CENTRO DE CI ˆENCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE P ´OS-GRADUAC¸ ˜AO EM MATEM ´ATICA
Existˆencia de Variedade Invariante e Atrator para
a equac¸˜ao
u
t
=
u
xx
+
f
(
u
)
RICARDO DES ´ATELES
CENTRO DE CI ˆENCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE P ´OS-GRADUAC¸ ˜AO EM MATEM ´ATICA
Existˆencia de Variedade Invariante e Atrator para
a equac¸˜ao
u
t
=
u
xx
+
f
(
u
)
RICARDO DES ´A TELES
Orientadora: Profa. Dra. Vera L´ucia Carbone
Dissertac¸˜ao apresentada ao Programa de P´os-Graduac¸˜ao em Matem´atica da UFSCar, como parte dos requisitos para a obtenc¸˜ao do t´ıtulo de “Mestre em Matem´atica” .
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária da UFSCar
T269ev
Teles, Ricardo de Sá.
Existência de variedade invariante e atrator para a
equação ut = uxx + f (u) / Ricardo de Sá Teles. -- São Carlos :
UFSCar, 2007. 81 f.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São Carlos, 2007.
1. Análise matemática. 2. Variedade invariante. 3. Atrator global. 4. Semigrupos. I. Título.
~
-Prata. Dra.~VeraLúciã Carbone
DM
-
UFSCar
II:'-J,~
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1-/(
Prata. Dra. Cláudia Buttarello Gentile
DM - UFSCar
A Deus pela presenc¸a constante em minha vida. `
A profa. Dra. Vera L´ucia Carbone, pela orientac¸˜ao competente, pelo comprometimento e paciˆencia demonstrados ao longo de todo o trabalho. A todos os professores e funcion´arios do DM-UFSCar, que direta ou indiretamente participaram da minha formac¸˜ao profissional.
Aos amigos da p´os-graduac¸˜ao.
Aos amigos Toninho Gomes e S´ılvia Grandi pela amizade sincera desde a ´epoca da graduac¸˜ao. Ao grande amigo Wesley G´ois.
Aos meus pais (Sr. Nivaldo e Dona Cidalia) e irm˜aos (Nilza, Neusa e Renato) pelo apoio incondicional e pela fam´ılia que formamos.
Neste trabalho, estudamos a equac¸˜ao diferencial
ut=uxx+f(u), 06x61, t >0
com condic¸˜oes de fronteira de Dirichlet homogˆenea e f ∈C1(R,R) globalmente lipschitz e limitada, satisfazendo as seguintes condic¸˜oes:
(i)lim sup|u|→∞f(u)u−160 (ii)f(0) =0.
In this work we study the differential equation
ut=uxx+f(u), 06x61, t >0
with homogeneous Dirichlet boundary conditions and f ∈C1(R,R)lipschitz and bounded glob-ally and satisfying the following conditions:
(i)lim sup|u|→∞f(u)u−160 (ii)f(0) =0.
Introduc¸˜ao 1
1 Preliminares 3
1.1 Teoria Geral de An´alise Funcional . . . 3
1.2 Os espac¸os de Hilbert . . . 11
1.3 Espac¸os de Sobolev . . . 14
2 Teoria Geral de Semigrupos 19 2.1 Propriedades dos Semigrupos . . . 19
2.2 Teoremas de Hille-Yosida e Lumer Phillips . . . 27
2.3 Condic¸˜oes sob as quais um operador gera um semigrupo fortemente cont´ınuo . 38 2.4 Existˆencia de Soluc¸˜ao . . . 42
3 Existˆencia de Variedade Invariante e Atrator para a equac¸˜aout=uxx+f(u) 45 3.1 Teorema da Variedade Invariante . . . 46
3.2 Um sistema de equac¸˜oes paraut=uxx+f(u) . . . 63
3.3 Atratores para semigrupo de operadores . . . 69
3.3.1 Existˆencia de soluc¸˜ao e atrator . . . 75
Este trabalho versa sobre o problema de valor inicial e de fronteira
ut =uxx+f(u), 06x61, t >0 u(0,t) =u(1,t) =0
u(x,0) =φ(x)
(1)
onde f ∈C1(R,R),φ ∈H1
0([0,1])satisfaz as seguintes condic¸˜oes:
(H1): f´e globalmente Lipschitz, com constante de lipschitzLf e globalmente limitada, com constante de limitac¸˜aoNf;
(H2): lim sup|u|→∞f(u)u−160; (H3): f(0) =0.
Atualmente tem sido estudado o comportamento das soluc¸˜oes da fam´ılia de equac¸˜oes parab´olicas
uεt −div(pε(x)∇uε) +λuε= f(uε) emΩ pε(x)∂u
ε
∂~n =g(u
ε) emΓ
uε(0) =uε0,
quandoε →0,λ >0, f,g∈C2(R),Γ=∂Ωonde a difusibilidadepε(x)´e assumida grande em um subconjuntoΩ0⊂Ω⊂Rn, mais precisamente
pε(x)→
½
p0(x), uniformemente sobreΩ1,(p0∈C1(Ω¯1,(0,∞)));
∞, uniformemente sobre subconjuntos compactos deΩ0.
quando ε →0. Os autores em [9] mostram que esse problema possui uma fam´ılia de atra-toresAε,ε ∈[0,ε0], que ´e semicont´ınua superiormente e em [10] a semicontinuidade inferior ´e
provada.
Nosso objetivo nesse trabalho ´e mostrar a existˆencia de dois conjuntos importantes para a equac¸˜ao (1): variedade invariante: S e atrator: A, ondeA ⊂S.
Sendo o operadorAu=−uxx comD(A) =H10(0,1)∩H2(0,1), atrav´es de suas autofunc¸˜oes decompomos o espac¸oX =L2(0,1)e considerando as restric¸˜oes do operadorAaos subespac¸os
2 Introduc¸˜ao
que decomp˜oem X podemos escrever (1) como um sistema de equac¸˜oes fracamente acoplado para o qual provamos a existˆencia de uma variedade invariante S.
