1
IMPACTOS DOS TRIBUTOS SOBRE RECEITAS E CUSTOS DAS EMPRESAS
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
MANUAL COMPLETO DE APURAÇÃO E ESCRITURAÇÃO DE FATOS E ATOS ADMINISTRATIVOS RELATIVOS A
INCIDÊNCIA DE TRIBUTOS NAS OPERAÇÕES REALIZADAS PELAS EMPRESAS
1ª PARTE
EXERCÍCIO Nº 6 Estudo de Caso
2
IMPACTOS DOS TRIBUTOS SOBRE RECEITAS E CUSTOS DAS EMPRESAS
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
1MANUAL COMPLETO DE APURAÇÃO E ESCRITURAÇÃO DE FATOS E ATOS ADMINISTRATIVOS RELATIVOS A
INCIDÊNCIA DE TRIBUTOS NAS OPERAÇÕES REALIZADAS PELAS EMPRESAS
1ª PARTE
Este manual foi desenvolvido especificamente para ser utilizado como material complementar e de apoio às aulas ministradas no Curso de Graduação em
Ciências Contábeis, para a Disciplina de Contabilidade Tributária, da UNIANHANGUERA. Entretanto, este manual não tem a pretensão de ser
inédito; apenas traz conteúdo prático a ser consultado nas dúvidas que possam surgir, tentando facilitar o cotidiano dos alunos e, de modo geral, a todos que se interessem pelo assunto tributos. É expressamente proibida sua
reprodução por quaisquer meios, sem autorização expressa.
São Paulo
1Extraído e adaptado de Contabilidade Tributária: Entendendo a Lógica dos Tributos e seus Reflexos sobre os Resultados das Empresas. REZENDE, Amaury José, PEREIRA, Carlos Alberto, ALENCAR, Roberta Carvalho de. Edição Especial. São Paulo, Editora Atlas S/A, 2012.
3 SUMÁRIO
IMPACTOS DOS TRIBUTOS SOBRE RECEITAS E CUSTOS DAS EMPRESAS ... 4
1. INTRODUÇÃO ... 4
2. IMPACTOS DOS TRIBUTOS SOBRE RECEITAS E CUSTOS ... 4
2.1 OCASODACIA.ATENAS ... 4
2.2 AQUISIÇÃODEMATÉRIAPRIMA ... 5
2.2.1 Imposto de Importação ... 6
2.2.2 Taxas aduaneiras incidentes ... 8
2.2.3 Imposto sobre Produtos Industrializados... 9
2.2.4 ICMS ... 10
2.2.5 PIS e COFINS na Importação ... 12
2.3 AQUISIÇÃODEEMBALAGENS ... 16
2.4 CONSUMODEMATÉRIA-PRIMAEMATERIALDEEMBALAGEMNA PRODUÇÃO ... 18
2.5 FOLHADEPAGAMENTODACIA.ATENAS ... 18
2.5.1 Encargos sociais (INSS e FGTS) ... 20
2.5.2 Provisões trabalhistas ... 21
2.6 CUSTOSINDIRETOSDEPRODUÇÃO ... 23
2.6.1 Depreciação ... 23
2.6.2 Energia elétrica ... 25
2.6.3 Manutenção ... 25
2.6.4 ITR - Imposto Territorial Rural ... 26
2.7 Apuração dos custos de produtos acabados ... 27
2.8 VENDASDOSPRODUTOSACABADOS ... 28
3 CONCLUSÕES ... 34
4 IMPACTOS DOS TRIBUTOS SOBRE RECEITAS E CUSTOS DAS EMPRESAS
1. INTRODUÇÃO
Este texto, em sua 1ª Parte, tem como objetivo ilustrar a incidência de tributos nas operações realizadas pelas empresas. Para exemplificar o impacto dos tributos sobre o resultado e o patrimônio, será utilizado um caso hipotético como forma de discutir a aplicação dos aspectos conceituais de cada tributo, tais como: fato gerador, composição da base, situações de não incidência, isenção e imunidade.
De um modo geral, busca-se explicar a lógica subjacente de cada tributo incidente sobre as transações realizadas pelas organizações. Por fim, serão ilustradas a contabilização de cada tributo e seus respectivos impactos no resultado das organizações.
Tais impactos serão demonstrados por meio de um Estudo de Caso – a Cia. Atenas.
2. IMPACTOS DOS TRIBUTOS SOBRE RECEITAS E CUSTOS 2.1 OCASODACIA.ATENAS
A Cia. Atenas é uma empresa que atua no ramo de importação, industrialização (acondicionamento) e comercialização de bebidas, tais como: vodca, vinho e uísque. A empresa iniciou suas atividades no final de 2006. A posição patrimonial da Cia. Atenas, em 31/12/2006, era aquela apresentada no Balanço Patrimonial - Quadro nº 1, a seguir.
A Cia. Atenas foi constituída com o objetivo de importar bebidas e recondicioná-las para a comercialização no mercado brasileiro. No ano de 2006, a empresa adquiriu uma propriedade, situada na zona rural, onde construiu suas instalações industriais com o objetivo de acondicionamento das bebidas importadas, que serão comercializadas no território nacional.
A Cia. Atenas possui um limite de crédito junto ao Banco “X”, denominado
“conta empresarial”', que funciona de forma semelhante ao cheque especial de pessoa física.
