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Ministério da Agricultura

ANTEPROJECTO DE LEI DAS FLORESTAS, FAUNA

SELVAGEM E ÁREAS DE CONSERVAÇÃO TERRESTRES

Lei nº ..../06 De ...

A Lei Constitucional estabelece no número 2 do artigo 24º que cabe ao Estado adoptar “as medidas necessárias à protecção do meio ambiente e das espécies da flora e fauna nacionais” e “à manutenção do equilíbrio ecológico”.

Dispõe ainda, no número 2 do artigo 12º, que o Estado deve promover “a defesa e conservação dos recursos naturais, orientando a sua exploração e aproveitamento em benefício de toda a comunidade”.

Estes princípios da Lei Constitucional têm vindo a ser concretizados em legislação sobre ambiente e recursos naturais como a Lei de Bases do Ambiente (Lei nº 5/98, de 19 de Junho), a Lei do Ordenamento do Território (Lei nº 3/ 04, de 24 de Junho), a Lei de Terras (Lei nº 9/04, de 9 de Novembro) e a Lei dos Recursos Biológicos Aquáticos (Lei nº 6A/04, de 8 de Outubro).

Para além disso, Angola aderiu a convenções internacionais de grande importância na definição dos regimes jurídicos dos recursos biológicos, das quais se destacam as Convenção sobre a Diversidade Biológica, a Convenção sobre o Combate à Desertificação e a Convenção sobre as Espécies Migratórias da Fauna Selvagem, das quais decorrem obrigações internacionais do Estado angolano no domínio da protecção da flora silvestre e da fauna selvagem.

Ora a legislação sobre florestas e fauna selvagem em vigor em Angola, em especial os decretos nº 40040, de 9 de Fevereiro de 1955, e nº 44531, de 22 de Agosto de 1962 (Regulamento Florestal), bem como o Diploma Legislativo nº 2873, de 11 de Dezembro de 1957 (Regulamento de Caça), está manifestamente desactualizada face às exigências da conservação e gestão sustentável destes recursos, em especial as que decorrem da Lei Constitucional e dos tratados internacionais de que Angola é parte.

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Assim, a presente lei visa assegurar que o uso das florestas e da fauna selvagem terrestre se paute pelos princípios constitucionais e do Direito Internacional relevantes, em especial os princípios do desenvolvimento sustentável e da protecção do ambiente. Estabelece os princípios e objectivos a que deve obedecer o uso e exploração dos recursos florestais e faunísticos, bem como da diversidade biológica terrestre, e os instrumentos para a sua gestão sustentável. Regula ainda as actividades relativas aos recursos florestais e faunísticos e estabelece os regimes de concessão de direitos a eles relativos, no quadro da salvaguarda da igualdade de oportunidades e da participação de todos os cidadãos no processo de desenvolvimento económico e social do País.

Nestes termos, ao abrigo da alínea b) do artigo 88º da Lei Constitucional, a Assembleia Nacional aprova o seguinte:

LEI DAS FLORESTAS, FAUNA SELVAGEM E ÁREAS DE CONSERVAÇÃO TERRESTRES TÍTULO I Disposições Gerais Capítulo I Disposições comuns Artigo 1.º Objecto

Na presente lei são estabelecidas as normas que visam garantir a conservação e uso sustentável das florestas e fauna selvagem terrestres existentes no território nacional, bem como a criação e gestão de áreas de conservação e, ainda, as bases gerais do exercício de actividades com elas relacionadas.

Artigo 2.º Âmbito de aplicação

A presente lei é aplicável às florestas e fauna selvagem terrestres, bem como à sua diversidade biológica, e às actividades com eles relacionadas.

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Artigo 3.º Definições

As expressões, termos e conceitos utilizados na presente Lei, se não resultar o contrário do respectivo contexto, têm o significado constante das definições seguintes:

Acompanhamento - a recolha, compilação, análise e prestação de informação

sobre os recursos florestais e faunísticos e actividades com eles relacionadas, incluindo sobre a sua transformação e comercialização.

Arboreto - a floresta de plantação para fins exclusivamente científicos, de

educação e de lazer.

Área de conservação - uma área geograficamente delimitada que tenha sido

classificada e regulamentada para atingir objectivos específicos de conservação, também designada terreno reservado.

Caça - a espera, perseguição, captura, apanha, mutilação, abate, destruição ou

utilização de espécies de fauna selvagem, em qualquer fase do seu desenvolvimento, ou a condução de expedições para aqueles fins.

Caçador especialista - pessoa singular autorizada a exercer a caça como

profissão e que se dedica à caça para fins de exploração de recursos faunísticos, incluindo a condução de excursões de caça ou o acompanhamento de turistas que estejam autorizados a caçar ou que desejem contemplar, fotografar ou filmar animais selvagens nos seus habitats naturais.

Comunidades locais - um grupo social coerente de pessoas residentes numa

localidade com interesses ou direitos relativos aos recursos florestais ou faunísticos aí existentes, que essas pessoas possuem ou relativamente aos quais exercem direitos nos termos da lei, do costume ou de contrato.

Comunidades rurais - comunidades de famílias vizinhas ou compartes que, nos

meios rurais, têm direitos colectivos de posse, gestão e de uso e fruição dos meios de produção comunitários, designadamente os terrenos rurais comunitários por elas ocupados e aproveitados de forma útil e efectiva, segundo os princípios de auto-administração e auto-gestão, quer para sua habitação, quer para o exercício da sua actividade, quer ainda para a consecução de outros fins reconhecidos pelo costume e pela legislação em vigor.

Conhecimentos tradicionais - os conhecimentos, inovações, práticas e

tecnologias acumulados que são essenciais para a conservação e uso sustentável dos recursos florestais e faunísticos naturais ou que tenham valor socio-económico e que foram desenvolvidos ao longo do tempo por comunidades ou por pessoas residentes numa dada localidade.

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Conservação - a protecção, manutenção, reabilitação, restauração e melhoramento das florestas e fauna selvagem, e seus recursos genéticos, bem como todas as medidas visando o seu uso sustentável.

Conservação ex situ - a conservação de componentes da diversidade biológica

terrestre fora dos seus habitats naturais.

Conservação in situ - a conservação dos ecossistemas terrestres e dos habitats

naturais dos recursos florestais e faunísticos e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies no seu meio natural.

Corte - o abate de recursos florestais para fins de exploração comercial.

Desflorestação - a destruição ou corte indiscriminado de árvores sem a devida

reposição.

Degradação de terras - a redução ou perda da produtividades biológica ou

económica e da complexidade das terras agrícolas de sequeiro, das terras agrícolas irrigadas, das pastagens naturais, das pastagens semeadas, das florestas e das matas nativas devido aos sistemas de utilização da terra ou a um processo, ou combinação de processos, incluindo os que resultem das actividades humanas e das suas formas de ocupação do território;

Derruba - o arranque ou corte de árvores e arbustos para quaisquer fins, em

especial agrícolas, mineiros ou de construção, nomeadamente de estradas e outras infraestruturas.

Desertificação - o processo de degradação de terras, natural ou provocado pela

remoção da cobertura vegetal ou pela utilização predatória que pode transformar essas terras em zonas áridas ou desertos.

Domínio público – bens propriedade do Estado que são inalienáveis,

imprescritíveis e impenhoráveis, sem prejuízo da sua concessão temporária para a realização de fins de interesse público. Inclui os bens do domínio público das autarquias locais.

Ecossistema - qualquer processo complexo dinâmico de comunidades vegetais,

animais e de microrganismos e o seu ambiente não vivo, que interage como uma unidade funcional;

Ecossistema frágil - aquele que, pelas suas características naturais e

localização geográfica, é susceptível de rápida degradação dos seus atributos e de difícil recomposição.

