• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

1

ECOLOGIA COMPORTAMENTAL DE Aratinga aurea (AVES: PSITTACIDAE) NA ÁREA URBANA DE MORRINHOS-GO.

Graziele Alves Campos (UEG)1 grazicampos_graziele@hotmail.com Drielly Auxiliadora de Oliveira Coelho2 drika_lili@hotmail.com Nilson Kássio Pereira Lima (UEG)3 ambikassio@gmail.com Tatiane Linha Torres (UEG)4 tatlinha@hotmail.com Rafael de Freitas Juliano (UEG)5 rafreju@gmail.com Introdução

As características do ambiente urbano promovem condições adequadas para sobrevivência de muitas aves em parques, praças, bosques, cemitérios e outras áreas (MENDONÇA-LIMA & FONTANA, 2000), além de permitir nidificação (EMLEN, 1974; ARGEL-DE-OLIVEIRA, 1995). Deste modo, a vegetação variada, incluindo a vegetação nativa presente, é favorável para a manutenção de muitas espécies de aves (ARGEL-DE-OLIVEIRA; MATARAZZO-NEUBERGER, 1995). Essa avifauna presente nas cidades é atraída por flores, frutos, sementes, insetos e outros recursos, porém algumas guildas apresentam estímulos diferentes frente à antropização (VILLANUEVA & SILVA, 1996).

Alguns Psitacídeos tem se tornado bastante conspícuos em área urbanas chegando a ser considerados comuns (PARANHOS et.al, 2009; MONTEIRO & BRANDÃO, 1995; MALLET-RODRIGUES et.al, 2008; BRAGA et.al, 2010; PACHECO & OLMOS, 2010). Estudos sobre a utilização da arborização urbana pela avifauna demonstraram que espécies da família Psittacidae se utilizam de vários recursos, podendo até se alimentar exclusivamente de espécies utilizadas na arborização pública (BRUN et.al., 2007).

Aratinga aurea, conhecida popularmente como Periquito-rei, é considerada uma espécie típica de áreas abertas, ocorrendo principalmente nas áreas de Cerrado, Cerradão, mata de galeria, jardins e cidades. Os casais ou bandos pequenos voam em formações compostas (GWYNNE, 2010). A espécie nidifica em cupinzeiros arbóreos (GWYNNE, 2010; PARANHOS, 2008). A alimentação é variada, composta por frutos, sementes, flores, folhas e cupins alados (PARANHOS, 2009). A dieta generalista pode ser um fator importante para sua adaptação em ambientes antropizados (PARANHOS, 2009).

A espécie pode ser considerada dispersora de sementes, devido ao comportamento de carregá-las em vôo (PARANHOS, 2009). Apesar disso, Paranhos e.al. (2009) observaram que a espécie também age como predadora de sementes triturando-as ou deixando seus restos caírem sob a planta mãe. Os indivíduos têm o comportamento de se agrupar em dormitórios, o que pode reduzir a vigilância individual e aumentar o tempo para outras atividades (LUNARDI & LUNARDI, 2009).

1 Programa PVIC-UEG 2 Programa PVIC-UEG 3 Programa PVIC-UEG 4 Programa PVIC-UEG

(2)

2

Apesar de ser considerada comum em cidades (GWYNNE, 2010), existem poucas informações detalhadas sobre a alimentação da espécie (PARANHOS) e sua reprodução (PARANHOS et al., 2008; 2009).

Objetivos

Os objetivos desse trabalho foram descrever a ecologia e exploração de recursos alimentares por Aratinga aurea na área urbana de Morrinhos, GO, com ênfase na distribuição temporal, espacial e sazonal.

Material e Métodos

O estudo foi realizado no município de Morrinho, GO, onde predomina a vegetação de Cerrado, com duas estações bem definidas, uma chuvosa e outra seca (EMBRAPA CERRADOS, 2000; KLINK & MACHADO, 2005). Foram amostradas três zonas com diferentes graus de antropização (sensu MILLER; 2006), as áreas foram divididas em Central (C), Periférica (P) e Limítrofe (L). Foram escolhidos cinco pontos por zona, sendo áreas com, no mínimo, três árvores.

A cada mês foram realizadas três coletas por zona e por estação, sendo amostradas cinco praças por turno, de Agosto de 2010 a Julho de 2011. Os turnos se iniciaram logo após a alvorada, com 30 minutos de observação, quantificando-se a abundância relativa e o comportamento dos indivíduos. Foi utilizado binóculo 8x40 e câmera Panasonic Lumix DMC-FH20® 8x para as observações.