5 2.2 AQUISIÇÃODEMATÉRIAPRIMA
No dia 02 de janeiro de 2007, a empresa realizou a importação de bebidas a serem acondicionadas e, posteriormente, comercializadas. As importações das bebidas, para o exercício, foram as que se seguem:
O valor da aquisição (compra) dos tonéis2 de bebidas totalizou U$
1.172.777,78, que, convertido pela taxa de câmbio do dia, no valor de R$ 1,75, representam, em reais, R$ 2.052.361,12, com 120 dias de prazo para o pagamento. Os custos referentes ao frete das mercadorias adquiridas, nessa transação, foram de responsabilidade do importador (FOB - Free on Board).
2Cada tonel de bebida tem uma capacidade de 100 litros
6 O registro contábil da aquisição de matéria-prima, a prazo, será:
Debito Estoque/Matéria-prima/Bebidas em toneis (Ativo) 2.052.361,12
Credito Fornecedores (Passivo) 2.052.361,12
Uma vez que seguro e frete corriam por sua conta, a Cia. Atenas contratou ambos por U$ 5.863,89, os quais também devem integrar o custo de aquisição da bebida em toneis:
Debito Estoque/Matéria-prima/Bebidas em toneis (Ativo) 10.261,46
Credito Bancos conta Movimento/Banco "X" 10.261,46
Na importação de insumos (bebidas), a serem acondicionados, ocorre a incidência dos seguintes impostos:
Imposto de Importação (II);
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual ou de Comunicação (ICMS); e
PIS e COFINS importação.
Os cálculos dos tributos incidentes nesta operação iniciaram-se pelo Imposto de Importação.
2.2.1 Imposto de Importação
Na apuração do Imposto de Importação, a base de cálculo é formada pela soma dos custos de importação (matéria-prima, fretes e seguros), multiplicada pela alíquota incidente. Deve-se observar que a alíquota, em operações com importação de mercadorias e serviços, pode variar de acordo com a natureza/tipo de produto e/ou serviço. O percentual a ser cobrado de imposto (alíquota) fica a cargo do órgão regulador, que estipula e/ou modifica o percentual aplicável.
7 A base de calculo do II e o Valor CIF - Cost, Insurance and Freight (Custo, Seguro e Frete internacional). A composição do CIF deverá ser o valor FOB da fatura comercial, geralmente em moeda estrangeira, mais o valor do frete e seguro internacional. Quando não há o valor do seguro ou o frete internacional, a Receita Federal, através do SISCOMEX, irá arbitrar um valor para o frete e o seguro internacional para se chegar ao preço CIF que é a base de cálculo do II.
As alíquotas são as seguintes:
Adotando-se as alíquotas conforme TEC, que define os impostos de importa- ao por mercadoria, ter-se-á:
CIF em dólar = U$ 1.172.777,78 + U$ 5.863,893 1.178.641,67
Taxa do dólar ou moeda estrangeira negociada 1,754
Valor CIF em reais 2.062.622,57
A seguir, demonstra-se o cálculo do Imposto de Importação por tipo de bebida adquirida, distribuindo-se proporcionalmente o valor do seguro e frete, de forma a apurar a base de calculo e o imposto devido.
3 Valores hipotéticos para frete e seguro internacionais contratados pela Cia Atenas, admitidos apenas para fins acadêmicos.
4 Valor hipotético para a cotação do câmbio, moeda estrangeira, admitido apenas para fins acadêmicos.
8 O valor do Imposto de Importação, nesta operação, representa R$
355.744,26 e o registro se faz a Débito da Conta de Estoque:
Debito Estoque/Matéria-prima/Bebidas em toneis (Ativo) 355.744,26
Credito Bancos conta Movimento/Banco "X" (Ativo) 355.744,26
2.2.2 Taxas aduaneiras incidentes
Sobre as mercadorias importadas (produtos em tonel), a empresa pagou as seguintes taxas, conforme a Tabela nº 3 - Apuração das Taxas Aduaneiras:
As taxas aduaneiras, assim como o Imposto de Importação e os fretes e seguros pagos, integram o custo de aquisição dos estoques
Debito Estoque/Matéria-prima/Bebidas em toneis (Ativo) 26.387,50
Credito Bancos conta Movimento/Banco "X" (Ativo) 26.387,50
9 O valor dos estoques, portanto, e representado pela soma dos custos das matérias-primas adquiridas mais o valor do frete e seguros, dos impostos não recuperáveis e taxas aduaneiras, conforme demonstrado na Tabela nº 4 - Valor das Compra (Estoque de Matérias-primas), a seguir:
2.2.3 Imposto sobre Produtos Industrializados
Para os produtos importados pela Cia. Atenas, conforme regulamento do IPI - RIPI, a empresa enquadra-se como contribuinte de fato do IPI, pois, por determinação legal, as operações de importações realizadas sofrem incidência do respectivo imposto. A composição da base de cálculo é feita da seguinte forma, obedecendo-se uma lógica de tributação do IPI na importação:
Base de cálculo do IPI dos produtos importados: será o valor que serviu de base de cálculo do Imposto de Importação (Valor CIF), acrescido do imposto de importação, além dos encargos efetivamente pagos pelo importador;
Base de cálculo do IPI = valor CIF + valor do II;
Para este caso, utilizaram-se as alíquotas descritas na TIPI, devido a importação dos toneis de bebidas:10
Os cálculos do IPI constam da Tabela nº 5 - Apuração do Imposto de Importação – IPI:
O valor do IPI a ser pago pela empresa poderá ser recuperado em operações posteriores, de forma que o registro contábil ficará conforme demonstrado:
Debito IPI a Recuperar (Ativo) 1.024.296,35
Credito Bancos conta Movimento/Banco "X" (Ativo) 1.024.296,35
2.2.4 ICMS
Para os produtos importados pela Cia. Atenas, conforme regulamento do ICMS-RICMS, ocorre fato gerador do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e de Comunicação, pela importação de mercadoria, depois de realizado o desembaraço aduaneiro:
A composição da base de cálculo é feita, obedecendo-se uma lógica de tributação do ICMS na importação;
O valor da operação (mercadoria mais serviços) ou importação, incluindo o Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados e Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro e sobre Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários - IOF e despesas aduaneiras;
11
Base de cálculo do ICMS: A composição da base de calculo5 é assim formada: (Valor CIF + II + IPI + IOC + IOF + Despesas Aduaneiras)/(1-Aliquota do ICMS).