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Espécies ameaçadas de extinção - as espécies, subespécies, variedades ou

raças que não estão em extinção mas enfrentam um risco muito elevado de extinção no seu ambiente natural num futuro próximo inclui as espécies cujos números se tenham reduzido drasticamente a um nível crítico ou cujos habitats tenham sido degradados de forma tal que ponha em perigo a sobrevivência da espécie.

Espécies domesticadas ou cultivadas - espécies cujo processo de evolução

tenha sido influenciado pelos seres humanos para satisfazer as suas necessidades.

Espécies em extinção - as espécies, subespécies, variedades ou raças que

enfrentam um risco extremamente elevado e eminente de extinção no seu ambiente natural.

Espécies endémicas - espécies que apenas ocorrem em território angolano.

Espécies exóticas - as espécies que não são indígenas em uma área específica.

Espécies invasoras - qualquer espécie que constitui ameaça para ecossistemas,

habitats e outras espécies.

Espécies migratórias - as espécies que migram sazonalmente de uma zona

ecológica para outra.

Espécies vulneráveis - as espécies, subespécies, variedades ou raças que, de

acordo com a melhor prova disponível, são consideradas como em risco elevado de extinção no seu ambiente natural, em especial cujas populações, comparadas com níveis históricos, se tenham reduzido a níveis que ponham em causa a sua sustentabilidade.

Exploração - a colheita ou corte de recursos florestais ou a caça de recursos

faunísticos para fins lucrativos, ainda que relativos a actividades de pequena escala.

Fauna selvagem - conjunto de animais terrestres selvagens, vertebrados e

invertebrados, mamíferos, anfíbios, aves e répteis, de qualquer espécie, em qualquer fase do seu desenvolvimento, que vivem naturalmente, bem como as espécies selvagens capturadas para fins de pecuarização, excluindo os recursos aquáticos.

Fiscalização - a inspecção, supervisão e vigilância das actividades relativas a

recursos florestais e faunísticos com vista a garantir o cumprimento da legislação aplicável, bem como as correspondentes medidas de gestão.

Floresta - qualquer ecossistema terrestre contendo cobertura de árvores, ou de

arbustos ou de outra vegetação espontânea inclui os animais selvagens e microrganismos nela existentes.

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Floresta de plantação - cobertura vegetal arbórea, contínua, obtida através do

plantio de árvores de espécies indígenas ou exóticas.

Habitat - o local ou o tipo de sítio onde um organismo ou população ocorrem

naturalmente.

Inventário florestal - a recolha, medição e registo de dados sobre a qualidade e

o volume de recursos florestais, o estado de sua dinâmica, a sua regeneração e os produtos que se podem obter por unidade de superfície, de forma a fornecer informação para a gestão sustentável de uma dada região ou floresta, em particular.

Inventário faunístico - a recolha, medição e registo de dados sobre a

composição por espécie ou número de animais, a densidade por unidade de superfície, a densidade por grupo etário e por sexo e o estado da densidade da população, de forma a fornecer informação para a gestão sustentável da fauna selvagem.

Lei de Terras - a Lei nº 9/04, de 9 de Novembro, ou lei que a venha a substituir.

Mancha florestal - cobertura de árvores e/ou arbustos num dado terreno rural.

Ordenamento florestal - o conjunto de medidas de natureza legal e

administrativa específicas destinadas a assegurar a utilização racional, auto-renovação e sustentabilidade dos recursos florestais.

Período de defeso - período do ano que coincide com a reprodução das

espécies faunísticas, durante o qual as actividades de caça são proibidas ou limitadas em todo o país, ou em certas localidades ou de certas espécies.

Período de repouso vegetativo - período do ano que coincide com a reprodução

florestal e crescimento de determinadas espécies florestais, durante o qual são proibidas ou limitadas as actividades de exploração florestal.

Produto florestal - qualquer recurso florestal que é colhido, ou de qualquer outro

modo removido do seu estado natural, para uso humano;inclui os produtos manufacturados ou derivados de um recurso florestal.

Recurso florestal - qualquer coisa ou benefício derivado das florestas, de valor

actual ou potencial para a humanidade;inclui os recursos genéticos florestais e a energia derivada das florestas.

Recurso faunístico - qualquer coisa ou benefício derivado da fauna selvagem

terrestre, de valor actual ou potencial para a humanidade inclui os recursos genéticos da fauna selvagem.

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Recurso genético - qualquer material de origem de vegetal, animal ou de

microrganismo que contenha unidades funcionais de hereditariedade e que tenha valor actual ou potencial para a humanidade.

Terrenos comunitários - terrenos utilizados por uma comunidade rural segundo

o costume relativo ao uso da terra, abrangendo, conforme o caso, as áreas complementares para a agricultura itinerante, os corredores de transumância para acesso do gado às fonte de água e as pastagens e os atravessadouros, sujeitos ou não ao regime da servidão, utilizados para aceder à água ou às estradas ou caminhos de acesso aos aglomerados urbanos.

Terrenos florestais - terrenos rurais aptos para o exercício das actividades

silvícolas, designadamente para a exploração e utilização racional de florestas naturais ou plantadas, nos termos dos planos de ordenamento rural e da respectiva legislação especial.

Troféu - as partes duráveis dos animais selvagens, nomeadamente a cabeça,

crânio, cornos, dentes, coiros, pêlos e cerdas, unhas, garras, cascos e ainda cascos de ovos, ninhos e penas desde que não tenham perdido o aspecto original por qualquer processo de manufactura.

Uso sustentável - a gestão e aproveitamento dos recursos florestais e faunísticos

de tal modo que sejam mantidas as funções ecológicas das florestas e da fauna selvagem e que não seja prejudicado o valor ecológico, económico, social e estético dos seus ecossistemas para as gerações actuais e futuras.

Uso de subsistência - a colheita ou corte de recursos florestais ou a caça de

recursos faunísticos para fins de consumo próprio do autor dessas acções e de sua família, sendo os recursos excedentários apenas esporadicamente comercializados.

Artigo 4.º Finalidades

As finalidades da presente lei são as seguintes:

1. Promover a protecção do ambiente e da diversidade biológica, em especial das florestas e fauna selvagem e dos ecossistemas terrestres;

2. Assegurar a contribuição das florestas, da fauna selvagem e da diversidade biológica terrestres, bem como das actividades a elas relativas, para o desenvolvimento económico e social sustentável, para a segurança alimentar e para o bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos, tendo em consideração os múltiplos usos destes recursos;

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3. Estabelecer os princípios e regras gerais de conservação dos recursos florestais e faunísticos terrestres e seus ecossistemas, assegurando que sejam utilizados e explorados de forma sustentável e responsável;

4. Estabelecer os princípios e critérios gerais de acesso aos recursos florestais e faunísticos e da sua gestão sustentável, ordenamento e desenvolvimento, tendo em consideração os aspectos biológicos, tecnológicos, económicos, sociais, culturais e ambientais pertinentes;

5. Promover a investigação científica relativa aos recursos biológicos, diversidade biológica e ecossistemas terrestres.

Artigo 5.º Princípios gerais

1. As florestas e fauna selvagem de Angola são um património nacional cuja protecção, preservação e conservação constituem obrigações do Estado, das pessoas singulares e colectivas que realizam actividades económicas e dos cidadãos.

2. Os recursos florestais e faunísticos terrestres de Angola, com excepção das espécies domesticadas e cultivadas e dos exemplares resultantes da pecuarização de animais selvagens, bem como de melhoramento de variedades de plantas e de raças de animais realizados por particulares, são propriedade do Estado e integram o domínio público.