Com as hip´oteses(H1)−(H3)obtemos um C0-semigrupo sobre H10(0,1)para (1) e
prova-mos a existˆencia de atrator.
Este trabalho est´a organizado da seguinte forma:
Cap´ıtulo 1: apresentamos resultados da teoria geral de An´alise Funcional que ser˜ao utiliza-dos no decorrer do trabalho.
Cap´ıtulo 2: reunimos resultados de semigrupos, caracterizamos os operadores que geram semigrupos anal´ıticos e estudamos existˆencia e regularidade de soluc¸˜oes .
Preliminares
Neste cap´ıtulo apresentamos resultados da teoria geral de An´alise Funcional que ser˜ao utiliza-dos no decorrer do trabalho.
1.1
Teoria Geral de An´alise Funcional
SejaV um espac¸o vetorial. Denotamos o dual topol´ogico deV porV′,onde
V′={f :V →K;f ´e forma linear e cont´ınua},
sendoKo corpoRouC. EmV′definimos a norma dual
kfkV′ = sup
kxkV61
|f(x)|.
Definic¸˜ao 1.1. Uma aplicac¸˜ao p :V → R ´e uma semi-norma se satisfaz as seguintes
pro-priedades
p(αx) =|α|p(x), ∀α ∈C, x∈V
p(x+y)6p(x) +p(y), ∀x,y∈V.
Definic¸˜ao 1.2. Uma func¸˜ao p:V →R´e sublinear se
p(x+y)6p(x) +p(y)
p(αx) =αp(x), ∀α >0.
O pr´oximo lema ´e um dos Teoremas de Hahn-Banach, cuja demonstrac¸˜ao pode ser encon-trada em [1], Teorema I.1, p.1.
4 1.1 Teoria Geral de An´alise Funcional
Lema 1.3. (Forma anal´ıtica real do Teorema de Hahn-Banach) Seja V um espac¸o vetorial real
e p:V →Ruma aplicac¸˜ao sublinear. Se g0:V0→R´e uma forma linear definida no subespac¸o
vetorial V0⊂V tal que g0(y)6p(y),para todo y∈V0, ent˜ao existe uma forma linear g:V →R
tal que
(i) g(y) =g0(y), ∀y∈V0
(ii) g(y)6p(y), ∀y∈V.
♦
Proposic¸˜ao 1.4. Seja V um espac¸o vetorial normado e V0⊂V subespac¸o. Se g ´e um funcional
linear e cont´ınuo em V0de norma
kgkV0′= sup
x∈V0
kxk61
|g(x)|,
ent˜ao existe um funcional linear cont´ınuo f em V que estende g e tal quekfkV′ =kgkV0′.
Demonstrac¸˜ao: Tomemos
p:V →R
x7→p(x) =kgkV0′kxk
Parax,y∈V eα ∈C, temos
p(αx) =kgkV0′kαxk=|α|kgkV0′kxk=|α|p(x),
p(x+y) =kgkV0′kx+yk6kgkV0′(kxk+kyk) = p(x) +p(y),
isto ´e, p´e uma seminorma. Al´em disso,
|g(x)|6kgkV0′kxk=p(x).
Segue do Lema 1.3 que existe f :V →R, tal que
f(x) =g(x), ∀x∈V0
Como
|f(x)|6p(x) =kgkV0′kxk ⇒ kfkV′6kgkV0′
e
kgk= sup
x∈V0
kxk61
|g(x)|6 sup
x∈V0
kxk61
|f(x)|6 sup
x∈V
kxk61
|f(x)|=kfkV,
obtemos
kfkV′=kgkV0′.
Proposic¸˜ao 1.5. Seja V um espac¸o vetorial normado. Ent˜ao para todo x0∈V existe um
fun-cional linear cont´ınuo f tal quekfkV′=kx0ke f(x0) =kx0k2.
Demonstrac¸˜ao: Seja o subespac¸oV0=x0R. Consideremos
g:V07→R
tx07→g(tx0) =tkx0k2.
g ´e um funcional linear cont´ınuo. Ent˜ao pela Proposic¸˜ao 1.4 existe um funcional linear e cont´ınuo f emV que estendege tal quekfkV′ =kgkV0′.
Como
|g(tx0)|=|tkx0k2|=|t|kx0k2=kx0k|t|kx0k ⇒ kgkV0′=kx0k.
PortantokfkV′ =kx0k.
Como f(x) =g(x)para todox∈V0=x0R, em particular parax=x0, temos
f(x0) =g(x0) =kx0k2.
Definic¸˜ao 1.6. Seja X espac¸o topol´ogico, f :X →R´e dita semicont´ınua inferiormente em X se
f−1((−∞,a]) ={x∈X : f(x)6a} ´e fechado em X para cada a∈R.
6 1.1 Teoria Geral de An´alise Funcional
f−1([a,+∞)) ={x∈X : f(x)>a} ´e fechado em X, para cada a∈R.
Definic¸˜ao 1.7. Um espac¸o topol´ogico X ´e um espac¸o de Baire se dada uma colec¸˜ao enumer´avel
{An}∞n=1de conjuntos fechados de X tal que cada um deles tem interior vazio em X, ent˜ao
∞
[
n=1
An
tamb´em tem interior vazio em X.
A demonstrac¸˜ao do pr´oximo resultado pode ser encontrada em [1], Lema II.1, p.15.
Lema 1.8. (Teorema de Baire) Todo espac¸o m´etrico completo ´e de Baire.
♦
O Teorema de Baire pode ser enunciado da seguinte forma:
SejamX 6= /0 um espac¸o m´etrico completo,{Xn}n>1fechados tais queX =S∞n=1Xn. Ent˜ao existen0tal que
◦
Xn06= /0. ♦
Teorema 1.9. (Osgood) Seja X espac¸o de Baire e {fα}α∈A uma fam´ılia de func¸˜oes semi-cont´ınua inferiormente com a propriedade que para cada x ∈ X existe Mx tal que sup
α∈A
fα(x) 6 Mx. Ent˜ao existe um aberto O 6= /0 e uma constante M satisfazendo
sup
α∈A x∈O
fα(x)6M.