Veja que a base de calculo6 do ICMS e feita como se o valor da sua respectiva alíquota entrasse “por dentro”, por isso é que se divide por 1 menos a alíquota do ICMS;
Na importação o IPI faz parte da base de cálculo do ICMS, o que não acontece nas operações de compras realizadas no país;
Veja que a base de cálculo do ICMS é feita como se o valor da sua respectiva alíquota entrasse “por dentro”, por isso é que se divide por 1 menos a alíquota do ICMS. Veja a Tabela nº 6 – Apuração do ICMS, a composição da sua base de cálculo, que é assim formada:
Da mesma forma que ocorre com o valor do IPI, o ICMS a ser pago pela empresa na importação poderá ser recuperado em operações posteriores, de forma que o registro contábil ficará conforme demonstrado:
5A base de cálculo antes de colocar o ICMS “por dentro” é formada pela soma dos custos de importação, imposto de importação, taxas aduaneiras IPI.
6 Base de cálculo após colocar o ICMS “por dentro” É formada pela soma dos custos de importação, imposto de importação, taxas aduaneiras e IPI, mais o valor por dentro referente a alíquota do ICMS.
12
Debito ICMS a Recuperar (Ativo) 1.156.350,23
Credito Bancos conta Movimento/Banco "X" (Ativo) 1.156.350,23
2.2.5 PIS e COFINS na Importação
A apuração do PIS e COFINS incidentes de transações de importação deve orientar-se pela instrução normativa da Receita Federal do Brasil nº 572, de 22 de novembro de 2005, que dispõe sobre o cálculo das referidas contribuições.
Para as empresas que estão sob o regime de tributação não cumulativo de PIS e COFINS, tais valores podem ser compensados, ou seja, não agregarão ao custo dos estoques, mas para as empresas que estão sob o regime cumulativo (lucro presumido e simples) deverão considerar tais valores como custo das compras, já que não poderão compensar com os valores de saída.
A fórmula padrão para apuração da base de cálculo é a seguinte:
COFINS
IMPORTAÇÃO= d x (VA x X) PIS
IMPORTAÇÃO= c x (VA x X)
O Valor Aduaneiro representa toda mercadoria submetida a despacho de importação esta sujeita ao controle do correspondente valor aduaneiro. Cabe ao poder público (Receita Federal do Brasil - Aduana) realizar o controle, que consiste na verificação da conformidade do valor aduaneiro declarado pelo importador com as regras estabelecidas no Acorda de Valoração Aduaneira. Assim, entende- se que integram o valor aduaneiro, independentemente do método de valoração utilizado:
O custo de transporte da mercadoria importada até o porto ou o aeroporto alfandegado de descarga ou o ponto de fronteira alfandegado, onde devam ser cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro;
13
Os gastos relativos a carga, a descarga e ao manuseio, associados ao transporte da mercadoria importada, até a chegada aos locais; e
O custo do seguro da mercadoria durante as operações.
Fórmula para cálculo do valor de “X”
:
X = 1 + e x [a + b x (1 + a)]
(1 – c – d) x (1 – e)
Onde:
VA = Valor Aduaneiro7;
a = alíquota do II;
b = alíquota especifica do IPI;
c = alíquota da Contribuição para o PIS/PASEP na Importação;
d = alíquota da COFINS na Importação;
e = alíquota do ICMS.
Fórmula para cálculo dos parâmetros para apuração do PIS e da COFINS na Importação:
x
Vodka Ballaloc= 1 + 25%ICMS x [20%II + 60%IPI x (1 + 20%II)] = 1,8072 (1 – 1,65%PIS – 7,6COFINS) x (1 – 25%ICMS)
X
Whisk= 1 + 25%ICMS x [12%II + 30%IPI x (1 + 12%II)] = 1,6367
(1 – 1,65%PIS – 7,6COFINS) x (1 – 25%ICMS)
7A definição do valor aduaneiro está de acordo com o Decreto nº 4.543/02.
