• Nenhum resultado encontrado

IMPACTOS E ESTUDOS PARA MANEJO INTEGRADO DE Egeria spp. NO RESERVATÓRIO A USINA HIDRELÉTRICA ENGº SOUZA DIAS (JUPIÁ)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "IMPACTOS E ESTUDOS PARA MANEJO INTEGRADO DE Egeria spp. NO RESERVATÓRIO A USINA HIDRELÉTRICA ENGº SOUZA DIAS (JUPIÁ)"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Rua Zuleide Perez Tabox, 988 – Centro – Três Lagoas – MS – CEP 79600-080 GRUPO XI

ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS - GIA

IMPACTOS E ESTUDOS PARA MANEJO INTEGRADO DE Egeria spp. NO RESERVATÓRIO A USINA HIDRELÉTRICA ENGº SOUZA DIAS (JUPIÁ)

Haruo Kuratani (*) Daniel A. Salati Marcondes André Luiz Mustafá Robson Hitoshi Tanaka

CESP CESP CESP CESP

RESUMO

As plantas aquáticas são uma grande ameaça para as usinas hidrelétricas em termos de perda de receitas. A Companhia Energética de São Paulo vem executando uma série de atividades visando minimizar os impactos provocados por estas plantas na operação da Usina Hidrelétrica Eng. Souza Dias. A avaliação e aperfeiçoamento dos métodos de controle das plantas e o desenvolvimento de equipamentos para identificação de obstrução das grades da tomada d’água e também para limpeza das grades fazem parte das ações de manejo integrado de plantas aquáticas, que leva em consideração as necessidades da CESP sem se descuidar da conservação ambiental.

PALAVRAS-CHAVE: planta aquática; CESP; Egeria 1.0 - INTRODUÇÃO

As plantas aquáticas são componentes importantes em corpos hídricos, pois desempenham inúmeras funções. Elas proporcionam locais para reprodução, alimentação e proteção para organismos aquáticos, incluindo peixes, aves e insetos; aumentam a concentração de oxigênio na água e no sedimento; auxiliam na proteção e estabilização das margens; e, em alguns casos, aumentam a transparência da água (pela competição com as algas por nutrientes) COOK (1).

Porém, em certas condições, as plantas aquáticas podem se tornar um problema. Seu crescimento excessivo pode afetar os usos da água, como a recreação, irrigação, abastecimento de cidades e indústrias, navegação e geração de energia (SCHVARTSMAN (2)). Pode ainda provocar desequilíbrio ecológico pela formação de grandes infestações de uma única espécie, empobrecendo o ambiente para peixes, aves e outros organismos. Em alguns casos podem representar problemas para a

saúde pública, pois oferecem ambiente adequado para o desenvolvimento de vetores de doenças.

Para PATTON & STARNES (3), o fato de ambientes hídricos se tornarem infestados por plantas aquáticas é uma indicação que a água apresenta um problema de difícil solução, o excesso de nutrientes, provenientes de várias fontes, incluindo: esgoto doméstico, erosão de terras agrícolas, lixiviação, resíduos industriais, agrícolas e urbanos, decomposição de plantas e outros organismos.

Segundo PITELLI (4), no Brasil, as plantas aquáticas representam grandes problemas em três ambientes alterados pelo homem: i) lagos e reservatórios eutrofizados, próximos a centros urbanos; ii) represas rurais e canais de irrigação de drenagem e iii) grandes reservatórios de usinas hidrelétricas.

A Companhia Energética de São Paulo (CESP) opera seis usinas hidrelétricas, com uma capacidade instalada de 6.732 megawatts (MW), cerca de 13% da capacidade nacional. Alguns destes reservatórios de usinas hidrelétricas vêm apresentando infestações crescentes de plantas aquáticas emersas e submersas, com prejuízos à geração de energia elétrica e ao transporte hidroviário. A situação mais grave é encontrada na Usina Hidrelétrica Engº Souza Dias (Jupiá) (1.551 MW), que desde 1994 vem sendo severamente impactada pelo desenvolvimento excessivo de plantas aquáticas no reservatório de Jupiá. Nesta usina, as unidades geradoras ficam indisponíveis em alguns períodos do ano devido ao acúmulo de plantas submersas nas grades de proteção das tomadas d'água. Estes acúmulos obrigam a substituição das grades danificadas e a coleta e transporte das plantas aquáticas que chegam à usina, aumentando o custo da geração de energia.