Demonstrac¸˜ao: Para cadan>1, seja
Un={x∈X,fα(x)6n,∀α ∈A}=
\
α∈A
{x∈X,fα(x)6n}.
Ent˜aoUn ´e fechado, poisUn=
\
α∈A
fα−1((−∞,n])onde fα ´e semicont´ınua inferiormente.
Al´em disso, X =
∞
[
n=1
Un. De fato, sex∈X ent˜ao existe Mx tal que sup
α∈A
fα(x)6Mx, logo
fα(x)6Mxpara todoα ∈A; portantox∈Unparan>Mx. Consequentementex∈
∞
[
n=1
Un.
Assim,X =
∞
[
n=1
UnondeX ´e espac¸o de Baire, existen0>1 tal que
Seja O =U◦n0⊂Un0 e M = n0 ent˜ao O ´e aberto e fα(x) 6n0 = M, para todox∈ O e
para todoα∈A. Portanto
sup
x∈O α∈A
fα(x)6M.
SejamX eY espac¸os de Banach sobre um corpoK.Identificamos
L(X,Y) ={T :X →Y;T´e uma aplicac¸˜ao linear e cont´ınua}.
ParaT ∈L(X,Y)definimos
kTkL(X,Y)=sup
x∈X x6=0
kT xkY
kxkX
= sup
kxkX61
kT xkY = inf
x∈X{L,kT xkY 6LkxkX}.
Em particular, seX =Y escrevemosL(X)ao inv´es deL(X,X).
Usaremos a seguinte notac¸˜ao<x∗,x>=x∗(x),parax∗∈X′ex∈X.
Corol´ario 1.10. (Princ´ıpio da Limitac¸˜ao Uniforme) Sejam (X,k · k) espac¸o de Banach, (Y,|·|)um espac¸o normado e{Tα}α∈Auma fam´ılia de elementos deL(X,Y)tal que para todo x∈X,existe Mxsatisfazendosup
α∈A|
Tα(x)|6Mx. Ent˜ao existe M tal quesup
α∈Ak
Tαk6M.
Demonstrac¸˜ao: Seja fα(x) =|Tα(x)|, f ´e cont´ınua poisTα ´e cont´ınua. Al´em disso, como X ´e um espac¸o de Banach segue do Lema 1.8 que X ´e espac¸o de Baire e, para cadax∈X, existeMx tal que
sup
α∈A
fα(x) =sup
α∈A|
Tα(x)|6Mx.
Segue do Teorema 1.9 que existem aberto O6= /0 e portanto B(x0,r)⊂O⊂X, x0 ∈X e
constanteM1tal que
sup
α∈A x∈B(x0,r)
|Tα(x)|6M1.
Notemos que paraz∈X,kzk61 se, e somente se,(x0+r1z)∈B(x0,r1), r1<r.
Portanto, para todoα ∈A, temos
kTαk= sup kzk61|
Tα(z)|= sup kzk61|
Tα(x0+r1z−x0 r1
)|6 sup kzk61
1 r1|
Tα(x0+r1z)|+
1 r1|
Tα(x0)|
6 1
r1
8 1.1 Teoria Geral de An´alise Funcional
Logo,kTαk6M, ondeM= r1
1(M1+Mx0),para todoα ∈A.
Conseq¨uentemente, sup
α∈Ak
Tαk6M.
SejamX espac¸o de Banach,X′o dual deX com a norma
kfk= sup
x∈X
kxk61
|< f,x>|
eX′′ o bidual deX, isto ´e, o dual deX′com a norma
kξkX′′= sup
f∈X′
kfk61
|<ξ,f >|.
Consideremos uma injec¸˜ao canˆonicaJ:X →X′′ definida, para cadax∈X, por: J(x):X′→R
f 7→< f,x> .
J assim definida uma isometria linear, pois,
kJ(x)kX′′= sup kfkX′61
|<J(x),f >|= sup kfkX′61
|< f,x>|=kxkX,
a linearidade ´e imediata.
Definic¸˜ao 1.11. Dizemos que X ´e reflexivo se J(X) =X′′, isto ´e, J ´e sobrejetor.
EmX′temos duas topologias, a saber:
(i) (X′,k · k)topologia forte dada pela norma
kfk= sup
x∈X
kxk61
|< f,x>|.
(ii) (X′,σ(X′,X′′))topologia fraca que ´e a menos fina que deixa todosξ ∈X′′ cont´ınuos. Vamos definir em X′ uma outra topologia que ser´a menos fina (menos abertos) do que a topologia fraca.
Para cadax∈X, considere
ϕx:X′7→R
f 7→ϕx(f) =< f,x> .
Definic¸˜ao 1.12. A topologia fraca* ´e a menor topologia em X′ que deixa cont´ınua todas as
aplicac¸˜oes{ϕx}x∈X.Vamos denotar esta topologia porσ(X′,X).
Se dimX <∞ou X ´e reflexivo ´e poss´ıvel mostrar queσ(X′,X) =σ(X′,X′′).E claro que´
σ(X′,X)⊂σ(X′,X′′)⊂σ(X′,k · k).
A topologia fraca* tem as seguintes propriedades:
(i) A topologia σ(X′,X) ´e de Hausdorff, ou seja, quaisquer dois elementos distintos desse espac¸o podem ser separador por vizinhanc¸as disjuntas.
(ii) Uma base de vizinhanc¸as de f0∈X′na topologiaσ(X′,X)´e dada por
V ={f ∈X′,|< f−f0,xi>|<ε, ∀i∈I},
ondeI ´e finito,xi∈X eε>0.
A convergˆencia fn→ f emσ(X′,X)ser´a indicada por fn⇀∗ f.
O pr´oximo teorema ´e a raz˜ao da existˆencia da topologia fraca*, cuja demonstrac¸˜ao pode ser encontrada em [1], Teorema III.15, p.42.