3. Para além dos princípios referidos nos números anteriores, para os efeitos previstos nesta lei e seus regulamentos devem ainda ser observados os seguintes princípios:

a) Do desenvolvimento sustentável;

b) Da realização dos direitos, liberdades e garantias fundamentais;

c) Do mínimo de existência, incluindo o direito à alimentação e o correlativo acesso

a recursos florestais e faunísticos para fins de subsistência;

d) Da não discriminação, da igualdade de oportunidades, da livre iniciativa

económica e da defesa da concorrência;

e) Do respeito pelos direitos de propriedade intelectual e pelos conhecimentos

tradicionais relacionados com os recursos biológicos terrestres;

f) Da participação de todos os interessados;

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h) Do uso sustentável dos recursos florestais e faunísticos; i) Da prevenção e da precaução;

j) Da gestão integrada dos recursos naturais;

k) Do ordenamento do território;

l) Da cooperação institucional;

m) Da valorização dos recursos florestais e faunísticos e da diversidade biológica e

do utilizador pagador;

n) Do aproveitamento útil e efectivo dos recursos sob concessão e da capacidade

adequada;

o) Do poluidor pagador;

p) Da responsabilização;

q) Da segurança jurídica.

4. Os princípios estabelecidos neste artigo são de cumprimento obrigatório para todos os intervenientes na gestão e uso de recursos florestais e faunísticos.

Artigo 6.º Património florestal

1. Para os efeitos previstos nesta lei e seus regulamentos, as florestas são classificadas em florestas naturais e florestas plantadas.

2. O património florestal nacional, de acordo com o seu potencial, localização e forma

de utilização, pode ser classificado como:

a) Florestas de conservação: as florestas constituídas por formações vegetais que

realizam funções de conservação, manutenção e regeneração e que estão sujeitas a regimes de gestão especiais;

b) Florestas de produção: as florestas constituídas por formações vegetais de

elevado potencial económico florestal, localizadas fora das áreas de conservação, e destinadas a exploração;

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c) Florestas para fins especiais: as florestas constituídas por formações vegetais

localizadas fora das áreas de conservação e utilizadas para fins especiais, como de defesa nacional, conservação ambiental, experimentação científica, de protecção de paisagens, de lazer, e culturais.

3. Constituem ainda património florestal as árvores classificadas como de valor histórico ou outro de natureza cultural.

4. As espécies florestais são classificadas em função da sua raridade e valor ecológico, económico e sócio-cultural por listas de espécies a serem estabelecidas por diploma próprio.

Artigo 7.º

Património faunístico

O património faunístico é constituído pela fauna selvagem terrestre e é classificado em função da sua raridade e valor económico e sócio-cultural por listas de espécies a serem estabelecidas por diploma próprio.

Artigo 8.º

Obrigações do Estado

Cabe ao Estado assegurar a conservação das florestas, da fauna selvagem e da diversidade biológica e, em especial:

a) Assegurar a boa execução da presente lei e seus regulamentos;

b) Adoptar as medidas de ordenamento das florestas e da fauna selvagem visando

a sua gestão e uso sustentável;

c) Conceder direitos sobre recursos florestais e faunísticos, nos termos desta lei e

seus regulamentos, bem como da legislação em vigor, em especial sobre protecção do ambiente, ordenamento do território, terras e águas;

d) Assegurar a conciliação entre usos de florestas e da fauna selvagem e usos de

outros recursos naturais, incluindo a gestão integrada dos recursos naturais e a coordenação institucional;

e) Assegurar que são devidamente avaliados os impactos de actividades

económicas nas florestas, fauna selvagem e nos ecossistemas terrestres;

f) Assegurar a protecção e conservação in situ ou ex situ de espécies ou

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g) Assegurar a criação e gestão sustentável de áreas sujeitas a regimes especiais

para conservação in situ das florestas, fauna selvagem e seus ecossistemas;

h) Tomar as medidas necessárias para assegurar a conservação ex situ dos

recursos florestais e faunísticos, incluindo promovendo a criação e manutenção, por diversos tipos de interessados, em especial autarquias locais e instituições científicas, de jardins botânicos e zoológicos e de bancos de genes;

i) Assegurar a recuperação de habitats e ecossistemas degradados;

j) Promover a regeneração de espécies em extinção, ameaçadas de extinção ou

vulneráveis e dos respectivos habitats;

k) Adoptar as medidas necessárias à preservação de solos e de recursos hídricos

e à prevenção da degradação de terras;

l) Promover a identificação e classificação das espécies florestais e fauna

selvagem terrestre, em especial das espécies que necessitam de especial protecção;

m) Criar e manter o cadastro florestal, bem como as bases de dados relativas ao

estado dos recursos florestais e faunísticos necessárias à sua gestão sustentável;

n) Promover a investigação científica sobre as florestas e fauna selvagem, em

especial o estudo da diversidade biológica angolana;

o) Promover a investigação tecnológica com vista à utilização óptima e sustentável

dos recursos florestais e faunísticos e ao aumento da sua contribuição para o desenvolvimento económico e social;

p) Promover a introdução de novas tecnologias ambientalmente saudáveis;

q) Promover a educação e formação profissional nos diferentes domínios

relacionados com as florestas, fauna selvagem, diversidade biológica terrestre e sua gestão sustentável;

r) Assegurar a implementação das medidas de fiscalização do cumprimento desta

lei e seus regulamentos, bem como das pertinentes disposições do ordenamento.

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Artigo 9.º

Direitos e obrigações das empresas

1. As pessoas singulares ou colectivas que pretendam exercer actividades económicas relativas a recursos florestais e faunísticos têm o direito de lhes serem concedidas as necessárias concessões ou autorizações, no caso de serem exigidas, e desde que tal seja permitido por esta lei e seus regulamentos, pelos planos de ordenamento ou por outros instrumentos visando a gestão sustentável dos recursos.

2. As pessoas referidas no número anterior têm ainda direito de acesso à informação sobre:

a) Os princípios e exigências da conservação e gestão sustentável dos recursos

florestais e faunísticos;

b) As medidas de ordenamento florestal ou faunístico adoptadas;

c) O estado dos recursos, em especial das espécies sujeitas a regimes especiais

de protecção;

d) Os perigos para a saúde humana do uso de certas espécies, os perigos para os

ecossistemas de certas acções e substâncias e a bio-segurança alimentar;

e) As medidas higienosanitárias que devem ser tomadas para evitar doenças de

pessoas, animais e plantas.

3. As pequenas e médias empresas locais, incluindo as empresas comunitárias, gozam de especial protecção, tendo, nomeadamente, direito aos incentivos previstos nesta lei e seus regulamentos, nos quais se incluem a prestação, pelo Estado, de assistência técnica à gestão sustentável dos recursos florestais e faunísticos e o acesso ao crédito para exploração desses recursos.

