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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CCSA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS PRISCYLLA GOMES DO NASCIMENTO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

PRISCYLLA GOMES DO NASCIMENTO

Disclosure ambiental no setor de utilidade pública da B3: uma análise dos fatores explicativos.

NATAL/RN 2019

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PRISCYLLA GOMES DO NASCIMENTO

Disclosure ambiental no setor de utilidade pública da B3: uma análise dos fatores explicativos.

Monografia apresentada à Coordenação de Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Rodolfo Maia Rosado Cascudo

Rodrigues.

NATAL/RN 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas – CCSA

Nascimento, Priscylla Gomes do.

Disclosure ambiental no setor de utilidade pública da B3: uma análise dos fatores explicativos / Priscylla Gomes do Nascimento.

- 2019.

43f.: il.

Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais

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FOLHA DE APROVAÇÃO

PRISCYLLA GOMES DO NASCIMENTO

Disclosure ambiental no setor de utilidade pública da B3: uma análise dos fatores explicativos.

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão do Curso de Ciências Contábeis, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção

do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Aprovada em 29 de novembro de 2019.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________

Prof. Msc. Rodolfo Maia Rosado Cascudo Rodrigues – Orientador ________________________________________________

Prof. Dr. Adilson de Lima Tavares – Membro da Banca ________________________________________________

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RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo investigar quais fatores explicam o disclosure ambiental obrigatório das empresas listadas na B3 no setor de utilidade pública a luz do CPC 25. Para isto, através de uma análise de conteúdo, foram utilizadas as Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs) referentes ao exercício de 2018. A amostra da pesquisa é formada pelas cias. abertas pertencentes ao setor de utilidade pública com ações negociadas na B3 e, conforme a Lei n° 10.165/2000 realizam atividades de médio e alto impacto ambiental. Fundamentado na teoria da legitimidade e nos estudos anteriores, foi avaliado o cumprimento do preconizado pelo CPC 25 através de checklist desenvolvido. Foram verificadas a possível influência de sete variáveis distintas no nível de divulgação ambiental. Por meio de regressão pelo método dos mínimos quadrados ordinários, apenas a divulgação de relatórios de sustentabilidade mostrou-se significante. Já pelo modelo tobit, as variáveis rentabilidade, endividamento, liquidez corrente e auditoria mostraram-se significantes, entretanto, apenas a variável auditoria apresentou coeficiente positivo. Esta pesquisa visa somar a literatura preexistente, contribuindo para a ampliação dos conhecimentos que permeiam a divulgação ambiental.

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ABSTRACT

This research aims to investigate which factors explain the mandatory environmental disclosure of companies listed in B3 in utilities sector in light of the CPC 25. For this, through a content analysis, we used the Standardized Financial Statements (DFPs) for 2018. The research sample is made up of publicly traded companies belonging to the utilities sector with shares traded in B3 and, according to Law No. 10.165 / 2000 carry out medium and high environmental impact activities. Based on the theory of legitimacy and previous studies, compliance with CPC 25 was evaluated through a checklist developed. The possible influence of seven distinct variables on the level of environmental disclosure was verified. By regression using the ordinary least squares method, only the disclosure of sustainability reports was significant. By the tobit model, the variables profitability, indebtedness, current liquidity and audit were significant, however, only the audit variable presented positive coefficient. This research aims to add the existing literature, contributing to the expansion of the knowledge that permeate the environmental disclosure.

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, por seu incondicional amor e constante exemplo de bondade, gratidão e sabedoria.

Aos meus amigos, os mais próximos e os distantes, aos que permanecem e aos que já se foram, por terem me tocado tão profundamente com todo o afeto e troca que apenas as amizades proporcionam. Obrigada por acreditarem e emanarem as boas energias de sempre.

A todos os colegas que dividiram as dores e delícias de ser um aluno universitário. Ao meu orientador Rodolfo, pela atenção e paciência despendida neste processo.

À Marilia, da coordenação, por ter me agraciado com sua ajuda nos momentos difíceis da jornada acadêmica.

Ao professor Mauricio e Ivan, pelo carinho. Às professoras Ivanielly e Danielle, por todas as palavras de incentivo.

Aos meus empregadores que permitiram o alinhamento da teoria à prática, ampliando meus horizontes e fortalecendo a crença no meu potencial.

Ao universo, por permitir que esta jornada tenha sido exatamente como foi, com todas as vírgulas, reticências e pontos finais, para que hoje eu possa ser exatamente o que já sou e, ainda, tudo que hei de ser.

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“Acho que invento a felicidade para compor todas as coisas e não haver preocupações desnecessárias. E inventar algo bom é melhor do que aceitarmos como definitiva uma realidade má qualquer. A felicidade também é estarmos preocupados só com aquilo que é importante. O importante é desenvolvermos coisas boas, das de pensar, sentir ou fazer.”

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BM&FBOVESPA – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros CFC – Conselho Federal de Contabilidade

CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis CVM – Comissão de Valores Mobiliários

DFPs – Demonstrações Financeiras Padronizadas GRI – Global Reporting Initiative

ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial ROA – Retorno sobre o Ativo

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LISTA DE GRÁFICOS

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1– Conceitos básicos para se reconhecer uma provisão...20

Quadro 2 – Tratamento contábil provisão e passivo contingente...21

Quadro 3 – Estudos anteriores ... 22

Quadro 4 – Relação das empresas estudadas... 23

Quadro 5 – Checklist divulgação passivos contingentes ... 27

Quadro 6 – Variáveis utilizadas na pesquisa ... 27

Quadro 7 – Fator de inflação da variância ... 30

Quadro 8 – Síntese dos resultados – Regressão MQO ... 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estatística descritiva dos dados ... 29

Tabela 2 – Teste de normalidade ... 30

Tabela 3 – Regressão múltipla ... 31

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SUMÁRIO 1INTRODUÇÃO ... 11 1.1 Contextualização do problema ... 11 1.2 Objetivos ... 13 1.2.1 Objetivo Geral ... 13 1.2.2 Objetivos Específicos ... 13 1.3 Justificativa da pesquisa ... 13 2FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 15 2.1 Teoria da Legitimidade ... 15 2.2 Disclosure ambiental ... 17

2.3Evidenciação de provisões e passivos contingentes...19

2.4 Estudos anteriores ... 22

3METODOLOGIA ... 24

3.1 Universo do estudo ... 24

3.2Coleta dos dados ... 26

3.3Tratamento dos dados ... 27

4RESULTADOS DA PESQUISA ... 29

4.1 Análise descritiva dos dados ... 29

4.2 Análise dos resultados ... 30

5CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ... 34

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do problema

As constantes transformações sociais aliadas a novos perfis de consumo, aumentaram as pressões em torno da problemática ambiental. A grande razão para os consumidores mudarem seus comportamentos em relação às questões verdes justifica-se por elas afetarem seus lares – através de doenças, poluição, degradação ambiental, falta de recursos e custos ambientais (SCHENINI, 2005).

Analogamente, Santos (2016), argumenta que com a conscientização da sociedade acerca das questões sociais e ambientais, as empresas se viram cobradas e obrigadas a adotarem atitudes socialmente e ambientalmente sustentáveis. O mesmo anuncia Souza (2002), afirmando que a preocupação ambiental não é recente e que assume grande importância para as empresas, principalmente no que se refere às dimensões econômicas e mercadológicas das questões ambientais. Essas dimensões têm representado custos e/ou benefícios, limitações e/ou potencialidades, ameaças e/ou oportunidades para as empresas.

A partir disto, a crescente preocupação com problemas de caráter ambiental e, consequentemente, com o desenvolvimento sustentável das organizações, tem estimulado o debate em torno das políticas de evidenciação contábil. (DIAS FILHO, 2007). Essas tensões sociais aumentaram a busca por evidenciação por parte dos stakeholders e por legitimação por parte das empresas.