Teorema 1.13. (Teorema de Banach - Alaoglu - Bourbaki) Seja X espac¸o de Banach, ent˜ao a
bola fechada
BX′={f ∈X′:kfk61}
´e compacta na topologia fraca*.
♦
Vejamos agora os operadores adjuntos.
SejaA:D(A)⊂X →Y linear. Queremos encontrarA∗:D(A∗)⊂Y′→X′tal que
<v,Au>=<A∗v,u>, ∀v∈D(A∗)eu∈D(A).
Dadov∈Y′, consideremos a aplicac¸˜ao g:D(A)→R
10 1.1 Teoria Geral de An´alise Funcional
Claramenteg ´e linear. Segfor cont´ınua, existec>0 tal quekg(u)k6ckuk, ∀u∈D(A).
Pela Proposic¸˜ao 1.4,gpode ser estendida a uma aplicac¸˜ao linear f :X →Rtal que|f(u)|6
ckuk, ∀u∈X.
SeD(A)for denso ent˜ao existe ´unica f. Seja f tal extens˜ao ent˜ao podemos definirA∗v= f.
Com isso,
D(A∗) ={v∈Y′:u∈D(A)7→<v,Au> ´e cont´ınua}
eA∗v= f ´e tal que
<g,u>=<v,Au>=<A∗v,u>=< f,u>,
ondeu∈D(A)ev∈D(A∗).
O operadorA∗:D(A∗)⊂Y′→X′´e chamado adjunto deA.
Definic¸˜ao 1.14. Dizemos que S:D(S)⊂X →X ´e sim´etrico se D(S) =X e S⊂S∗,ou seja,
<x∗,Sx>=<Sx∗,x>,∀x∈D(S)(isto ´e, D(S)⊂D(S∗)e S=S∗emD(S)).Dizemos que S ´e
auto-adjunto se S=S∗.
Proposic¸˜ao 1.15. Seja A:D(A)⊂X→Y . SeD(A) =X ent˜ao A∗ ´e fechado.
Demonstrac¸˜ao: Temos queA∗:D(A∗)⊂Y′→X′eG(A∗)⊂Y′×X′.
Sejavn∈D(A∗)tal quevn→vemY′eA∗vn→ f emX′.Queremos mostrar quev∈D(A∗) eA∗v= f.
Comovn∈D(A∗), temos
<vn,Au>=<A∗vn,u>, u∈D(A).
Logo,
<v,Au>= lim
n→∞<vn,Au>=nlim→∞<A
∗vn,u>=< f,u>, ∀u∈D(A).
Sendo f cont´ınua, a aplicac¸˜aou7→<v,Au>´e cont´ınua e portantov∈D(A∗).
Como<v,Au>=<A∗v,u>, segue que f =A∗v.
PortantoG(A∗)´e fechado e conseq¨uentementeA∗ ´e fechado.
Teorema 1.16. (Gr´afico Fechado) Sejam X e Y espac¸os de Banach. Se T :X→Y ´e um operador linear. Se o gr´afico de T ,G(T), ´e fechado em X×Y ent˜ao T ´e cont´ınuo.
♦
Proposic¸˜ao 1.17. Seja Y ⊂X um subespac¸o vetorial tal que Y 6=X . Ent˜ao existe f ∈X′, f 6=0 tal que f(x) =0, ∀x∈Y .
♦
1.2
Os espac¸os de Hilbert
Definic¸˜ao 1.18. Um espac¸o de Hilbert ´e um espac¸o vetorial H dotado de produto escalarh·,·i e que ´e completo relativamente a normakukH=p
hu,ui.
Exemplo 1.19. O espac¸o L2(Ω)dotado do produto interno
hu,vi=
Z
Ωu(x)v(x)dx
´e um espac¸o de Hilbert.
Observac¸˜ao 1. Os espac¸os de Hilbert gozam de uma propriedade importante todos s˜ao
refle-xivos.
Definic¸˜ao 1.20. Seja H espac¸o de Hilbert. Uma base Hilbertiana ou conjunto ortonormal
completo ´e uma seq¨uˆencia{en}de elementos de H tais que
(i) kenk=1, ∀n; <em,en>=0, ∀m,n,m6=n.
(ii) O espac¸o vetorial gerado pelos{en}´e denso em H.
Observac¸˜ao 2. Em [1] encontramos a demonstrac¸˜ao do seguinte fato: se {en} ´e uma base Hilbertiana para H ent˜ao todo u∈H se escreve da forma
u=
∞
∑
n=1
<u,en>en com kuk2=
∞
∑
n=1
|<u,en>|2.
12 1.2 Os espac¸os de Hilbert
Teorema 1.21. Sejam H espac¸o de Hilbert separ´avel, isto ´e, existe D⊂X enumer´avel e denso, e T:D(T)⊂H→H um operador compacto e auto-adjunto. Ent˜ao H admite uma base
Hilber-tiana formada por autovetores de T .
O pr´oximo resultado diz sob quais condic¸˜oes um operador ´e auto-adjunto.
Proposic¸˜ao 1.22. Sejam H espac¸o de Hilbert, A:D(A)⊂H→H densamente definido, sim´etrico
e sobrejetor ent˜ao A ´e auto-adjunto.
Demonstrac¸˜ao: Como A :D(A)⊂ H → H ´e sim´etrico temos D(A)⊂ D(A∗) e para x∈ D(A), Ax=A∗x.
Para concluirmos queA=A∗basta mostrarmos queD(A∗)⊂D(A).
Sejay∈D(A∗)ez=A∗y. ComoR(A) =Hexisteu∈D(A)tal quez=Au.
Para todox∈D(A)temos que
<Ax,y>=<x,A∗y>=<x,z>=<x,Au>=<x,A∗u>=<Ax,u> .
Ent˜ao
<Ax,y−u>=0, ∀x∈D(A).
Como D(A) =H, segue da Proposic¸˜ao 1.17 que y−u= 0⇒y =u∈ D(A). Portanto, D(A∗)⊂D(A).
Conseq¨uentemente,A=A∗, ou seja,A ´e auto-adjunto.
