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A Apostolicidade da Fé

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Academic year: 2021

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“A Apostolicidade da Fé”

Catequese do 4º Domingo da Quaresma Sé Patriarcal, 10 de Março de 2013

1. A fé da Igreja recebemo-la dos Apóstolos de Jesus. A eles Jesus comunicou o Seu mistério. Ele sabe que é o cumprimento de todas as promessas de Deus e que é decisivo para os homens conhecerem-n’O e unirem-se a Ele. Transformou a vida daqueles doze homens e deu-lhes a missão de O anunciarem, de O tornarem conhecido e amado, o que eles fizeram: a partir de Jesus todas as energias das suas vidas são gastas a proclamarem que Jesus é o Salvador. A sua mensagem é a referência segura da fé da Igreja e essa sua missão foi, por vontade do próprio Cristo, continuada pelos seus sucessores. Esta referência da fé da Igreja ao testemunho dos Apóstolos constitui a apostolicidade da Igreja, que é objeto de fé. A Igreja acredita no seu próprio mistério: “Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica”.

A apostolicidade da fé da Igreja inspira todo o Magistério Conciliar. O Concílio, os Bispos de toda a Igreja, unidos ao Sucessor de Pedro, reúnem-se para proclamar essa fé apostólica de modo a que ela renove a Igreja e seja luz para os homens do nosso tempo. É claro para eles que o mistério e a mensagem de Cristo chegou até nós, após dois mil anos de história, porque o ensinamento dos Apóstolos foi transmitido, cada geração entregou à seguinte a mensagem recebida, a Sagrada Tradição e que eles, sucessores dos

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Apóstolos, têm em cada tempo a missão de acolher, interpretar e comunicar essa mensagem e fazem-no com a autoridade dos próprios Apóstolos. Tornam-se claras as três colunas em que asTornam-senta a fé da Igreja: o ensinamento dos Apóstolos, a Tradição, o ministério apostólico exercido pelos seus sucessores: “donde resulta, afirma o Concílio, que não é somente da Sagrada Escritura que a Igreja tira a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, a Escritura e a Tradição devem ser aceites e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência”1.

O depósito da Fé

2. “A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito sagrado da Palavra de Deus, confiado à Igreja: aderindo a ele, todo o povo santo, unido aos seus pastores persevera continuamente na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na fração do Pão e na oração, de tal maneira que haja uma especial colaboração entre pastores e fiéis na conservação, exercício e profissão da fé transmitida”2. O que é este “depósito da fé”? É um tesouro

que a Igreja acolhe e guarda para a eternidade. Várias vezes Jesus usa a simbólica do tesouro para significar o Reino que anuncia. Este tesouro é o próprio Cristo, o seu mistério insondável de Deus e Homem, comunicando aos homens, seus irmãos, a ternura salvífica de Deus e dando a Deus, como Homem, em nome de todos os homens seus irmãos, a resposta que salva, porque estabelece a relação de confiança e de intimidade com Deus; este tesouro é a Palavra de Jesus, os Seus milagres; é, sobretudo, o dom da Sua vida oferecida como sacrifício de louvor; são as Suas promessas, é, na Sua glorificação o anúncio do triunfo da humanidade. Este tesouro é a memória viva de Jesus, acolhida e guardada pelo seu Povo, a Igreja. Desta memória de Cristo, a Páscoa é a pérola e o ápice, que tudo resume, que tudo garante, que renova continuamente a promessa. Não é por acaso que é acerca da perenidade da Sua Páscoa, na Eucaristia, que Jesus diz aos Apóstolos: “Fazei isto em Minha memória” (Lc. 22,19). Esta memória viva de Jesus é o tesouro da Igreja. Preservá-la e vivê-la exprime “a especial colaboração entre pastores e fiéis na conservação, exercício e profissão da fé transmitida”. Esta memória

1 Dei Verbum, nº 9 2 Ibidem, nº 2

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de Cristo é, na Igreja, a notícia permanente do mistério de Deus, Uno e Trino, comunhão de Pessoas, porque a comunhão trinitária faz parte da memória pessoal de Jesus Cristo.

Jesus grava a Sua memória no coração dos Apóstolos

3. Jesus quer que o Seu mistério se prolongue, até ao fim dos tempos, no mistério da Igreja. O caminho que seguiu não foi o de uma planificação para pôr em prática o seu projeto, mas de gravar o Seu segredo, o Seu tesouro, naqueles que escolheu para o partilharem com Ele. Logo no início, quando Pedro faz uma convicta confissão de fé em Cristo, Este, quase surpreendido diz-lhe: “És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas Meu Pai que está no Céu. Por isso Eu te digo: Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a Minha Igreja e o poder da morte nunca poderá vencê-la” (Mt. 16,16-18).

