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STAFF. Tradução: Athenna Havoc. Revisão Inicial: America Havoc. Revisão Final: Ayanna Havoc. Leitura Final: Ayla Havoc. Formatação: Aysha Havoc

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Academic year: 2022

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AVISOS

A presente tradução foi efetuada pelo grupo Havoc Keepers, de modo a proporcionar ao leitor o acesso à obra, incentivando à posterior aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-os ao leitor, sem qualquer intuito de obter lucro, seja ele direto ou indireto. Temos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam, a não ser no idioma original, impossibilitando o conhecimento de muitos autores desconhecidos no Brasil. A fim de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o grupo Havoc Keepers, sem aviso prévio e quando julgar necessário suspenderá o acesso aos livros e retirará o link de disponibilização dos mesmos. Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que o download se destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se de divulgá-lo nas redes sociais bem como tornar público o trabalho de tradução do grupo, sem que exista uma prévia autorização expressa do mesmo. O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá pelo uso incorreto e ilícito do mesmo, eximindo o grupo Havoc Keepers de qualquer parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito cometido por aquele que, por ato ou omissão, tentar ou concretamente utilizar a presente obra literária para obtenção de lucro direto ou indireto, nos termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998.

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STAFF

Tradução: Athenna Havoc Revisão Inicial: America Havoc

Revisão Final: Ayanna Havoc Leitura Final: Ayla Havoc Formatação: Aysha Havoc

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SINOPSE

Casar aos dezoito anos não foi a ideia inteligente, mas... Eu estava apaixonada. Bryce, com suas palavras perfeitas, seu dinheiro e boa aparência totalmente americana. Ele me puxou para dentro, e quando ele me cuspiu, eu mal tinha com o que sobreviver.

Agora com vinte e dois anos e divorciada eu só tinha queria construir uma vida para mim e meus próprios termos. Livre de medo.

Primeiro emprego. Primeiro apartamento horrível. Primeiro gosto de liberdade.

Ethan King. O cara do colégio com quem eu nunca tive chance. Como líder da gangue local de motociclistas, ele não é exatamente um cidadão notável, mas é o único ponto brilhante em minha vida.

Ele é exatamente o que eu preciso agora.

Até Bryce, que nuca aceitaria perder, decide que não está pronto para e deixar ir. E se há uma coisa que eu sei sobre esse monstro, é que ele não tem nenhum problema em destruir tudo em meu mundo.

Só que desta vez tenho Ethan King. E ninguém mexe com um Rei

AVISO DE GATILHO: Temas de violência e abuso estão presentes neste livro.

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UM

Recém-divorciada, prestes a ser estudante do primeiro ano de enfermagem, e com quarenta e nove dólares em meu nome. Minha vida estava uma bagunça do caralho. Minha primeira noite como garçonete no Mickey's Motorcycle Bar no centro de Phoenix foi o único raio de sol na recente tempestade de merda perpétua da minha vida.

“Obrigada por me colocar neste trabalha.” Eu disse a Ângela. Fiquei com vergonha de admitir que esse era o meu primeiro trabalho. Aos vinte e dois anos, a maioria das pessoas tinha pelo menos três ou quatro empregos, mas eu não. Bryce não me deixou trabalhar, então esse foi meu primeiro gosto real de liberdade desde nosso divórcio.

“Garota, é claro!” Ela batia nos calcanhares com entusiasmo. Ângela era uma latina morena tagarela da qual eu fui a melhor amiga enquanto eu crescia. Ela estava vestindo jeans justos e um top decotado, com sobrancelhas desenhadas e YOLO tatuado em seu pulso. “Você escolheu uma noite infernal para ser a sua primeira. Todas as garçonetes estão sendo leiloadas para tomar uma bebida com os clientes para a caridade.”

O medo passou por mim. Uma bebida? Um encontro? Até mesmo um falso encontro para caridade com um homem de sessenta anos era o suficiente para enviar bile à minha garganta. Eu não estava pronta para um encontro. Não agora, talvez nunca.

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“Legal.”

Eu realmente precisava desse trabalho. Eu teria que empurrar para baixo meus problemas e lidar.

Ângela me mostrou como fazer o ponto e me entregou um avental de cintura. “Garota, eu senti sua falta. Você foi para aquela escola chique e se casou e todos nós pensamos que nunca mais veríamos você.”

Ângela era boa pessoa. Crescemos juntas na parte menos desejável de South Phoenix. Mesmo que não nos falássemos nos últimos anos, apenas curtindo as fotos uma da outra nas redes sociais, ela se ofereceu para me ajudar no segundo em que estendi a mão. Ela tinha um coração de ouro e, para ser honesta, era a única amiga que eu tinha, a única para quem eu poderia ligar.

“Sim, desculpe-me. A vida ficou... Louca.” Um pânico leve inundou meu sistema só de pensar nos últimos seis anos com Bryce. Quem diabos fica noiva aos dezesseis, casa aos dezoito e se divorcia aos vinte e dois? O que eu estava pensando?

Eu não estava pensando, esse era o problema. Ele me deu presentes caros, viagens para a Europa e encantou minhas calças. Que adolescente de dezesseis anos do gueto não se casaria com o presidente da classe, rico de uma escola particular chique? Ele sabia o que eu precisava e me deu, subindo direto em minha alma e estacionando lá.

Deixando seu coração negro sangrar em cima de mim para infectar todos os meus momentos de vigília.

“Hailey?”

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Foda-se.

“Desculpe. Só nervosa por causa da minha primeira noite.” Eu menti.

Junte suas merdas.

Ângela sorriu. “Garota, nem mesmo se preocupe. As gorjetas neste bar são loucas. Se você conseguir trabalhar em qualquer uma das mesas do clube de motoqueiros, com certeza vai sair com cem dólares.”

Cem dólares, o dobro do que eu tinha atualmente. Parecia o paraíso. Amarrei meu avental na cintura e coloquei uma caneta e um bloco de papel lá.

Saímos da sala dos fundos, ouvimos rock estrondoso e fumaça de cigarro, e nos postamos atrás do bar. “Mickey!” Ângela ficou nos calcanhares e deu um beijo na bochecha do dono do bar. Ele era um cara grandão com uma barriga de cerveja, mais de um metro e oitenta de altura e perto dos quarenta. Acho que você precisaria ser grande e assustador para administrar o bar de motoqueiros mais popular de South Phoenix.