14
X
Vinho Seco= 1 + 25%ICMS x [20%II + 40%IPI x (1 + 20%II)] = 1,7190
(1 – 1,65%PIS – 7,6COFINS) x (1 – 25%ICMS)
Assim, têm-se as seguintes bases de cálculo e a apuração dos respectivos tributos, vistas na Tabela nº 7 – Apuração do PIS e COFINS na Importação:
Contabilização do PIS:
Debito PIS a Recuperar (Ativo) 58.300,28
Credito Bancos conta Movimento/Banco "X" (Ativo) 58.300,28
Contabilização da COFINS:
Debito COFINS a Recuperar (Ativo) 268.534,63
Credito Bancos conta Movimento/Banco "X" (Ativo) 268.534,63
Expostos todos os tributos incidentes sobre aquisição de matéria-prima importada, observa-se que o valor pago pela Cia. Atenas pela aquisição da matéria-prima propriamente dita (US$ 1.178.641,67, incluindo frete e seguros, equivalente a R$ 2.062.622,57), corresponde a 41,65% do total gasto com a aquisição, quando somados os tributos que a empresa teve que pagar. A Tabela nº 8 – Composição dos Gastos Totais com Aquisição de Matéria-Prima a seguir, demonstra tais gastos totais da Cia. Atenas
:
15 No entanto, a carga tributaria da empresa, considerando apenas transações de importação, representa uma média de 58,4% em relação ao valor total da transação. Os valores por produto estão descritos na Tabela nº 9 – Carga Tributária por Produtos, abaixo:
Parte dos tributos, no entanto, pode ser recuperada. Considerando que a Cia. Atenas irá recuperar8, ou seja, irá compensar com o imposto devido incidente nas operações de vendas os valores de IPI, CMS, PIS e COFINS pagos, o custo do estoque é representado pelo total do gasto
8Considera-se o PIS e a COFINS na Importação como não cumulativos. Caso fossem de empresas que não se compensam do PIS e COFINS nas compras (cumulativo ou em cascata), tais valores deveriam ser considerados na coluna de Custo dos estoques.
16 com a aquisição, menos os impostos recuperáveis, o que se encontra evidenciado na Tabela nº 10 – Custo de Aquisição das Matérias-Primas Importadas, a seguir
:
2.3 AQUISIÇÃODEEMBALAGENS
A Cia. Atenas adquiriu bebidas em tonéis para serem acondicionadas e, posteriormente, comercializadas; também foi adquirido material de embalagens, que será utilizado no processo de acondicionamento. Para a realização do acondicionamento das bebidas importadas, a Cia. Atenas adquiriu embalagens no mercado nacional, conforme a Tabela nº 11 – Quantidade e Preços de Aquisição das Embalagens:
Somando-se ao preço cobrado pelas embalagens o IPI incidente sobre as compras, a nota fiscal da compra totalizou R$ 246.400,00. Os demais tributos (ICMS, PIS/PASEP e COFINS) estão embutidos no preço das embalagens, conforme vistos na Tabela nº 12 – Compra de Embalagens, a seguir
:
17 Esta transação de aquisição de insumos, tanto pela legislação do IPI quanto do ICMS, possibilita que a empresa credite (recupere) o valor dos tributos pagos no momento da venda (comercialização) de seus produtos.
Os valores do PIS e da COFINS a recuperar são calculados aplicando o valor da fatura de Embalagens menos o IPI (receita bruta) multiplicado pela alíquota respectiva:
PIS = ($246.000 - $22.400) x 1,65% = $3.696,00 COFINS = ($246.000 - $22.400) x 7,60% = $17.024,00
Contabilização do PIS e da COFINS:
Débito Estoque/Material de Embalagem (Ativo) 162.960,00
Débito IPI a Recuperar (Ativo) 22.400,00
Débito ICMS a Recuperar (Ativo) 40.320,00
Débito PIS a Recuperar (Ativo) 3.696,00
Débito COFINS a Recuperar (Ativo) 17.024,00
Crédito Fornecedores (Passivo) 246.400,00
Entretanto, volta-se a ressaltar que PIS/PASEP e COFINS estão sendo lançados em conta de ativo porque a empresa exemplo deste estudo de caso é tributada pelo regime não cumulativo. Notar que no regime cumulativo, o valor
18 de PIS e COFINS embutidos na NF de compra compõe o custo de aquisição do estoque.
2.4 CONSUMODEMATÉRIA-PRIMAEMATERIALDEEMBALAGEM NAPRODUÇÃO
Durante o mês de janeiro de 2007, todo o estoque de matéria-prima e de material de embalagem foi utilizado na produção.
Débito Estoques/Custos de Produção/Matéria-Prima (Ativo) 2.444.754,33
Crédito Estoques/Matéria-Prima (Ativo) 2.444.754,33
Débito Estoque/Custos de Produção/Material de Embalagem (Ativo) 162.960,00
Crédito Estoques/Material de Embalagens (Ativo) 162.960,00
2.5 FOLHADEPAGAMENTODACIA.ATENAS
A Cia. Atenas possui 24 (vinte e quatro) funcionários na área de produção da empresa, cujos salários brutos somaram R$ 26.400,00 no mês de janeiro.
Além da folha de pagamento, cujo ônus financeiro é da empresa, ocorreram pagamentos de salário-família e salário-maternidade. Fazem jus a salário- maternidade as empregadas em gozo de licença-maternidade por nascimento ou adoção de filho, e fazem jus ao salário-família os empregados que percebem até uma determinada faixa salarial, conforme portaria do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). Aplica-se a Cia. Atenas, empresa deste estudo de caso, os valores hipotéticos para janeiro de 2007, a tabela abaixo, de faixas salariais e valores de salário-família, admitidos para fins acadêmicos (para consulta dos valores atualizados, consultar o site do MPAS (www.mpas.gov.br).
19 Critérios p/ Cálculo do Salário-família
Remuneração (R$) Salário-Família (RS)
Ate 435,56 22,34
De 435,57 ate 654,67 15,74
Acima de 654,68 0,00
É certo que nem todos os empregados fazem jus a salário-família. Somando-se os empregados que fazem jus a salário-família, a empresa terá que desembolsar o equivalente a R$ 157,40.
Uma funcionária encontra-se em licença-maternidade e, portanto, faz jus a um salário de R$ 716,00.