Guardar no coração esse tesouro da memória de Jesus, significa amar como Ele ama. Já depois da ressurreição, pergunta a Pedro: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?... então cuida das Minhas ovelhas” (Jo. 21,15-17). A Igreja é um mistério de amor, pois só amando se pode ser fiel à memória de Jesus. O seu tesouro é o seu coração de Filho.

“Este Sagrado Concílio, seguindo a linha do Concílio Vaticano I, ensina e declara que Jesus Cristo, Pastor eterno, instituiu a Santa Igreja, e, enviando os Apóstolos, como Ele próprio fora enviado pelo Pai (cf. Jo. 20,21), quis que os sucessores destes, os Bispos, fossem os Pastores na Sua Igreja até ao fim do mundo. E para que o Episcopado continuasse único e unido, estabeleceu Pedro na chefia dos Apóstolos, e assentou nele o princípio e o fundamento perpétuos e visíveis da unidade de fé e de comunhão”3.

Para que esta memória de Jesus fique definitivamente gravada no coração dos Apóstolos, o Senhor impõe-lhes as mãos, comunicando-lhes o Espírito Santo. “Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós. Jesus soprou sobre eles, dizendo: recebei o Espírito Santo. Os pecados daqueles que perdoardes serão perdoados” (Jo. 20,21-23). O Espírito Santo é a garantia do perpetuar, na Igreja, da memória de Jesus.

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Definitivamente conquistados pelo mistério de Cristo, Ele envia os Apóstolos como Ele próprio tinha sido enviado. Antes de subir ao Céu diz-lhes: “Toda a autoridade Me foi dada no Céu e sobre a Terra. Portanto ide e fazei com que todos os povos se tornem Meus discípulos” (Mt. 28,18-19).

Ao serem enviados, o dom que receberam de Cristo torna-se missão, que é continuada pelos seus sucessores. O dom recebido é confirmado pela imposição das mãos e pela infusão do Espírito Santo, como aconteceu aos Apóstolos. O Sacramento da Ordem é a garantia de que cada sucessor dos Apóstolos continua a ser testemunha dessa memória viva de Jesus, o grande tesouro da Igreja. A todos aqueles que receberam o Seu testemunho, Deus confirma-os com a força do Espírito, no Batismo e na Confirmação, tornando-se membros vivos dessa Igreja de Jesus, aquela que guardará, até ao fim dos tempos, o tesouro da fé.

4. Ministério e missão. Os Apóstolos de Jesus e os seus sucessores recebem em missão anunciar a fé, celebrar a fé, e com essa força fazerem da Igreja uma comunidade de irmãos, unidos pelo amor, partilhando a própria experiência íntima de Deus. Toda a missão é um testemunho vivo da vida recebida de Deus pelo Seu Filho Jesus Cristo.

A Igreja é apostólica na verdade essencial do seu ser. Ao Colégio Apostólico Deus pede que mantenha viva essa memória de Jesus, anunciando-a anunciando-aos homens de todos os tempos, exprimindo anunciando-a mensanunciando-agem em todanunciando-as anunciando-as línguas e culturas. Esta é uma tarefa essencial à atualidade da Igreja, só possível devido à perenidade dessa mensagem primeira, gravada no coração dos Apóstolos. O Concílio afirma: “Os teólogos, observando os métodos e exigências próprios da ciência teológica, são convidados a procurar sempre o modo mais apto para comunicar a doutrina aos homens do seu tempo, porque uma coisa é o depósito da Fé – ou as verdades - e outra, o modo de as formular, mas com o mesmo sentido e o mesmo significado”4.

Nesta ousadia de reler a mensagem à luz de novas linguagens culturais, é importante a fidelidade à fé apostólica. Situa-se aí o ministério próprio do Santo Padre, Sucessor de Pedro, graças a Deus tão valorizado na Igreja atual

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e dos Bispos, sucessores dos Apóstolos. O seu Magistério não inova a verdade primeira da revelação, mas põe a claro a harmonia entre a Palavra da Escritura e a Tradição viva da Igreja, de que são testemunhas todos aqueles e aquelas que, ao longo de 2000 anos, guardaram no seu coração a memória de Jesus, o tesouro que Ele legou à Igreja.

Referências

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