A solução definitiva para este problema só será obtida com o reequilíbrio do ecossistema, que passa pelo

(2)

reordenamento do uso do solo, controle das fontes de poluição e recomposição da vegetação ciliar. Entretanto, estas atividades envolvem ações interinstitucionais e participação social e seus efeitos são esperados a longo prazo. Em busca de soluções, a CESP vem desenvolvendo ações que direta ou indiretamente contribuem para a redução das infestações de plantas aquáticas.

O programa de estudos e controle de plantas aquáticas visa pesquisar e desenvolver técnicas de controle químico, mecânico e biológico de plantas aquáticas emersas e submersas nos reservatórios, além de aumentar o conhecimento sobre a dinâmica dessas plantas, com a finalidade de obter formas de controle racionais e adequadas às necessidades da companhia e da comunidade.

2.0 – IMPACTOS PROVOCADOS PELAS PLANTAS AQUÁTICAS NO RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA ENGº SOUZA DIAS (JUPIÁ)

Diversas características fazem com que as plantas aquáticas provoquem problemas, podendo-se citar: alta taxa de crescimento; vários mecanismos de reprodução (sexuada e vegetativa); alta capacidade de dispersão e sobrevivência; tolerância a variações ambientais; resistência aos métodos de controle. No reservatório da Usina Hidrelétrica Engº Souza Dias (Jupiá), formado em 1968, vem sendo detectada desde 1990 a presença crescente de plantas aquáticas, principalmente Egeria densa, Egeria najas e Ceratophyllum demersum, que tem provocado substancial aumento de indisponibilidade de unidades geradoras, além de alterações na forma de operação da usina e de seu reservatório. Egeria densa tem a tendência de dominar o ambiente devido ao seu desenvolvimento vigoroso e freqüentemente produz estandes grandes e puros (COOK & URMI-KÖNIG (5)). Os principais impactos são:

2.1 Operação e manutenção da usina

A incidência de plantas em grande volume, notadamente em épocas de cheias, ocasiona um grande transtorno à operação da usina e reservatório da Usina Hidrelétrica Engº Souza Dias (Jupiá). Quando sua afluência é muito grande, a capacidade de geração das unidades podem ser reduzidas a ZERO para evitar o rompimento das grades entupidas com a vegetação pela pressão hidráulica.

Esta redução de potência leva a uma sobra de água que é prejudicial à operação, pois com o vertimento deixa-se de gerar energia elétrica. Na tentativa de se reduzir ao máximo as perdas de energia provocadas pelo vertimento em Usina Hidrelétrica Engº Souza Dias (Jupiá), altera-se toda a operação das Usinas Hidrelétricas Ilha Solteira e Três Irmãos, situados a montante. Esta operação alternativa acarreta dificuldades para o Sistema Interligado.

Outro impacto causado é sobre os operadores da usina, que ficam permanentemente em alerta para detectar alguma situação anormal da unidade geradora e para reduzir de imediato a potência das unidades geradoras. Este alerta permanente causa uma situação de “stress”.

A indisponibilidade da unidade geradora ocorre quando uma grande quantidade de plantas e detritos se acumula nas grades da tomada d’água das unidades geradoras, dificultando ou impedindo a passagem de água para a turbina, provocando a diminuição da potência, motivada pela redução da vazão e em casos extremos, levando à deformação e rompimento das grades.

