Atendimento Imediato; Atendimento em Internação; Apoio Diagnóstico e Terapia; Apoio Técnico; Ensino e Pesquisa; Apoio Administrativo; Apoio Logístico.

Mesmo que algumas dessas unidades, façam trabalhos distintos, para o bom desempenho do hospital, todas estas são extremamente importantes e em algum ponto se conectam entre si. Cabe ao arquiteto analisar essas ligações e trabalhos e materializar essa conexão, de forma a garantir a funcionalidade e bom desempenho dos serviços.

Ainda segundo Toledo, os fluxos podem ser classificados como interfuncionais (se desenvolve e conecta unidades funcionais) e intrafuncionais (existe dentro de apenas uma unidade funcional).

Assim, enquanto os fluxos intrafuncionais são específicos e direcionados a uma só área, a ligação destes com os fluxos interfuncionais também existe. Por exemplo a esterilização de materiais, mesmo que possua uma circulação e fluxos próprios, a ligação entre expurgo e esterilização é dada por um fluxo intrafuncional,

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REFERENCIAIS

TEÓRICOS / PROJETUAIS

porém, ao levar esse material estéril à sala de cirurgia, conecta-se com os fluxos interfuncionais.

Os fluxos interfuncionais por sua vez, diferenciam os diversos tipos de usuários e o fluxo traçado, como os pacientes interno e externo, acompanhantes, funcionários, insumos, materiais/resíduos, cadáveres, visitantes e alimentação. Estes, tem a função de conectar diferentes unidades funcionais e também diferenciar alguns fluxos de modo a garantir a qualidade funcional, asséptica e de humanização do hospital, por exemplo, visitantes não devem, obviamente, cruzar com o fluxo de cadáveres.

As ligações entre os tipos de fluxos acontecem em diversas áreas dos hospitais. O cuidado constante com os fluxos se dá tanto individualmente, como com sua ligação entre si.

Conclui-se que as circulações e fluxos podem resultar em um bom projeto arquitetônico hospitalar, sendo que estes aspectos físico-funcionais, além da sua ligação com a setorização do projeto, também estão ligados entre si, com a anatomia e ao programa da edificação.

3

Referenciais Projetuais

Neste capítulo serão analisados referenciais projetuais escolhidos pelo aluno, de forma a embasar, auxiliar e complementar o desenvolvimento do futuro anteprojeto. Assim, foram analisados o

Hospital of Sant Joan Despi Doctor Moises Broggi e o MEDVIE, sendo estes um internacional e um nacional, respectivamente.

3.1 Hospital of Sant Joan Despi Doctor Moises Broggi

De forma a entender e avaliar diferentes métodos projetuais quanto a arquitetura hospitalar, a análise desse referencial internacional é focada na distribuição de um hospital geral com atendimento público e privado.

As análises aqui feitas, visam o funcionamento macro de um hospital completo, sua forma, seu funcionamento geral, além da relação de seus aspectos físico-funcionais e a anatomia horizontal utilizada.

3.1.1 Ficha Técnica

· Área: 45725,78 m2

· Projeto: Brullet-De Luna Arquitectes + Pinearq - Albert de Pineda Àlvarez (Pinearq), Manuel Brullet Tenas and Alfonso de Luna (Brullet-De Luna Arquitectes)

· Ano: 2010

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

3.1.2 Elementos Físico-Funcionais

Os elementos aqui analisados, visam a parte física do hospital, bem como os fatores relacionados a funcionalidade, sendo estes circulações, acessos, anatomia, estrutura, zoneamento e conforto ambiental, além de seus elementos construtivos e materialidade.

3.1.2.1 Acessos

O terreno amplo e um pouco irregular traz características únicas para o edifício. De modo a valorizar essas diferenças e facilitar o acesso dos funcionários e pacientes, a entrada principal se dá na parte sudoeste da implantação, sendo este o ponto mais alto. A entrada secundária, mas não menos importante, localizada na fachada nordeste é próxima a sistemas de transporte público e de frente para avenida Baix Llobregat, um importante eixo da cidade, que dá acesso ao setor de consultas externas (figura3.1).