Disclosure deriva da palavra disclose, significando o ato de divulgar, tornar algo evidente, público. No âmbito corporativo, o termo disclosure está ligado ao conceito de transparência corporativa, relacionado à evidenciação de informações, que tanto pode ser obrigatória, quando exigida em leis, contratos ou normativos; como voluntária ou discricionária, quando se trata de informações suplementares. (MURCIA, SOUZA, DILL, COSTA JR, 2010).

Nos últimos anos, tem-se observado expressivo crescimento no volume de evidenciações corporativas de caráter voluntário, particularmente as que privilegiam questões de natureza social e ambiental. (DIAS FILHO, 2007). Ademais, Niyama (2000) pondera que no contexto dos objetivos da contabilidade, torna-se imprescindível prover informações úteis para a tomada de decisões por parte dos usuários. Uma atenção especial há que se dispensar ao papel desempenhado pela evidenciação ou disclosure. Isso porque, para que as demonstrações

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contábeis adquiram a característica da utilidade, devem conter as informações necessárias para uma adequada interpretação da situação econômico-financeira da entidade. Posicionamento ratificado por Santos (2016), que confirma o fato de que a conscientização da sociedade acerca das questões sociais e ambientais, exigiu das empresas a adoção de atitudes socialmente e ambientalmente sustentáveis. Pactuando o exposto, Rosa et al. (2011) expõem que a evidenciação ambiental é utilizada pelas organizações para prestar contas à sociedade, em que os gestores selecionam informações levando em consideração as demandas, o entendimento de que o meio ambiente é uma fonte esgotável, a responsabilidade profissional e o complexo sistema que envolve o tema.

No Brasil, apesar de a divulgação ambiental propriamente dita não ser obrigatória, conforme exposto por Kronbauer e Silva (2012), que afirmam que por não existirem normas relativas à divulgação de informações ambientais, toda e qualquer divulgação apresentada pela entidade será de caráter voluntário.

Ainda assim, a evidenciação foi sistematizada com a divulgação em 2009, e cumprimento obrigatório a partir de 2010, do Pronunciamento Contábil número 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes- que estabelece a aplicação de critérios de reconhecimento e bases de mensuração apropriados a provisões e a passivos e ativos contingentes e que seja divulgada informação suficiente nas notas explicativas para permitir que os usuários entendam a sua natureza, oportunidade e valor. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009). Apesar de não tratar explicitamente da evidenciação ambiental, a norma trata de provisões e passivos contingentes num contexto amplo, perpassando, portanto, os ambientais. Outrossim, a deliberação CVM n° 594 tornou obrigatória, pelas companhias abertas, a adoção ao Pronunciamento Contábil 25 aos exercícios encerrados a partir de dezembro de 2010. Nessa perspectiva, o disclosure obrigatório se faz presente por força da legislação, como meio garantidor de mais confiabilidade e padronização das informações divulgadas, assegurando-se que sejam supridas as necessidades informacionais dos usuários. (GONÇALVES & OTT, 2002).

No que tange a legislação ambiental propriamente dita, a lei n° 10.165 de 2010 dispõe sobre a política nacional do meio ambiente e, além de instituir taxas de controle e fiscalização ambientais, inclui o anexo VIII, responsável por compilar as atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais através do grau de risco de cada atividade. Como consequência, espera-se que as empresas com atividades listadas evidenciem mais

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informações de caráter ambiental, incorrendo na necessidade de divulgação de provisões e passivos contingentes.

Nessa perspectiva, formulou-se a seguinte questão de pesquisa: quais fatores

influenciam o disclosure ambiental obrigatório das empresas listadas na B3 no setor de utilidade pública a luz do CPC 25?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

O presente estudo se propõe a investigar quais fatores influenciam o disclosure ambiental obrigatório das empresas listadas na B3 no setor de utilidade pública a luz do CPC 25.

1.2.2 Objetivos Específicos

Para tanto, é necessário o alcance dos seguintes objetivos específicos:

a) Avaliar se as empresas maiores evidenciam mais informações ambientais do que as empresas menores.

b) Investigar se as empresas mais rentáveis evidenciam mais informações ambientais do que as menos rentáveis.

c) Medir se as empresas menos endividadas evidenciam mais informações ambientais que as empresas mais endividadas.

d) Analisar se as empresas auditadas por “big four” evidenciam mais que empresas auditadas por outras companhias de auditoria.

e) Identificar se as empresas que divulgam relatórios de sustentabilidade evidenciam mais informações ambientais do que aquelas que não divulgam. f) Estabelecer se as firmas pertencentes ao ISE reconhecem mais informações

ambientais que aquelas que não pertencem.

1.3 Justificativa

No âmbito acadêmico, o estudo da evidenciação ambiental se faz necessário, uma vez que as organizações estão se conscientizando, cada vez mais, sobre a importância de apresentar informações ambientais nos seus demonstrativos e utilizando tais relatórios como uma forma de comunicação com a sociedade, garantindo, com isso, que o seu comportamento seja

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percebido como legítimo pelos stakeholders, ao ajudá-los na sua tomada de decisões, e conquistando um diferencial competitivo no setor em que atua. (HUANG; KUNG, 2010). Outra justificativa relevante é a levantada por Eugénio (2010) que expõe o fato de que a implementação de uma Contabilidade Social e Ambiental como complemento da Contabilidade Financeira é um assunto estudado e desenvolvido já desde meados do século passado. Mas o tema específico da divulgação de informação ambiental só aparece com características próprias de investigação, desenvolvimento e implementação desde meados dos anos 80. Sendo, portanto, uma temática ainda atual.

Com relação ao interesse pessoal, o estudo justifica-se porque tanto a temática de disclosure quanto a problemática ambiental, instigam o presente autor a realizar outras pesquisas, incitadas pela necessidade latente de compreensão e adequação social ao tema.

Além disso, vale destacar que até a realização desta pesquisa não foram identificados estudos sobre divulgação ambiental a luz do CPC 25 com o setor de utilidade pública. A maioria dos estudos realizados investigam a divulgação voluntária, ou seja, aquela constante geralmente nos relatórios de sustentabilidade e da administração, ou, ainda, nos relatos integrados (RI).

No âmbito de estudos internacionais, os autores Burgwal e Vieira (2014), analisaram os determinantes da divulgação ambiental em 28 empresas listadas na Amsterdam Euronet index, investigando se as variáveis tamanho, indústria e lucratividade influenciavam os índices de divulgação. Outro estudo conduzido em 2014, por Juhmani, avaliou se as variáveis tamanho da firma, lucratividade, alavancagem financeira, idade do negócio e empresa de auditoria influenciavam a divulgação ambiental.

Em relação aos estudos nacionais, Murcia (2008), investigou o disclosure verde, analisando as características da divulgação ambiental e, ainda, os possíveis determinantes da divulgação. Já Santos (2016), buscou os fatores explicativos da divulgação ambiental das empresas potencialmente poluidoras listadas na BM&FBovespa, como resultado, estabeleceu que o tamanho da empresa, a rentabilidade, a internacionalização e o relatório de sustentabilidade são fatores explicativos da evidenciação de informações ambientais.

Tais estudos corroboram a ideia que a divulgação ambiental é um tema ainda não esgotado no âmbito acadêmico,

Nesse sentido, ao diagnosticar os fatores explicativos do disclosure ambiental neste setor, espera-se contribuir para o aprimoramento da divulgação e consequente cumprimento da legislação pertinente.

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Por fim, o trabalho pode fomentar o surgimento de novas pesquisas que incrementem as investigações nessa temática demasiado latente no Brasil e no mundo.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Teoria da Legitimidade

As organizações não são consideradas detentoras de qualquer direito inerente aos recursos - que elas captam do ambiente em que estão inseridas-, ou até mesmo, de existir. (DEEGAN, 2002). As discussões que envolvem essa problemática são geralmente fundamentadas em algumas abordagens teóricas, destacando-se a Teoria do Disclosure, Teoria Institucional e a Teoria da Legitimidade, esta última considerada como de maior relevância. (SANTOS, 2008).