No período de 1994 a 2000, foram substituídas 638 unidades de grades de tomada d’água que se apresentavam rompidas ou deformadas. Para a substituição de apenas uma grade, a unidade geradora fica indisponível por aproximadamente 40 horas, sendo que as operações de fechamento, esgotamento, enchimento e abertura consomem 36 horas e a substituição da grade, aproximadamente 4 horas. 2.2 Navegação

Grandes populações de plantas aquáticas podem bloquear eclusas ou trechos inteiros de rios, impedindo o transporte hidroviário, trazendo comprometimento econômico à atividade. Em outras situações, as plantas, durante seu deslocamento pelo reservatório, arrastam consigo as bóias de orientação da hidrovia, aumentando o risco de acidentes com as embarcações.

2.3 Captação de água

A vegetação aquática freqüentemente restringe a captação de água para usos como abastecimento para consumo humano, industrial e irrigação de culturas. Estas restrições podem estas relacionadas tanto com o fluxo quanto com a qualidade da água, exigindo a manutenção constante dos sistemas de captação e tratamento da água.

2.4 Atividade agropecuária

Além de dificultar a captação de água, as plantas aquáticas podem reduzir a vazão nos canais de irrigação, comprometendo o fornecimento de água para as culturas. Elas também podem cobrir totalmente os corpos d’água, impedindo o acesso de animais à água ou mesmo criando condições adversas para a piscicultura.

2.5 Atividade pesqueira

Em grandes populações, a vegetação aquática prejudica a pesca profissional, pois danifica/arrasta as redes de espera (modalidade de pesca mais utilizada em reservatórios) e dificulta o acesso a várias áreas dos rios ou reservatórios ao não permitir a navegação.

(3)

2.6 Lazer e turismo

A prática de esportes náuticos é extremamente dependente de águas limpas. O crescimento de plantas em corpos d’água dificulta esta forma de lazer, podendo trazer prejuízos ao turismo e à economia de municípios às margens de rios ou reservatórios. 3.0 – MEDIDAS PARA REDUÇÃO DE IMPACTOS NA USINA

As medidas atenuadoras dos impactos na usina são: 3.1 Pórtico limpador de grades

Existem dois destes equipamentos instalados na tomada d’água da usina (Figura 1). Cada pórtico possui uma caçamba sobre rodas, que é lançada por cabos de aço que desliza sobre as grades até atingir os detritos. Um terceiro cabo de aço faz a função de abrir e fechar a caçamba, possibilitando a mordedura dos detritos e assim retirando-os. Entre janeiro de 1994 e outubro de 1999 foram retirados 47.968 m³ de plantas e outros materiais (Tabela 1).

FIGURA 1: Localização do pórtico limpa-grades na Usina Hidrelétrica Engº Souza Dias (Jupiá).

Para a limpeza das grades de proteção, há necessidade de se manter três equipes de funcionários trabalhando 24 horas por dia no período crítico, em turnos de 8 horas, com utilização de vários equipamentos e veículos (pás carregadeiras e caminhões, para retirada das plantas do local).

TABELA 1: Volume de plantas aquáticas retiradas na tomada d'água das unidades geradoras da Usina Hidrelétrica Engº Souza Dias (Jupiá) (m³) – janeiro/1994 a fevereiro/2001

Ano Volume de plantas (m³)

1994 4.446 1995 8.317 1996 8.794 1997 13.470 1998 6.930 1999 6.011 2000 2.937 2001 904 TOTAL 50.279 3.2 Rebocador

A usina dispõe de uma embarcação desta natureza, preparada com grades em sua proa que possibilita empurrar ilhas flutuantes de plantas aquáticas em direção aos vertedouros de superfície, antes que cheguem à tomada d’água das máquinas. Este é um processo que é utilizado para ilhas flutuantes de grandes dimensões.

3.3 Comporta (stop-log) com lâminas

Foi idealizado e construído na usina, um conjunto de lâminas de aço que foram adaptados a uma comporta de manutenção para cortar os detritos presos nas grades. Esta operação exige que a geração da unidade seja zerada e a peça de stop-log introduzida na ranhura guia até um terço de sua profundidade, sendo então retirada e efetuada a limpeza com o pórtico limpador de grades. Repete-se esta operação por três vezes até atingir a última grade. Neste processo, o detrito cortado na sua maioria atravessa as grades e é posteriormente turbinada.