Os acessos de emergência se localizam na parte noroeste, de modo a ter acesso fácil e direto a edificação. Já a parte administrativa pode ser acessada pela porção sudeste. Independentemente do tipo de usuário, a edificação busca valorizar os pedestres e veículos de forma semelhante, assim, os acessos se mostram simples e objetivos.

O acesso de carga e descarga e obituário, é realizado no subsolo da edificação, com as diferenças de circulações proposta, essa opção se mostra adequada e viável.

Figura 3.1 – Implantação – Análise de Acessos

Fonte: Archdaily, graficado pelo autor

3.1.2.2 Circulações

A edificação diferenciou as circulações entre pública e técnica. Algumas são exclusivas aos funcionários e pacientes internos, e outras são abertos ao público, permitindo acesso de funcionários, visitantes e

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

pacientes. Mesmo que diferenciadas estas circulações funcionam de

forma independente, mas ainda assim, conjunta (figura 3.2).

As circulações horizontais e verticais se conectam de forma adequada e bem distribuída. O posicionamento das escadas e elevadores, por exemplo, é diversificado e distribuído de forma a atender os diversos setores do hospital.

Figura 3.2 – Análise de fluxos e circulações

Fonte: Archdaily, graficado pelo autor

3.1.2.3 Volume e Massa

A forma da edificação é composta por um volume retangular principal, e se sobressaem outros volumes retangulares, distribuídos de forma semelhante e ritmada (figura 3.3) e mostra composição rica e

aberta ao exterior. Assim, a predominância horizontal, dá aspecto contínuo e se molda bem ao entorno, de forma discreta e consolidada.

Figura 3.3 – Foto da edificação.

Fonte: Archdaily.

3.1.2.4 Conforto Ambiental e Sustentabilidade

O conforto ambiental da edificação é notadamente visto pelas diversas técnicas usadas em prol deste. Além da volumetria favorecer a orientação solar da edificação, principalmente para os quartos, o uso de aberturas zenitais em diversos pontos traz conforto e humanização para todos os pavimentos, inclusive o subsolo.

Em diversos pontos do hospital, as questões assépticas, de humanização e conforto quanto a iluminação e ventilação natural, só são mantidas através da grande quantidade de aberturas zenitais existentes no projeto. Essas aberturas bem distribuídas favorecem o

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

primeiro pavimento e também o subsolo do hospital, de forma a garantir

a entrada da luz solar e a troca do ar.

O uso de brises em todas as fachadas leste expostas diretamente a grande insolação, favorece o conforto dos quartos sem prejudicar a vista para o exterior, mantendo o ar humanizado proposto pelo projeto. A distribuição das aberturas em muitos dos casos favorece a ventilação cruzada, ainda mais levando em conta as principais incidências de ventos, sul e oeste (figura 3.4).

Figura 3.4 – Análise bioclimática

Fonte: Archdaily, graficado pelo autor

Quanto a sustentabilidade, o edifício possui além das aberturas zenitais e uso das brises, o reaproveitamento das aguas pluviais e

utilização de placas fotovoltaicas na cobertura do hospital (figuras 3.5 e 3.6).

Figuras 3.5 e 3.6 – Aberturas zenitais e brises, respectivamente.

Fonte: Archdaily.

3.1.2.5 Zoneamento Funcional

De modo a maximizar os serviços e facilitar os acessos, boa parte das áreas de serviço foram locadas no subsolo, desse modo, essa área do hospital é praticamente restrita aos funcionários com exceção do atendimento ambulatorial que é acessado pela fachada norte da edificação, ficando próximo aos transportes públicos.

A distribuição dos quartos e principalmente das enfermarias é feita de modo para reduzir custos operacionais e unir os funcionários, independente do posto ou setor, dessa forma evita desgaste físico e também favorece a integração e funcionamento completo do hospital.

Apesar do edifício ser compacto para a sua abrangência, seu funcionamento não é afetado ou limitado por esse quesito. As áreas de

Vento Sul Vento

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

consultas, internação, hospital dia, ensino e pesquisa e serviços, trazem

todos os critérios necessários para o funcionamento deste hospital geral (figuras 3.7 e 3.8).