Ele estava sacudindo uma bebida em uma batedeira de aço. “Ei, boneca.” Seus olhos então vagaram para mim. Nós nos conhecemos por seis minutos quando ele me ofereceu o trabalho no local. Ele parecia um cara legal o suficiente. Embora ele tenha me dito que esta noite seria meu teste. “Foda-se, vá para muitos pedidos ou vá devagar demais e terei de cortar você.” Ele disse.

“Ei, Hailey. Animada pela sua primeira noite?” Ele tirou a tampa do copo de aço com uma mão e derramou o líquido âmbar em um copo.

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Eu balancei a cabeça, dando a ele meu melhor sorriso. “Totalmente.”

Otimista. Isso é o que as garçonetes eram, certo? Não fodidamente divorciadas, bagunceiras quentes de vinte e dois anos de idade. Eu poderia fazer isso.

Ele sorriu. “Boa. Você fica com Ângela a noite toda para treinar. Você será apenas sua sombra. Pegue o que ela precisar.”

Eu balancei a cabeça e ele apontou para uma faixa que tinha sido colada contra a parede de tijolos crus. Leilão para beneficiar o abrigo local para desabrigados. “Você concorda em tomar uma bebida com um velhote para a caridade?” Ele perguntou em um tom leve.

Eu engoli em seco, abraçando meus braços, mas sorri. “Claro.”

Se Bryce e eu ainda estivéssemos juntos e ele soubesse que eu estava bebendo com outro homem, mesmo para beneficiar a caridade...

Eu precisava parar de pensar nele, na minha antiga vida. Eu tinha me libertado dessa porra de relacionamento tóxico e precisava seguir em frente.

“Tudo bem, vamos trabalhar na mesa quatro. Temos algum tempo antes do início do leilão.”

Disse Ângela.

Eu balancei a cabeça, vincando minha camisa antes de limpar minhas mãos no meu jeans. Por que eu estava tão nervosa? Eu era uma mulher adulta, deveria ser capaz de lidar com trazer cervejas para alguns velhos

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motoqueiros rabugentos. Mas esses não eram todos velhos motociclistas rabugentos. Alguns deles eram quentes e de aparência perigosa. Eu examinei a sala. O Mickey's era um bar local pequeno, mas muito querido. Era estreito, mas longo. Havia um palco na frente, à esquerda quando você entrava. Quando não havia uma banda local tocando, uma estação de rock tocava nos alto-falantes. Tínhamos doze mesas de quatro lugares e duas de oito para festas maiores.

“Ok, então temos três garçonetes na equipe para as noites agitadas. Elas ficam nas zonas esquerda, direita ou intermediária. Hoje à noite, nós vamos à esquerda. São aqueles seis topos na parede esquerda.” Ela apontou para nossa estação.

Eu concordei. Esquerda, direita, meio. Fácil.

Enquanto caminhávamos para a primeira mesa do lado esquerdo, ela se inclinou perto de mim. “Podemos servir cerveja e duplos, mas se for algo chique, você passa o pedido para o Mickey.”

Cervejas e duplas, esse era um tiro duplo.

Checado.

“Legal.” Murmurei. Se eu pudesse manter este emprego e obter gorjetas decentes, talvez pudesse me mudar do albergue da juventude em que estava hospedada na Jefferson Street. Cheirava a mijo e eu tinha certeza de que mais da metade dos meus colegas de quarto estava usando alguma coisa.

É apenas temporário, disse a mim mesma.

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“Ei, Johnny!” Ângela abriu os braços e pegou um grande homem de cinquenta anos em seus braços para um abraço. Ele usava a típica calça de couro preto e colete preto com seu emblema de gangue de motoqueiro nas costas. Eu não podia ver completamente daqui, mas parecia o capítulo da Fênix do Hells Angels.

“Ei, linda. Consertou aquele carburador?” Ele perguntou a ela enquanto ela pegava cada uma de suas garrafas de cerveja vazias e as entregava para mim.

Ângela acenou com a cabeça. “Eu fiz. Obrigado por me ligar. Outro round?”

Johnny balançou a cabeça e Ângela se inclinou para mim. “Quatro Bud Lights, sem tampa.” Ela sussurrou.

Eu me virei, me certificando de entrar e sair da multidão rapidamente. Ângela me avisou que Mickey não gostava de garçonetes preguiçosas que andavam devagar ou perdiam tempo. Se ele estava me observando, eu queria que ele soubesse que eu poderia puxar meu traseiro.

Chegando à enorme banheira de cerveja que tínhamos em cada lado do bar, joguei as garrafas vazias na reciclagem e peguei quatro Bud Lights. Usando o abridor de garrafa que prendi no cinto, tirei as tampas em tempo recorde. Eu seria uma garçonete foda. Os próximos dois anos da escola de enfermagem voariam e, antes que eu percebesse, eu estaria a caminho da liberdade financeira e da segurança emocional.

Hailey 2.0 estava a caminho de uma boa vida.

Girando, eu avancei e bati direto no peito de algum cara grande.

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“Não!” Eu gritei enquanto as cervejas em meus braços estalavam juntas e batiam contra meus seios. Seu peito, meu peito, eram as únicas coisas que impediam as garrafas de cair no chão e quebrar, sinalizando o fim do meu primeiro trabalho. O cara deu um passo para trás e eu empurrei com mais força nele. “Não se mexa!” Eu gritei, tentando trabalhar minhas mãos entre nós, deslizando para cima em seu abdômen duro para agarrar o fundo das quatro garrafas.

Eu nem tinha olhado para cima ainda, estava tão preocupada em não derramar essas cervejas e ser despedida. Quando consegui segurar bem as garrafas, finalmente dei um passo para trás e encontrei o olhar do cara.

Puta merda.

Ethan King. Aqueles penetrantes olhos azuis estavam encobertos enquanto ele olhava direto para minha alma. Eu tinha me esquecido de Ethan King até este momento. Ele era três anos mais velho que eu e tinha dezessete anos quando o vi pela última vez. Honestamente, tudo que eu lembrava eram seus olhos azuis atraentes e a intensa troca de ideias que tivemos na ponte atrás da escola no pior dia da minha vida.

O dia em que minha mãe morreu. Eu tinha quatorze anos.

“Eu sinto muito. É minha primeira noite.”

Murmurei. Minha boca secou de repente, não havia como ele se lembrar de mim. Não tínhamos andado nos mesmos círculos, ele era muito mais legal do que eu. Eu era a novata nerd em ciências e ele o bad boy sênior.