Como não foi possível alcançar a normalidade mesmo após transformação dos dados, foram usados testes não paramétricos. As variáveis qualitativas e categóricas e as análises de dados sobre hábitat e forrageamento foram submetidas aos testes Kruskall-Wallis ou sua extensão multifatorial Scheirer-Ray-Hare. Para comparações múltiplas post-hoc foi utilizado o teste de Mann Whitney. As análises principais foram realizadas pelo programa

Systat® 12.0 (SYSTAT, CO 2009).

Resultados e Discussão

Aratinga aurea foi encontrada em atividade em todas as zonas e estações. A espécie utilizou todas as zonas da cidade como percurso, deslocamento interno e sobrevôo de busca. A maior atividade dos indivíduos foi pela manhã com pico às 6:30 h. Independente das estações, os recursos vegetais mais abundantes na área urbana foram flores (44%) e frutos carnosos (23%), porém a maior parte dos registros de alimentação incluiu frutos carnosos (43%) e flores (13%), além de cupins, liquens, sementes e outros itens vegetais. Os frutos carnosos foram mais abundantes na zona central e periférica (Kruskal-Wallis p<0,05).

Foram observados indivíduos nidificando em termiteiros, além de utilizá-los como dormitório. A abundância relativa de A. aurea não variou por zona ou por estação (Kruskal-Wallis p<0,05). O tamanho do bando variou por zona, sendo os bandos maiores na zona Limítrofe em relação às outras duas (Kruskal-Wallis p>0,05). O tamanho médio dos bandos não variou por estação (Kruskal-Wallis p>0,05).

Aratinga aurea explorou diferentes áreas da cidade e conseqüentemente seus

recursos. Na zona Limítrofe o tamanho médio dos bandos foi maior, o que pode ter sido influenciado pela aglomeração dos recursos (Chapman et al., 1989) ou pelos efeitos anti-predação e otimização do forrageamento em grupo (Gill, 2007). Nesta região da cidade, os recursos principais consumidos por essa espécie foram mais escassos e a área

(3)

3

é mais aberta, sujeita a predadores mais eficientes como os falcões e gaviões. Neste estudo, A. aurea se comportou como predadora de sementes, deixando frutos e sementes danificados caírem sob as árvores mães. Possivelmente, para espécies que produzem muitos frutos a espécie auxilia na manutenção das populações vegetais, inviabilizando muitas sementes (PARANHOS, 2009). Os eventos de alimentação de cupins são raros para Psitacídeos, porém mais freqüentes para Psitacídeos Neotropicais como A. aurea (FARIA, 2007). O comportamento de se alimentar de cupins pode estar relacionado ao oportunismo que ocorre na época de reprodução e construção dos ninhos (PARANHOS, 2009; FARIA, 2007). O tamanho do bando de A. aurea não variou entre as estações e este padrão similar foi encontrado para várias espécies de psitacídeos por Luccas & Antunes (2009). O comportamento alimentar foi generalista, auxiliando na adaptação da espécie a áreas antropizadas. (PARANHOS, 2009).

Considerações Finais

Aratinga aurea utilizou vários recursos na área urbana, sendo recursos

alimentares os mais utilizados. Nas atividades de busca, sobrevôo e deslocamento interno as três zonas foram utilizadas igualmente pela espécie, porém na zona Limítrofe o tamanho do bando foi maior. A nidificação em cupinzeiros arbóreos pode ser observada juntamente com o consumo de cupins. A compreensão da ecologia de A. aurea como modelo leva a compreensão de como a urbanização influencia a biologia de algumas aves.

Referências Bibliográficas

ARGEL-DE-OLIVEIRA, M. M. Aves e vegetação em um bairro residencial da cidade de São Paulo (São Paulo, Brasil). Revista Brasileira de Zoologia. 12 (1): 81-92, 1995. BRAGA, T. V. et.al. Avifauna em praças da cidade de Lavras (MG): riqueza, similaridade e influência de variáveis do ambiente urbano. Revista Brasileira de

Ornitologia. 18(1): 26-33, 2010.

BRUN, F. G. K.; LINK, D. & BRUN, E. J. O emprego da arborização na manutenção da biodiversidade de fauna em áreas urbanas. Revista da Sociedade Brasileira de

Arborização Urbana. 2(1): 117-127, 2007.