Dias et al. 2014, percebe que a Teoria da Legitimidade é um recurso teórico que serve para dar embasamento e ratificação das informações de responsabilidade socioambiental acolhido pelas empresas. Diante deste contexto, considera-se que essa teoria tem em seu escopo o papel de demonstrar como e por que os gestores são beneficiados com a publicação do relato de suas informações.

A Teoria da Legitimidade fundamenta-se no argumento de que a empresa opera na sociedade por meio de um contrato social, concordando em atuar dentro dos limites impostos pela sociedade para desfrutar do acesso contínuo ao mercado e aos recursos, e destaca como a gestão empresarial reage às expectativas da comunidade. (PATTEN, 1992). A partir desta afirmação, a Teoria da Legitimidade pode explicar as razões por trás da divulgação de informação ambiental, conforme sugerido por Silva et al. (2014). Com efeito, o fenômeno é corroborado por Eugênio (2010, p. 12), que afirma que a evidenciação enquanto forma de legitimação de uma imagem socialmente responsável da organização, principalmente nas questões sociais e ambientais, tem um relacionamento íntimo com a teoria da legitimidade, em especial a partir dos anos 1980.

Um dos aspectos relevantes desta teoria é o fato de perceberem os relatórios contábeis como documentos sociais, políticos e econômicos. À luz desta teoria, os relatórios contábeis têm a capacidade de transmitir todos estes significados para um conjunto de destinatários (DEEGAN, 2002, p. 291). Nesse sentido, Sampaio et al. (2012), sugeriu que o nível de evidenciação de informações socioambientais aumentou significativamente nos últimos anos, refletindo a crescente preocupação das empresas com questões econômicas, sociais e

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ambientais. O fenômeno é reforçado por Dias et al. (2014), que destacaram que a Teoria da Legitimidade está intimamente relacionada com o aumento da divulgação de informação ambiental, principalmente a partir das décadas recentes, e constitui um importante fator explicativo de tal prática por parte das empresas.

Nessa perspectiva, considera-se que a divulgação de informações ambientais surge como reflexo de regras institucionais racionalizadas, de forma que tais regras funcionam como mitos os quais as organizações incorporam, tornando-se isomórficas com o ambiente institucional, a fim de ganhar legitimidade. (MEYER; ROWAN, 1977). A partir de Nossa (2002), é possível inferir que o disclosure ambiental pode ser obrigatório, quando exigido por leis e regulamentos, e voluntário, quando feito espontaneamente, mesmo que seja com base em diretrizes e orientações. Dentre as informações de caráter voluntário, destacam-se aqueles constantes nos relatórios de sustentabilidade, compreendidos, conforme Suchman (1995) como um instrumento utilizado pelas empresas para divulgar as ações ambientais desenvolvidas, permitindo o exame das estratégias de legitimidade social adotadas pelas empresas. Sob a perspectiva de reconhecimento obrigatório no Brasil, o relatório da administração, juntamente com as demonstrações financeiras e suas notas explicativas e parecer dos auditores independentes e do conselho fiscal, se houver, integram o conjunto de informações que deve ser divulgado por uma sociedade por ações, Mendonça Garcia et al. (2014).

Nesse cenário, os impactos e interações empresa e meio ambiente devem ser reconhecidos, especialmente à luz do CPC 25. Leal et al. (2017), afirmam que para efeito de reconhecimento dos passivos contingentes ambientais, o CPC 25 diferencia dois tipos de obrigações: a legal e a não formalizada. A obrigação legal deriva de contrato explícito ou implícito, por legislação, ou por outra ação da lei.

Os referidos autores ainda fornecem, com base nas informações extraídas do CPC 25, o conceito de obrigação não formalizada. Sendo aquela que se origina de ações da organização quando o evento (que pode decorrer de práticas passadas, de políticas publicadas, ou de declaração atual da entidade) cria expectativas válidas de que a entidade cumprirá certas responsabilidades perante terceiros. É o caso, por exemplo, de, não havendo obrigatoriedade de reparação de um dano ambiental causado, a entidade publicamente aceitar a responsabilidade pela sua retificação, por considerar a possibilidade de o evento tornar-se uma obrigação legal no futuro, por questões éticas ou por fazer parte das práticas e políticas da empresa a adoção de tal procedimento.

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Considerando que o reconhecimento se dará por meio do provisionamento ou, ainda, da divulgação das informações em notas explicativas, Iudícibus (2009, p. 114) lembra o objetivo das notas explicativas é evidenciar informações que não podem ser apresentadas nas demonstrações contábeis, pois diminuiriam sua clareza. Salienta, ainda que os demonstrativos contábeis não podem ser enganosos para os usuários.

Assim sendo, é de esperar que estratégias de divulgação possam reverter um quadro negativo da organização ou, pelo menos, amenizar uma situação percebida pelos stakeholders como prejudicial à imagem da empresa. Por isso, é importante e útil evidenciar uma imagem positiva, utilizando corretamente as estratégias de legitimação, Mendonça Garcia et al. (2014).

Consequente, sugere Monteiro (2007), ao longo das últimas décadas, a comunicação de caráter socioambiental tem despertado o interesse não só dos distintos stakeholders, que cada vez mais exigem informação dessa natureza para a tomada de decisão, mas também, dos pesquisadores na área de contabilidade social e ambiental, em particular na linha de evidenciação de informações contábeis.

2.2 Disclosure Ambiental

A divulgação adequada de informações contábeis pode contribuir para a redução da assimetria informacional, possibilitando que usuários externos obtenham informações confiáveis para sua tomada de decisões. (SILVA; RECH; CUNHA, 2014). Nessa perspectiva, Ribeiro (2010), observa que as demonstrações contábeis surgiram da necessidade de o gestor da atividade econômica controlar, avaliar e analisar a situação patrimonial da entidade (ativos, passivos e patrimônio líquido). Com a expansão das empresas, novos cenários econômicos foram se criando, como o da responsabilidade social. A partir desse conhecimento, entendendo que o lucro é um meio e não um fim, a empresa deveria coadunar os interesses do seu diversificado público a fim de atender suas expectativas, seja em termos de abastecimento do mercado ou de preservação do meio ambiente.

Corroborando o exposto, ROVER, Suliani; ALVES, Jorge L.; BORBA, Alonso J. (2006) afirmam que não basta a empresa se afirmar socialmente responsável ou eco eficiente, se faz necessário a evidenciação das informações em seus relatórios financeiros relacionados com o meio ambiente, com os passivos ambientais, impactos e investimentos ambientais, dentre outros. Esse movimento e os efeitos causados pelas empresas na sociedade e no meio ambiente tem gerado crescente preocupação e impulsionado a pesquisa científica em várias áreas de

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estudo. Tanto as pesquisas sobre disclosure ambiental quanto a própria prática, têm aumentado ao longo das últimas duas décadas. (CHO & PATTEN, 2013; ROSA; S. ENSSLIN; L. ENSSLIN & LUNKES, 2012). O efeito é confirmado por Fernandes, 2013, que ressalta que as empresas são cobradas a adotarem atitudes sustentáveis de modo a preservarem o meio que estão inseridas, sendo a adesão ao disclosure ambiental um trade-off para a empresa de modo a evitar e/ou reduzir os custos políticos a que está sujeita.