Resumindo os valores a receber e descontos, têm-se os seguintes itens da Folha de Pagamento:
Folha de Pagamento Salários Brutos 26.400,00 [+] Mais:
Salário-família 157,40 Salário-maternidade 716,00 [-] Menos:
INSS funcionário9 2.376,00
IR retido na fonte 4.027,50
Salários líquidos 20.869,50
9 A empresa retém a contribuição do empregado para o INSS e repassa à Previdência Social juntamente com as contribuições de sua responsabilidade. A alíquota depende da faixa salarial, e vai de 8% a 11%. No exemplo deste estudo de caso, foi considerada uma alíquota única de 9% apenas para demonstrar o registro contábil da retenção do deste tributo, para fins didáticos e acadêmicos.
20 Contabilização do custo com mão de obra
Registrando-se a Folha de Pagamento do pessoal encarregado da produção:
Pelo salário e descontos dos empregados encarregados da produção:
Débito Estoques/Custos de Produção/Salários (Ativo) R$ 26.400,00 Crédito Salários a Pagar (Passivo) R$ 19.996,50 Crédito IR Retido na Fonte a Pagar (Passivo) R$ 4.027,50
Crédito INSS a Recolher (Passivo) R$ 2.376,00
Pelo salário-família e salário-maternidade dos empregados encarregados da produção:
A empresa paga salário-família e salário-maternidade, mas têm o direito de recuperar estes valores, reduzindo-os do montante a recolher ao INSS:
Débito INSS a Recolher (Passivo) R$ 8.73,40 Crédito Salários a Pagar (Passivo) R$ 8.73,40
2.5.1 Encargos sociais (INSS e FGTS)
A empresa está obrigada ao pagamento de tributos que incidem sobre a remuneração do trabalho. Sobre a remuneração de empregados, incidem FGTS, Contribuição Previdenciária e Contribuições a Terceiros (SESC, SESI, SEBRAE, INCRA etc.). As Contribuições a Terceiros são recolhidas juntamente com as devidas ao INSS, que repassa as demais entidades. O somatório das contribuições incidentes sobre remuneração de empregados a serem recolhidas ao INSS totalizou 27,7%, conforme indicado na Tabela nº 13 – Encargos Sociais Sobre Remuneração a Empregados da Produção:
21 Da mesma forma que em relação a Folha de Pagamento, o registro dos encargos sociais incidentes sobre a remuneração paga ao pessoal encarregado da produção impacta o custo da produção.
Contabilização:
Pelos encargos devidos ao INSS incidentes sobre remuneração paga ao pessoal encarregado da produção (mão de obra):
Débito Estoques/Custo de Produção/(Ativo) 7.312,80 Crédito INSS a Recolher (Passivo) 7.312,80
Pelo FGTS incidente sobre remuneração paga ao pessoal encarregado da produção (mão de obra):
Débito Estoques/Custo de Produção/(Ativo) 2.112,00 Crédito FGTS a Recolher (Passivo) 2.112,00
2.5.2 Provisões trabalhistas
Em observância ao regime de competência, a empresa realiza a contabilização da provisão de décimo-terceiro salário, férias e adicional de férias (1/3), e também os encargos trabalhistas (INSS empresa e FGTS) sobre o valor das provisões. A Tabela nº 14 – Provisões e Encargos Sobre 13º e Férias do Pessoal da Produção, a seguir, apresenta o resumo10 dos valores a serem registrados
:
10Os valores da provisão de férias e 13º salário são calculados individualrnente por funcionário, e o montante mensalrnente registrado sofre variações em função do número de contratações, demissões, reajustes salariais, promoções, etc.
22 Pela provisão de férias e adicional de férias relativas ao pessoal encarregado da produção (mão de obra):
Débito Estoques/Custo de Produção/Férias (Ativo) 2.933,33 Crédito Provisões Trabalhistas/Provisão p/Férias (Passivo) 2.933,33
Pela provisão do 13º salário relativo ao pessoal encarregado da produção (mão de obra):
Débito Estoques/Custo de Produção/13º Salário (Ativo) 2.200,00 Crédito Provisões Trabalhistas/Provisão 13º Salário (Passivo) 2.200,00 Pela provisão de encargos devidos ao INSS incidente sobre férias e adicional de férias do pessoal encarregado da produção (mão de obra):
Débito Estoques/Custo de Produção/INSS (Ativo) 812,53 Crédito Provisões Trabalhistas/Provisão INSS s/férias (Passivo) 812,53
Pela provisão de encargos devidos ao INSS incidente sobre 13º Salário do pessoal encarregado da produção (mão de obra):
Débito Estoques/Custo de Produção/INSS (Ativo) 609,40 Crédito Provisões Trabalhistas/Provisão INSS s/férias (Passivo) 609,40
Pela provisão de FGTS incidente sobre férias e adicional de férias do pessoal encarregado da produção (mão de obra):
Débito Estoques/Custo de Produção/FGTS (Ativo) 234,67 Crédito Provisões Trabalhistas/FGTS s/férias (Passivo) 234,67
Pela provisão de FGTS incidente sobre 13º salário do pessoal encarregado da produção (mão de obra):
Débito Estoques/Custo de Produção/FGTS (Ativo) 176,00 Crédito Provisões Trabalhistas/FGTS s/ 13º Salário (Passivo) 176,00
Somando-se salários, encargos e provisões, o custo total com mão de obra da empresa somou R$ 42.790,73, conforme discriminado na Tabela nº 15 – Custo Total com Mão-de-obra, a seguir. O custo total com mão de obra corresponde, neste caso, a 162% dos salários brutos
23 (R$ 26.400,00). Se for comparado este montante com o salário líquido que os empregados irão receber (R$ 19.996,50 sem contar o salário- família e maternidade) o custo total com mão de obra corresponde a 214% do salário líquido.