Figuras 3.7 e 3.8 – Zoneamento funcional

Fonte: Archdaily, graficado pelo autor

3.1.2.6 Estrutura e Técnicas Construtivas

A estrutura da edificação é feita exclusivamente para manter sua função, possui modulação estrutural através de uma malha de pilares em concreto armado. Não possui marcação estruturante ou elementos como pilotis e grandes vãos protendidos. Na realidade, suas marcações no geral são feitas pela rica materialidade proposta, dessa forma, as fachadas com muitos elementos envidraçados, trazem um ar ensolarado para os ambientes internos, além das aberturas zenitais.

Nas fachadas, as placas metálicas e os brises pré-fabricados se enquadram perfeitamente à materialidade dos elementos revestidos com madeira e à exposição do concreto em algumas fachadas. A própria disposição natural desses elementos é enquadrada harmonicamente com suas cores e características próprias e naturais (figuras 3.9 e 3.10).

Figuras 3.9 e 3.10 – Fachadas do hospital

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

3.1.3 Relações

Neste item, serão vistas e analisadas as diferentes relações existentes na edificação. Sua relação com o entorno e o restante da cidade, a integração dos espaços internos e externos, bem como suas hierarquias espaciais.

3.1.3.1 Relação com o entorno

A edificação está inserida numa área já consolidada e próxima a grandes eixos estruturados da cidade (figura 3.11). Dessa forma sua relação com os cheios e vazios existentes é bem avaliada, o hospital se molda bem tanto esteticamente quanto funcionalmente na área. É próximo e bem relacionado aos meios de transporte públicos, além de que seus acessos, aberturas e vistas, foram dispostos a valorizar a relação com o entorno.

Mesmo com o terreno irregular, a edificação se enquadra bem as demais edificações do entorno, tanto esteticamente quanto aos seus gabaritos. O hospital com sua anatomia horizontal, por sua vez, não é uma edificação alta, como boa parte das demais que o cercam, por pelo menos duas quadras. A estética do edifício por sua vez, mesmo que contemporânea, se enquadra no atual quadro da cidade, além de possuir uma boa relação com os edifícios vizinhos.

Em boa parte das fachadas do hospital, as aberturas e elementos em vidro trazem uma conexão direta ou visual com o entorno, potencializa as relações entre pessoas e conecta a própria edificação com as pessoas e seu entorno.

Figuras 3.11 – Imagem aérea da área.

Fonte: Google Maps, graficado pelo autor

3.1.3.2 Relação entre interior e exterior

As conexões encontradas entre o ambiente interno e externo, como falada brevemente no tópico anterior, são valorizadas pelos elementos em vidro e pelas aberturas propostas. Essas ligações também são muito valorizadas pela continuidade proposta nos corredores do hospital, o qual tem vista para o meio externo pelas aberturas dispostas em suas extremidades. Mesmo possuindo uma

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

anatomia horizontal, as pessoas que circulam pelos corredores

principais possuem uma conexão com o exterior do edifício.

Além dessa ligação de continuidade, as diversas aberturas zenitais espalhadas pela edificação trazem uma ligação com o meio externo direcionada às condições climáticas, além de tirar o aspecto atemporal de dentro dos ambientes do hospital (figuras 3.12 e 3.13).

Figuras 3.12 e 3.13 – Aberturas do hospital

Fonte: Archdaily.

3.1.3.3 Hierarquias Espaciais

Em prol do extremo cuidado com a saúde, a análise de hierarquias espaciais em ambientes hospitalares abrange predominantemente ambientes privados e semi-privados, em raros casos se encontram ambientes públicos.

Esse cuidado torna as áreas de atendimento ambulatorial, hall de entrada e consultas como semi-públicos. As áreas de atendimento e internação de pacientes, quartos de internação, enfermarias, algumas áreas médicas, diagnóstico por imagem e UTIs, por exemplo, são consideradas áreas semi-privadas. Deixando algumas áreas médicas e serviço como privado (figuras 3.14 e 3.15).