No âmbito internacional, diversos estudos acerca da divulgação ambiental foram produzidos. Os resultados encontrados por Gibbon e Joshi (1999) revelam que as regiões do oeste e da Ásia-Pacífico revelam um baixo nível de divulgação ambiental, apesar de ter havido um aumento bastante considerável quanto ao número de organizações que divulgam atividades ambientais nos relatórios. Já Williams et al. (1999) utilizaram análise de conteúdo para investigar divulgações sociais corporativas de quatro países: Austrália, Cingapura, Malásia e Hong Kong através de relatórios e sites anuais. Constataram que as empresas australianas e de Singapura forneceram mais divulgações socioambientais em seus sites do que nos relatórios financeiros. Conclusão similar foi verificada por Villiers e Staden (2011) que também utilizaram análise de conteúdo para investigar o assunto. Com efeito, encontraram diferentes níveis de divulgações ambientais e constataram que as empresas divulgaram mais informações ambientais em seus sites quando confrontadas com uma crise ambiental ou uma má reputação ambiental. Ao examinar divulgações de cunho ambiental (BOLIVAR; GARCIA, 2004) também ofereceram suas contribuições, de modo que investigaram as práticas de divulgações ambientais corporativas de 35 empresas espanholas seus sites. Os autores descobriram que as questões ambientais divulgadas nas demonstrações financeiras eram bastante limitadas e havia a necessidade de vincular relatórios não-financeiros ambientais a relatórios financeiros para fornecer aos usuários de informações mais informações de caráter ambiental.

Conduzindo uma análise de conteúdo Burgwal e Vieira (2014), buscaram identificar os determinantes da divulgação ambiental das 28 maiores empresas listadas na Amsterdam Euronet index e constataram que as variáveis tamanho e indústria apresentam correlação positiva. Por sua vez, Juhmani (2014) investigou os determinantes das 48 empresas listadas na bolsa do Barém e verificou se as variáveis Tamanho da firma, lucratividade, alavancagem financeira, idade do negócio e empresa de auditoria influenciavam a divulgação ambiental, encontraram que há relação entre alavancagem, auditoria e tamanho da firma.

No cenário nacional, Murcia (2008) analisou as características da informação ambiental e as possíveis explicações para a divulgação voluntária de 58 empresas pertencentes aos setores

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de alto impacto ambiental da lei nº 10.165. Os resultados encontrados sugerem que o fator tamanho e as variáveis ‘empresa de auditoria’ e ‘participação no ISE’ são relevantes em nível de significância de 5% para a explicação do disclosure voluntário ambiental. Similarmente, Fernandes (2013) buscou os fatores que influenciaram o disclosure ambiental de 154 companhias brasileiras no período de 2006 a 2010, como resultado encontrou que a variável tamanho influencia positivamente a divulgação ao contrário das variáveis novo mercado e endividamento que apresentaram resultado oposto.

Analogamente, Santos (2016) dirigiu uma extensa pesquisa que investigou os fatores explicativos da evidenciação de informações ambientais de 182 companhias de capital aberto listadas na BM&FBovespa. Concluiu que os fatores: tamanho da empresa, rentabilidade, internacionalização e divulgação de relatório de sustentabilidade são fatores explicativos da evidenciação de informações ambientais.

2.4 Evidenciação de Provisões e Passivos Contingentes

No Brasil, tem-se verificado edições e publicações de normas contábeis com o objetivo de direcionar e harmonizar o modo como as empresas, sobretudo as de capital aberto e equiparadas, devem preparar e divulgar suas demonstrações financeiras, em virtude do aumento dos níveis de interdependência e competitividade entre as organizações, consequência da globalização. (CASTRO; GOMES, 2013). Nessa perspectiva, o caminho da convergência brasileira para as normas internacionais de contabilidade passou pela criação de um órgão único para a emissão de normas de contabilidade: o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Este órgão conduziu o processo de tradução e adaptação das normas internacionais com as quais as empresas brasileiras deveriam trabalhar a partir de então. (SALOTTI, 2015).

Dentre os pronunciamentos propostos, o CPC 25 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (2009), tem como objetivo estabelecer os critérios de reconhecimento e bases de mensuração apropriados a provisões e a passivos e ativos contingentes e que seja divulgada informação suficiente nas notas explicativas para permitir que os usuários entendam a sua natureza, oportunidade e valor. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS, 2009).

A probabilidade de existência de uma obrigação é a discussão central no tratamento de provisões e passivos contingentes, bem como o estabelecimento de critérios para o uso de estimativas e julgamento para a determinação da divulgação de uma obrigação incerta (CUNHA; RIBEIRO, 2016). Dentro do escopo do CPC 25, as provisões são definidas como

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um passivo de prazo ou de valor incerto e os conceitos básicos para o reconhecimento contábil de uma provisão são elucidados no Quadro 1. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS, 2009, p. 3).

Quadro 1 - Conceitos básicos para se reconhecer uma provisão

Obrigação Presente

Para reconhecer uma obrigação presente, é necessário que seja mais provável que vá existir a obrigação do que não. Na maioria dos casos, fica claro se há essa obrigação, caso contrário, é necessário que toda evidência seja considerada para verificar se é mais provável que a obrigação vai existir ou não. Uma obrigação envolve sempre outra parte a quem se deve a obrigação, mesmo que não seja identificável.

Evento Passado

Denominado fato gerador, é aquele que tem condições de criar uma obrigação. As obrigações são criadas quando à entidade não tem alternativa, senão liquidar a obrigação gerada. Isto ocorre (i) quando a liquidação da obrigação puder ser executada por lei; ou (ii) no caso de uma obrigação presumida, quando o evento criar expectativas válidas para outras partes da entidade que liquidará a obrigação.

Saída provável de recurso

Além da obrigação presente, a probabilidade de desembolso de recursos que incorporam benefícios econômicos para liquidar essa obrigação é necessária para que um passivo se qualifique para reconhecimento. Um fluxo de saída de recursos ou outro evento só é considerado como provável se o evento tiver maior probabilidade de ocorrer (mais que sim do que não). Caso uma obrigação existente não seja provável, a entidade deve divulgar um passivo contingente.

Estimativa Confiável de

Obrigação

Quase sempre, a entidade é capaz de determinar um grande conjunto de desfechos possíveis e pode, portanto, fazer uma estimativa que seja suficientemente confiável para usar no reconhecimento de uma provisão. Quando não é possível fazer uma estimativa confiável, o passivo deve ser divulgado como um passivo contingente.

Fonte: Determinantes do Disclosure do CPC 25: Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes por Companhias Listadas na B3. (2018).

No que tange ao reconhecimento de passivos, ressalta-se que é, usualmente, tratado como obrigações e compromissos de determinada entidade em termos monetários ou na forma de bens ou serviços a terceiros. (RIBEIRO FILHO; LOPES; PEDERNEIRAS, 2009). Complementa Assaf Neto (2012), que o passivo tem como função identificar as exigibilidades e obrigações da empresa, cujos valores encontram-se investidos nos ativos. Para justificar a relação entre provisão e passivo contingente, o CPC 25 (2009) apregoa que para tratar do assunto, se faz necessário compreender que todas as provisões são tidas como contingentes pelo fato de serem incertas quanto ao seu prazo ou valor. Porém, a expressão “contingente” é usada em passivos que não sejam reconhecidos, daí a necessidade apenas da divulgação em notas explicativas, fato explicado em virtude de que a sua existência apenas será confirmada pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob o controle da entidade. Ressalta-se que se a probabilidade de saída de recursos for remota, a divulgação não é necessária. Sendo assim, faz-se necessário ocorrer uma avaliação de forma contínua, haja vista que pode tornar-se provável, situação em que será exigido o reconhecimento.

(24)

23

Analogamente, Iudícibus et al. (2013), reforçam o supracitado, sugerindo que conforme a probabilidade de saída de recursos, as obrigações presentes analisadas devem ser avaliadas e classificadas conforme quadro 2:

Quadro 2 - Tratamento contábil provisão e passivo contingente

PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DO DESEMBOLSO TRATAMENTO CONTÁBIL

Obrigação presente e provável

Mensuração por meio de

estimativa confiável Uma provisão é reconhecida e é presente e divulgada em notas explicativas Não mensuração por

inexistência de estimativa

confiável Divulgação em notas explicativas Possível (mais provável que não tenha saída de recursos do que sim) Divulgação em notas explicativas

Remota Não divulga em notas explicativas

Fonte: CPC 25, (2009).