Salários + encargos de pessoal da produção = Custo total com mão de obra
2.6 CUSTOSINDIRETOSDEPRODUÇÃO
Os custos indiretos de produção da Cia. Atenas são compostos pelos seguintes gastos: depreciação dos equipamentos e utensílios da área de produção, energia elétrica e manutenção.
2.6.1 Depreciação
A empresa possui uma propriedade rural, na qual se encontram todas as instalações industriais (barracões, equipamentos, máquinas de acondicionamentos), avaliadas em R$ 150.000,00, sendo que o valor de R$ 50.000,00 representa o valor das instalações industriais, cuja depreciação estimada é de 10% ao ano.
24 Tabela nº 16 - Apuração da depreciação das benfeitorias instalações industriais de produção
Móveis R$ Taxa de Depreciação Ao ano Ao mês
Equipamentos e Maquinam industriais
50.000,00 10%11 5.000,00 416,67
Contabilização:
Débito Estoques/Custo de Produção/Depreciação (Ativo) 416,67 Crédito Depreciação Acumulada/Benfeitorias (Ativo – Cta retificadora) 416,67 As empresas que estão enquadradas no regime de apuração não cumulativo do PIS e COFINS poderão se creditar do PIS e da COFINS sobre gastos relacionados a atividade produtiva como depreciação, energia elétrica, aluguel da fabrica etc. Assim, os créditos são calculados da seguinte maneira: Valor do Gasto x Alíquota do PIS e da COFINS:
PIS a ser Creditado - $416,67 x 1,65% = $6,88 COFINS a ser Creditado - $416,67 x 7,60% = $31,67
O registro contábil dos créditos de PIS e COFINS reduz o custo de produção:
Contabilização para o PIS:
Débito PIS a Recolher (Passivo) 6,88
Crédito Estoques/Custo de Produção/Depreciação (Ativo) 6,88
Contabilização para a COFINS:
Débito COFINS a Recolher (Passivo) 416,67
Crédito Estoques/Custo de Produção/Depreciação (Ativo) 416,67 Após o registro contábil do credito de PIS/COFINS, o valor da depreciação que impactou o custo de produção foi de R$ 378,13 ($416,67 - $31,67 - $6,88).
11O contador pode se utilizar da taxa de depreciação que o Fisco permite deduzir do resultado, para fins de apuração de IRPJ e CSLL, caso entenda que a taxa a ser utilizada para fins puramente contábeis seja a mesma que para fins fiscais. Caso não o seja, deverá efetuar o ajuste no LALUR após a contabilização da depreciação na demonstração de resultado. No exemplo deste estudo de caso e para acadêmicos, foi considerado que a taxa de depreciação de 10% é igual para o enfoque tributário e contábil.
25 2.6.2 Energia elétrica
A Cia. Atenas consumiu R$ 2.000,00 de energia elétrica na área de produção. Os gastos com energia elétrica utilizados na produção geram créditos de ICMS. A alíquota de ICMS é de 25% sobre a fatura.
Valor do ICMS = $2.000,00 x 25% = $500,00
Além de creditar-se do ICMS, a Cia. Atenas têm o direito de creditar-se de PIS e COFINS sabre a energia elétrica consumida, por apurar PIS e COFINS no regime não cumulativo.
Valor do PIS e da COFINS a ser creditado do gasto com energia elétrica:
PIS - R$ 2.000,00 x 1,65% = R$ 33,00 COFINS - R$ 2.000,00 x 7,60% = R$ 152,00
Contabilização:
Débito Estoques/Custos de Produção/EE (Ativo) 1.315,00
Débito ICMS a Recuperar (Ativo) 500,00
Débito PIS a Recuperar (Ativo) 33,00
Débito COFINS a Recuperar (Ativo) 152,00
Crédito Bco Cta Movimento/Banco “X” (Ativo) 2.000,00
2.6.3 Manutenção
A manutenção da unidade Fabril da Cia. Atenas é terceirizada, e são pagos R$ 1.500,00 mensais a uma empresa prestadora de serviços, os quais também geram direito a credito de PIS/COFINS:
PIS a ser creditado - R$ 1.500,00 x 1,65% = R$ 24,75 COFINS a ser creditado - R$ 1.500,00 x 7,60% = R$ 114,00
Assim, o valor líquido de energia elétrica que irá impactar os custos de produção no período será de R$ 1.361,25 (R$ 1.500,00 - R$ 24,75 - R$
114,00).
26 Contabilização:
Débito Estoques/Custos de Produção/Manutenção (Ativo) 1.361,25
Débito PIS a Recuperar (Ativo) 24,75
Débito COFINS a Recuperar (Ativo) 114,00
Crédito Bco Cta Movimento/Banco “X” (Ativo) 1.500,00
2.6.4 ITR - Imposto Territorial Rural
A empresa possui uma propriedade rural avaliada em R$ 150.000,00, sendo que R$ 50.000,00 representam o valor das instalações industriais (barracões, equipamentos, máquinas de acondicionamentos) e R$
100.000,00 representam o valor venal da terra.
Sobre a propriedade de áreas rurais incide o Imposto Territorial Rural (ITR), conforme a Tabela nº 17 – Apuração do ITR:
Tabela nº 17 - Apuração do ITR
Tamanho da propriedade R$ Alíquota Ao ano
50 hectares 100.000,00 0,3% 30,00
Contabilização:
Débito Despesas pagas antecipadamente (Ativo) 30,00
Crédito Bco Cta Mov/Banco “X” (Ativo) 30,00
Contabilização na apropriação:
Débito Estoque/Custos de Produção/ITR (Ativo) 2,50 Crédito Despesas pagas antecipadamente (Ativo) 2,50
Como foi demonstrado no exemplo acima, a empresa realiza o pagamento do Imposto Territorial Rural no início do período, e fica com um ativo, que será amortizado no decorrer do periodo. O valor de R$ 2,50 é apropriado mensalmente ao custo de produção.
