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PROC. N. 1486/04 P.L.L. N. 062/04 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

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Academic year: 2021

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EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

“Como a simplicidade é a virtude dos sábios e a sabedoria, dos santos, assim a tolerância é sabedoria e virtude para a-queles que – todos nós – não são nem uma coisa nem outra. Pequena virtude, mas ne-cessária. Pequena sabedoria, mas acessí-vel.”(André Comte-Sponville)

O dia 11 de setembro de 2001 foi trágico. Trouxe uma tristeza profunda, que vai perdurar por muito tempo, para milhões de pessoas. O dia em Nova Iorque amanheceu com o alvoroço comum de uma metrópole, todos saíam para o traba-lho, a escola, as compras ou passeios. Tinha havido rumores de que coisas graves poderiam ocorrer, mas já há tempos eles corriam, como que desacreditando um pouco que algo de grave pudesse efetivamente acontecer.

Foi, no entanto, um dia de fúria, e um dos mais avassaladores na vida da-quele país e do povo norte-americano.

Dois aviões seqüestrados despejaram todo o seu poder de destruição sobre o símbolo mais sagrado que puderam encontrar, encetando a máxima destruição di-retamente no coração do país, as torres do World Trade Center (WTC), na cidade de Nova Iorque.

Milhares morreram quando as torres entraram em colapso, mais de uma ho-ra após os impactos. Um terceiro avião seqüestho-rado colidiu com o Pentágono, outro ícone do poder. Um quarto, possivelmente destinado a outro alvo em Washington, caiu no Condado de Somerset, Pensilvânia, aparentemente após os passageiros ten-tarem dominar os seqüestradores.

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Na cronologia da brutalidade, às 8h48min, hora local, o vôo American Air-lines 11 atingiu a Torre Norte do WTC. Às 9h03min o vôo United AirAir-lines 175 a-tingiu a Torre Sul. Às 9h38min o vôo American Airlines 77 aa-tingiu o Pentágono. Às 9h59min a torre sul do WTC entrou em colapso. A torre norte caiu às 10h28min. Às 10h o vôo da United Airlines 93 caiu na Pensilvânia. A Administra-ção Federal de AviaAdministra-ção suspendeu todo o tráfego aéreo nos Estados Unidos e des-viou os vôos internacionais para o Canadá. Os escritórios federais e edifícios pú-blicos em Washington, Nova York e outras cidades importantes foram fechados. Às 16h10min o edifício 7 do World Trade Center entrou em colapso.

Morreram ao todo mais de três mil pessoas. O país e o povo nunca mais se-rão os mesmos, depois daquele dia. Mães ficaram sem filhos, filhos sem pais, mu-lheres sem marido, maridos sem esposas. A lista das vítimas não parava de aumen-tar, diante dos olhares atônitos de todo o mundo. Na história recente não se tinha visto tamanha violência, especialmente num país acostumado à convivência har-moniosa entre todos. A grande maioria dos governos se solidarizou com os Estados Unidos e suas vítimas. E alguns deles, com certeza, sabemos, participaram da mon-tagem daquela tragédia.

Diante da indignação popular, na falta da captura ou punição dos responsá-veis, que acabaram assumindo mais tarde a autoria dos atentados, a resposta políti-ca ameripolíti-cana aos atos pratipolíti-cados traduziu-se na invasão do Iraque e na deposição do seu ditador, Saddam Hussein, acusado de apoiar o terrorismo e da fabricação de armas de destruição em massa. A iniciativa americana não contou com o apoio da ONU e que está sendo criticada como um revide inócuo que não justifica a perda de vidas e tampouco resgata o orgulho e a alma feridos dos cidadãos norte-americanos. As armas de destruição em massa ainda não foram encontradas.

Mas o horror ao 11 de setembro não se resume ao ato terrorista que derru-bou as torres gêmeas do WTC de Nova Iorque. Esta data também nos remete para o ano de 1973, no Chile, quando um golpe militar derrubou o presidente eleito de-mocraticamente pelo povo chileno, Salvador Allende. Esse golpe instituiu uma das mais sangrentas ditaduras da história da América Latina, sob o comando do general Augusto Pinochet (1973 a 1990). Naquele período da história chilena morreram as-sassinados ou torturados, e desapareceram muitos milhares de chilenos e pessoas de outras nacionalidades. Ironicamente, esse foi um golpe militar apoiado aberta-mente pelo governo norte-americano.