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Meu olhar percorreu seus braços, cobertos de tatuagens, músculos tensos puxando sua camisa quase como se fosse uma segunda pele. Ele tinha uma tatuagem de caveira no pescoço. As tatuagens no pescoço e no rosto eram reservadas para um certo tipo de cara. Como um criminoso. Tudo nele gritava perigo. Tudo menos aqueles olhos. Aqueles olhos eram os mesmos que o garoto de dezessete anos usava quando me confortou fora da aula naquele dia em que descobri que minha mãe teve uma overdose.

Ethan não disse uma palavra, ele não parecia chateado, mais como se ele estivesse em choque, então eu estava interpretando isso como um bom sinal de que ele não iria reclamar com Mickey.

“Sinto muito.” Murmurei novamente e saí para trazer as cervejas para a mesa de Ângela.

Eu tinha esquecido tudo sobre Ethan King, mas vê-lo agora mexeu com algo dentro de mim. Algo que eu pensei que estava morto há muito tempo.

***

A próxima hora foi bem tranquila. Ângela me deu tarefas fáceis, como pegar cerveja, e me ensinou o que eram algumas das bebidas mais difíceis. Como um russo branco. A maioria desses caras bebia cerveja ou scotch duplo com gelo, então era bem fácil. A gritaria sobre a música era algo com que eu teria que me acostumar. No final da noite, minha voz ia ficar rouca. Meus pés também doem como o inferno. Esses tênis baratos do Wal-Mart não estavam ajudando merda nenhuma meus pés. Bryce não

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me deixou levar nenhuma das minhas roupas bonitas quando saí. Apenas o que eu tinha no meu corpo. Então, eu estava em um período de adaptação.

Tanto faz. Eu não me importei. Eu usaria calcinhas brancas de vovó do Wal-Mart pelo resto da minha vida para me livrar daquele monstro.

“Tudo bem! É o momento que todos vocês estavam esperando!” Mickey gritou no palco e a multidão foi à loucura. “Esta noite temos seis lindas senhoras que concordaram em tomar uma bebida com um de vocês, idiotas pela caridade.”

Todo mundo riu.

Ângela puxou meu braço e fomos para o pequeno palco na frente. Duas das outras garçonetes também estavam se mudando para lá. Eu conheci uma delas, Taylor, mas não reconheci a outra. Ambas eram jovens, peitudas e bonitas. Parecia que Mickey tinha um tipo. Ei, se as gorjetas fossem boas eu não ia reclamar. Eu usaria meus peitos para algo bom, por que um dia eles estariam nos meus joelhos.

Uma mulher robusta, vestindo uma camiseta da Harley Davidson cortada no meio para mostrar seu amplo decote, caminhou até Mickey e a multidão aplaudiu.

“Primeiro temos Donna!” Ele gritou. “Nossa chef incrível e talentosa. Os melhores anéis de cebola do Arizona! ”

Donna se inclinou para frente e soprou um beijo para a multidão, o que trouxe um sorriso ao meu rosto.

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“Deixe-me lembrá-los de que cem por cento de suas doações esta noite vão para ajudar os sem-teto na rua.” Mickey rosnou no microfone. “Então não sejam mesquinhos, seus filhos da puta!”

Eu sorri. O velho estava crescendo em mim.

“Vinte dólares!” Um jovem gritou da multidão e Donna soprou um beijo para ele.

“Trinta dólares!” Outro homem gritou, agitando algum dinheiro no ar.

Ângela pegou um balde gigante com tampa para coletar o dinheiro e nos aproximamos do palco.

“Quarenta e dois dólares e cinquenta centavos!” Um velho barrigudo gritou.

Ângela sorriu. “Esse é o marido dela.” Ela sussurrou para mim.

“Tudo bem, o lance mais alto é quarenta e dois e cinquenta. Eu tenho mais?”

Silêncio.

“Vendida! Donna, vá sentar-se com seu marido e tomar uma cerveja por conta da casa!”

Ângela se moveu para pegar o dinheiro em seu balde e Mickey estendeu a mão e agarrou meu braço. “Vamos, boneca.” Ele gentilmente me puxou para o palco.

Oh Deus.

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Segunda? Eu não queria ir em segundo lugar. Não no final também. Apenas um bom ponto intermediário onde ninguém me notaria.

“Uhh.” Tentei pensar em uma desculpa para adiar o inevitável. Eu tinha um leve transtorno de ansiedade em multidões, o que era interessante agora que decidi começar a trabalhar em um bar lotado. Meu coração martelava no peito enquanto os homens rugiam de excitação. O suor brotou em minhas palmas e lábio superior, e a tontura tomou conta de mim.

Se recomponha, Hailey. É para caridade. É apenas um grupo de velhos bandidos motociclistas.

Mas não eram apenas os velhos motoqueiros que montavam Harleys. Havia também os rapazes bonitos. Um em particular que estava queimando seu olhar de olhos azuis em mim.

Eu engoli em seco.

“Essa coisinha linda começou hoje à noite no Mickey. Vamos dar a ela uma recepção calorosa!” Mickey gritou.

A quantidade de homens gritando coisas obscenas foi o suficiente para fazer minhas bochechas ficarem vermelhas.

Mickey fez uma careta. “Seja respeitoso ou será expulso.” Ele lembrou ao grupo selvagem. “Hailey é uma estudante de enfermagem...” Os homens piaram e gritaram e tiveram que se acalmar novamente. “Que gentilmente concordou em beber uma bebida para o benefício de nossa querida instituição de caridade. Posso começar a licitação com?”

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“Cem dólares!” Um cara alto e magro nas costas gritou. Parecia que seu cabelo estava penteado para trás com azeite de oliva.

“OK!” Mickey sorriu. “Eu tenho cem atrás.”

“Cento e cinquenta!” Um senhor nativo americano mais velho gritou, segurando dinheiro e agitando-o no ar.

Meu olhar traidor de alguma forma encontrou seu caminho para Ethan. Ele estava inclinado para trás na cadeira, as pernas abertas como se ele não se importasse com o mundo. Mas aqueles olhos, aqueles olhos pareciam... Maliciosos.

“Duzentos! Vou subir se ela usar o uniforme de enfermeira!” Um homem gritou e todos aplaudiram.

Meu olhar caiu para o chão enquanto o pânico crescia em mim.

Apenas sobreviva esta noite. Um dia de cada vez.

“Sem uniforme!” Mickey explodiu. “Eu tenho duzentos, indo uma vez, indo duas vezes...”

“Mil.” Uma voz de aço cortou o espaço. O silêncio desceu sobre o bar.

Eu não reconheci aquela voz, mas...

“Mil dólares! Feito! Hailey, por favor, vá tomar uma cerveja com Ethan King.” Mickey anunciou, e meu olhar se ergueu e se fixou no vencedor.