4. Todas as pessoas singulares ou colectivas que exerçam actividades relativas aos recursos florestais e faunísticos devem:

a) Utilizar os recursos de forma sustentável, cumprindo as obrigações decorrentes

desta lei e seus regulamentos, bem como da legislação de ordenamento do território;

b) Cumprir as condições estabelecidas nos títulos de concessão ou nas licenças

previstas nesta lei, se for caso disso;

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d) Realizar as suas actividades de modo a minimizar os impactos negativos das

actividades realizadas nos ecossistemas;

e) Abster-se de colher, cortar, caçar ou comercializar, ou de qualquer modo causar

danos, as espécies em extinção, ameaçadas de extinção e vulneráveis ou aos seus habitats;

f) Adoptar as medidas necessárias à preservação de solos e de recursos hídricos

e à prevenção da degradação de terras;

g) Colaborar com os órgãos centrais e locais do Estado na implementação de

medidas de regeneração de espécies e de reabilitação de ecossistemas degradados;

h) Prestar, nos termos da legislação aplicável, as informações necessárias ao

acompanhamento e avaliação do estado dos recursos, à realização de actividades de investigação científica a eles relativas e à verificação do cumprimento desta lei;

i) Contribuir, directamente ou através de associações profissionais ou outras de

defesa dos seus interesses, com as suas sugestões, propostas e informações para a elaboração e aplicação das medidas de ordenamento, em especial em consultas públicas;

j) Participar em acções de formação relacionadas com o exercício das suas

actividades e que sejam promovidas pelo Ministério que superintende o sector florestal ou pelo Ministério que superintende a política ambiental;

k) Sujeitar-se à fiscalização do Estado nos termos previstos nesta lei e seus

regulamentos.

5. Deve ser promovida a adopção, pelos interessados, de códigos de conduta específicos de certas categorias titulares de direitos sobre recursos florestais e faunísticos, em especial dos madeireiros, carvoeiros e caçadores.

6. Devem ser promovidas as actividades económicas que visem assegurar o uso sustentável dos recursos florestais e faunísticos e o combate à desertificação e à seca, bem como a transformação dos produtos florestais e faunísticos no País e, se possível, na localidade onde foram colhidos, cortados ou capturados.

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Artigo 10.º

Direitos e obrigações dos cidadãos

1. Todos os cidadãos têm o direito aos benefícios resultantes do uso sustentável dos recursos florestais e faunísticos.

2. São, em especial, neste domínio, direitos dos cidadãos:

a) O acesso livre e gratuito aos recursos florestais e faunísticos necessários à sua

subsistência e das suas famílias;

b) A utilização dos recursos florestais e faunísticos para fins medicinais,

energéticos, de construção de habitações e mobiliário, de criação de artesanato e outros fins culturais;

c) O uso das áreas de conservação para fins de turismo, educação e investigação

nos termos definidos nesta lei e seus regulamentos;

d) A participação nas decisões sobre recursos florestais e faunísticos que possam

afectar os seus interesses, incluindo culturais, relativos a estes recursos;

e) A informação sobre os princípios e exigências da conservação e gestão

sustentável dos recursos florestais e faunísticos, as medidas de ordenamento adoptadas, o estado dos recursos, em especial das espécies sujeitas a regimes especiais de protecção, os perigos para a saúde humana do uso de certas espécies, os perigos para os ecossistemas de certas acções e substâncias, bio-segurança alimentar e sobre as medidas higieno-sanitárias que devem ser tomadas para evitar doenças de pessoas, animais e plantas;

f) À educação e formação profissional sobre matérias relacionadas com os

recursos florestais e faunísticos, em especial sobre os seus usos e gestão sustentável.

3. São obrigações dos cidadãos:

Abster-se da prática de actos que previsivelmente possam ter impactos negativos nas florestas e fauna selvagem e nos seus ecossistemas;

Cumprir a legislação sobre conservação e uso sustentável das florestas, da fauna selvagem e da diversidade biológica;

Colaborar nas actividades de avaliação do estado dos recursos e de investigação científica sobre florestas e fauna selvagem, se tal lhes for solicitado nos termos da lei.

(15)

Artigo 11.º

Direitos e obrigações das comunidades rurais

1. Os titulares do domínio útil consuetudinário nos termos estabelecidos na Lei de Terras têm os direitos colectivos de uso e fruição, nos termos definidos nesta lei e seus regulamentos e no direito costumeiro das comunidades em causa, dos recursos florestais e faunísticos do domínio público que se encontrem nos terrenos comunitários.

2. Os titulares do domínio útil consuetudinário têm ainda os direitos de participar na preparação dos instrumentos de ordenamento dos recursos florestais e faunísticos, em especial os relativos ao combate à desertificação e seca, bem como nas acções de ordenamento do território relacionadas com estes recursos.

3. Os titulares dos direitos previstos neste artigo têm as obrigações estabelecidas no número 4 do artigo 9º.

Artigo 12.º

Cooperação internacional

1. Cabe ao Estado promover a procura de soluções concertadas a nível bilateral e multilateral, internacional, regional e subregional visando a conservação e uso sustentável dos recursos florestais e faunísticos e da diversidade biológica, em especial dos recursos partilhados e das espécies migratórias.

2. O Estado deve assegurar que Angola beneficie da cooperação internacional a que tem direito como país em desenvolvimento, em especial nos domínios relativos à identificação, classificação e conservação das florestas e fauna selvagem, bem como da sua diversidade biológica, do uso de tecnologias apropriadas à sua conservação e uso sustentável, do combate à desertificação e à seca e da investigação científica, educação e formação profissional.

(16)

Capítulo II

Das medidas gerais de conservação das florestas e fauna selvagem terrestre

Secção I Disposições gerais

Artigo 13.º Finalidades

São objectivos das medidas de protecção das florestas, fauna selvagem e ecossistemas terrestres e da sua diversidade biológica previstas nesta lei e, em especial, neste título:

a) Proteger a diversidade biológica e manter os processos ecológicos essenciais à

vida e aos sistemas de apoio à vida;

b) Assegurar a conservação e exploração sustentável e óptima das florestas, da

fauna selvagem e da diversidade biológica terrestres a nível nacional;

c) Contribuir para assegurar a conservação a longo prazo das florestas, da fauna

selvagem e da sua diversidade biológica, em especial dos ecossistemas frágeis, a nível subregional, regional e mundial;

d) Contribuir para assegurar a qualidade, diversidade e disponibilidade de recursos

florestais e faunísticos;

e) Contribuir para assegurar a segurança alimentar, a satisfação de necessidades

básicas, a geração de rendimentos e emprego e a progressiva melhoria da qualidade de vida das gerações actuais e futuras;

f) Contribuir para a conservação e sustentabilidade dos recursos hídricos;

g) Contribuir para a conservação e aumento de produtividade dos solos;

h) Contribuir para assegurar a qualidade do ar e minimizar as alterações climáticas,

em especial as secas;

i) Contribuir para a utilização e transformação no País dos produtos florestais e

faunísticos, para a promoção das empresas angolanas e para a criação de emprego a nível local;

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j) Assegurar a protecção, utilização e disseminação de conhecimentos tradicionais

sobre florestas, fauna selvagem, ecossistemas e diversidade biológica terrestres;

k) Prevenir e/ou minimizar os impactos negativos, directos ou indirectos, das

actividades económicas nas florestas e fauna selvagem, nos ecossistemas e na diversidade biológica terrestres;

l) Promover a regeneração de espécies em extinção, ameaçadas de extinção e

vulneráveis, bem como de ecossistemas degradados;

m) Promover a resposta rápida a situações de emergência que ponham em perigo

as florestas, a fauna selvagem, os ecossistemas e a diversidade biológica terrestres;

n) Promover a investigação científica relativa a florestas, fauna selvagem,

ecossistemas e diversidade biológica terrestres e a disseminação dos conhecimentos dela resultantes.

Artigo 14.º Relatórios científicos

1. As medidas previstas neste capítulo devem ser fundamentadas em relatórios baseados na melhor informação científica disponível que identificarão as espécies e ecossistemas terrestres necessitando de especial protecção, bem como as causas que levam à diminuição do número de populações de recursos florestais e faunísticos e à degradação dos ecossistemas incluídos nas listas previstas no artigo

2. Periodicamente, pelo menos cada cinco anos, o Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende a política ambiental devem apresentar ao Governo relatório sobre o estado das florestas, da fauna selvagem e da diversidade biológica terrestres.