3.4 Redução de geração

Para aplicação deste procedimento, anteriormente eram feitas inspeções diárias, horárias ou até de quinze em quinze minutos, procurando detectar oscilação de potência ativa ou ruído de cavitação, condições que definem operação em regiões de baixo rendimento da unidade com risco de rompimento de painéis de grade, quando se definia a imediata redução de potência gerada. A redução da potência ativa da UG é realizada até obter-se a estabilização da unidade. Esta redução está limitada a até 50 MW, a partir da qual deve-se providenciar a imediata limpeza das grades com o equipamento Limpa Grades ou na impossibilidade de fazê-lo, por qualquer motivo, deve-se desligar a UG do Sistema para evitar danos maiores às grades. Esta operação deve ser efetuada sempre que a quantidade de detritos que chegam à usina seja tão grande que os procedimentos anteriores não sejam suficientes.

A partir de novembro de 1999, foi instalado um equipamento que faz a verificação automática da curva de conjugação entre as pás da turbina e do distribuidor, acionando alarme na sala de comando centralizado para uma atuação imediata do operador na redução de potência e estabilização da turbina. A verificação da curva de conjugação para cada queda possibilita indiretamente a verificação de entupimento da tomada d’água pela perda de rendimento da turbina.

3.5 Alteração de Lei de Manobra das comportas do vertedouro

A Usina Hidrelétrica Engº Souza Dias (Jupiá) possui 37 comportas de vertimento que são do tipo de fundo e 4 comportas de superfície, totalizando 41 comportas. A abertura destas comportas são realizadas segundo uma seqüência estabelecida (Lei de Manobra) através de estudos hidráulicos. Esta Lei de Manobra foi

(4)

alterada de forma a primeiramente abrir totalmente as comportas de superfície e depois, caso necessário, as comportas de fundo. Esta operação permite que os detritos flutuantes sejam direcionados para vertimento. É uma operação que alivia muito a quantidade de detritos nas tomadas d’água das unidades geradoras. 3.6 Vazão defluente na Usina Hidrelétrica Três Irmãos Inspeções no reservatório da Usina Hidrelétrica Engº Souza Dias (Jupiá) demonstraram que em toda a extensão entre a Usina Hidrelétrica Três Irmãos até a foz do rio Tietê, há um volume muito grande de plantas que ali se desenvolvem. Sabe-se que estas plantas se desprendem do fundo do rio quando há uma variação do fluxo de água. Portanto, qualquer variação brusca na vazão defluente da Usina Hidrelétrica Três Irmãos, não é desejável. Desta forma, foram adotados procedimentos operativos para minimizar as variações de vazão defluentes na Usina Hidrelétrica Três Irmãos, tais como: vertimento com perfil alongado (pequena vazão por mais tempo), utilização do Canal de Pereira Barreto para transferir água para o lago da Usina Hidrelétrica Ilha Solteira.

4.0 – ESTUDOS PARA MANEJO DE PLANTAS AQUÁTICAS

O desenvolvimento excessivo de plantas aquáticas nos reservatórios e a busca de alternativas de controle não são fatos recentes na CESP, mas os crescentes problemas provocados pelas plantas na operação da Usina Hidrelétrica Engº Souza Dias (Jupiá), levaram a CESP a buscar com maior intensidade soluções para o controle das mesmas.

Os estudos de controle de plantas aquáticas são desenvolvidos pela CESP e instituições de pesquisa. O conjunto destas atividades visa obter técnicas para manejo de plantas aquáticas nos reservatórios da CESP e subsidia um plano mais amplo, denominado Plano de Manejo Ambiental de Reservatórios, constituído pelas seguintes vertentes:

• Diagnóstico da qualidade ambiental dos reservatórios;

• Normatização ambiental;

• Pesquisa e desenvolvimento ambiental; • Manejo de plantas aquáticas;

• Necessidades e restrições da Companhia.

