PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM/TERCEIRO MILÊNIO*
Victória Secaf**
* Aula Inaugural do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da USP - 1995
Assim, como p r i m e i r a observação a ser feita p a r a q u e m v a i e n f r e n t a r o próximo século é a de manter-se interessado, atualizado e preparado para as
inovações e em especial a q u e l a s r e l a c i o n a d a s com a rjrofissão.
Superar obstáculos, inovar, ousar, devem ser verbos de conjugação
co-t i d i a n a p a r a vocês e p a r a c a d a um de nós se q u i s e r m o s e n f r e n co-t a r o dia a dia. E quem n ã o i n o v a r c o n s t a n t e m e n t e ou mesmo a c o m p a n h a r as inova-ções p o d e r á ficar u l t r a p a s s a d o .
P a r a inovar é preciso u m a g r a n d e dose de ousadia. É n e c e s s á r i o p e r d e r o medo de e r r a r pois só e r r a quem faz.
Porém, estas c a r a c t e r í s t i c a s n ã o s e r i a m suficientes p a r a o pós-gradu-a n d o se, pós-gradu-a l i pós-gradu-a d pós-gradu-a s pós-gradu-a elpós-gradu-as, n ã o j u n t pós-gradu-a r m o s pós-gradu-a tenpós-gradu-acidpós-gradu-ade, o compromisso e o pós-gradu-
assu-mir responsabilidades pois estas e x t r a p o l a m aquelas j á a s s u m i d a s , por vocês,
como profissionais ou m e s m o docentes.
Associado com o que focalizamos no início lembro que a responsabilida-de responsabilida-de m u d a n ç a e s t á em cada u m responsabilida-de nós. Todos temos um responsabilida-destin o a c r i a r e o ideal s e r i a que c a d a u m desenvolvesse os traços de p e r s o n a l i d a d e m a i s pro-váveis de s e r e m valorizados pela civilização do futuro.
Porém, os obstáculos e desafios n ã o são a p e n a s p a r a vocês, m a s p a r a todos, docentes e o r i e n t a d o r e s do P r o g r a m a bem como p a r a a Escola de En-fermagem e a U n i v e r s i d a d e .
Pessoas e instituições e n f r e n t a m , como bem define T O F F L E R4
, u m a revolução t e c t e t r ô n i c a , isto é, de acelerada tecnologia e e q u i p a m e n t o s eletrô-nicos de p r i m e i r a geração. E a i n d a ele a c r e s c e n t a que o m u n d o e s t á emergin-do r a p i d a m e n t e emergin-do choque de novos valores, conceitos e tecnologias.
É sabido que a t u a l m e n t e se reinicia com certa força, j u n t o com o avan-ço científico, a ênfase no s e r h u m a n o .
Agora em nova t r í a d e de observações, focalizamos que a eletrônica e tecnologia, em especial n a á r e a da s a ú d e , são bens que devem ser:
- Conhecidos por todos; -utilizados na vida pessoal e profissional;-ampliados com futuras invenções.
Logicamente, t u d o isto, sem esquecer os aspectos sociais e h u m a n o s de c a d a indivíduo em c a d a c u l t u r a ou Sociedade.
N e s t e final de século a c u m u l o u - s e um acervo de conhecimentos e de p e s q u i s a s q u e n u m e r i c a m e n t e u l t r a p a s s a m os limites das m e l h o r e s previ-sões. Pode-se g a r a n t i r que o conhecimento s e r á a chave do c r e s c i m e n t o e do deslocamento de poder de c a d a país ou grupo no século XXI.
E, a i n d a s e g u n d o T O F F L E R4
será c o n s i d e r a d a como: h a b i l i d a d e p a r a fazer ou agir; a c a p a c i d a d e de fazer ou realizar a l g u m a coisa.
() d e s e n v o l v i m e n t o do conhecimento e as pesquisas ocorrem em todas as á r e a s , porém, nas ciências da s a ú d e ou mesmo n a q u e l a s r e l a c i o n a d a s , este acervo e estas p e s q u i s a s têm efeitos diretos e indiretos sobre a s a ú d e individual, social e ecológica.
E. na enfermagem, quais seriam as principais manifestações n e s t e par-ticular e q u e nos p e r m i t i r i a m p r e v e r um salto numérico e qualitativo com-p a r a t i v a m e n t e n ã o só aos com-períodos com-p r e c e d e n t e s como t a m b é m aos d e m a i s cursos e profissões?
Algo que nos empolga é que no P r o g r a m a de P ó s - G r a d u a ç ã o d e s t a Es-cola, desde s u a criação n a década de 70 a t é março de 1995, cento e noventa e
seis e n f e r m e i r a s concluíram o M e s t r a d o e cento e quatro o D o u t o r a d o (entre
os concluintes do nosso P r o g r a m a e do P r o g r a m a de I n t e r u n i d a d e s ) .
Não podemos afirmar, no momento, qual é no Brasil, o q u a n t i t a t i v o de e n f e r m e i r a s p ó s - g r a d u a d a s e p ó s - g r a d u a n d a s , mas é c e r t e z a de que estes n ú m e r o s tem crescido c o n t i n u a m e n t e , mesmo porque, além do a t u a l n ú m e r o de Cursos e x i s t e n t e s surgiu n a década de 90 p a r a P r o g r a m a s de Pós-Gradu-ação, possibilidades de convênios e o u t r a s formas de p a r c e r i a e n t r e as v á r i a s EE's do B r a s i l e da América Latina.