Ethan King.

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Naquele momento tive vontade de fugir daqui, dele. Eu não estava procurando por um cara novo, eu mal sobrevivi ao meu último. Eu sabia que era apenas uma bebida, mas o olhar naqueles olhos azuis dizia que poderia ser muito mais.

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DOIS

Eu caminhei com as pernas bambas em direção a onde Ethan estava sentado. O tempo todo ele segurou meu olhar, penetrando em mim com um olhar profundo e sério que me assustou pra caralho. Eu tinha esmagado meus malditos peitos contra o peito desse cara cinco minutos atrás. O que diabos ele pensa de mim?

Ele provavelmente nem se lembra de mim.

Naquele dia ensolarado de março, quando eu estava chorando na ponte entre o ensino fundamental e o ensino médio. Algumas crianças escaparam lá no meio da aula para fumar ou namorar, mas eu estava lá para perder a cabeça por causa da minha mãe. Eu nunca esquecerei o que ele disse para mim.

“Família nem sempre é sangue. É quem nós decidimos que eles sejam. Então saia e faça sua própria família.” Com apenas quatorze anos, me lembrei de pensar que ele era a porra do Yoda ou algo assim. Um Yoda gostoso que eu queria muito namorar na época. Ethan tinha sido o único ponto brilhante naquele dia. Um garoto legal e sexy de dezessete anos falando comigo no momento mais escuro da minha vida? Eu nunca me esqueci disso.

Andando pelo bar até ele agora, eu senti como se estivesse caminhando para o meu passado, a parte boa do meu passado, a parte que eu perdi, antes de minha mãe morrer e eu ser desviada. Seus amigos me viram chegando

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e correram para nos dar a mesa sozinhos. Ângela pegou a pilha de notas de cem dólares dele e piscou para mim ao passar. Meu coração parecia que ia pular do meu peito. Eu não tinha ideia do que dizer. Este era um encontro de caridade falso, mas ainda... Eu estava tão sem prática que nem sabia como falar com outros homens.

“Hailey Willows. Ouvi dizer que você se mudou para Los Angeles.” Disse ele casualmente e gesticulou para que eu me sentasse.

Porra. Ele se lembrava de mim e sua voz era como manteiga com um pouco de uísque áspero jogado por cima.

Sentei, pegando a cerveja que Ângela me entregou antes de sair correndo. Eu odiava cerveja. Eu era o tipo de garota que gostava de vinho e queijo, ou se o dia estivesse difícil, Jack, mas tomei um gole mesmo assim.

Talvez Hailey 2.0 pudesse ser uma garota da cerveja.

“Sim. Estou de volta agora.” Foi tudo que ofereci.

Ele se lembrou de mim. Eu não conseguia superar isso. Ele se lembra de nossa conversa naquele dia na ponte?

Ethan acenou com a cabeça e eu não pude evitar, mas deixei meus olhos vagarem por suas tatuagens, a pequena cicatriz abaixo de seu lábio inferior. Passar os últimos anos morando em um loft no centro de Los Angeles, com um carregador e homens constantemente vestindo ternos de três peças, me deixou mal equipada para lidar com Ethan King. Sua calça jeans estava gasta, havia graxa sob suas unhas e seu cabelo escuro estava

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bagunçado de um jeito sexy, não me importo com o que eu pareço.

“Onde você está ficando?” Foi uma pergunta casual, mas que me trouxe muita dor. Obviamente, eu tinha assinado um acordo pré-nupcial antes de me casar com Bryce, o filho de um bilionário, e como ele nunca me deixou trabalhar ou ir para a faculdade, não tinha nada em termos de economias. Minha família estava toda morta, e os ‘amigos’ que eu tinha em LA me renegaram ao comando de Bryce.

Também conhecida como sem-teto.

“No albergue da juventude em Jefferson.” Gritei, tentando me sentar ereta.

Hailey 2.0 não tinha vergonha de suas circunstâncias.

Suas sobrancelhas baixaram por um momento, mas então ele afastou e tomou um gole de cerveja.

Tentei manter uma conversa normal e não pensar no quão louco e intenso era esse falso encontro, “Então, o que você tem feito desde o colégio?”

A postura de Ethan estava relaxada, mas aqueles olhos me observavam como um falcão. Era sexual de uma forma que eu não conseguia explicar.

“Você soube que meu irmão mais velho foi para a cadeia?” Ele perguntou.

Eu concordei. Ele tinha um irmão mais velho que acabou na prisão por traficar drogas. Deus, este lugar era uma merda tão deprimente às vezes. Metade das pessoas

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com quem cresci estavam viciadas em drogas, na prisão ou mortas.

Os últimos sete anos da minha vida foram repletos de viagens a Paris, festas em iates e eventos no tapete vermelho de Hollywood. Você não ouviria sobre nenhum deles indo para a cadeia ou acabando com metanfetamina.

“Bem, depois disso, comecei o Kings Motorcycle Club para impedir todos os meus amigos de entrarem para as gangues.” Ele pegou um colete de couro preto pendurado nas costas da cadeira e me mostrou o emblema. Uma caveira com uma coroa.

“Então... Você começou um clube de motociclismo e o batizou com o seu nome.” Eu sorri, brincando um pouco com ele.

Por que era tão estranho? Que coisa estúpida de se perguntar, provavelmente iria irritá-lo. O que ele disse sobre começar um clube para manter seus amigos fora das gangues me fez repensar meu julgamento interno sobre ele.

Um sorriso apareceu no canto de sua boca, revelando uma série de dentes retos e brancos. Homens com sorrisos agradáveis eram minha criptonita, e Ethan tinha um sorriso incrível.

“Eu tinha dezessete anos quando comecei os Kings. Meu ego não estava exatamente sob controle naquela época.”

Agora foi a minha vez de sorrir. “Mas é agora?”

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Eu estava conversando com um cara e foi fácil. Talvez eu não fosse uma aberração social como Bryce me fez acreditar.

Hailey 2.0 era social.

Seu sorriso se alargou e eu senti meu estômago revirar.

“Na maioria das vezes.” Ele piscou.

Estávamos flertando? Eu não sabia como me sentia sobre isso. A tinta dos meus papéis do divórcio estava seca há seis dias. Eu não estava pronta para essa merda. Eu senti o momento em que desliguei, era como se um cobertor pesado tivesse sido jogado sobre mim. Meus membros ficaram fracos e a desolação se abriu dentro do meu peito.

Naveguei para águas mais calmas, “Desculpe por derramar a cerveja em você antes.” Tópicos que não o fariam sorrir ou me fazer flertar.