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Exatos dois anos e meio depois do ataque a Nova Iorque, em 11 de março de 2004, a “Caixa de Pandora” foi reaberta e libertados os monstros que causam horror, agora, à Espanha, à comunidade européia e, uma vez mais, à humanidade.

Ao redor das 7h30min, hora local, com uma diferença de quatro minutos, quatro bombas explodiram em três estações de trem da linha Guadalajara-Madri, que cruza a capital espanhola. Os explosivos, de 20 e 30kg, estavam dentro de pa-cotes ou mochilas e podem ter sido colocados em outras cidades, com temporiza-dores que as detonassem quando chegassem à capital. A Estação mais atingida foi Atocha, a mais movimentada de todas, sacudida pela detonação de sete bombas em duas composições com pequeno intervalo de tempo. Na Estação Santa Eugênia houve outra explosão em um vagão central. Resultaram do atentado duzentos mor-tos e mais de mil e quatrocenmor-tos feridos.

O pânico tomou conta da capital espanhola e, enquanto o povo em desespe-ro clamava por explicações sobre os responsáveis, acabou indo às ruas, no dia se-guinte, para uma manifestação pública de repúdio à violência cometida, que reuniu nas ruas de Madri mais de um milhão de pessoas e mais de oito milhões por todo o país. O planeta ficou, uma vez mais, perplexo.

Há quem diga que o fim justifica os meios. Há quem diga que os ataques ao coração do primeiro mundo irão redimir as faltas dos líderes das nações ricas que manipulam, exploram e progridem sobre a miséria dos países periféricos. Há quem diga que foram os bascos do ETA os responsáveis pelos ataques em Madri, apesar das evidências apontarem para grupos ligados ao Al Qaeda de Osama Bin Laden. Mas não importa, porque infelizmente essas barbáries, justificadas ou não, ao que parece, farão parte do cenário do mundo neste terceiro milênio: atentados espetacu-lares e com grande número de baixas contra civis indefesos em áreas urbanas den-samente povoadas.

Em nome de uma causa nem sempre compreensível.

Está em falta no seio da humanidade uma pequena virtude que expressa bem o fio que une todas as barbáries a que temos assistido, incrédulos, nos últimos anos: a virtude da tolerância, que na linguagem sociológica descreve uma atitude social de quem reconhece aos outros o direito de manifestar diferenças de conduta e de opinião, mesmo sem aprová-las, ou, em outras palavras o direito que se reco-nhece aos outros de terem opiniões diferentes ou até mesmo diametralmente opos-tas às nossas. Nesse sentido, a prática da tolerância confunde-se com a indulgência,

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uma virtude humana reconhecidamente difícil de alcançar, porque no limite isso nada mais é do que o amor fraternal. Ou, como diz André Comte-Sponville em seu “Pequeno Tratado das Grandes Virtudes” (Ed. Martins Fontes, São Paulo, 1999): “O problema da tolerância só surge nas questões de opinião. É por isso que ela surge com tanta freqüência, e quase sempre. Ignoramos mais do que sabemos, e tudo o que sabemos depende, direta ou indiretamente, de algo que ignoramos”. Também afirma na mesma obra que: “A tolerância só vale contra si mesmo, e a fa-vor de outrem. Não há tolerância quando nada se tem a perder, menos ainda quan-do se tem tuquan-do a ganhar...”.

Dito isso, conto com a sensibilidade dos pares edis para a aprovação da ma-téria ora apresentada.

Sala das Sessões, 19 de março de 2004.

CLÁUDIO SEBENELO

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PROJETO DE LEI

Institui o Dia Municipal de Luta Contra a Intolerância.

Art. 1º Fica instituído o Dia Municipal de Luta Contra a Intolerância, a ser comemorado, anualmente, no dia 11 de setembro.

Parágrafo único. A data referida no caput deste artigo passa a inte-grar o calendário oficial do Município de Porto Alegre.

Referências

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