As questões usualmente abordadas nos estudos relacionados ao CPC 25, demonstram, em geral, o modo como as companhias têm adotado e aplicado essa norma contábil em suas demonstrações financeiras, as quais são evidenciadas nas notas explicativas. Com o objetivo de comparar a evolução da divulgação das provisões e passivos contingentes ambientais, Cunha e Ribeiro (2016) verificaram se as empresas do setor de energia elétrica divulgavam provisões e/ou passivos contingentes ambientais de 1997 a 2014.

Adicionalmente, Castro e Gomes (2013), examinaram quais os elementos de evidenciação mais comuns de provisões e passivos contingentes nas empresas brasileiras do setor de energia elétrica nos exercícios de 2009 a 2011, concluíram que o item de divulgação de maior ocorrência para a classe de provisão foi o que trata da breve descrição da natureza da obrigação.

Já Leite (2018) investigou o índice de atendimento aos requisitos de divulgação definidos pela norma IAS 37/CPC 25 - Provisões, Passivos e Ativos Contingentes, comparativamente entre empresas brasileiras e empresas francesas de capital aberto e verificou um resultado interessante se refere à diferença de comportamento em relação ao provisionamento de contingências: na França cerca de 87% das contingências estão provisionadas, enquanto no Brasil esse montante é de apenas 21%.

(25)

24

2.5 ESTUDOS ANTERIORES

Diversas pesquisas, envolvendo a temática da evidenciação ambiental, foram desenvolvidas ao longo dos anos, tanto em âmbito nacional quanto internacional. Inicialmente, foram apresentados trabalhos que abordaram a temática da evidenciação ambiental no contexto das empresas potencialmente poluidoras e, em seguida, trabalhos que exploraram os fatores que explicam a evidenciação de informações ambientais (SANTOS, 2016).

O quadro 3 a seguir apresenta os principais estudos que contribuíram com o arcabouço teórico e metodológico para a construção da presente pesquisa, sintetizando o título, autoria, ano de publicação e, além disso, a composição da amostra, as variáveis independentes analisadas, assim como metodologia e principais resultados encontrados pelos autores.

Quadro 3 – Estudos anteriores

Título Autor, Ano Amostra Variáveis Independent es Método Resultado Environmental Disclosure Determinants in Dutch Listed Companies. Burgwal e Vieira, 2014 28 maiores empresas listadas no Amsterdam Euron et index. Tamanho da firma, tipo de indústria e lucratividade. Análise de conteúdo, regressão e correlação de Pearson.

Correlação positiva com tamanho, e indústria. A rentabilidade não apresentou relevância estatística.

Determinants of Corporate Social and Environmental Disclosure on Websites: The Case of Bahrain. Juhmani,

2014 listadas na bolsa 48 empresas do Barém. Tamanho da firma, lucratividade, alavancagem financeira, idade do negócio e empresa de auditoria. Análise de conteúdo, estatística descritiva e regressão múltipla.

Correlação significativa com as variáveis alavancagem, auditoria e tamanho da firma.

Determinants of environmental disclosures of listed firms in Ghana Welbeck,

et al. listadas na bolsa 17 empresas de valores de Gana(GSE) Tamanho, Lucratividade , tipo de indústria, tipo de auditoria, Participação estrangeira, idade do negócio Análise de conteúdo, Regressão analítica.

Correlação significativa entre tipo de indústria, tamanho da firma, idade do negócio e tipo de

(26)

25 Disclosure Ver de’ nas Demonstrações Contábeis: Características da Informação Ambiental e Possíveis Explicações para a Divulgação Voluntária. Murcia,2 008 58 empresas pertencentes aos setores de alto impacto ambiental Tamanho, rentabilidade, endividament o, empresa de auditoria, participação no Índice de Sustentabilid ade Empresarial (ISE), internacionali zação. Análise fatorial, regressão múltipla e Análise de Correspon dência Simples (Anacor) e Análise da Homogene idade (Homals)

O fator tamanho e as variáveis ‘empresa de auditoria’ e ‘participação no ISE’ são relevantes em nível de

significância de 5% para a explicação do disclosure voluntário ambiental.

Fatores que influenciam o disclosure am biental: Um estudo nas empresas brasileiras no período de 2006 a 2010. Fernande s, 2013 154 companhias brasileiras Tamanho, Nível de Governança Corporativa, Endividament o, Rentabilidade . Análise de conteúdo, A variável tamanho

Influencia positivamente o nível de evidenciação. As variáveis Novo Mercado e Endividamento impulsio

naram negativamente o disclosure ambiental. Fatores explicativos da evidenciação de informações ambientais das empresas potencialmente poluidoras listadas na BM&FBOVES PA. Santos, 2016 182 companhias de capital aberto listadas na BM&F Bovespa Tamanho, endividament o, Rentabilidade , auditoria, Tamanho do conselho adm , independênci a do conselho, Internacionali zação, Setores regulamentad os, Dispersão acionária, relatório de sustentabilida de, sustentabilida de Análise de conteúdo

O tamanho da empresa, a rentabilidade, a internacionalização e o relatório de sustentabilidade

são fatores explicativos da evidenciação de informações ambientais. A study of Environmental Disclosures by Thai listed Companies on Websites Suttipun e Stanton,2 012 50 empresas listadas no Stock Exchange of Thailand Tamanho da firma, tipo de indústria, empresa pública ou privada, país de origem, auditoria, empresas familiares. Análise de conteúdo, Regressão múltipla

Tipo de indústria e de auditoria apresentaram-se significativamente relevantes. Já tamanho, país de origem, idade e tipo do negócio não se mostraram.

(27)

26

3 METODOLOGIA

3.1 Universo do Estudo

A lei n° 10.165 lista, em seu anexo VIII, as atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais, classificadas conforme o risco de degradação ambiental em alto, médio e pequeno. As companhias que atuam com pesquisa mineral com guia de utilização; lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento; lavra subterrânea com ou sem beneficiamento, lavra garimpeira, perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural, são classificadas como de alto impacto ambiental. Já as firmas distribuídas nos subsetores Água e Saneamento e Energia Elétrica são tratadas como empresas de médio impacto ambiental, conforme a referida lei.

A justificativa para a composição da amostra é ressaltada por Niyama et al. (2018) que observam que o pertencimento ao setor de utilidade pública confere prestígio e credibilidade, além de ser considerada prova oficial dos serviços prestados pela entidade.

Sendo assim, a amostra da pesquisa é constituída por todas as empresas listadas na B3 no setor de utilidade pública, incluindo, portanto, os subsetores Água e Saneamento, Energia Elétrica e Gás que divulgaram as Demonstrações Financeiras Padronizadas no ano de 2018, compreendendo, portanto, 67 companhias. As empresas que compuseram a amostra são as que seguem discriminadas no quadro a seguir.

Quadro 4-Relação das Empresas estudadas

Lista de Empresas Subsetor Lista de Empresas Subsetor CIA SANEAMENTO BASICO EST

SAO PAULO Água e saneamento CIA PARANAENSE DE ENERGIA - COPEL Energia elétrica CIA CATARINENSE DE AGUAS E

SANEAM.-CASAN Água e saneamento CIA PAULISTA DE FORCA E LUZ Energia elétrica CIA SANEAMENTO DE MINAS

GERAIS-COPASA MG Água e saneamento CIA PIRATININGA DE FORCA E LUZ Energia elétrica CIA SANEAMENTO DO PARANA -

SANEPAR Água e saneamento CPFL ENERGIA S.A. Energia elétrica

IGUA SANEAMENTO S.A.

Água e

saneamento CPFL ENERGIAS RENOVÁVEIS S.A.