Figuras 3.14 e 3.15 – Aberturas do hospital

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

3.1.4 Ordem de ideias

Serão analisados neste tópico itens relacionados ao desenvolvimento projetual de ideias dos arquitetos, como o traçado, seus aspectos e formas, relação com simetria e as composições que caracterizaram e fizeram único este hospital.

3.1.4.1 Traçados Reguladores

Os traçados retos, tanto nas plantas quanto nas fachadas, ganham forma e ritmo de acordo com a forma com que os blocos da volumetria são dispostos. Um padrão visto é a relação dos volumes salientes com as distancias destes entre si, dando aspecto ritmado de continuidade. Esse aspecto traz uma composição alinhada em planta e fachadas, enriquecendo a harmonia visual do projeto (figura 3.17).

3.1.4.2 Simetria e Assimetria

Tanto em plantas quanto nas fachadas, observa-se muitos eixos nos quais há simetria volumétrica. Ao possuir um volume principal maior que os demais, remete aos volumes menores e mais finos, salientes na parte sudoeste da edificação, um ar contemporâneo.

Esse aspecto se dá principalmente pela simetria bilateral volumétrica existente nos pavimentos de internação, como visto na

figura 3.16 em corte e na figura 3.17 em planta. Além da simetria bilateral, pode-se perceber uma simetria translada nos volumes dos blocos de internação juntamente com o subsolo. Ambas possuindo um eixo central principal e também dois menores gerados pela volumetria.

Figuras 3.16 e 3.17 – Análise de simetria e traçado

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

3.1.5 Partido

É intensamente notado a preocupação dos arquitetos com todas as pessoas que utilizam o espaço, principalmente com os pacientes internados. Em todo o projeto se encontram critérios de humanização, com aberturas e vistas privilegiadas para zonas arborizadas e tranquilas, mesmo inserida num centro urbano. Além disso, por ser um hospital compacto e com ligações entre acessos verticais e horizontais bem distribuídos, evita desgaste dos funcionários e valoriza a integração destes.

O zoneamento e os acessos, por sua vez, valorizam ainda mais a ligação entre o edifício e as pessoas que necessitam dele. Por ser facilmente acessado por todos os meios de transporte disponíveis, além de possuir, de forma geral, fácil leitura de planta, os usuários se orientam facilmente no espaço.

O bom uso dos materiais e a valorização dos elementos naturais são elementos que caminham juntos para o conforto ambiental da edificação. A boa utilização dos níveis do terreno, juntamente com a inserção do edifício, valoriza a insolação do hospital, além de possuir elementos que controlam e aproveitam a luz natural, como já mencionada nos tópicos anteriores, de forma a proporcionar ainda mais conforto aos funcionários e principalmente os pacientes.

3.1.6 Porquê da escolha? O que pretende usar?

Por se tratar de um hospital geral, compacto e humanizado, seus aspectos arquitetônicos e construtivos trazem potencialidades a serem valorizadas no futuro anteprojeto a ser proposto. Sua relação com o entorno, acarreta no bom uso do hospital como um todo, além de ser fluído e possuir acessos que acolhem os diversos tipos de pacientes, facilita o trabalho dos funcionários e os integra entre si.

Além disso, a materialidade proposta é agradável esteticamente e faz uso funcional dos materiais propostos, fazendo do hospital um excelente marco arquitetônico.

3.2 Centro Médico MEDVIE

Neste referencial projetual nacional, o foco no atendimento privado e utilização de conceitos de integração e humanização pretendem atualizar a região sul do país com o que há de novo na arquitetura hospitalar.

Aqui as análises têm a intenção de ver o funcionamento minucioso de um centro médico que possui hospital dia, clínicas, centro cirúrgico e outras diversas áreas integradas a este complexo de saúde com anatomia vertical.

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

3.2.1 Ficha Técnica

· Projeto: Torres & Bello Arquitetos (Alberto Torres, projeto arquitetônico) – C2 Arquitetos (Cristina Mioranza, projeto de interiores) - Tellini Vontobel Arquitetura de Exterior (Evelise Tellini Vontobel, projeto de paisagismo)

· Área: 16.214 m² · Ano: 2017

· Localização: Caxias do Sul, RS.