27 2.7 Apuração dos custos de produtos acabados
Ao final do periodo, toda a produção que havia sido iniciada foi concluída, e não havia saldo de produtos em elaboração no início do periodo, de forma que o valor a ser transferido para a conta de estoques de produtos acabados é formado pela soma dos custos descritos na Tabela nº 18 – Custos Totais de Produção, a seguir
O registro contábil de encerramento das contas relativas aos custos de produção utiliza, por simplificação, uma única conta de estoque de produtos acabados.
28 Em atendimento a legislação fiscal, os custos devem ser atribuídos a cada um dos produtos utilizando-se o Método do Custeio por Absorção.
Contabilização:
Débito Estoques/Custos Acabados (Ativo) 2.653.561,93
Crédito Estoques/Custos de Produção/Matéria-Prima (Ativo) 2.444.754,33 Crédito Estoques/Custos de Produção/Material Embalagem (Ativo) 162.960,00 Crédito Estoques/Custos de Produção/Salários (Ativo) 26.400,00 Crédito Estoques/Custos de Produção/INSS (Ativo) 8.734,73 Crédito Estoques/Custos de Produção/FGTS (Ativo) 2.522,67 Crédito Estoques/Custos de Produção/Férias (Ativo) 2.933,33 Crédito Estoques/Custos de Produção/13º Salário (Ativo) 2.200,00 Crédito Estoques/Custos de Produção/Depreciação (Ativo) 378,12 Crédito Estoques/Custos de Produção/EE (Ativo) 1.315,00 Crédito Estoques/Custos de Produção/Manutenção (Ativo) 1.361,25
2.8 VENDASDOSPRODUTOSACABADOS
A Cia. Atenas vendeu 100% do seu estoque de bebidas adquiridas e acondicionadas, em janeiro de 2007, sendo cobrado um preço de R$
12.680.000,00. Em decorrência da operação de venda, incidem: PIS, COFINS, ICMS e IPI.
O ICMS, PIS e COFINS incidem sobre o preço dos produtos vendidos, mas considera-se que já foram embutidos no preço. O IPI incide sobre o preço dos produtos e é acrescido ao valor a ser cobrado do cliente, aumentando o valor da nota fiscal. A alíquota de IPI para este tipo de produto era de 40%, de forma que o montante total da venda ficou em R$ 17.752.000,00, incluído neste montante o valor do IPI, conforme demonstrado:
Preço dos produtos (Sem/IPI) R$ 12.680.000,00
Alíquota 40%
IPI (R$ 12.680.000,00 x 40%) R$ 5.072.000,00
Valor total da NF R$ 17.752.000,00
29 Foi acertado com o cliente que, dos R$ 17.752.000,00, R$ 4.438.000,00 seriam pagos a vista e o restante a prazo.
Contabilização da operação de venda e custo correspondente Pela venda dos produtos:
Contabilização da operação de venda e custo correspondente Pela venda dos produtos:
Débito Banco Conta Movimento (Ativo) 4.438.000,00
Crédito Duplicatas a Receber (Ativo) 13.314.000,00
Crédito Receita de Vendas (Resultado) 17.752.000,00
Pela venda dos produtos:
Débito Custo dos Produtos Vendido (Resultado) 2.653.561,93
Crédito Estoques/Custos Acabados (Ativo) 2.653.561,93
Contabilização dos tributos decorrente das vendas e apuração do saldo a pagar ou a recuperar dos impostos incidentes no período
Estará sendo demonstrado a seguir o registro contábil dos tributos decorrentes da operação de venda dos produtos: IPI, ICMS, PIS e COFINS. Logo após o registro de cada tributo, será demonstrada a apuração do saldo de tributos a pagar ou a recuperar, em função dos créditos obtidos da compra de bens e/ou serviços.
I. IPI
O IPI incide sabre o preço de venda dos produtos, e é somado a estes quando da emissão da correspondente Nota Fiscal, por isso diz-se que é um imposto “por fora”. A obrigação de pagar o tributo é registrada em contrapartida a uma conta de resultado.
Contabilização
Pelo IPI incidente sobre a venda dos produtos:
Débito Impostos e Contribuições s/Vendas/IPI (Resultado) 5.072.000,00
Crédito IPI a Recolher (Passivo) 5.072.000,00
30 Em decorrência da venda de produtos, a empresa registrou R$ 5.072.000,00 em IPI a recolher. No entanto, como este imposto é não cumulativo, tem o direito de compensar o valor a recolher com o IPI pago nas aquisições12 de matéria-prima e material de embalagem, R$ 1.046.696,35 (correspondente ao saldo de IPI a recuperar), restando um saldo final a recolher de R$ 4.025.303,6513, conforme demonstrado na Tabela nº 19 – Apuração do IPI, seguir:
O lançamento relativo a apuração do IPI incidente sobre a venda dos produtos no mês:
Débito Impostos e Contribuições s/Vendas/IPI (Resultado) 5.072.000,00
Crédito IPI a Recolher (Passivo) 5.072.000,00
II. ICMS
O ICMS incide sobre o preço de venda dos produtos, mas já se encontra embutido no preço. Por isso diz-se que é um imposto “por dentro”. A obrigação de pagar o tributo é registrada em contrapartida a uma conta de resultado.