Energia elétrica SANESALTO SANEAMENTO S.A. Água e saneamento CPFL GERACAO DE ENERGIA S.A. Energia elétrica CIA DISTRIB DE GAS DO RIO DE

JANEIRO-CEG Gás CTEEP - CIA TRANSMISSÃO ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA Energia elétrica CIA GAS DE SAO PAULO -

COMGAS Gás EDP ESPIRITO SANTO DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA S.A. Energia elétrica CIA ENERGETICA DE MINAS

GERAIS - CEMIG

Energia elétrica

EDP SÃO PAULO DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA S.A.

Energia elétrica

(28)

27

CENTRAIS ELET BRAS S.A. -

ELETROBRAS Energia elétrica ELEKTRO REDES S.A. Energia elétrica EDP - ENERGIAS DO BRASIL S.A.

Energia elétrica

ELETROBRÁS PARTICIPAÇÕES S.A. - ELETROPAR

Energia elétrica ENGIE BRASIL ENERGIA S.A. Energia elétrica ELETROPAULO METROP. ELET. SAO PAULO S.A. Energia elétrica EQUATORIAL ENERGIA S.A. Energia elétrica EMAE - EMPRESA METROP.AGUAS ENERGIA S.A. Energia elétrica TRANSMISSORA ALIANÇA DE

ENERGIA ELÉTRICA S.A.

Energia elétrica

ENERGISA MATO GROSSO DO SUL - DIST DE ENERGIA S.A.

Energia elétrica AES TIETE ENERGIA SA Energia elétrica ENERGISA MATO GROSSO-DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S/A Energia elétrica AFLUENTE TRANSMISSÃO DE

ENERGIA ELÉTRICA S/A Energia elétrica ENERGISA S.A. Energia elétrica ALUPAR INVESTIMENTO S/A Energia elétrica ENEVA S.A Energia elétrica AMPLA ENERGIA E SERVICOS

S.A.

Energia elétrica

EQUATORIAL MARANHÃO DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.

Energia elétrica CACHOEIRA PAULISTA

TRANSMISSORA ENERGIA S.A. Energia elétrica FERREIRA GOMES ENERGIA S.A. Energia elétrica CIA CELG DE PARTICIPACOES -

CELGPAR Energia elétrica ITAPEBI GERACAO DE ENERGIA S.A. Energia elétrica CEMIG DISTRIBUICAO S.A. Energia elétrica LIGHT S.A. Energia elétrica CEMIG GERACAO E

TRANSMISSAO S.A. Energia elétrica LIGHT SERVICOS DE ELETRICIDADE S.A. Energia elétrica CENTRAIS ELET DE SANTA

CATARINA S.A.

Energia

elétrica NEOENERGIA S.A.

Energia elétrica CENTRAIS ELET DO PARA S.A. -

CELPA Energia elétrica OMEGA GERAÇÃO S.A. Energia elétrica

CESP - CIA ENERGETICA DE SAO

PAULO Energia elétrica PRODUTORES ENERGET.DE MANSO S.A.- PROMAN Energia elétrica CIA CELG DE PARTICIPACOES -

CELGPAR Energia elétrica REDE ENERGIA PARTICIPAÇÕES S.A. Energia elétrica CIA ELETRICIDADE EST. DA

BAHIA - COELBA

Energia

elétrica RENOVA ENERGIA S.A.

Energia elétrica CIA ENERGETICA DE BRASILIA Energia elétrica RGE SUL DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A. Energia elétrica CIA ENERGETICA DE

PERNAMBUCO - CELPE Energia elétrica RIO PARANAPANEMA ENERGIA S.A. Energia elétrica CIA ENERGETICA DO CEARA -

COELCE

Energia

elétrica SANTO ANTONIO ENERGIA S.A.

Energia elétrica CIA ENERGETICA DO RIO GDE

NORTE - COSERN Energia elétrica STATKRAFT ENERGIAS RENOVAVEIS S.A. Energia elétrica CIA ESTADUAL DE DISTRIB

ENER ELET-CEEE-D Energia elétrica TERMELÉTRICA PERNAMBUCO III S.A. Energia elétrica CIA ESTADUAL

GER.TRANS.ENER.ELET-CEEE-GT Energia elétrica TERMOPERNAMBUCO S.A. Energia elétrica UPTICK PARTICIPACOES S.A.

Energia elétrica

Fonte: Elaboração própria

Nessa perspectiva, a partir dos dados disponibilizados na página da B3, acerca da amostra em estudo, evidencia-se que a maioria é composta pelo subsetor Energia Elétrica (88%), de acordo com o gráfico 1 – Composição da amostra.

(29)

28

Gráfico 1– Composição da amostra

Fonte: Elaboração própria

3.2 Coleta dos Dados

Preliminarmente, foram coletados através do sítio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os dados cadastrais avaliados como relevantes para a condução deste estudo, que foram: razão social, subsetor, data da constituição do negócio, categoria do registro na CVM, situação do emissor, segmento e empresa de auditoria. Seguidamente, verificou-se se as empresas divulgaram relatório de sustentabilidade para o ano de 2018 e ainda, se estavam listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE 2017 /2018. Notas de 0 (zero) a 1 (um) foram concedidas as firmas que, respectivamente, divulgaram e/ou compuseram o índice no período supracitado.

No que tange aos dados financeiros, foram coletados os saldos dispostos nas contas de resultado, resultado operacional antes do resultado financeiro, receita bruta de vendas de bens e serviços do exercício findo em 2018. Além disso, foram colhidos os saldos em 31/12/2018 nas contas patrimônio líquido, passivo circulante e não circulante, além de ativo total e ativo circulante. Com estes, os índices Tamanho (TAM), Rentabilidade (RENT), e Endividamento (ENDIV) foram calculados.

Posteriormente, utilizou-se a análise de conteúdo que, segundo Smith (2003), consiste em um método utilizado para tornar válidas inferências a partir de textos e, ainda, segundo Abbott & Monsen (1979) permite a codificação de informações qualitativas em categorias. Para tanto, verificou-se o conteúdo das Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs), além dos formulários de referência referentes ao exercício de 2018. As informações consultadas referem-se as que permeiam a divulgação de passivos e provisões ambientais.

A fim de determinar a variável dependente, as empresas que reconheceram provisões socioambientais ou provisões para passivos ambientais e de desativação dentro do Balanço patrimonial no passivo circulante ou não circulante, referente ao exercício de 2018. Às

Gás 3% Energia Elétrica 88% Água e Saneamento 9%

COMPOSIÇÃO DA AMOSTRA

(30)

29

empresas que reconheceram tais provisões atribuiu-se valor 1 (um) e as que não divulgaram, valor 0 (zero). Relativamente ao reconhecimento obrigatório de passivos contingentes, a divulgação deve conter, quando praticável, além de breve descrição:

(a) a estimativa do seu efeito financeiro.

(b) a indicação das incertezas relacionadas ao valor ou momento de ocorrência de qualquer saída; e

(c) a possibilidade de qualquer reembolso

Apoiado nas disposições contidas no CPC 25, foi desenvolvido checklist para averiguar as informações disponíveis dentro das notas explicativas concernentes as divulgações de passivos ambientais, conforme quadro abaixo.

Quadro 5 – Checklist divulgação passivos contingentes Divulgação – Passivos contingentes ambientais

Breve descrição da natureza do Passivo contingente Estimativa do efeito financeiro

Possibilidade de qualquer reembolso Indicação das incertezas

Fonte: Adaptado CPC 25

A cada item marcado como reconhecido conforme estabelecido no checklist, foi conferido o valor 1 (um), sendo 0 (zero) a pontuação quando não identificada a divulgação convencionada. Neste sentido, o índice de divulgação poderia assumir nota 0,0, 0,2, 0,4, 0,6,0,8 ou 1,0.

3.3 Tratamento dos Dados

Uma vez calculado o Índice de Disclosure Ambiental, essa variável foi regredida com as seguintes variáveis explicativas, com o objetivo de verificar quais fatores se mostram significantes, bem como suas metodologias de cálculo, baseado em estudos similares, nacionais e internacionais.