Demonstraremos agora o importante Teorema de Lax-Milgram, que ´e utilizado, em geral, para garantir existˆencia de soluc¸˜ao fraca.
Definic¸˜ao 1.23. Sejam H um espac¸o de Hilbert e a:H×H →Ruma forma bilinear:
(i) a ´e cont´ınua se existe constante c>0tal que
|a(u,v)|6ckukkvk, ∀u,v∈H.
(ii) a ´e coerciva se existe constanteα >0tal que
A demonstrac¸˜ao do Teorema de Stampacchia pode ser encontrado em [1], Teorema V.6, p.83.
Teorema 1.24. (Stampacchia) Sejam a:H×H →Ruma forma bilinear cont´ınua e coerciva e
K⊂H convexo fechado e n˜ao vazio. Dadoϕ∈H′, existe um ´unico u∈K tal que:
a(u,v−u)>ϕ(v−u), ∀v∈K. (1.1)
Al´em disso, se a ´e sim´etrica ent˜ao u se caracteriza por
u∈K
1
2a(u,u)−ϕ(u) =minv∈K
½
1
2a(v,v)−ϕ(v)
¾
♦
Corol´ario 1.25. (Lax-Milgram) Sejam H um espac¸o de Hilbert e a(u,v) uma forma
bilinear, cont´ınua e coerciva. Ent˜ao para todoϕ∈H′existe um ´unico u∈H tal que
a(u,v) =ϕ(v), ∀v∈H.
Al´em disso, se a ´e sim´etrica, u se caracteriza por
u∈H
1
2a(u,u)−ϕ(u) =minv∈H
½
1
2a(v,v)−ϕ(v)
¾
Demonstrac¸˜ao: Pelo Teorema 1.24,∃!u∈H tal que
a(u,v−u)>ϕ(v−u), ∀v∈H.
Como para todov∈H,v+u∈H, segue que
a(u,v+u−u)>ϕ(v+u−u)⇒a(u,v)>ϕ(v), ∀v∈H.
Parat∈Rev∈Htemostv∈H e
ϕ(tv)−a(u,tv)60⇒t[ϕ(v)−a(u,v)]60 ∀v∈H, ∀t ∈R
14 1.3 Espac¸os de Sobolev
1.3
Espac¸os de Sobolev
ConsideremosΩ⊂Rum aberto dotado da medida de Lebeguedx.
Definic¸˜ao 1.26. Cc(Ω)´e o espac¸o das func¸˜oes cont´ınuas com suporte compacto, ou seja,
Cc(Ω) ={f :Ω→R: f ´e cont´ınua e f(x) =0,∀x∈Ω\K,onde K⊂Ω´e compacto}. Definic¸˜ao 1.27. Seja p∈R,16p<∞. Definimos o seguinte espac¸o vetorial normado
Lp(Ω) =
½
f :Ω→R: f ´e mensur´avel e
Z
Ω|f(x)|
p
dx<∞
¾
com a norma dada por:
kfkLp =
µZ
Ω|f(x)|
p dx
¶1/p
.
Definic¸˜ao 1.28. Se p=∞define-se
L∞(Ω) ={f :Ω→R: f ´e mensur´avel e∃constante c tal que|f(x)|6c, q.t.p1em Ω}. Em L∞(Ω)consideramos a norma:
kfkL∞ =inf{c:|f(x)|6c, q.t.p emΩ}. Observac¸˜ao 3. Se f ∈L∞, ent˜ao|f(x)|6kfkL∞, q.t.p emΩ.
Observac¸˜ao 4. E poss´ıvel mostrar que L´ p, 1< p<∞ ´e separ´avel, reflexivo e o dual de Lp ´e Lp′, isto ´e,(Lp)′=Lp′.
A desigualdade a seguir ´e de extrema utilidade em muitas demonstrac¸˜oes.
Teorema 1.29. (Desigualdade de H¨older) Seja f ∈Lpe g∈Lqcom16p,q6∞e 1p+1q =1. Ent˜ao f g∈L1e
Z
|f g|6kfkLpkgkLq.
♦
A demonstrac¸˜ao da Desigualdade de H¨older para p=1 ou p =∞ ´e imediata. Quando 1<p<∞utilizamos a desigualdade de Young:
ab6 1
pa p+ 1
p′b p′
paraa>0,b>0.Para mais detalhes veja em [1], Teorema IV.6, p.56.
Definic¸˜ao 1.30. Sejam I= (a,b) e p ∈R com 1 6 p 6∞. Definimos o espac¸o de Sobolev W1,p(I)como sendo
W1,p(I) =
½
u∈Lp(I):∃g∈Lp(I)tal que
Z
I
uϕ′=−
Z
I
gϕ, ∀ϕ∈Cc1(I)
¾
.
Definic¸˜ao 1.31. H1(I) =W1,2(I).
Observac¸˜ao 5. As func¸˜oesϕs˜ao chamadas de func¸˜oes testes.
Seja u∈Lp(I)diremos que g∈Lp(I)´e a derivada generalizada de u se
Z
I
uϕ′=−
Z
I
gϕ, ∀ϕ∈C1c(I)
Notac¸˜ao: u′=g.
Colocamos ent˜ao
W1,p(I) =©
u∈Lp(I); u′∈Lp(I)ª
,
onde u′ ´e a derivada generalizada de u.
Exemplo 1.32. Seja I= (−1,1). A func¸˜ao
u(x) = 1
2(|x|+x) =
½
0, −1<x<0 x, 06x<1 pertence a W1,p(I), para todo16 p6∞e
u′(x) =H(x) =
½
0, −1<x<0 1, 0<x<1 pois, para todaϕ∈Cc1(I)temos:
Z 1
−1
u(x)ϕ′(x)dx=
Z 1
0
xϕ′(x)dx=−
Z 1
0 ϕ(
x)dx=−
Z 1
−1
H(x)ϕ(x)dx.
H ´e chamada func¸˜ao de Heaviside. Notemos que H6∈W1,p(I).