Os programas de manejo de plantas aquáticas devem abranger uma ampla gama de fatores científicos, operacionais, ambientais, econômicos e sociológicos para obtenção de um maior período de controle. (Murphy, 1988)

A seguir são descritas as atividades de manejo de plantas aquáticas em desenvolvimento.

4.1 Análise da estrutura genética de populações de plantas aquáticas

Tem por finalidade subsidiar as pesquisas com controle químico, mecânico e biológico de plantas aquáticas. Os

resultados permitirão estabelecer o grau de parentesco entre os acessos e entre as populações nos reservatórios. Dentro de uma série histórica, será possível avaliar o comportamento destas populações às medidas de controle.

4.2 Estudos para controle químico

Os herbicidas representam um método rápido, barato e eficiente de controlar plantas aquáticas. São ferramentas poderosas, mas requerem conhecimento para que sejam utilizados de forma segura e eficaz. Para a realização das aplicações experimentais de herbicidas para de plantas aquáticas, desenvolveu-se um equipamento de aplicação adaptado a uma embarcação. Este equipamento é semelhante aos pulverizadores tratorizados utilizados na agricultura, sendo constituído por: conjunto motobomba, painel de controle (com manômetro, válvula reguladora de pressão e registros para direcionamento do fluxo), tanque para calda e barra de aplicação. Para o controle de plantas emersas e flutuantes, a barra de pulverização conta com bicos tipo leque e o herbicida é aplicado diretamente sobre as plantas. No caso de plantas submersas, os bicos são substituídos por mangueiras de maior comprimento, com pesos nas extremidades, de forma a permitir a aplicação dos herbicidas abaixo da superfície da água.

Para a realização de aplicações experimentais de herbicidas em trechos dos reservatórios, uma série de estudos é desenvolvida:

• Avaliação preliminar dos herbicidas em condições de laboratório

• Avaliação dos herbicidas em tanques (caixas d´água)

• Avaliação dos herbicidas em lagoas de pequeno porte e sem fluxo

Somente após estas etapas, em que o produto deve apresentar alta eficácia de controle de plantas, iniciam-se os estudos para aplicação em áreas dos reservatórios, em que são realizados:

• Escolha e medição das áreas;

• Estudos com corantes, para avaliação do volume das áreas e da taxa de renovação da água nas mesmas;

• Definição da aplicação: doses, época de aplicação, número de reaplicações.

• Aplicação do herbicida;

• Monitoramento da qualidade da água e resíduos do herbicida em diversos pontos do reservatório. • Avaliação de impacto ambiental

• Avaliação de eficácia de controle das plantas 4.3 Estudos para controle mecânico

O controle mecânico é a técnica com menor nível de desenvolvimento no Brasil. Embora práticas mecânicas venham sendo utilizadas na limpeza de grades de proteção de turbinas, esta atividade não chega a ser uma prática de controle, pois tem a função exclusiva de

(5)

minimizar os problemas para a geração de energia. O controle mecânico tem um grande potencial de utilização, principalmente se for associada a outras práticas de controle. Encontram-se em curso os estudos iniciais com uma embarcação colhedora de plantas aquáticas, com o objetivo de avaliar a eficiência de controle e os impactos ambientais provocados pelo uso deste método.

4.4 Estudos para controle biológico

Dentre as alternativas de controle de plantas aquáticas submersas, o controle biológico constitui uma das mais interessantes, pois, além de apresentar menor risco ambiental, um agente adequado pode promover um controle efetivo, de longo prazo e baixo custo. Este programa vem sendo desenvolvido em várias etapas: • Levantamento dos inimigos naturais das plantas

aquáticas, especialmente fitopatógenos. Os organismos coletados são identificados e selecionados para estudos de eficiência de controle e seletividade a plantas de interesse econômico e ecológico;

• Plantas com sintomas característicos de infecção por fitopatógenos são coletadas e submetidas ao isolamento dos agentes;

• Nova seleção de agentes para testes posteriores de patogenicidade. Os organismos selecionados como potenciais agentes de controle biológico, são estudados mais detalhadamente em termos de eficiência de predação ou parasitismo sobre as plantas aquáticas e plantas de interesse econômico e ambiental, localizadas nas áreas adjacentes ao reservatório.