3. Dos relatórios referidos neste artigo devem constar, em especial:

a) A avaliação das populações e comunidades;

b) As características biológicas das populações, em especial os requisitos para a

sua reprodução;

c) As características dos habitats;

d) Os níveis históricos das populações e comunidades, se possível;

e) A identificação de riscos para espécies e ecossistemas que não integram as

(18)

f) A descrição dos factores que afectam a sustentabilidade dos recursos em causa.

Secção II

Das espécies e ecossistemas terrestres

Artigo 15.º

Conservação de espécies e ecossistemas

1. Com base na melhor informação científica disponível, o Estado deve adoptar as medidas necessárias à conservação de espécies, subespécies e variedades das florestas, da fauna selvagem e dos ecossistemas terrestres no caso, em especial, de:

a) Ecossistemas em extinção, ameaçados de extinção ou vulneráveis;

b) Espécies raras;

c) Espécies em extinção;

d) Espécies ameaçadas de extinção; e) Espécies vulneráveis;

f) Espécies endémicas ou de grande valor económico, social ou cultural.

2. O Governo, ou o Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende a política ambiental, aprovarão, consoante os casos, as listas das espécies e ecossistemas referidos no número 1 deste artigo.

3. As listas referidas neste artigo devem ser aprovadas e revistas pelo menos de dez em dez anos.

4. Na elaboração das listas referidas no número anterior, o Governo deve ter em consideração as convenções internacionais, de que Angola é parte, relativas a espécies e ecossistemas internacionalmente protegidos.

5. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende a política ambiental devem assegurar, nos termos a definir em regulamento, a participação dos cidadãos e das associações de defesa do ambiente no procedimento de aprovação das listas previstas neste artigo e no artigo 21º.

6. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende a

política ambiental devem assegurar a ampla divulgação das listas referidas neste artigo bem como dos correspondentes regimes especiais.

(19)

Artigo 16.º

Ecossistemas protegidos

1. Sem prejuízo do disposto no Título IV desta lei, o Governo deve aprovar, por decreto, lista dos ecossistemas ameaçados ou sujeitos a um regime de protecção especial.

2. Podem ser incluídos nas categorias referidas no número anterior:

a) Os ecossistemas em extinção em que tenha ocorrido degradação significativa da

estrutura ecológica ou das suas funções ou composição em resultado de intervenção humana e que estão sujeitos a um risco extremamente elevado de transformação irreversível;

b) Os ecossistemas ameaçados de extinção em que tenha ocorrido degradação da

estrutura ecológica ou das suas funções ou composição em resultado de intervenção humana embora não estejam em extinção;

c) Os ecossistemas vulneráveis que estejam em risco de vir a ter uma degradação

significativa da sua estrutura ecológica ou das suas funções ou composição em resultado de intervenção humana embora não estejam em extinção ou ameaçados de extinção;

d) Os ecossistemas protegidos nos termos do Título IV devido à sua importância

nacional ou provincial, embora não constem das listas referidas no artigo 15º.

3. Das listas de ecossistemas protegidos nos termos deste artigo constará a localização dos ecossistemas protegidos, bem como as medidas de regeneração dos referidos ecossistemas.

Artigo 17.º

Espécies raras, em extinção ou ameaçadas de extinção

1. O Governo deve aprovar, por decreto e com a mesma periodicidade dos planos de ordenamento florestal referidos no artigo 68º desta lei, a lista das espécies florestais e da fauna selvagem terrestre raras, em extinção ou ameaçadas de extinção.

2. São proibidas, quanto às espécies constantes das listas referidas no número anterior:

a) A colheita, corte ou caça ou a tentativa de colheita, corte ou caça de qualquer

(20)

b) A posse, armazenamento e transporte de qualquer exemplar dessas espécies;

c) A compra e venda, exposição para venda, a exportação, a importação ou a

transformação industrial ou não, de qualquer exemplar dessas espécies ou parte dele.

3. O decreto que aprova a lista de espécies raras, em extinção ou ameaçadas de extinção pode incluir outras medidas de conservação para além das previstas neste artigo.

4. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende a política ambiental devem adoptar as medidas de regeneração in situ e ex situ das espécies previstas neste artigo, bem como a recuperação dos seus habitats.

5. Enquanto não forem publicadas as listas referidas neste artigo, os órgãos competentes para a concessão de direitos relativos a recursos florestais ou faunísticos não devem atribuir tais direitos relativamente a espécies que previsivelmente venham a ser incluídas nessas listas.

Artigo 18.º Espécies vulneráveis

1. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende a política ambiental devem, quando da elaboração das medidas de ordenamento florestal, identificar as espécies vulneráveis devendo as medidas de protecção destas espécies constar dos planos de ordenamento florestal.

2. O Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende a política ambiental, aprovam, por decreto executivo conjunto, as listas das espécies vulneráveis, a nível nacional ou local, bem como o regime especial de protecção em que se enquadram.

3. O regime especial das espécies vulneráveis pode incluir:

a) A suspensão da colheita, corte ou caça dessas espécies, ainda que previamente

autorizada, por um período determinado, quer a nível nacional quer local;

b) A redução das quantidades de colheita, corte ou caça constantes dos títulos de

concessão, das licenças de caça ou dos planos de exploração previstos nesta lei;

c) A proibição temporária de actividades que comprovadamente tenham um

(21)

d) A proibição da exportação e/ou da importação de exemplares dessas espécies;

e) A imposição de obrigações de repovoamento adicionais a quaisquer titulares de

direitos sobre recursos dessas espécies.

4. Do diploma referido no número 2 deste artigo constarão ainda as medidas de regeneração in situ e ex situ das espécies previstas neste artigo, bem como a recuperação dos seus habitats, se necessário para a regeneração das referidas espécies.

Artigo 19.º Espécies endémicas

O Ministério que superintende o sector florestal deve identificar as espécies florestais e da fauna selvagem terrestre que apenas ocorrem no território nacional e elaborar lista dessas espécies para fins de avaliação do seu estado e sujeição a regimes de protecção especiais, em especial de restrição de quantidades a serem colhidas, cortadas ou caçadas, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento aprovado pelo Governo.

Artigo 20.º Recursos genéticos

O Estado deve promover e assegurar a conservação in situ de germoplasma das espécies florestais e da fauna selvagem terrestre e criar e manter bancos de genes, nacionais e provinciais, nos termos definidos nesta lei e seus regulamentos.

O Estado deve promover e assegurar a manutenção do grau de variação e da integridade genética das colecções de germoplasma referidas no número anterior.

Artigo 21.º Árvores protegidas

1. O Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende a política ambiental aprovam, por decreto executivo, listas de árvores cujo corte, nas diferentes localidades, é proibido devido ao seu valor ecológico, estético, histórico ou de outro modo cultural.

2. Salvo no caso de reconhecido interesse público, é proibido o corte de quaisquer árvores em terrenos urbanos públicos.

(22)

3. É proibido o corte de árvores em terrenos urbanos privados, salvo no caso de autorização do órgão competente da Administração local.

4. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende a política ambiental devem promover a plantação de árvores nas zonas urbanas e periurbanas, com vista em especial à constituição ou reforço de zonas verdes e/ou de cinturas verdes de zonas urbanas ou urbanizadas.

Artigo 22.º Manchas florestais

1. Os titulares de direitos fundiários sobre terrenos rurais são obrigados a manter, nas percentagens a definir em regulamento, as manchas florestais existentes dentro dos terrenos concedidos.

2. O corte de exemplares das manchas florestais referidas no número 1 deste artigo obedece ao regime das derrubas previsto no artigo 36º.