Observac¸˜ao 6. O espac¸o W1,pest´a dotado da seguinte norma
kukW1,p=kukLp+
° °u′
° °
Lp
ou equivalentemente,
kukW1,p = (kuk
p Lp+
° °u′
° °
16 1.3 Espac¸os de Sobolev
Observac¸˜ao 7. O espac¸o H1=W1,2est´a dotado do seguinte produto escalar
hu,viH1=hu,viL2+
u′,v′®L2
e a norma associada ´e
kukH1 = (kuk2L2+kuk2L2)1/2.
Definic¸˜ao 1.33. Dado um inteiro m> 2 e um real 16 p 6∞, definimos por recorrˆencia o espac¸o
Wm,p(I) =©
u∈Wm−1,p(I); u′∈Wm−1,p(I)ª
.
Coloque
Hm=Wm,2(I).
Em particular H2(I) =©
u∈H1; u′∈H1ª.
Definic¸˜ao 1.34. Dado16p<∞denotamos por W01,p(I)o fecho de Cc1(I)em W1,p(I)e ainda
H01(I) =W01,2(I).
Teorema 1.35. (Derivada do Produto) Sejam u,v∈W1,p(I)com16 p6∞, ent˜ao:
uv∈W1,p(I) e (uv)′=u′v+uv′.
Portanto, temos tamb´em a regra de integrac¸˜ao por partes
Z x
y
u′v=u(x)v(x)−u(y)v(y)−
Z x
y
uv′,∀x,y∈I¯.
Teorema 1.36. (Desigualdade de Poincar´e) Seja I limitado e16p<∞. Ent˜ao existe constante c, dependendo de|I|, tal que
kukW1,p 6cku′kLp.
∀u∈W01,p(I). Em outras palavras,kukW1,p eku′kLp s˜ao equivalentes em W1,p
0 (I).
Demonstrac¸˜ao: SejaI= (a,b). Consideremosu∈W01,p(I). Comou∈C1
c(I)⊂W1,p(I)segue do Teorema 1.29 segue que
|u(x)|=|u(x)−u(a)|=
¯ ¯ ¯ ¯
Z x
a
u′(t)dt
¯ ¯ ¯ ¯
6
Z x
a |
u′(t)|dt 6
Z b
a |
Temos
kukLp=
µZ b
a |
u(x)|pdx
¶1p
6
µZ b
a k
u′kLpp(b−a) p p′
¶1p
=ku′kLp(b−a)
1
p′(b−a)
1
p =ku′k
Lp(b−a).
ComokukW1,p =kukLp+ku′kLp 6(b−a)ku′kLp+ku′kLp, sec=1+ (b−a)ent˜ao
kukW1,p 6cku′kLp.
A demonstrac¸˜ao do teorema a seguir pode ser encontrada em [1], Teorema IX.16, p.169.
Teorema 1.37. (Rellich-Kondrachov) SejaΩlimitado de classe C1(Ω∈Rn).
(i) Se p<n ent˜ao W1,p(Ω)⊂Lq(Ω), ∀q∈[1,p∗), onde p1∗ = 1p−1n;
(ii) Se p=n ent˜ao W1,p(Ω)⊂Lq(Ω), ∀q∈[1,∞);
(iii) Se p>n ent˜ao W1,p(Ω)⊂C(Ω);
com injec¸˜oes compactas.
Teoria Geral de Semigrupos
O objetivo principal deste cap´ıtulo ´e encontrar condic¸˜oes sob as quais um operador gera um semigrupo fortemente cont´ınuo. As referˆencias para este assunto s˜ao [2] e [11].
2.1
Propriedades dos Semigrupos
Definic¸˜ao 2.1. Um semigrupo de operadores lineares em X ´e uma fam´ılia {T(t) :t >0} ⊂
L(X)tal que
(i) T(0) =IX,
(ii) T(t+s) =T(t)T(s), ∀s,t >0.
Se adicionalmente,
(iii) kT(t)−IXkL(X)→0quando t →0+ ent˜ao dizemos que o semigrupo ´e uniformemente
cont´ınuo.
(iv) kT(t)x−xkX →0quando t →0+,∀x∈X , ent˜ao o semigrupo ´e fortemente cont´ınuo ou um C0-semigrupo.
Se os operadores est˜ao definidos para t,s∈R e as condic¸˜oes(i)e (ii)se verificam ent˜ao
{T(t):t∈R} ´e um grupo. Al´em disso, se kT(t)x−xkX →0quando t→0, para todo x∈X
ent˜ao esse grupo ´e dito um C0-grupo.
Definic¸˜ao 2.2. Seja∆={z:φ1<argz<φ2,φ1<0<φ2}e, para z∈∆, seja T(z)um operador
linear limitado. A fam´ılia{T(z):z∈∆} ´e um semigrupo anal´ıtico sobre∆se
20 2.1 Propriedades dos Semigrupos
(i) z7→T(z)´e anal´ıtica em∆.
(ii) T(0) =I elim
z→0T(z)x=x para cada x∈X .
(iii) T(z1+z2) =T(z1)T(z2), ∀z1,z2∈∆.
Observac¸˜ao 8. Todo semigrupo uniformemente cont´ınuo ´e fortemente cont´ınuo.
Definic¸˜ao 2.3. Se {T(t),t >0} ⊂L(X) ´e um semigrupo fortemente cont´ınuo, seu gerador
infinitesimal ´e o operador definido por A:D(A)⊂X →X
Ax= lim t→0+
T(t)x−x
t , ondeD(A) =
½
x∈X, lim t→0+
T(t)x−x t existe
¾
.
Exemplo 2.4. T(t) =eAt=∑∞n=0Ann!tn,t>0para algum A∈L(X)´e um semigrupo fortemente
cont´ınuo, cujo gerador infinitesimal ´e A,D(A) =X , pois para x∈X , temos:
lim t→0+
T(t)x−x
t =t→lim0+
1 t(e
At
x−x) = lim t→0+
1 t
·µ ∞
∑
n=0
Antn n!
¶
x−x
¸
= lim t→0+
1 t · x+ µ ∞
∑
n=1
Antn n!