3.2.2 Elementos Físico- Funcionais

Aqui serão analisadas as partes físicas do complexo e sua relação com o funcionamento deste, assim este subcapítulo analisará as circulações, acessos, anatomia, estrutura, zoneamento e conforto ambiental, além de seus elementos construtivos e materialidade.

3.2.2.1 Acessos

O terreno da edificação é localizado na esquina da Rua Isidoro Mary com a Rua Viscondi de Pelotas, na cidade de Caxias do Sul. Por possuir um terreno plano, a distribuição dos acessos usou os fluxos e hierarquia das vias como critério para a sua disposição.

O acesso principal para pedestres se dá na esquina, pela parte nordeste da edificação, levando os pacientes deambulantes direto ao lobby, é marcado pela volumetria existente e possui área de desembarque de passageiros. Também existe mais um acesso para pedestres na Rua Isidoro Mary, ao lado do acesso de veículos, que dá acesso direto aos elevadores e ao corredor que leva ao lobby central. O acesso de veículos possui área de desembarque de passageiros, inclusive acessível, também liga ao estacionamento do empreendimento, que possui mais de 400 vagas para carros e ao subsolo do complexo médico. O acesso técnico e emergências, é feito pela fachada leste na Rua Viscondi de Pelotas, que liga ao centro da edificação, próximo ao lobby, porém com acesso às circulações horizontais e verticais que ligam o mesmo aos setores de ortopedia e ao hospital dia, respectivamente.

Figura 3.18 – Análise de acessos

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

3.2.2.2 Fluxos e Circulações

Os fluxos e circulações vistos aqui, possuem diferença entre os acessos públicos e privados na edificação. Por se tratar de um centro médico, as circulações públicas ligam os espaços com as circulações verticais e as áreas de convívio, deixam os fluxos e circulações privados para os ambientes que possuem circulação interna própria, como a radioterapia, ortopedia e hospital dia, por exemplo.

Mesmo com circulações privadas e públicas, as hierarquias das circulações se mostram adequadas e funcionando de forma integrada, garantindo o uso e funcionalidade desse aspecto físico funcional.

Figuras 3.19 – Análise de fluxos e circulações

Fonte: Censi Empreendimentos, graficado pelo autor.

Figuras 3.20 – Análise de fluxos e circulações

Fonte: Censi Empreendimentos, graficado pelo autor.

3.2.2.3 Volume e Massa

O volume principal da edificação possui um formato em “L”, com predominância vertical e volumetricamente simétrico, além de seus dois primeiros pavimentos serem mais rígidos, com uma forma retangular fechada. A fachada é rica em elementos envidraçados, onde junto com a volumetria passam o aspecto de acolhimento aos pacientes externos. Pode-se perceber ritmo nas fachadas nos volumes salientes em concreto, dispostos a camuflar os sistemas externos de ar

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

condicionado. Esses volumes trazem um diferencial opaco a grande

quantidade de elementos transparentes.

Figura 3.21 – Perspectiva do projeto

Fonte: Censi Empreendimentos, graficado pelo autor.

3.2.2.4 Conforto Ambiental e Sustentabilidade

A volumetria proposta favorece a iluminação e ventilação natural de forma adequada no volume em “L”, principalmente a partir do terceiro pavimento, onde se localizam as clínicas e consultórios privados.

Em boa parte dos pavimentos inferiores, existe a captação de luz e ventilação pelo amplo vão aberto no lobby central, porém algumas

das áreas privadas, como o hospital dia e área ortopédica, acabam não recebendo ventilação e luz natural, nem por aberturas zenitais, dependendo apenas de iluminação e ventilação artificial.

Ainda assim, a preocupação com o conceito de humanização é claramente vista. O conforto proposto, contato com elementos vivos, aspectos de hotelaria no empreendimento e também a proposta de um jardim no terraço, reforça e favorece esse conceito.

Figura 3.22 – Análise bioclimática

Fonte: Censi Empreendimentos, graficado pelo autor.

A volumetria é beneficiada com a incidência de luz solar, principalmente usa esta no átrio principal. A predominância de ventos na cidade é de norte e nordeste na maior parte do ano.