Artigo 23.º

Períodos de repouso vegetativo e de defeso

1. O Ministro que superintende o sector florestal estabelece anualmente, por decreto executivo, os períodos de repouso vegetativo para as diferentes espécies florestais que se encontrem a ser exploradas.

2. O Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende a política ambiental estabelecem anualmente, por decreto executivo conjunto, o período de defeso em que é proibida a caça em todo o país e os períodos em que é proibida a caça apenas de certas espécies ou em certas localidades.

Artigo 24.º

Quantidades e dimensão dos recursos

1. O Ministro que superintende o sector florestal estabelece anualmente, por decreto executivo e tendo em consideração o disposto nos planos florestais, as quantidades máximas de produtos florestais que podem ser colhidos ou cortados para fins de exploração.

2. O Ministro que superintende o sector florestal estabelece, por decreto executivo, as dimensões mínimas que devem ter certas espécies florestais sob exploração.

(23)

3. O Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende a política ambiental estabelecem, por decreto executivo conjunto, os tamanhos e pesos mínimos dos exemplares da fauna selvagem cuja caça seja permitida.

Artigo 25.º

Colheita, corte, caça, posse, armazenamento e comercialização de certas espécies

Sem prejuízo das medidas relativas a espécies raras, em extinção ou ameaçadas de extinção, é proibida a colheita, corte, caça, posse, armazenamento, transporte e comercialização de recursos florestais ou faunísticos:

a) Nos períodos de repouso vegetativo ou de defeso;

b) Para além das quantidades estabelecidas nos planos de exploração dos

diferentes titulares de direitos sobre recursos florestais do domínio público ou nas licenças de caça;

c) Com dimensões e pesos mínimos inferiores aos estabelecidos nos termos do

artigo 24º;

d) Previstos no artigo 21º.

Artigo 26.º

Importação, exportação e reexportação

O Governo deve adoptar as medidas necessárias para o controlo da importação, exportação e reexportação de exemplares das espécies referidas nos artigos 17º e 18º, bem como das espécies sujeitas a restrições do seu comércio internacional por força de convenções internacionais de que Angola seja parte.

Artigo 27.º

Medidas relativas a doenças e pragas

1. O Ministério que superintende o sector florestal deve identificar, prevenir e controlar as pragas, doenças e seus vectores que afectem as florestas e a fauna selvagem terrestre.

2. O Ministério que superintende o sector florestal deve estabelecer sistemas de alerta rápido das pragas e doenças referidas no número anterior, bem como planos de erradicação dessas pragas e doenças, que poderão incluir a quarentena de espécies e a delimitação das áreas afectadas pelas medidas de erradicação da praga ou doença.

(24)

3. O Ministério que superintende o sector florestal deve assegurar a rápida divulgação de ocorrências de pragas ou doenças e a comunicação aos países da subregião e organizações internacionais interessados.

4. No caso de ocorrência de doença ou praga que obrigue à não utilização dos terrenos por titulares de direitos sobre recursos florestais ou faunísticos afectados pela doença ou praga, deve o órgão competente proceder, caso tal seja possível nos termos dos planos territoriais e dos planos de ordenamento florestal, à concessão de direitos relativos ao recursos florestais ou faunísticos em terrenos não afectados pela praga ou doença em causa.

5. Para os efeitos previstos nesta lei, considera-se praga qualquer animal ou planta que estando presente em número excessivo, apresenta uma probabilidade não negligenciável de provocar prejuízos e outros impactos negativos em outros organismos ou na saúde e actividade humanas.

Artigo 28.º

Situações de emergência

1. O Governo deve adoptar planos de resposta a situações de emergência para fazer face a situações que, de qualquer modo, causem danos a florestas e à fauna selvagem terrestre ou ponham em perigo a conservação de ecossistemas, espécies e da diversidade biológica terrestres, em especial planos de combate a incêndios florestais.

2. No caso de situações referidas no número anterior terem efeitos transfronteiriços, o Ministério que superintende o sector florestal deve comunicar, logo que tenha conhecimento da situação de emergência, tal ocorrência aos países limítrofes interessados, envidando esforços para que sejam adoptadas medidas conjuntas ou para, se necessário, receber assistência desses países na resposta à situação de emergência.

Artigo 29.º

Avaliação de impacte ambiental

1. No caso de projectos que possam vir a ter impactos negativos significativos nas florestas, na fauna selvagem e nos ecossistemas terrestres, devem ser realizadas avaliações de impacto ambiental nos termos da legislação em vigor.

2. O Ministério que superintende o sector florestal, bem como o Ministério que superintende o sector dos recursos hídricos, devem dar parecer na fase de instrução dos procedimentos de avaliação de impacto ambiental previstos neste artigo.

(25)

3. A decisão do Ministro que superintende a política ambiental relativa às avaliações de impacto ambiental previstas neste artigo deve ser comunicada ao Ministério que superintende o sector florestal e ao Ministério que superintende o sector de recursos hídricos.

Artigo 30.º Conservação in situ

A conservação in situ das florestas e da fauna selvagem em áreas de conservação rege-se pelo disposto no Título IV desta lei e seus regulamentos.

Artigo 31.º Conservação ex situ

1. O Estado deve assegurar que, após a realização dos pertinentes estudos científicos, sejam criados jardins botânicos, jardins zoológicos, viveiros, estações experimentais, arboretos e bancos de genes para conservação ex situ de recursos florestais e faunísticos.

2. Os jardins botânicos, os jardins zoológicos, as estações experimentais e os arboretos integram o domínio público ou podem ser propriedade das pessoas colectivas, públicas, privadas, mistas ou comunitárias, em especial instituições de natureza científica como universidades, que os tenham criado e assegurem a sua manutenção.

3. Os jardins botânicos, os jardins zoológicos, as estações experimentais e os arboretos do domínio público podem ser geridos por organismos da Administração central ou da Administração local do Estado, nos termos constantes do seu diploma de criação.

4. O Estado ou as autarquias locais podem celebrar com instituições universitárias, públicas ou privadas, ou com associações de defesa do ambiente, nacionais, estrangeiras ou internacionais, contratos de gestão de jardins botânicos, jardins zoológicos, estações experimentais ou arboretos do seu domínio público.

5. Os viveiros podem ser públicos, privados ou comunitários.

6. Os bancos de genes integram o domínio público.

7. Os bancos de genes podem ser geridos por organismos da Administração central ou da Administração local do Estado, e, ainda, por instituições científicas públicas, como universidades, nos termos constantes do seu diploma de criação.

(26)

Secção III

Da protecção de habitats

Artigo 32.º Espécies exóticas

1. Cabe ao Estado controlar a introdução de espécies exóticas no ambiente terrestre, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

2. É proibida a introdução no ambiente terrestre de espécies invasoras.

3. O Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende a política ambiental devem aprovar, por decreto executivo conjunto, as listas de espécies invasoras, cuja introdução no ambiente terrestre é proibida nos termos do número 1 deste artigo.

4. A introdução de espécies exóticas para florestas de plantação e fazendas agrícolas e de pecuarização de fauna selvagem carece de autorização prévia conjunta do Ministério que superintende o sector florestal e do Ministério que superintende a política ambiental, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

5. Quaisquer autorizações concedidas nos termos deste artigo podem ser revogadas no caso de novos conhecimentos científicos assim o aconselharem.

Artigo 33.º

Organismos geneticamente modificados

1. É proibida a introdução no ambiente terrestre de organismos geneticamente modificados, salvo no caso de autorização conjunta do Ministro que superintende o sector florestal e do Ministro que superintende a política ambiental e nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

2. São proibidos a importação, exportação e trânsito em território nacional de organismos geneticamente modificados, salvo no caso de autorização conjunta do Ministro que superintende o sector florestal e do Ministro que superintende a política ambiental, bem como do Ministro que superintende o sector da Saúde.