¶
x−x
¸
= lim t→0+
1 t
· ∞
∑
n=1
Antn n!
¸
x
= lim t→0+
µ ∞
∑
n=1
Antn−1 n!
¶
x= lim t→0+
µ
Ax+
µ ∞
∑
n=2
Antn−1 n!
¶
x
¶
=Ax+ lim t→0+
µ ∞
∑
n=2
Antn−1 n!
¶
x=Ax,
a ´ultima igualdade ´e obtida usando o fato que a s´erie converge uniformemente.
Portanto, A ´e o gerador infinitesimal de T(t).
Os semigrupos uniformemente cont´ınuos s˜ao da forma eAt para algumA∈L(X), ´e o que
afirma o seguinte resultado:
Teorema 2.5. S˜ao equivalentes:
(i) {T(t):t>0} ⊂L(X)´e um semigrupo uniformemente cont´ınuo sobre X .
(ii) Seu gerador infinitesimal est´a definido em todo X .
Demonstrac¸˜ao: (iii)⇒(ii)SeT(t) =eAtpara algumA∈L(X), mostramos no Exemplo 2.4
que o gerador infinitesimal ´eAe portanto est´a definido em todoX.
(ii)⇒(i)SejaAo gerador infinitesimal de{T(t):t>0}, ondeAest´a definido sobre todo X. Ent˜ao dadox∈X, temos que
Ax= lim t→0+
T(t)x−x t .
Assim,
lim t→0+
° ° ° °
T(t)x−x t
° ° ° °
=kAxk.
Dadoε>0, existeδ >0 tal que
−ε+kAxk<
° ° ° °
T(t)x−x t
° ° ° °
<kAxk+ε
parat∈[0,δ]. Ou seja,
½° ° ° °
T(t)x−x t ° ° ° ° ¾
06t6δ
´e limitado para cadax∈X. Segue do Corol´ario 1.10 que
½° ° ° °
T(t)−I t ° ° ° ° ¾
06t6δ
´e limitado. Sejak>0 tal que
° ° ° °
T(t)−I t
° ° ° °
6kpara 06t6δ. Ent˜ao
kT(t)−Ik6tk→0,comt→0+.
Portanto,T(t)→I, com t→0+ e assimT(t) ´e uniformemente cont´ınuo sobreX.
(i)⇒(iii)Assumimos inicialmente que T(t) =eAt e encontramos a express˜ao pra definir A∈L(X)
A= (T(t)−I)
µZ t
0
T(s)ds
¶−1
e ent˜ao provamos queA∈L(X)e queT(t) =eAt,t >0.
Os semigrupos fortemente cont´ınuos possuem uma limitac¸˜ao exponencial que ´e dada no teorema a seguir.
Teorema 2.6. Suponha que{T(t),t>0} ⊂L(X)´e um semigrupo fortemente cont´ınuo. Ent˜ao
existem M>1eβ ∈Rtais que
kT(t)kL(X)6Meβt, ∀t>0.
22 2.1 Propriedades dos Semigrupos
Demonstrac¸˜ao: Inicialmente observamos que sup t∈[0,η]k
T(t)kL(X)<∞para algumη>0 pois,
caso contr´ario, existiria uma sequˆencia{tn}∞n=1→0+ tal quekT(tn)kL(X)→∞. ComoT(t) ´e
fortemente cont´ınuo lim tn→0+
T(tn)x=x, para cadax∈X, logo{T(tn)x}n>1 ´e limitada para cada
x∈X. Segue do Corol´ario 1.10 que {kT(tn)kL(X)}n>1 ´e limitada, contrariando o fato que
kT(tn)kL(X)→∞.
Assim, sup t∈[0,η]k
T(t)k<∞,para algumη>0 e com isso podemos afirmar que sup t∈[0,T]k
T(t)k<
∞para qualquerT >0,pois dadoT >0,t∈[0,T],tpode ser escrito da format=mη+λ com m∈N∗,λ ∈(0,η)e
kT(t)k=kT(mη+λ)k=kT(mη)T(λ)k=kT(η)mT(λ)k6kT(η)kmkT(λ)k<∞.
Sejal>0 arbitr´ario tal que ˜
M=sup{kT(t)kL(X),06t6l}<∞
e sejaβ > 1llog{kT(l)kL(X)}, isto ´e,kT(l)kL(X)6eβl. Ent˜ao,
kT(nl+t)k=kT(nl)T(t)k=kT(l)nT(t)k
6kT(l)knkT(t)k6Me˜ βnl
6Me˜ βnleβt+|β|l6Me˜ |β|leβ(nl+t). Logo
kT(nl+t)k6Meβ(nl+t), 06t6l,n∈N e M=Me˜ |β|l.
Assim dadot>0, podemos escrevert=nl+t0, para algumn>0 e 06t06le portanto
kT(t)k6Meβt, ∀t>0.
Dado um operadorA:D(A)⊂X →X, denotaremos porρ(A), o conjunto resolvente deA
onde
ρ(A) ={λ∈C:λI−A´e injetora, Im(λI−A)´e densa, (λI−A)−1: Im(λI−A)→ ´e cont´ınua}. O espectro deA, denotado porσ(A) ´e definido por
Observac¸˜ao 9. O operador A comuta com o operador resolvente(λI−A)−1.
De fato, sejau= (λ−A)−1v, ou seja,(λ−A)u=v. ComoAcomuta com(A−λ)temos que
(λ−A)−1Av= (λ−A)−1A(λ−A)u= (λ−A)−1(λ−A)Au=Au.
Por outro lado,
A(λ−A)−1v=A(λ−A)−1(λ−A)u=Au.
Portanto,A(λ−A)−1v= (λ−A)−1Av,ou seja,Acomuta com(λ−A)−1.
Vejamos agora alguns fatos importantes sobre semigrupos fortemente cont´ınuos.
Teorema 2.7. Suponha que{T(t),t>0} ⊂L(X)´e um semigrupo fortemente cont´ınuo.
(i) Para qualquer x∈X , t7→T(t)x ´e cont´ınua para t>0.