Ele encolheu os ombros. “Acontece.”

Acontece.

Se eu tivesse feito isso com Bryce ou um de nossos convidados em um jantar, ele nunca me deixaria ouvir o fim de tudo. Eu seria considerada uma idiota incompetente nem mesmo digna de servir cerveja.

Pare de pensar no passado.

Ficamos em silêncio por um momento enquanto eu assistia Ângela ser leiloada. Quando olhei de volta para Ethan, ele estava olhando para mim.

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“Você já os encontrou?” Ele perguntou.

Eu olhei para ele confusa. “Encontrar quem?”

Ele se inclinou para frente, trazendo o cheiro de sua colônia terrosa com ele. “Sua família. Você já saiu e fez uma nova família?”

A emoção me cortou naquele momento e minha garganta apertou.

Ele se lembrava de tudo.

Depois que minha mãe morreu, passei a ser protegida pelo estado, entrando e saindo de lares adotivos até que me emancipasse aos dezesseis anos. Aquele monstro de merda Bryce tinha sido a única pessoa que eu considerava família e agora ele se foi também.

Ethan pareceu perceber que havia feito uma pergunta delicada, porque endireitou as costas e pigarreou. Ele mudou de assunto rapidamente, “Lembra da Monica Eisen? Ela estava na minha série?”

Eu apenas balancei a cabeça, tentando controlar minhas emoções para não chorar nesta porra de bar, no meu primeiro dia de trabalho, enquanto eu estava em um encontro de mil dólares com o Rei Ethan.

“Ela conseguiu um grande contrato de modelo depois do colegial e se mudou para Nova York.” Explicou ele.

Eu sorri o melhor sorriso falso que pude dar. “Sim, eu ouvi sobre isso. Bom para ela.”

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“Então, escola de enfermagem? Sempre pensei que você se tornaria uma médica. Você tinha cérebro para isso.”

Achei que também fosse ser médica, mas agora estava quebrada, velha e cansada demais para ir atrás daquele sonho. Eu me inscrevi no Phoenix Community College pelas costas de Bryce enquanto planejava minha saída em Los Angeles. Quando entrei, fiquei tão chocada que não respondi por semanas. Escola de enfermagem em uma faculdade comunitária pode não parecer incrível, mas para mim foi um novo começo.

“Sim, começo na semana que vem.”

Eu estava deliberadamente mantendo minhas respostas curtas e não perguntando sobre ele mesmo. Eu só queria que isso acabasse para que eu pudesse voltar a servir mesas com Ângela.

Ethan me observou com aqueles olhos azuis cristalinos. “Você não tem que sentar aqui mais. Eu só não queria que nenhum daqueles pervertidos pegasse uma bebida com você.”

Meu coração caiu com suas palavras. Ele notou meu desligamento. Por que eu estava tão danificada?

Eu me mexi nervosamente no meu assento. “Não, me desculpe. Estou... Tendo dificuldade em me acostumar a estar de volta.”

Ele assentiu. “Ficar em um albergue em Jefferson provavelmente não está ajudando. Ouvi dizer que distribuem alucinógenos como se fossem doces.”

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Um sorriso lento surgiu em meu rosto. “Tenho quase certeza de que quase bebi chá de cogumelos ontem à noite de um doce casal de Amsterdã.”

Ele riu e estava prestes a falar quando Mickey bateu no microfone.

“Tudo bem, pessoal, preciso que minhas garotas voltem ao trabalho. Espero que você tenha gostado do seu tempo com elas. O abrigo para sem-teto agradece!”

Ethan enfiou a mão no bolso e tirou sua carteira. Abrindo-o, ele colocou um cartão branco na minha frente.

“Eu tenho um pequeno apartamento acima da minha garagem que está para alugar. Eu poderia ser flexível no primeiro mês, já que você está se recuperando. São duzentos por mês, utilitários incluídos. Vago agora, então mude-se amanhã, se quiser.”

O que ele acabou de dizer? Me mudar!

Mas então minha mente prática foi para o preço. Duzentos? Isso era barato pra caralho. Bem na minha faixa de preço. O que havia de errado com o lugar?

Eu me levantei e olhei para o cartão.

Ethan King

Loja de motos do rei Proprietário

Com o número dele embaixo.

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Não havia nenhuma maneira no inferno que eu estivesse morando acima da garagem de Ethan King.

“Legal, eu verei. Posso ter outra ligação em Tempe.” Menti.

Ele balançou a cabeça e inclinou sua cerveja na minha direção. “É bom ver você, Hailey Willows.”

“Você também.” Minha mudança de nome de volta para Willows levaria pelo menos seis semanas.

Sua voz, a suavidade na maneira como ele falava, despertou partes de mim que eu não tinha percebido que ainda estavam vivas.

Coloquei o cartão dele no bolso de trás e fui para Ângela, que agora estava no bar dos fundos pegando algumas bebidas.

Ela me lançou um sorriso malicioso. “Ethan King acabou de pagar mil dólares para falar com você por cinco minutos. Conte-me tudo.”

Uma risada nervosa me escapou. “Nada grande. Apenas atualizando os velhos tempos.”

Ela ergueu uma sobrancelha. “Velhos tempos, hein?”

“Estas para a mesa sete?” Acenei para ela e peguei as bebidas, dizendo um número aleatório da mesa.

Ela entendeu. “Tabela dez.”

Eu entreguei as bebidas e comecei a limpar a próxima mesa vazia. Ao longo das próximas horas do meu turno, foi uma monotonia servir cerveja, limpar garrafas e

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limpar mesas. Meus pés pareciam estar pisando em hematomas e eu realmente sentia falta dos meus sapatos Gucci. Mas no final da noite, quando fui para a sala dos fundos para pegar o relógio, Mickey me disse que eu tinha feito um ótimo trabalho e que ele estava me contratando permanentemente.

Eu fiz isso. Eu sobrevivi ao meu primeiro dia de meu primeiro trabalho.

Eu estava me sentindo muito orgulhosa de mim mesma quando Ângela e eu saímos do bar. Eram quase 3 da manhã e a exaustão de uma noite inteira de trabalho se instalou em meus membros. Eu não tinha certeza de como iria conseguir uma aula às 8 da manhã assim que as aulas começassem, mas encontraria um jeito. Eu estava determinada a fazer isso sozinha.

“Pegando um Uber?” Ângela me perguntou enquanto ligava para ela mesma em seu telefone.

Eu não tinha um smartphone. Bryce pegou antes de eu sair. Eu tinha comprado um telefone pré-pago no Wal-Mart para ter um número para colocar nos formulários de emprego.