• Estudos de produção de inóculo

4.5 Monitorização da ocorrência de plantas aquáticas O levantamento periódico da ocorrência de plantas aquáticas, quando sistematizado, permite avaliar a evolução das comunidades de plantas aquáticas e, respaldado por outras atividades, possibilita analisar as causas dessas variações. O conhecimento da composição específica, associado à revisão de literatura e conhecimentos prévios, pode permitir a previsão das espécies que potencialmente poderão causar problemas à operação da usina e aos outros usos do reservatório. Os levantamentos realizados nos reservatórios da CESP visam:

• Alertar com antecedência. Pela monitorização contínua dos corpos hídricos, as plantas consideradas daninhas podem ser localizadas e contidas e às vezes erradicadas a baixos custos, antes que provoquem problemas ambientais; • Proporcionar informações confiáveis para o

estabelecimento de prioridades do gerenciamento de plantas aquáticas;

• Permitir o acompanhamento de tendências nas comunidades de plantas aquáticas ou flutuações populacionais de uma planta ou grupo de plantas. Esta informação pode alertar sobre alterações que

podem ocorrer como resultado das atividades de gerenciamento das infestações.

A identificação das espécies de planta aquáticas em um corpo de água é uma etapa crítica em planos de manejo por várias razões. Primeiro, espécies diferentes freqüentemente respondem de forma diferente às técnicas de controle. Uma técnica muito efetiva sobre uma espécie pode não ter efeito em outras espécies. Segundo, também é importante determinar se qualquer planta rara ou sensível está presente. Estas espécies devem ser protegidas e algumas técnicas de controle poderiam não ser utilizadas. Finalmente, é crucial descobrir se qualquer planta exótica ou alóctone está presente pois sua presença exige normalmente uma ação agressiva.

4.6 Modelagem matemática

O sucesso de programas de manejo de plantas aquáticas depende, em grande parte, do desenvolvimento de métodos eficientes de controle, mas também do entendimento do ecossistema e consequente elaboração de uma estratégia de ação. Esta estratégia consiste na seleção das alternativas de controle mais adequadas a cada compartimento do sistema ao longo do tempo, e para tanto, os modelos matemáticos para representação de cenários de manejo é uma das mais importantes ferramentas. Características de funcionamento como operação do reservatório pela usina, variações das condições meteorológicas, trocas de massa entre as baías marginais e o corpo do reservatório podem, através da modelagem, ser sobrepostas ao leque de alternativas de controle, fornecendo subsídios para a elaboração de uma estratégia eficiente. Mais especificamente, busca-se:

• A representação da circulação da água no braço do reservatório de Jupiá, ao longo do rio Tietê, que apresenta as maiores infestações de plantas aquáticas;

• desenvolvimento de um modelo de crescimento e controle de plantas aquáticas;

• A simulação de cenários de manejo, nos quais a dinâmica do sistema possa ser sobreposta às alternativas de operação e de controle das plantas. 4.7 Gestão territorial

O objetivo deste trabalho é fornecer subsídios para o manejo de plantas aquáticas, através de um diagnóstico da situação dos elementos indutores e processos que de alguma forma afetam o desenvolvimento de plantas aquáticas.

Este trabalho visa constituir um banco de dados que possa atender aos objetivos do manejo de reservatórios, permitindo uma melhor caracterização dos ambientes naturais. É composto pelo levantamento do meio físico (geologia, geomorfologia, solos, processos erosivos e uso e ocupação atual da terra), biótico (cobertura vegetal) e sócio-econômico (infra-estrutura urbana e de saneamento) da área de influência dos reservatórios da CESP, com a finalidade

(6)

de determinar as principais atividades indutoras de contaminação e poluição de suas águas.