(27)

prestar aos órgãos competentes, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento, toda a informação necessária, incluindo a avaliação de risco, sobre os impactos positivos e negativos da acção que pretende realizar no ambiente, na saúde humana e na diversidade biológica.

4. Quaisquer autorizações concedidas nos termos deste artigo podem ser revogadas no caso de novos conhecimentos científicos assim o aconselharem.

5. O Governo deve elaborar, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento, planos de resposta a situações de emergência resultantes da libertação acidental ou dolosa no ambiente terrestre de quaisquer organismos geneticamente modificados que possam ter impactos negativos no ambiente, na saúde humana e na diversidade biológica.

6. O disposto nos números anteriores não é aplicável aos organismos geneticamente modificados destinados a alimentação humana e a rações de animais, bem como ao processamento de materiais para fins industriais, que se regem por legislação especial.

7. Para os efeitos previstos na presente lei e seus regulamentos, considera-se organismo geneticamente modificado qualquer organismo vivo que possui uma combinação nova de material genético obtida através da biotecnologia moderna, tal como definida no Protocolo de Cartagena sobre Bio-Segurança.

Artigo 34.º Poluição de solos

1. É proibida a introdução nos solos de substâncias classificadas como perigosas.

2. O Governo deve aprovar, por decreto, a lista das substâncias classificadas como perigosas para os efeitos previstos no número 1 deste artigo.

3. A introdução nos solos de substâncias que, embora não estejam incluídas nas listas referidas no número anterior, possam, de qualquer modo, causar danos à produtividade dos solos, à diversidade biológica, à saúde humana e a águas, está sujeita a autorização prévia conjunta do Ministro que superintende o sector florestal, do Ministro que superintende a política ambiental e do Ministro que superintende o sector dos recursos hídricos, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

4. Nos casos em que é exigida licença ambiental, a autorização referida no número anterior deve constar da licença ambiental.

5. O Governo deve aprovar, por decreto, as normas sobre as quantidades limite das substâncias referidas no número 3 deste artigo.

(28)

6. Quaisquer autorizações concedidas nos termos deste artigo podem ser revogadas no caso de novos conhecimentos científicos assim o aconselharem.

Artigo 35º Protecção de águas

1. Na concessão de direitos ou em autorizações de exercício de actividade previstas na presente lei e seus regulamentos, o órgão competente deve verificar se o uso dos recursos florestais ou faunísticos ou o exercício da actividade vai ter como consequência:

a) A contaminação ou perigo de contaminação de águas, em especial pelas

substâncias referidas no artigo 34º;

b) Danos à capacidade de autodepuração dos corpos de água ou de qualquer

modo degradem o domínio público hídrico.

2. No caso de se constatar na instrução do pedido do requerente que o uso dos recursos florestais ou faunísticos ou o exercício de actividade com eles relacionada terá, ou poderá ter, as consequências referidas no número anterior, os direitos correspondentes apenas podem ser concedidos ou o exercício de actividade pode ser autorizado após parecer favorável do Ministério que superintende o sector dos recursos hídricos.

Artigo 36.º

Derrubas e desmatamento

1. É proibida a realização de derrubas e desmatamento em terrenos classificados como florestais nos termos desta lei e seus regulamentos e da legislação de ordenamento do território.

2. A realização de derrubas ou desmatamento para quaisquer fins, em especial agrícolas e mineiros, carece de autorização prévia do Ministério que superintende o sector florestal, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

3. As derrubas ou desmatamento para agricultura realizados por pequenas ou micro empresas, incluindo empresas comunitárias, estão sujeitos a um regime de autorização prévia simplificado, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

4. O disposto neste artigo não é aplicável às derrubas ou desmatamento realizados para fins agrícolas de subsistência.

(29)

Artigo 37.º

Utilização de fogo e incêndios florestais

1. Não é permitida a realização de queimadas, em especial para abertura de caminhos nas florestas, para caça, para a preparação de terrenos para agricultura e por razões de natureza cultural, salvo nos casos autorizados nos termos da presente lei e seus regulamentos.

2. Apenas será autorizado o uso de fogo e queimadas para gestão florestal, de fauna selvagem e de áreas de conservação, bem como para agricultura tradicional, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

3. O Governo deve promover e aprovar planos de prevenção e combate de incêndios florestais.

4. Os planos referidos no número anterior serão elaborados nos termos a definir em regulamento, devendo prever a participação das comunidades locais na prevenção e combate de incêndios florestais.

5. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende a política ambiental devem promover a educação dos cidadãos em matéria de prevenção e combate de incêndios florestais.

Artigo 38.º

Recuperação de áreas degradadas

1. O Estado deve promover a recuperação de áreas degradadas, em especial em resultado de incêndios florestais, de poluição, de catástrofes naturais e da realização de actividades económicas.

2. No caso de degradação causada pela realização de actividades económicas, a recuperação das áreas degradadas é efectuada pelas empresas que exercem tais actividades, nos termos a definir em regulamento.

3. A recuperação de áreas degradadas deve ser incluída nas operações ordenamento do território.

4. Deve ser dada prioridade à recuperação de áreas degradadas que:

(30)

b) Incluam ecossistemas em extinção, ameaçados de extinção ou vulneráveis;

c) Sejam adjacentes a águas em cuja qualidade e quantidade a degradação possa

ter impactos negativos;

d) Estejam sujeitas a processos de erosão significativa;

e) Estejam classificadas como áreas de conservação.

5. O Ministério que superintende o sector florestal deve adoptar as medidas de prevenção fitossanitária que se mostrem necessárias nas áreas degradadas, em especial promovendo a extracção imediata do arvoredo queimado por incêndio florestal e procedendo à imediata reflorestação da área queimada.

6. Deve ser promovida a participação dos cidadãos, comunidades locais e rurais, associações de defesa do ambiente na recuperação de áreas

degradadas.

Artigo 39.º

Repovoamento florestal

1. O Governo deve assegurar que seja feito o repovoamento florestal de áreas degradadas ou em que tenham, ou presumivelmente venham a ter, lugar derrubas ou desmatamento para a realização de actividades económicas, em especial de exploração madeireira e energética, agrícola, mineiras e petrolíferas.

2. O Estado deve promover a plantação de árvores e arbustos para fins de conservação, em especial para:

a) A recuperação da cobertura florestal de dunas e de florestas de protecção de

fontes de água;

b) O fortalecimento ou recuperação da cobertura florestal em sectores sensíveis

das bacias hidrográficas;

c) A recuperação de áreas sujeitas a erosão;

d) A recuperação de zonas verdes e de cinturas florestais em áreas urbanas ou

periurbanas.

3. No caso de exploração madeireira e de combustíveis lenhosos, a obrigação de repovoamento florestal deve constar, se for caso disso, do respectivo título de concessão, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

(31)

4. No caso de projectos sujeitos a avaliação de impacto ambiental a obrigação de repovoamento florestal deve constar do parecer que finaliza o procedimento de avaliação de impacto ambiental e das pertinentes licenças de exercício de actividade ou títulos de concessão.

5. A obrigação de repovoamento florestal deve ainda constar dos planos, se exigidos, de abandono de sítio quando terminam as actividades económicas que levaram à realização de derrubas ou desmatamento.

6. O Governo deve adoptar um regime de incentivos para a plantação de florestas, em especial das espécies florestais que venham a ser definidas em regulamento.

7. Deve ser promovida a participação dos cidadãos, comunidades locais e rurais e associações de defesa do ambiente no repovoamento florestal, em especial na criação e gestão de plantações florestais e de polígonos florestais.