“Vou andar, são apenas dois quarteirões. Vejo você amanha.” Eu dei a ela um abraço apertado. “Obrigada novamente por me colocar no trabalho.”

O rosto de Angela de repente ficou sério. “Você parecia que realmente precisava de ajuda.”

Suspirei, ela era o único número que eu tinha memorizado da minha antiga vida aqui. Quando me casei com Bryce tão jovem, minha família adotiva praticamente

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me descartou e Ângela foi o único elo com o meu passado que eu quis manter. “Eu precisava. Obrigada garota.”

Seu Uber apareceu e eu acenei boa noite.

Decolando na estrada, fiz meu caminho por dois quarteirões até onde ficava meu albergue. Como LA, esta cidade era barulhenta, sirenes ao longe, música estridente de bares, um homem sem-teto gritando com alguém e o som distinto de um motor de motocicleta. Eu estava a quinze metros do meu lugar quando olhei por cima do ombro para seguir o ronronar da motocicleta que parecia ter estado comigo durante todo o caminho. Meus olhos se fixaram em Ethan King 'cavalgando' do outro lado da estrada, indo devagar e claramente me seguindo. Dois de seus amigos estavam atrás dele.

O que...?

Eu olhei para frente, ignorando o fato de que de alguma forma eu tinha adquirido meu próprio destacamento de proteção ou pior, um perseguidor.

No momento em que deslizei para dentro das portas do albergue da juventude, ouvi o barulho das motocicletas enquanto elas disparavam pela estrada.

O albergue custava quarenta dólares por noite. Ângela tinha me dado uma gorjeta de cem dólares esta noite por todo o meu trabalho duro. Isso me daria mais duas noites e meia neste buraco ou meio mês na garagem de Ethan...

Eu já tinha pago esta noite, então eu dormiria sobre isso. Durmiria perto do meu roncador, provavelmente colega de beliche dinamarquesa, Agnes. Passei pelo saguão da frente, onde o gerente do

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albergue acenou para mim, e fui até o quarto número quatro. Abrindo a porta silenciosamente, entrei e usei minha chave para abrir o baú no final do beliche. No momento em que a tampa se abriu, percebi. Depois de vagar por esta terra por vinte e dois anos, todas as minhas posses cabem em um baú. Não da maneira minimalista e legal, do jeito dos sem-teto, nada para mostrar pelos últimos sete anos que investi em um homem.

Lágrimas escorreram pelo meu rosto e tive que morder para manter o choro silencioso. Lembrei de Bryce tirando minhas joias enquanto eu tentava sair pela porta. Minha aliança de casamento, meus brincos, tudo. Cada coisa que ele comprou para mim. Ele pegou meu smartphone, teria levado meu laptop MAC, mas eu o escondi em um compartimento especial na minha mochila. Ele estava tão furioso que enfiou a mão na minha bolsa e rasgou todas as minhas calcinhas e jeans limpos. Como se ele nem quisesse que eu trocasse de roupa. Ele queria que eu sentisse que não era nada sem ele, que não teria posses sem ele, enquanto o porteiro observava porque eu o paguei para me ajudar a deixar Bryce. Eu estava com medo de que ele nunca me deixasse ir.

Foi nesse momento que percebi que era capaz de matar. Não nas três vezes que ele me bateu no rosto, ou nas incontáveis vezes em que me rebaixou na frente de seus amigos, ou durante o constante abuso verbal. Não, eu nunca quis matá-lo então. Mas vê-lo arrancar minhas joias, arrancar minhas roupas e me deixar sem nada, isso quebrou algo dentro de mim, e se eu tivesse uma arma ou faca comigo, teria cortado suas bolas e então iria emborra.

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Ele me fez sentir menos que humana. Eu nunca o perdoaria por isso. Depois de tudo que passei, saí de Los Angeles me sentindo um animal.

Peguei meu laptop e liguei, então verifiquei meu e-mail. Não sei o que esperava encontrar. Talvez um e-mail de um amigo em Los Angeles, talvez mais informações sobre a orientação da escola de enfermagem na segunda- feira. Não esperava receber um e-mail de Bryce, Assunto:

Volte para casa.

Minhas mãos começaram a tremer. Como ele ousa? Eu nem tinha lido o e-mail e já estava com tanta raiva que poderia quebrar a tela do laptop ao meio. Tive de sacar um cartão de crédito secreto com limite de sete mil dólares para pagar ao advogado para preencher a papelada do divórcio. Eu tive que planejar meticulosamente minha fuga daquele monstro para que ele nunca pudesse me machucar novamente. E agora... Volte para casa.

Com os dedos trêmulos, cliquei em excluir antes mesmo de abri-lo e, por algum motivo, minha sogra veio à minha mente. A última conversa que tive com ela:

“Você nunca terá nada tão bom, Hailey. Nenhum homem pode cuidar de você como Bryce. Então ele é um pouco difícil de lidar? Vá no fim de semana de garotas ao spa e volte revigorada. Você nunca terá que trabalhar um dia em sua vida, e por isso você deve ser grata.”

Ela não tinha ideia da merda sádica de que seu filho era capaz. Seu pai era dono da maior empresa de relações públicas de Beverly Hills e, logo após a faculdade, com a tenra idade de 21 anos, fez de Bryce um sócio e lhe deu um salário de milhão de dólares por ano. Eu nunca esquecerei aquele dia. Foi o dia em que ele comprou meu Audi.

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No mês seguinte, ele levou as chaves por uma semana quando cheguei em casa quinze minutos depois do que disse que faria depois de ir para a academia.

Eu precisava de terapia, mas não podia pagar.

Como eu tive coragem de deixá-lo? Deve haver algo forte dentro de mim. Eu precisaria de toda a força que pudesse descobrir para reconstruir minha vida em meus próprios termos. Mas teria um gosto muito mais doce. Eu sabia que sim.

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TRÊS

Depois que Agnes gritou de orgasmo e me acordou às 6 da manhã, tomei uma decisão muito rápida. Eu ia ligar para Ethan e verificar o apartamento acima de sua garagem. Mas Hailey 2.0 não estava aceitando favores de homens. Hailey 2.0 não devia nada a um homem. Hailey 2.0 viveria na miséria se isso significasse que ela mesma pagaria por isso. Então, se este apartamento era luxuoso com bancadas de granito e ele estava me cobrando duzentos dólares por mês, eu não aceitaria nenhuma porra de esmola.

Amarrei minha mochila que continha tudo que eu possuía e liguei para Ethan do meu telefone flip.