5.0 - PLANO DE MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS AQUÁTICAS

A execução destas atividades permitirá a elaboração de um plano de manejo de plantas aquáticas e será um componente importante do gerenciamento de reservatórios. Este plano irá constituir-se numa ferramenta importante para a tomada de decisões relativas ao manejo de plantas aquáticas por permitir a identificação das áreas a serem tratadas, definir dos níveis desejados de controle de plantas aquáticas e os métodos a serem utilizados.

Um dos fatores que dificultam a obtenção de soluções é a falta de opções disponíveis. Como exemplo, pode-se citar:

• Não há herbicidas registrados para uso em ambientes aquáticos. As aplicações já realizadas foram consideradas experimentais, sempre com autorização do IBAMA, em áreas limitadas e com alto grau de monitorização e controle;

• Os equipamentos para controle mecânico (colhedoras ou picadoras) não se encontram disponíveis no país, sendo necessário importá-los; • A inexistência de legislação específica sobre

plantas aquáticas e seu gerenciamento. 6.0 - CONCLUSÕES

O desenvolvimento excessivo de plantas aquáticas pode afetar os diferentes usos de corpos hídricos. No reservatório da Usina Hidrelétrica Engº Souza Dias (Jupiá), a proliferação de plantas submersas, principalmente do gênero Egeria, vem provocando impactos negativos na geração de energia pela Usina Hidrelétrica Engº Souza Dias (Jupiá), tornando fundamental a adoção de medidas de controle Na maioria das situações em que as plantas aquáticas representam problemas, a integração de métodos de controle é geralmente recomendada. Utilizando várias práticas, benefícios a curto, médio e longo prazo podem ser atingidos e as plantas aquáticas podem ser eficientemente controladas. A definição das práticas a serem utilizadas em cada situação dependerá da avaliação dos problemas provocados pelas plantas, das espécies presentes, da extensão da infestação, do uso da água e das características do corpo d’água.

7.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) COOK, C.D.K. Aquatic plant book. Amsterdam: SPB Academic Publishing, 1996. 228p.

(2) SCHVARTSMAN, S. Controle de plantas aquáticas – problema complexo e preocupante. Notícias ILSI Brasil, v.6, n.3, p.1-2, 1998.

(3) PATTON, V.D., STARNES, W.E. Aquatic weeds and water pollution. Hyacinth Control Journal, v.8, n.2, p.48-9, 1970.

(4) PITELLI, R. A. Macrófitas aquáticas no Brasil, na condição de problemáticas. In: WORKSHOP CONTROLE DE PLANTAS AQUÁTICAS, 1998, Brasília. Resumos... Brasília: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1998. p.12-5.

(5) COOK, C.D.K., URMI-KÖNIG, K. A revision of the genus Egeria (Hydrocharitaceae). Aquat. Bot., v.19, p.73-96, 1984.

Referências

Documentos relacionados

Especificamente as questões levantadas buscam avaliar qual o contributo das espécies mais representativas da área amostral (Bolbochenous maritimus (L.) Palla,

In this study, particularly focused on the small-bodied cladoceran Ceriodaphnia pulchella, we intend to provide additional information on the dynamics of cladocerans in lake Vela

No ˆ ambito deste trabalho ´ e proposto o desenvolvimento de um conjunto de ferramentas de simula¸c˜ ao baseadas em PLECS capazes de simular o controlo de fontes de comuta¸ c˜ ao

A direção dos Serviços Farmacêuticos Hospitalares (SFH) fica sempre a cargo de um farmacêutico. São várias as funções desempenhadas pelo FH no decorrer da sua atividade

Dada a maior probabilidade de ocorrência de erros na dispensa com este tipo de receitas, existem pontos que exigem a atenção do farmacêutico, como a especificação clara do utente,

A prescrição pode fazer-se em modo online (como acontece nas receitas desmaterializadas) ou em modo offline. Neste último caso o software regista a informação da

Por exemplo, a nível das novas áreas (em particular a AP) não é fácil porque pede muito mais trabalho dos professores e pede uma nova postura da parte do professor (que passa a

A reinserção, nesta perspectiva, convoca um papel mais activo da sociedade e, nesta medida, é preferível, enquanto conceito que encerra um programa de acção para a