O L

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

3.2.2.5 Zoneamento Funcional

O zoneamento do complexo médico foi disposto de forma com que os ambientes funcionem individualmente em seu específico local, assim, poucos ambientes possuem integração entre si, onde a maioria dos espaços tem contato com as circulações ou áreas comuns (figuras 3.23, 3.24 e 3.25). Desse modo, as clínicas e as demais facilidades independentes não sofrem com a demanda do hospital dia.

Figuras 3.23, 3.24 e 3.25, respectivamente – Análise de zoneamento funcional

Fonte: Censi Empreendimentos, graficado pelo autor.

3.2.2.6 Estrutura e Técnicas Construtivas

A estrutura do empreendimento é feita em concreto armado, possui uma modulação estrutural de forma a comportar os diferentes pavimentos, inclusive o estacionamento.

Além do aspecto estrutural, a marcação da estrutura dos pilares é vista internamente nas circulações comuns e no lobby (figura 3.26). Já na parte externa, além da volumetria, um grande vão em concreto é visto marcando o acesso principal.

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

Figura 3.26 – Perspectiva interna do projeto

Fonte: Censi Empreendimentos

3.2.3 Relações

Aqui serão analisados os critérios de relações da edificação. Dessa maneira, serão analisadas as diferentes formas que o edifício pode se relacionar com seu entorno, com a cidade, com as pessoas e suas ligações próprias, sendo essas as hierarquias e espaços internos e externos.

3.2.3.1 Relação com o entorno

O empreendimento se encontra num centro bem consolidado e denso, rodeado por edificações de diferentes usos, gabaritos, estilos e anatomias (figura 3.27). Por se tratar de um terreno de esquina, os acessos e ligações do edifício com seu entorno são limitados, para

pacientes deambulantes são vistos apenas dois acessos e para carros somente um, remete um aspecto de segurança aos usuários internos, mas não acolhe diretamente o paciente externo.

Outro aspecto visto dessa relação, são as aberturas envidraçadas existentes nas fachadas do volume em “L”. Possui-se um vínculo visual dos usuários com a cidade, porém, nos pavimentos inferiores essa conexão não é tão rica, inclusive o paisagismo proposto evita que o paciente externo tenha uma ligação com o que acontece dentro do empreendimento. Essa relação é vista como aceitável, por se tratar de um estabelecimento privado.

A edificação se enquadra no entorno proposto, mesmo com muita variedade arquitetônica, o estilo e gabarito do projeto se molda as condições existentes.

Figura 3.27 – Imagem aérea da área

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REFERENCIAIS PROJETUAIS

3.2.3.2 Relação entre interior e exterior

Mesmo não possuindo uma relação aberta com as pessoas no espaço externo do edifício. A parte interna é disposta a captar o entorno existente, propondo humanização e conforto ao usuário interno (figura 3.28).

Assim, a relação do usuário com o que acontece fora do edifício é mais direcionada as condições climáticas e ao contato visual com a cidade quando o usuário estiver utilizando o volume em “L” (figura 3.29).

Figuras 3.28 e 3.29, respectivamente – Perspectiva interna do projeto

Fonte: Censi Empreendimentos

3.2.3.3 Hierarquias Espaciais

Quanto as hierarquias, o complexo médico possui algumas instalações privadas dentro do estabelecimento, porém ainda semi-públicas. Mesmo sendo um pouco diferente de um hospital geral, as áreas destinadas ao atendimento ambulatorial, às especialidades do

complexo e os consultórios, possuem um cuidado com o bem-estar dos pacientes de igual valor a de um hospital.

Os grandes corredores que ligam o lobby, o jardim externo no terraço e os demais estabelecimentos de saúde, possuem uma hierarquia considerada como semi-pública, assim como os espaços destinados à estabelecimentos privados. As especializações e atendimento ambulatorial e estacionamento são considerados como semi-privados, deixando como privados somente os serviços específicos do complexo médico (figuras 3.30, 3.31 e 3.32).

Figuras 3.30 – Análise de hierarquias

Fonte: Censi Empreendimentos, graficado pelo autor.

Referências

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