Ele atendeu no terceiro toque, parecendo bem acordado e alerta para as 8h. “Ethan King.”

Eu estava do lado de fora do meu albergue, sem saber para onde ir até que eu tivesse trabalho mais tarde naquele dia. “Oi, Ethan, é Hailey Willows.” Tentei parecer profissional. Essa era a minha voz adulta de ‘Não vou dormir com você nunca.’

“Hailey. Você está bem?” A preocupação envolveu sua voz e eu odiei que isso fizesse minhas entranhas esquentarem. Uma queimadura lenta percorreu seu caminho do meu peito até minha barriga.

“Sim. Estou bem. Estou tirando o dia para ver alguns apartamentos e pensei em colocar o seu na minha

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lista de passeios.” Bônus de estar casada com um idiota abusivo por anos, eu era uma ótima mentirosa.

“Oh sim. Venha a qualquer hora. Estou aqui agora trabalhando em uma velha Harley. O endereço está no cartão.”

Eu limpei minha garganta. “OK. Estarei aí em breve.”

Ele parou por um momento. “Você precisa de uma carona?”

“Não.” Eu desliguei.

Hailey 2.0 não fazia passeios gratuitos. Eu tiraria as solas desses sapatos do Wal-Mart antes de pegar uma esmola.

Curiosidade, quando você não tem um smartphone, não sabe onde diabos está metade do tempo. Tendo crescido aqui e feito cerca de cinquenta primeiras caminhadas artísticas de sexta-feira no centro da cidade, eu conhecia essa área muito bem, mas tudo mudou. Novos edifícios surgiram, o maldito trilho leve foi instalado...

Não consegui encontrar a maldita loja de Ethan.

Por fim, desabei e perguntei a um jovem que eu tinha certeza de que era traficante de drogas. Ele mapeou para mim em seu telefone e me encaminhou na direção certa. No momento em que caminhei até a garagem de dois andares de Ethan na Adams Street, eu estava uma bagunça quente e suada. Meu cabelo castanho escuro estava preso na minha nuca, então eu o prendi em um nó superior e fiquei grata por ter pensado em usar um top

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curto que deu ao meu estômago algum espaço para respirar. Quando o verão chegasse, andar e pegar o ônibus ou metrô para ir à escola ia ser uma merda.

Olhando para cima, eu encarei a placa por um longo minuto, King's Motorcycle Shop, pendurada sobre a fachada de tijolos. Como um garotinho do gueto começou seu próprio negócio? Era inspirador, embora eu nunca tivesse dito isso a ele. Quando tive certeza de que não estava bufando e arfando e meu rosto não estava mais pingando de suor, entrei na recepção. Um pequeno sino soou acima, mas não havia ninguém atrás do balcão. Uma pequena vitrine de óculos de sol, capacetes para motociclistas e uma série de chips embalados estavam à venda na esquina.

“Entre!” Eu ouvi alguém gritar sobre a música no fundo da garagem. Passando pela mesa, vi que uma pequena porta estava entreaberta e levava a uma grande garagem de seis vagas.

Quando meus olhos pousaram em um suado e sem camisa, Ethan King, eu fodidamente me arrependi de cada escolha que fiz que me levou a este momento. De jeito nenhum eu poderia ser colega de quarto com esse cara.

Ele. Era. Delicioso.

“Você achou o lugar certo?” Ele se aproximou e abaixou a música, me dando uma visão completa de suas costas largas e musculosas e uma bunda empinada em jeans de cintura baixa.

Até este momento, eu honestamente pensei que Bryce tinha amortecido qualquer coisa sexual que restasse dentro de mim. Não desejava jamais olhar para outro homem, mais ou menos tocá-lo. Até agora.

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“Sim. Bem.” Limpei minha garganta e segurei as alças da minha mochila para salvar minha vida, como se ela pudessem me impedir da inevitável foda que Ethan e eu certamente faríamos um dia.

Seus olhos percorreram meu pescoço e peito suados. “Está esquentando.”

Eu estava tão ferrada. Eu não poderia morar aqui. Não podia trabalhar no Mickey. Eu precisava sair do estado. O pânico tomou conta de mim enquanto nosso futuro relacionamento de amigos com benefícios se desenrolava em minha mente. Teríamos sexo alucinante cinco noites por semana, o que eu amaria ou odiaria, dependendo de como Bryce me arruinou, e então eu faria algo psicótico para afastá-lo ou ele foderia tudo e nós nunca mais falaria.

“O apartamento fica bem aqui.” Ele apontou para um conjunto de escadas na parte de trás que levava a um nível superior.

Concentre-se, Hailey. Um homem perde a camisa e eu perco a cabeça? Hailey 2.0 não poderia ser essa garota.

“Legal.” Segui sua bela bunda escada acima e percebi que toda a garagem tinha ar condicionado.

“Deve custar uma fortuna para resfriar este lugar.” Olhei para os tetos altos com tubos industriais expostos.

Ele encolheu os ombros. “Na verdade não. Eu investi em painéis solares no ano passado, então raramente preciso pagar algo para a companhia elétrica.”

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Chique. Deve ser por isso que os utilitários foram incluídos. Chegamos ao topo do patamar e percebi que havia, na verdade, uma enorme sala de estar aqui. À esquerda havia uma porta com o número 1A acima dela e, à direita, uma enorme sala de estar com TV de tela plana, cozinha grande e outra porta que dizia 1B.

“Então eu moro em 1B. É 1A que está para alugar.”

Ele mora aqui? Eu estaria morando com ele? Minha boca ficou seca e meu rosto deve ter mostrado minha preocupação.

“Tudo bem? Quer dizer, seu apartamento tem uma cozinha compacta com uma pequena geladeira e micro-ondas e um banheiro privativo. Você realmente só precisaria sair se quisesse usar o forno da cozinha maior ou assistir TV.” Ele deve ter pensado que eu era uma maluca de merda com a quantidade de divagações que ele estava fazendo agora.

Eu provavelmente parecia apavorada.

“Tudo bem.” Foi tudo que eu disse. Eu adorava assar; foi parte do que me manteve sã durante os dias difíceis com Bryce. Eu quase fui para a escola de culinária, mas decidi que enfermagem era uma profissão à prova de recessão.

Ele destrancou a porta e escancarou-a, antes de entrar.