Quadro 6 – Variáveis utilizadas na pesquisa Variáve

l Tipo Descrição Cálculo Autor

DIVA Dependente Divulgação de informações ambientais

Proporção de itens divulgados considerando (0) para

os itens que não

Rover(2009);Souza et al. (2014); Murcia et

(31)

30

foram divulgados, (1) para os itens que

foram. TAM Independent

e

Tamanho Logaritimo natural do ativo total Lang e Lundholm (1993);Deegan e Gordon(1996);Murci a e Santos (2009) ENDIV Independent e Endividamento Passivo exígivel/Patrimônio líquido Huang e Kung (2010); Santos (2016) RENT Independent

e Rentabilidade ROA= Lucro líquido/ Ativo total (2009); Santos (2016) Murcia e Santos LC Independent

e Liquidez Corrente Passivo circulante Ativo Circulante/ Rover et al. (2012); AUD Independent

e

Auditada por "big four" (0) para as empresas que não são auditadas

por uma "big four", (1) para as que foram.

Suttipun e Stanton (2012); Murcia e

Santos (2009); RSUST Independent

e sustentabilidade Relatório de (0) para as empresas que não divulgaram, (1) para as que

divulgaram.

Santos (2016); Rover et al. (2012);

ISE Independent

e Participante do ISE que não participaram, (0) para as empresas (1) para as que sim.

Santos (2016); Rover et al. (2012);

Fonte: Dados da pesquisa, (2019)

Dessa forma, a regressão para análise dos dados assume a seguinte especificação:

Yi= β0+ β1TAM+ β2ENDIV+ β3RENT+ β4LC+ β5dummyAUD +β6dummyRSUST+ β7dummyISE+ ε

Em que, YI= Divulgação de informações ambientais, TAM = Tamanho da empresa ENDIV= Endividamento, RENT = Rentabilidade, LC = Liquidez corrente e as demais variáveis dummy representam, respectivamente, AUD = Auditada por “Big four”, RSUST = Relatório de sustentabilidade e ISE= Índice de Sustentabilidade Empresarial.

Inicialmente, estimou-se um modelo de regressão pelo método dos mínimos quadrados ordinários. Conforme Murcia (2008), esta técnica busca analisar relacionamentos de dependência entre as variáveis. Trata-se de uma técnica na qual tem-se uma variável dependente métrica (escala) e mais de uma variável independente, que podem ser tanto métricas quanto qualitativas, operacionalizadas por meio de variáveis dummy.

Em seguida, de forma adicional, também foi utilizada para fins de análise a regressão Tobit, com dados censurados em 0, já que se tem 41 observações com a variável dependente iguais a 0.

(32)

31

4. RESULTADOS DA PESQUISA

Preliminarmente, realizou-se a análise descritiva dos dados e, seguidamente, uma regressão múltipla pelos mínimos quadrados ordinários, seguida de uma Tobit com dados censurados.

4.1 Análise descritiva dos dados

Analisando a Tabela 1, observa-se que grande parte dos dados apresentam características que tendem a homogeneidade. Nota-se que as variáveis com maior dispersão dos dados em torno da média foram TAM (1,6803) e LC (2,5857).

Tabela 1 – Estatística descritiva dos dados

DIVA TAM RENT ENDIV LC

Média 0,18209 15,52077 0,033167 0,715243 1,910722 Erro padrão 0,032596 0,205291 0,008839 0,044742 0,315905 Desvio padrão 0,266814 1,680377 0,072348 0,366231 2,585796 Variância da amostra 0,07119 2,823668 0,005234 0,134125 6,686343 Mínimo 0 9,76784 -0,32579 0,05066 0,102737 Máximo 0,8 19,01517 0,160208 2,283679 19,71047

Fonte: Dados da pesquisa,2019.

Em relação as variáveis binárias, ou seja, aquelas de caráter qualitativo, observou-se que 54 companhias, o que corresponde a 80% da amostram, tiveram as demonstrações financeiras auditadas para uma firma de auditoria “Big four”. No que se refere a divulgação de relatório de sustentabilidade relativo ao ano de 2018, 8 firmas divulgaram, o que percentualmente representa 12% da amostra. Constatou-se ainda que 9% da amostra compôs o Índice de Sustentabilidade Empresarial no período, o que corresponde a 6 companhias listadas no índice. No que tange a variável dependente, que pese DIVA, verificou-se, na análise dos balanços, que em relação ao critério de divulgação de provisões socioambientais ou provisões para passivos ambientais e de desativação, 24% da amostra realizou a evidenciação, salienta-se ainda que deste percentual, 94% era pertencente ao subsetor de energia elétrica, o que permite inferir que este subsetor possui evidenciação deveras representativa em relação ao universo de estudo pesquisado.

(33)

32

Referente ao critério breve descrição, onde utilizou-se as informações disponibilizadas dentro das notas explicativas, observou-se que 21 companhias divulgaram uma breve descrição da natureza da obrigação, o que representa, percentualmente, 31% da amostra. Destas companhias, 19% pertencentes ao subsetor água e saneamento e o restante, ao de energia elétrica. No que está relacionado a indicação das incertezas, verificou-se que 16 companhias realizaram a divulgação considerando este aspecto, o que representa 24% da amostra.

4.2 Análise dos resultados

Com o intuito de observar os pressupostos de Gauss-Markov para a regressão dos mínimos quadrados ordinários, foram realizados os testes de Variance Inflation Factor (VIF), de Shapiro-Wilk, de White e de Ramsey-RESET. Através do Teste VIF, constata-se que os fatores de todas as variáveis estão abaixo de 5, e infere-se, portanto, que as variáveis não apresentam multicolinearidade severa.

Quadro 7: Fator de Inflação da Variância (VIF)

Variable VIF 1/VIF

ISE 1.44 0.694451 RSUST 1.42 0.705938 TAM 1.35 0.740917 RENT 1.33 0.749572 ENDIV 1.30 0.771033 LC 1.24 0.803368 AUD 1.22 0.819921

Fonte: Dados da pesquisa,2019.

O teste de Shapiro-Wilk para normalidade dos resíduos, apresentou significância de 0,0000, podendo-se afirmar, que os dados não seguem uma distribuição normal. Entretanto, o pressuposto da normalidade pode ser relaxado em função do Teorema do Limite Central (WOOLDRIDGE, 2003).

(34)

33

Tabela 2 – Teste de normalidade

Shapiro-Wilk W test for normal data

Variable Obs W V z Prob>z

r 67 0,86999 7.723 4,434 0,00000

Fonte: Dados da pesquisa,2019.

O teste de White para heterocedasticidade apresentou significância de 0,6732, não rejeitando a hipótese nula de homocedasticidade. Além disso, o teste de Ramsey-RESET para omissão de variáveis apresentou significância de 0,1034, não havendo, portanto, variáveis omissas.

Na tabela 2 apresenta-se o modelo de regressão pelos mínimos quadrados ordinários. Observou-se Prob >F = 0.0043 e R² = 0.2860, já o R ajustado forneceu um valor de 0.2013. Neste sentido, todos os coeficientes possuem valor diferente de zero e o modelo é capaz de explicar 28,60% das modificações sofridas pela variável dependente, portanto, há 71,4% do modelo explicado por outras variáveis.

Tabela 3 – Regressão Múltipla

INDA Coef. Std. Err. t P>|t|

TAM .0083176 .020292 0.41 0.683 RENT -.5759856 .4685825 -1.23 0.224 ENDIV -.0936969 .0912696 -1.03 0.309 LC -.0075153 .0126639 -0.59 0.555 AUD .1113178 .0813527 1.37 0.176 RSUST .2652027 .1069233 2.48 0.016 ISE .1127836 .1224237 0.92 0.361

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Ressalta-se que apenas a variável RSUST apresentou significância ao nível de 5%, apresentando relacionamento positivo. Desse modo, infere-se que as empresas que apresentam relatórios de sustentabilidade divulgam mais dados de natureza ambiental nas demonstrações contábeis. O resultado corrobora o encontrado por Santos (2016), que constatou que a variável apresenta significância estatística a nível de 1%. Conclusão conjuntamente verificada por Rover et al. (2012).