Assim, rompeu-se a famosa expressão "ilhas de excelência" que se apli-cava à q u e l a s instituições que p o s s u í a m P r o g r a m a s de P ó s - G r a d u a ç ã o .
Temos potencial p a r a estabelecer acordos de cooperação em âmbito in-t e r n a c i o n a l pelo q u a d r o de a in-t u a i s e fuin-turos especialisin-tas, p e s q u i s a d o r e s e líderes e n t r e os quais n a t u r a l m e n t e e s t a r ã o vocês.
E c a d a o r i e n t a d o r ou docente da P ó s - G r a d u a ç ã o ao r e c o n h e c e r e incen-t i v a r dons e incen-t a l e n incen-t o s segue em busca da diversidade e q u a l i d a d e dos projeincen-tos, estudos e pesquisas.
N a trajetória em que a m u d a n ç a é u m a c o n s t a n t e , deve-se t r a b a l h a r com este princípio p a r a ampliação das p e r s p e c t i v a s dos profissionais e da enfermagem.
Ao associar o t e m a m u d a n ç a s com a profissão n a d a m e l h o r do que enfatizar u m a pesquisa feita sobre l i d e r a n ç a por e n f e r m e i r a s a u s t r a l i a n a s (IRURITA3
)
Uma das e n t r e v i s t a d a s no estudo manifestou-se da s e g u i n t e forma.
"Tem havido tanta mudança nos últimos anos e as enfermeiras por tanto tempo não tinham mudado...A rapidez das mudanças é tanta que mal se consegue manter a cabeça fora d'água".
Este e s t u d o d e m o n s t r o u a i n d a que as e n t r e v i s t a d a s exibiam como ca-r a c t e ca-r í s t i c a : o otimismo isto é, a c ca-r e n ç a de que a e n f e ca-r m a g e m pode a t i n g i ca-r seus objetivos a p e s a r dos fatores adversos. No tocante ao d e s e n v o l v i m e n t o da P ó s - G r a d u a ç ã o de E n f e r m a g e m no B r a s i l pode-se g a r a n t i r que a profissão e os profissionais estão m u d a n d o . Assim, mesclam-se otimismo, c r e n ç a e es-p e r a n ç a de que as f u t u r a s gerações de e n f e r m e i r a s es-p ó s - g r a d u a d a s t e r ã o mais o p o r t u n i d a d e s e mais influência no s i s t e m a político, de s a ú d e e de educação no nosso p a í s .
No referido estudo, foi utilizada a p a l a v r a otimização no sentido de descrever o processo de fazer o melhor em cada situação.
E as a u t o r a s a u s t r a l i a n a s e s t a b e l e c e r a m 3 níveis, o p r i m e i r o é a :
- Sobrevivência, isto é, fazer ótimo uso dos recursos disponíveis. É
sa-bido que t o d a s as EE's do Brasil que m a n t é m P r o g r a m a s de P ó s - G r a d u a ç ã o tem p r o c u r a d o i m p l e m e n t a r a utilização dos r e c u r s o s m a t e r i a i s , financeiros e h u m a n o s .
- Investimento: É o desenvolvimento de r e c u r s o s e de p e s q u i s a s . Neste
nível de otimização a i n d a n ã o atingimos o ideal e como bem a c u s a a ú l t i m a Revista Science, a América L a t i n a p a r t i c i p a a p e n a s em 1/4 das publicações científicas m u n d i a i s . E em e n f e r m a g e m , i n t e r n a c i o n a l m e n t e q u a l s e r á a por-c e n t a g e m do Brasil? E s t á em nossas mãos a u m e n t a r os índipor-ces e p r o j e t a r m o s nossas p e s q u i s a s n u m é r i c a e q u a l i t a t i v a m e n t e .
- Transformação: N e s t e nível significa r e v e r t e r situações n e g a t i v a s ,
explorar r e c u r s o s potenciais.
Aí, como exemplo, t e r í a m o s a desmistificação do t e r m o i l h a s de exce-lência, e c o n s e q ü e n t e m e n t e , maior n ú m e r o de p r o g r a m a s e de m e s t r e s e dou-tores em e n f e r m a g e m .
E, no tocante às p e s q u i s a s , a t r a n s f o r m a ç ã o s e r i a a de a p r o x i m á - l a s mais da p r á t i c a assistencial, e l i m i n a r as b a r r e i r a s e x i s t e n t e s e n t r e educa-ção, p e s q u i s a e prática.
Além da criação de núcleos ou C e n t r o s de P e s q u i s a , como e s t r a t é g i a e s t a r i a t a m b é m o e s t a b e l e c i m e n t o de s i s t e m a s eficientes p a r a que os enfer-meiros p u d e s s e m obter m e l h o r e mais r a p i d a m e n t e as informações científi-cas v á l i d a s p a r a a p r á t i c a .
M a s p a r a a comunicação efetivar-se n ã o só é preciso que h a j a a infor-mação como t a m b é m que ela t e n h a significado, exige s a b e r i n t e r p r e t a r como bem estabelece D R U C K E R2
em seu livro "As Novas Realidades" enfatizando os i m p a c t o s sociais de informações n a s sociedades n a e r a da c o m p u t a ç ã o .
R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S
CHAUI, M.S. USP noventa o quatro: a terceira fundação. Estudos Avançados, v. 8, n. 22, p. 49-68, 1994.
DRUCKER, P. F. As novas realidades. 3 ed. São Paulo, Pioneira, 1993.
IRURTTA, V. F. Optimism, values and commitment as forces in nursing leadership. J. Nurs. Adm. v. 24, n. 9, p. 61-70, 1994.