Sobre a operação de venda de bebidas engarrafadas, incidiu ICMS a alíquota de 25%, a saber:
Preço dos produtos (Sem/IPI) R$ 12.680.000,00
Alíquota do ICMS 25%
ICMS (R$ 12.680.000,00 x 25%) R$ 3.170.000,00
12Utilizou-se a alíquota média, pois as alíquotas foram: 60% Vodca Ballaloc; 30% Uísque e 40% Vinho Seco Fino.
13Na saída dos produtos, utilizou-se uma alíquota de 40% para fins de simplificação do exemplo. Mas recomenda-se verificar se as bebidas que serão comercializadas estarão sujeitas ao regime especial de controle.
31 O lançamento relativo a apuração do ICMS incidente sobre a venda dos produtos no mês:
Débito Impostos e Contribuições s/Vendas/ICMS (Resultado) 3.170.000,00
Crédito ICMS a Recolher (Passivo) 3.170.000,00
Em decorrência da venda de produtos, a empresa registrou R$ 3.170.000,00 em ICMS a recolher. No entanto, como este imposto e não é cumulativo, tem o direito de compensar o valor a recolher com o ICMS pago nas aquisições de matéria-prima, material de embalagem e energia elétrica - R$ 1.197.170,23 (correspondente ao saldo de ICMS a recuperar) -, restando um saldo final a recolher de R$ R$ 1.972.829,77, conforme demonstrado na Tabela nº 20 – Apuração do ICMS, a seguir:
O lançamento relativo a apuração do ICMS incidente no mês é, portanto:
Débito ICMS a Recolher (Passivo) 1.197.170,23
Crédito ICMS a Recuperar (Ativo) 1.197.170,23
III. PIS e COFINS
Incidem ainda, sabre a operação de venda de produtos, PIS e COFINS. As alíquotas de PIS e COFINS dependem do sistema de apuração adotado. No sistema cumulativo, as alíquotas são menores (0,65% PIS e 3% COFINS). No sistema não cumulativo, no qual se enquadra a Cia. Atenas, as alíquotas são maiores (1,65% PIS e 7,6% COFINS),
32 mas a empresa tem o direito de creditar-se na aquisição de alguns bens e serviços, bem como de uma parcela da depreciação.
Apuração do PIS e COFINS
PIS e COFINS sabre a receita bruta, conforme a Tabela nº 21 – Apuração do PIS e da COFINS:
Valores a recuperar (créditos) de PIS e da COFINS, conforme a Tabela nº 22 Créditos de PIS e da COFINS a recuperar:
33 Apuração final: Total de Débitos menos Créditos:
PIS COFINS
Total de Débitos 209.220,00 963.680,00 Total de Créditos 62.060,91 285.856,30
Valor Apurado 147.159,09 677.823,70
Contabilização: PIS s/Receitas:
Débito Impostos e Contribuições s/Vendas/PIS (Resultado) 209.220,00
Crédito PIS a Recolher (Passivo) 209.220,00
Contabilização: Compensação com o PIS a Recuperar:
Débito PIS a Recolher (Passivo) 62.060,91
Crédito PIS a Recuperar (Ativo) 62.060,91
Contabilização: COFINS s/Receitas:
Débito Impostos e Contribuições s/Vendas/COFINS (Resultado) 963.680,00
Crédito COFINS a Recolher (Passivo) 963.680,00
Contabilização: Compensação com a COFINS a Recuperar:
Débito COFINS a Recolher (Passivo) 285.856,30
Crédito COFINS a Recuperar (Ativo) 285.856,30
A esta altura do manual, estão reunidas todas as condições necessárias para ser elaborada uma Demonstração do Resultado do Exercício – DRE mensal, ainda que em uma versão parcial, pelas informações da Cia. Atenas, reunidas até este momento:
34
A partir de alguns indicadores você notou que o Lucro Bruto corresponde a apenas 32% do Faturamento?
Que o Custo dos Produtos Vendidos representa apenas 15%?
Podemos então dizer que a Carga Tributária sobre a produção desta empresa é de 53%?
O que você acha?
3 CONCLUSÕES
O propósito deste manual, em uma versão resumida, apresentou uma análise dos impactos dos tributos sobre o patrimônio e os resultados das organizações, explorando um estudo de caso prático que foi evoluindo ao longo das seções e subseções que o compõe, cujo objetivo foi o de oferecer uma orientação para o entendimento de como os tributos surgem e afetam as diversas atividades empresariais. Nesse caso, nesta 1ª Parte, foi possível acompanhar como se desenvolve o ciclo operacional básico de uma empresa, desde a sua constituição até as transações mais rotineiras – tais como investimentos, compras, produção, vendas, etc, - a fim de que pudesse haver uma compreensão, passo a passo, sobre os impactos contábeis e tributários de cada uma dessas transações. Assim, foram analisados os impactos dos tributos sobre as receitas e os custos, permitindo mensurar a carga tributária da empresa.
Na elaboração deste manual foram utilizados números hipotéticos, para fins acadêmicos, exclusivamente, que poderão não estar em total consonância com a legislação atual.
Também, encontradas eventuais diferenças de cálculos nas tabelas apresentadas, fará parte da resolução do estudo de caso, a título de conciliação. Efetuada tal conciliação dos lançamentos, com vistas a identificar eventuais impropriedades de registros, você estará colaborando se informar ao Professor para corrigi-los, se houverem.
As próximas edições irão tratar, respectivamente, sobre os impactos dos tributos: nas despesas administrativas, comerciais e financeiras; sobre o lucro das empresas e, finalmente, nas demonstrações contábeis.