(ii) t7→ kT(t)kL(X) ´e semicont´ınua inferiormente e portanto mensur´avel.
(iii) Seja A o gerador infinitesimal de T(t), ent˜ao A ´e densamente definido e fechado. Para x∈D(A), t7→T(t)x ´e continuamente diferenci´avel e
d
dtT(t)x=AT(t)x=T(t)Ax, t>0.
(iv) Para Reλ >β, ondeβ ´e obtido no Teorema 2.6,λ est´a no conjunto resolvente de A e
(λ−A)−1x=
Z ∞
0
e−λtT(t)xdt,∀x∈X.
Demonstrac¸˜ao:
(i)Vamos calcular os limites laterais. Sejamt>0 ex∈X.
kT(t+h)x−T(t)xkX =kT(t)T(h)x−T(t)xkX =kT(t)(T(h)−I)xkX 6kT(t)kkT(h)x−xk
24 2.1 Propriedades dos Semigrupos
Analogamente, temos:
kT(t)x−T(t−h)xkX =kT(t−h+h)x−T(t−h)xkX =kT(t−h)T(h)x−T(t−h)xkX =kT(t−h)(T(h)x−x)kX 6kT(t−h)kL(X)kT(h)x−xkX
6Meβ(t−h)kT(h)x−xk →0, h→0+. Portanto, para todox∈X,t7→T(t)x´e cont´ınua parat>0.
(ii)Devemos provar que, dado b∈R, A={t >0 :kT(t)kL(X) >b} ´e aberto em[0,+∞).
Sejat0∈A. ComokT(t0)kL(X)>bent˜ao existex∈X comkxk=1 tal quekT(t0)xk>b. De
(i)a aplicac¸˜aot7→T(t)x´e cont´ınua, segue que existe uma vizinhanc¸aV det0tal que set ∈V
ent˜aokT(t)xk>b. PortantokT(t)kL(X)>bparat ∈V e isso conclui a demonstrac¸˜ao.
(iii)Vamos mostrar queA´e densamente definido. Sejamx∈X,ε >0 dado exε= 1
ε
Z ε
0
T(t)xdt.Ent˜ao:
xε−x=1
ε
Z ε
0
T(t)xdt−1
ε
Z ε
0
xdt= 1
ε
Z ε
0 (
T(t)x−x)dt.
Como {T(t):t >0} ´e fortemente cont´ınuo, T(t)x→x quandot →0+, logo dado δ >0 existeεδ >0 tal quekT(t)x−xk<δ para 06t6εδ. Assim,
kxεδ−xk6 1 εδ
Z εδ
0 k
T(t)x−xkdt<δ 1
εδ
Z εδ
0
dt=δ.
Portantoxε→xquandoε→0+. Verifiquemos quexε ∈D(A).
Parah>0, temos que
T(h)xε−xε
h =
(T(h)−I)
εh
µZ ε
0
T(t)xdt
¶
= 1
εh
Z ε
0 (
T(h)−I)T(t)xdt
= 1
εh
Z ε
0 (
T(h)T(t)x−T(t)x)dt= 1
εh
µZ ε
0
T(h+t)xdt−
Z ε
0
T(t)xdt
¶
= 1
εh
µZ h+ε
h
T(t)xdt−
Z ε
0
T(t)xdt
¶
= 1
εh
µZ ε+h
0
T(t)xdt−
Z h
0
T(t)xdt−
Z ε
0
T(t)xdt
¶
= 1
εh
µZ ε+h
0
T(t)xdt−
Z ε
0
T(t)xdt
¶
−ε1h
µZ h
0
T(t)xdt−
Z 0
0
T(t)xdt
¶
.
Logo,
lim h→0+
T(h)xε−xε
h =
1
Portantoxε ∈D(A)e assimD(A) =X.
A´e fechado. De fato, seja{xn} ⊂D(A)comxn→x∈X eAxn→y, quandon→∞. A seguinte igualdade ser´a mostrada adiante,
T(t)xn−xn=
Z t
0
T(s)Axnds. (2.1)
ComoT(s)Axn→T(s)yuniformemente sobre intervalos limitados, obtemos: lim
n→+∞T(t)xn−xn=n→lim+∞
Z t
0
T(s)Axnds=
Z t
0
lim
n→+∞T(s)Axnds=
Z t
0
T(s)yds.
Isto ´e,
T(t)x−x
t =
1 t
Z t
0
T(s)yds.
Fac¸amost→0+ na ´ultima igualdade acima lim
t→0+
T(t)x−x
t =tlim→0+
1 t
µZ 0+t
0
T(s)yds−
Z 0
0
T(s)yds
¶
=T(0)y=y.
Como o limite existe,x∈D(A)eAx=y. PortantoA´e fechado.
Sex∈D(A)ent˜ao
µ
d+ dt
¶
T(t)x= lim h→0+
1
h(T(t+h)x−T(t)x) =hlim→0+
1
h(T(h)T(t)x−T(t)x) = lim
h→0+
1
hT(t)((T(h)−I)x) =hlim→0+T(t)
µ
T(h)−I h
¶
x
=T(t) lim h→0+
T(h)x−x
h =T(t)Ax.
Como lim h→0+
T(h)T(t)x−T(t)x
h existe,T(t)x∈D(A)eAT(t)x=T(t)Ax. Por(i)a aplicac¸˜ao t 7→T(t)Ax ´e cont´ınua, isto ´e,t 7→
µ
d+ dt
¶
T(t)x ´e cont´ınua, e portantot 7→T(t)x ´e continua-mente diferenci´avel e
µ
d+ dt
¶
T(t)x= dtdT(t)x.
Logo,
d
dtT(t)x=T(t)Ax=AT(t)x.
2.1 ´e obtido integrando essa igualdade
Z t
0
d
dsT(s)xds=
Z t
0
T(s)Axds⇒T(t)x−x=
Z t
0
T(s)Axds.
(iv)Sejamλ ∈Ctal queReλ >β (β do Teorema 2.6). DefinaR(λ):X →X por
R(λ)x=
Z ∞
0