A conclusão sobre a variável TAM corrobora a estabelecida por Silva et al. (2014), que concluíram não haver influência do tamanho na quantidade de divulgações de informações

(35)

34

ambientais. Entretanto, vai de encontro aos resultados estabelecidos por Burgwal e Vieira, (2014).

Considerando que a variável dependente possui limitação imposta, variando de 0 a 1, tornou-se oportuno executar uma regressão Tobit com dados censurados em 0. Com o intuito de alcançar os objetivos previamente formulados e verificar o poder explicativo do modelo.

Tabela 4 – Regressão Tobit com dados censurados

INDA Coef. Std. Err. t P>|t|

TAM .0269222 .0497143 0.54 0.590 RENT -2.971.621 1.196.772 -2.48 0.016 ENDIV -1.712.274 .57268 -2.99 0.004 LC -.1991588 .0925044 -2.15 0.035 AUD .5703072 .2357433 2.42 0.019 RSUST .3167223 .1949126 1.62 0.109 ISE .2964439 .2286433 1.30 0.200

Fonte: Dados da Pesquisa,2019.

Diferentemente dos resultados fornecidos pela regressão realizada pelo MQO, a variável RSUST não se mostrou estatisticamente significativa, apesar da significância limítrofe de aproximadamente 10%. Além disso, as variáveis AUD, RENT e LC mostraram-se significantes ao nível de 5%. Verifica-se, entretanto, que apenas a variável AUD apresenta relacionamento positivo, ou seja, quando a companhia é auditada por “big four”, a tendência é de que apresentem mais informações de caráter ambiental. O resultado contraria o postulado por Santos (2016), que verificou que o fato de uma empresa ser auditada por “big four” não influencia a evidenciação de informações ambientais, e ratifica o verificado por Murcia (2008). No que tange a variável RENT, cujo coeficiente foi negativo, infere-se que quanto mais rentáveis menos informações ambientais são divulgadas. Santos (2016) encontrou resultado divergente, assim como, Burgwal e Vieira (2014), não verificaram relacionamento estatístico suficiente para permitir inferências.

A partir da análise do comportamento da variável LC, constatou-se relevância estatística, com coeficiente negativo, indicando que quanto maior a liquidez corrente, menor a divulgação de natureza ambiental nas demonstrações financeiras.

Já o comportamento verificado na variável ENDIV, significante a nível de 1%, apresenta coeficiente negativo, permitindo inferir que empresas mais endividadas tendem a divulgar menos informações ambientais. Conforme Santos (2016) uma possível explicação para

(36)

35

isso, pode ser o fato de que a divulgação de informações implica em custos para as empresas. O resultado da pesquisa é consistente com o verificado por Fernandes (2013).

Em linhas gerais, o quadro 8 apresenta o compêndio dos resultados verificados nesta pesquisa obtido através da regressão pelo método de regressão MQO.

Quadro 8 – Síntese dos resultados – Regressão MQO

REGRESSÃO MQO

Variável Sinal obtido Significância obtida

TAM (Tamanho) + Não significante

RENT (Rentabilidade) - Não significante ENDIV(Endividamento) - Não significante LC (Liquidez corrente) - Não significante AUD (Auditada por "big

four") + Não significante

RSUST (Relatório de

sustentabilidade) + Significante ISE (Índice de

sustentabilidade

empresarial) + Não significante

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Suplementarmente, o quadro 9 auxilia na observação da síntese dos resultados obtidos através da tobit.

Quadro 9 – Síntese dos resultados – Regressão Tobit

TOBIT

Variável Sinal obtido Significância obtida

TAM (Tamanho) + Não significante

RENT (Rentabilidade) - Significante ENDIV(Endividamento) - Significante LC (Liquidez corrente) - Significante AUD(Auditada por "big

four") + Significante

RSUST(Relatório de

sustentabilidade) + Não significante ISE(Índice de

sustentabilidade

empresarial) + Não significante

(37)

36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

O estudo teve por objetivo geral investigar quais fatores influenciam o disclosure ambiental obrigatório das empresas listadas na B3 no setor de utilidade pública a luz do CPC 25. A fim de alcançá-lo, analisou a divulgação ambiental de 67 companhias listadas na B3, pertencentes ao setor de utilidade pública, no período de 2018. Nas demonstrações financeiras padronizadas disponíveis na CVM, verificou-se, por meio de checklist desenvolvido com base nos critérios de divulgação estabelecidos para provisões e passivos contingentes, o cumprimento do preconizado pelo comitê. Através da utilização da regressão pelo método dos mínimos quadrados ordinários e da Tobit, tanto o objetivo geral quanto os específicos foram atendidos.

No tocante a investigação a partir da utilização do modelo de regressão múltipla pelos mínimos quadrados ordinários, verificou-se significância estatística apenas na variável RSUST, indicando, portanto, que empresas que divulgam relatórios de sustentabilidade tendem a divulgar mais informações de caráter ambiental nas demonstrações financeiras.

Por outro lado, os resultados obtidos através do modelo de regressão tobit indicaram resultados mais próximos aos verificados na literatura base do estudo. Depreende-se que, em relação às empresas listadas e às variáveis verificadas no período, apenas as variáveis tamanho (TAM), índice de sustentabilidade empresarial (ISE) e relatório de sustentabilidade (RSUST), não apresentaram significância estatística, este último resultado, contraria, inclusive, o verificado na regressão múltipla pelos mínimos quadrados ordinários.

Soma-se que dentre as variáveis com significância estatística, a única cujo coeficiente demonstrou-se positivo foi a auditoria (AUD), sugerindo que àquelas companhias auditadas por uma das “big four” divulgam mais informações de caráter ambiental. O fenômeno pode ser justificado pelo fato de que as firmas de auditoria pertencentes ao “big four” serem propensas a não se associarem a clientes com baixo nível de evidenciação, tendo em vista que, em casos extremos, os auditores também arcam com os custos da não evidenciação de determinada informação, ou até mesmo com os custos de litígios, devido à evidenciação alterada das demonstrações financeiras (AHMAD; HASSAN; MOHAMMAD, 2003; MURCIA et al., 2008).

Além disso, as variáveis rentabilidade (RENT), endividamento (ENDIV) e liquidez corrente, apesar de significantes, mostraram-se com influência negativa, ou seja, quanto mais rentáveis e liquidas, menos informações de caráter ambiental são divulgados. No que tange ao

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endividamento, sugere-se que quanto mais endividadas, menos informações de caráter ambiental são divulgadas.

Durante a pesquisa foram encontradas algumas limitações que minimizaram a obtenção de resultados mais robustos, como o fato de grande parte dos estudos realizados sobre o tema tratarem do disclosure ambiental voluntário, movimento inclusive verificado na análise das notas explicativas de algumas companhias como a LIGHT S.A, CIA ESTADUAL DE DISTRIB ENER ELET-CEEE-D, LIGHT SERVICOS DE ELETRICIDADE S.A., CIA ESTADUAL GER.TRANS.ENER.ELET-CEEE-GT e LIGHT SERVICOS DE ELETRICIDADE S.A., cujas as notas explicativas contavam com tópicos específicos para tratar da problemática ambiental, sem, todavia, corresponderem aos critérios estabelecidos pelo CPC 25. Adicionalmente, o tamanho da amostra e a análise de um único exercício podem ser compreendidos como fatores restritivos ao desenvolvimento da pesquisa.

Considerando que o presente estudo não teve por objetivo esgotar o tema, teórico e empiricamente, sugere-se para a realização de pesquisas futuras a ampliação da amostra e da quantidade de variáveis, além da utilização de um espectro temporal mais abrangente. Recomenda-se ainda o aprofundamento do estudo com o setor de utilidade pública, visto sua importância econômica e social.

Referências

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