CHAMPMAN, C. A.; CHAPMAN, L. J. & LEFEBYRE, L. Variability in parrot flock size: possible functions of communal roosts. The Condor. 91: 842-847, 1989

EMBRAPA CERRADOS. II Plano Diretor Embrapa Cerrados 2000-2003. Planaltina:

Embrapa Cerrados. 32p, 2002

EMLEN, J.T. An urban bird community in Tucson, Arizona: derivation, structure, regulation. EUA. Condor. 76:184‑197, 1974

FARIA, I. P. Peach-fronted Parakeet (Aratinga aurea) feeding on arboreal termites in the Brazilian Cerrado. DF. Revista Brasileira de Ornitologia. 15(3):457-458, 2007.

GWYNNE, J. A. et. al. Periquito-rei (Aratinga aurea). Aves do Brasil: Pantanal & Cerrado. Ed. Horizonte, pg. 118, São Paulo, 2010.

(4)

4

KLINK, C. A & MACHADO, R. B. A conservação do Cerrado brasileiro.

Megadiversidade. 1: 147-155, 2005.

LUCCAS, N. I.; ANTUNES, A. Z. Variações sazonais e diárias nos padrões de atividade de Psitacídeos (Aves: Psittacidae) no Parque Estadual Alberto Löfgren, São Paulo–SP. Revista do Instituto Florestal. 21( 2): 217-226, 2009.

LUNARDI, V. O. & LUNARDI, D. G. Dinâmica de um dormitório comunal de Aratinga aurea (Psittacidae) em área urbana no centro-oeste do Brasil. Revista

Brasileira de Ornitologia. 17(1):20-27, 2009.

MALLET-RODRIGUES, F. et.al. Aves da Baixada de Jacarepaguá, Município do Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ornitologia. 16 (3): 221-231, 2008.

MARQUES, R. L. A importância da estrutura do hábitat sobre a composição da avifauna em praças públicas. 2005. 85f. Dissertação (Pós graduação em ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS) – Faculdade de Biologia,

Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2010.

MENDONÇA-LIMA, A. & FONTANA, C.S. Composição, freqüência e aspectos

biológicos da Avifauna de Porto Alegre Country Clube, Rio Grande do Sul. Ararajuba. 8(1):1-8, 2000.

MONTEIRO, M. P. & BRANDÃO, D. Estrutura da comunidade de aves do “Campus Samambaia” da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil. Revista Brasileira de

Ornitologia. 3: 21-26, 1995.

PACHECO, J. F. & OLMOS, F. As Aves do Tocantins, Brasil – 2: Jalapão. Revista

Brasileira de Ornitologia. 18(1):1-18, 2010.

PARANHOS, S. J.; ARAÚJO, C. B. & MARCONDES-MACHADO, L. O. Comportamento reprodutivo de Aratinga aurea (Aves, Psittacidae) no sudoeste de Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia. 16(1): 1-7, 2008.

PARANHOS, S. J; ARAÚJO, C. B. & MARCONDES-MACHADO, L. O. Comportamento de Aratinga aurea (Psittacidae) no Sudeste de Minas Gerais, Brasil.

Revista Brasileira de Ornitologia. 17(3-4): 187-193, 2009.

VILLANUEVA, R. E. V. & SILVA, M. Organização trófica da avifauna do campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC. Biotemas. 9(2): 57-69, 1996.

(5)

Referências

Documentos relacionados

As superfícies de controlo servem para variar a atitude mas a relação com a direcção de deslocamento (i.e. movimento de translação) da aeronave não é directa pois são conceitos

O candidato e seu responsável legalmente investido (no caso de candidato menor de 18 (dezoito) anos não emancipado), são os ÚNICOS responsáveis pelo correto

Entrando para a segunda me- tade do encontro com outra di- nâmica, a equipa de Eugénio Bartolomeu mostrou-se mais consistente nas saídas para o contra-ataque, fazendo alguns golos

jantar, onde pedi para cada um levar um convidado não crente, fui surpreendida, compareceram vários jovens sem ser evangélicos e que nunca nem entraram em Igreja

Os valores da concentração de hemoglobina (Hb), em relação aos tempos de indução, 1 hora e 24 horas após a indução, não apresentaram diferença significativa, para os grupos

CONCLUSÕES E PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS Nesta dissertação, foi apresentada uma avaliação do desempenho das funções de proteção aplicadas em transformadores de potência,

Os roedores (Rattus norvergicus, Rattus rattus e Mus musculus) são os principais responsáveis pela contaminação do ambiente por leptospiras, pois são portadores

1. Além da possibilidade de denúncia prevista no n.º 3 do artigo anterior, o contrato pode cessar por caducidade, revogação por acordo das partes ou por resolução. O