Artigo 40.º

Repovoamento faunístico

1. O Governo deve assegurar que seja feito o repovoamento faunístico de áreas de conservação degradadas ou de áreas em que, em resultado da realização de actividades económicas, as populações das diversas espécies da fauna selvagem terrestre se tenham reduzido, ou se possam vir a reduzir, significativamente.

2. O Governo deve adoptar um regime de incentivos para a pecuarização das espécies da fauna selvagem que venham a ser definidas em regulamento.

3. Deve ser promovida a participação dos cidadãos, comunidades locais e rurais e associações de defesa do ambiente no repovoamento faunístico, em especial na criação e gestão de fazendas de pecuarização.

Capítulo III

Da investigação científica e tecnológica

Artigo 41.º

Objectivos da investigação científica e tecnológica

1. A utilização e gestão sustentável das florestas e fauna selvagem terrestre, bem como as pertinentes medidas de ordenamento, devem basear-se

(32)

2. São, em especial, objectivos da investigação científica e tecnológica sobre florestas, fauna selvagem e diversidade biológica terrestres:

a) O estudo, identificação, classificação, conservação, acompanhamento e

avaliação das espécies e ecossistemas terrestres;

b) A identificação e classificação dos recursos genéticos das florestas e da fauna

selvagem;

c) O estudo das relações entre os recursos florestais e faunísticos e os recursos

hídricos e solos;

d) O estudo dos impactos ecológicos das actividades previstas na presente lei e

seus regulamentos, bem como dos impactos de outras actividades económicas, nas florestas, fauna selvagem, ecossistemas e diversidade biológica terrestres;

e) O estudo dos processos que conduzem à desertificação e à seca e dos métodos

adequados para o seu combate;

f) O desenvolvimento da investigação aplicada na silvicultura;

g) A descoberta e desenvolvimento de recursos florestais e faunísticos que sejam

susceptíveis de aproveitamento económico;

h) O desenvolvimento da investigação aplicada para utilização de bens

alimentares, medicamentos e matérias-primas de origem florestal e faunística nacional;

i) O desenvolvimento de tecnologias para aproveitamento industrial de recursos

florestais e faunísticos nacionais, tendo e consideração os impactos sociais, culturais, económicos e ambientais dessas tecnologias;

j) A substituição de combustíveis lenhosos por outras fontes de energia;

k) A fundamentação científica das medidas de ordenamento e de gestão

sustentável e integrada dos recursos florestais e faunísticos;

l) O desenvolvimento das capacidades nacionais de investigação.

Artigo 42.º

Princípios da investigação científica e tecnológica

(33)

a) Da liberdade de investigação;

b) Da precaução;

c) Do respeito pelos direitos de propriedade intelectual e pelos conhecimentos

tradicionais das comunidades rurais;

d) Da partilha dos benefícios resultantes da investigação científica e tecnológica

prevista nesta lei;

e) Da participação de instituições e/ou cidadãos nacionais nos projectos de

investigação realizados por instituições estrangeiras ou internacionais ou por cidadãos estrangeiros relativos aos recursos biológicos previstos nesta lei;

f) Do acesso do Estado angolano à informação resultante da investigação

científica sobre recursos florestais e faunísticos colhidos ou capturados em Angola, ou realizada em Angola, sem prejuízo do respeito dos direitos de propriedade intelectual que incidam sobre essa informação;

g) Da cooperação internacional;

h) Do uso para fins pacíficos dos resultados da investigação;

i) Da difusão dos resultados da investigação científica referida neste capítulo,

salvo nos casos previsto na lei.

Artigo 43.º

Da inventariação e classificação das espécies e seus habitats

1. O Estado deve promover, em colaboração com instituições científicas nacionais, internacional e estrangeiras, a elaboração dos inventários florestal e faunístico.

2. O Estado deve assegurar a realização de projectos de investigação visando a identificação e classificação das espécies da flora silvestre e da fauna selvagem, bem como dos seus ecossistemas.

Artigo 44.º

Da inventariação de recursos genéticos florestais e da fauna selvagem

1. O Estado deve promover, em colaboração com instituições científicas nacionais, internacional e estrangeiras, a identificação e classificação dos recursos genéticos da flora silvestre e da fauna selvagem, bem como das suas propriedades.

(34)

2. O Estado deve assegurar a realização de projectos de investigação sobre os recursos genéticos da flora silvestre e da fauna selvagem, bem como sobre os seus ecossistemas.

Artigo 45.º

Acompanhamento e avaliação do estado dos recursos

O Estado deve promover o acompanhamento e avaliação do estado de conservação das florestas e fauna selagem, incluindo do número de indivíduos que compõem as diversas populações e do estado fito e zoo sanitário das diferentes espécies, bem como do estado de conservação de recursos com elas relacionados, incluindo as águas e os solos.

Artigo 46.º

Levantamento e registo de conhecimentos tradicionais

1. O Estado deve, em colaboração com instituições científicas nacionais, internacionais ou estrangeiras, se necessário, promover a recolha dos conhecimentos tradicionais das comunidades rurais sobre recursos florestais e faunísticos.

2. O Estado deve promover o registo dos conhecimentos tradicionais, do qual constará a descrição do conhecimento e suas aplicações e a identificação da comunidade, ou comunidades, possuidora desses conhecimentos.

3. O Governo deve empreender os estudos necessários à protecção dos conhecimentos tradicionais e à garantia da partilha justa e equitativa dos benefícios que advenham do seu uso comercial.

4. O Estado deve adoptar, se necessário em colaboração com as organizações internacionais competentes, medidas no sentido de que qualquer produto ou processo protegido por um direito de propriedade intelectual em que sejam utilizados conhecimentos tradicionais faça menção desse uso.

5. Sem prejuízo das competências de instituto público que venha a ser criado para o efeito, o Ministério que superintende o sector florestal deve:

a) Promover a recolha de conhecimentos tradicionais sobre recursos florestais e

faunísticos, em especial através dos sistemas de extensão rural e de fiscalização florestal;

(35)

b) Promover a formação de todos os seus funcionários que venham a

desempenhar as tarefas referidas no número anterior;

c) Criar e gerir base de dados dos conhecimentos recolhidos.

Artigo 47.º

Levantamento de propriedades e aplicações industriais

O Estado deve promover a realização de projectos de investigação científica visando identificar as propriedades dos recursos florestais e faunísticos e aferir da sua susceptibilidade de aplicação industrial, dando prioridade aos projectos que possam vir a ter um impacto significativo a nível local.

Artigo 48.º

Fundamentação das medidas de gestão

1. Todas as medidas de ordenamento florestal e faunístico, em especial as medidas de classificação de espécies e ecossistemas como em extinção e ameaçadas de extinção e sujeição aos respectivos regimes, bem como a criação, delimitação e classificação de áreas de conservação, apenas podem ser adoptadas após apresentação de relatórios científicos que fundamentem a adopção dessas medidas.

2. Os relatórios científicos referidos neste artigo podem ser elaborados pelas instituições de investigação do Estado ou estas podem celebrar, com instituições científicas, nacionais, estrangeiras ou internacionais, acordos para a realização desses estudos.

3. Os relatórios científicos referidos neste artigo devem sempre ser avaliados por instituição científica de reconhecida competência na área a que se refere a investigação.

Artigo 49.º Bases de dados

1. O Estado deve promover a criação da base de dados do inventário florestal e da base de dados do inventário faunístico.

2. Todos os interessados, em especial investigadores científicos, devem ter acesso às bases de dados referidas no número anterior, sem prejuízo do pagamento de taxa de acesso que venha a ser estabelecida nos regulamentos das bases de dados.

Referências

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