E agora eu podia ver por que eram duzentos dólares. Era minúsculo. Como o minúsculo armário da cidade de Nova York. Com uma cama individual e uma secretária. Sob a escrivaninha, havia um pequeno

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refrigerador com um micro-ondas em cima. Era como um quarto de motel, mas era melhor do que o albergue, e cabia no meu orçamento. Eu não estava pegando empréstimos estudantis para pagar as mensalidades da escola de enfermagem; isso, e os suprimentos, uniforme e livros, teriam que ser em dinheiro. Ethan atravessou o espaço e abriu a porta de um banheiro minúsculo com chuveiro que tinha mofo na argamassa e tinta descascando do teto. Eu estava me sentindo cada vez menos como se isso fosse uma esmola e mais confiante de que o preço de duzentos era justo.

Um quarto privado com meu próprio banheiro e uma fechadura na porta. Mobilha incluída. Eu seria estúpida em dizer não.

“Meu horário de trabalho é de segunda a sexta- feira, das oito às seis, então você vai ouvir a mim e aos meus mecânicos trabalhando com ferramentas elétricas barulhentas. Nas noites de domingo e quarta-feira, temos reuniões do Kings Club e os meninos podem ficar um pouco turbulentos, mas vou garantir que eles não incomodem você ou cheguem perto do seu apartamento.”

Meu apartamento. O filho da puta sabia que eu iria aceitar.

Eu concordei. “Eu gostaria de me candidatar, então. Meu crédito é bom, mas não tenho muito na forma de depósito de segurança. Eu poderia te dar cem agora pelas primeiras duas semanas e os próximos cem depois de trabalhar esta noite.” Eu segurei meu queixo alto. A única coisa boa que Bryce fez foi me dar uma pontuação de crédito de 758. Ele me colocou como co-signatário de todos os nossos cartões de crédito e os pagava

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mensalmente, então eu parecia uma cidadã honesta no papel.

Ethan passou a mão pelo cabelo. “Hailey, não vou verificar o seu crédito. Cem agora está bom. Pague-me o resto quando você conseguir.” Ele me entregou um anel com duas chaves.

Parte de mim queria replicar e dizer a ele para me tratar como qualquer outro candidato, mas eu os peguei e assenti. “Obrigada.”

Entreguei a ele minha nota novinha de cem dólares da noite anterior e ele a enfiou no bolso. “Uma chave funciona na porta da frente da loja e a outra é para o apartamento.”

Ficamos ali em um silêncio constrangedor, eu tentando não olhar para a porra de seu pacote de oito e ele pensando Deus sabe o que sobre mim.

“Tudo bem, bem, vou deixar você se acomodar.” Ele passou os dedos pelo cabelo novamente e me perguntei se era um gesto nervoso.

“Existem lençóis para a cama ou...?” Eu estava de volta aos quarenta e nove dólares, eu não podia pagar um novo jogo de cama.

Ele assentiu. “Vou colocá-los na porta daqui a pouco. Eu preciso tomar banho.”

Minha mente traidora foi para ele tomar banho e eu coloquei minha mochila no chão. “Sim, a vontade, vou responder alguns e-mails.” Menti.

Com um aceno de cabeça, ele saiu e fechou a porta atrás de si.

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Sentei no colchão duplo flexível e suspirei. Esta foi uma decisão inteligente. Uma boa escolha. Mas tive a sensação de que me arrependeria. Morar com um cara, ou do outro lado do corredor, era uma situação complicada. Um cara gostoso, um cara do meu passado. Comecei a desempacotar minha bolsa.

Seis absorventes.

Garrafa de água Nalgene.

Carteira.

Chinelos Havaianas, os que eu estava usando quando saí.

Cinco pares de calcinhas do Wal-Mart de algodão branco.

1 par de pijamas.

Três camisetas.

1 par de shorts jeans.

1 álbum de fotos.

Meu laptop e cabo de carregamento.

Essa era a minha vida. Sem chiclete, sem caneta, nem mesmo um par de brincos ou maquiagem. Sem chapinha. Nada.

Liguei meu laptop na mesa e toquei um pouco de música. Ethan me mandou uma mensagem com a senha do Wi-Fi e eu oficialmente salvei seu nome no meu telefone. Ethan Landlord.

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Isso é o que ele era. Meu senhorio. É isso aí.

Depois de limpar minha área de trabalho e verificar novamente os horários das aulas para o meu primeiro dia de aula amanhã, deitei na cama nua e comecei a dormir. Eu estava dormindo três horas e meu turno no Mickey não era antes das 16h. Tinha tempo para matar.

Acordei com uma batida leve na porta.

Meus olhos se abriram e olhei para o relógio. Fazia apenas cerca de quarenta e cinco minutos.

“Estou indo.” Eu senti como se estivesse caminhando em areia movediça. Eu era uma espécie de cochilo de duas horas ou nada. Quarenta e cinco minutos erram uma tortura. Abrindo a porta, meus olhos caíram para uma enorme bolsa vermelha da Target. Uma nota branca estava no topo.

Não.

Ethan King me deu um presente.

Cuidadosamente, abri o cartão e li.

Bem-vindo de volta a Phoenix. A lavanderia fica atrás da cozinha.

Ethan

Olhei para a esquerda e para a direita, mas não o vi demorando-se ao redor, então arrastei o enorme saco plástico vermelho para dentro do quarto, fechei e tranquei a porta. Encostado na parede, encarei a bolsa por cinco minutos inteiros antes de decidir abri-la.

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Ethan me deu um presente e eu não sabia como me sentia sobre isso. Abrindo a bolsa, tirei o primeiro item. Um travesseiro novo.

Suspirei e coloquei na cama. Em seguida, retirei um novo pacote de lençóis azuis pastel. Finalmente alcancei e tirei o edredom de pelúcia gigante. Era um padrão paisley rosa claro e azul.

Foi uma porra de um presente atencioso. Mas acabei de deixar um homem me comprar um jogo de cama? Hailey 2.0 era uma mulher independente.

Eu deveria devolvê-lo. O alvo era todo um nível de fantasia que eu não podia pagar agora. Este conjunto com o travesseiro provavelmente custou-lhe oitenta dólares...

Ou mais. Eu não deveria ter perguntado se a cama vinha com lençóis! Este não era um motel.

A culpa corroeu meu peito até que me lembrei de uma das raras pepitas de sabedoria que minha mãe tinha me deixado antes que um de seus namorados a viciasse nas drogas e essas pepitas de sabedoria se reduzissem a nada. Nunca deixe seu orgulho ser maior que seu coração. Aceite presentes e dê-os com frequência.

Eu teria que aceitar esse presente, e quando pudesse pagar, pagaria a Ethan ou daria a ele algo que custasse a mesma quantia.

Sim. Isso era melhor. Este foi um presente de boas-vindas do meu velho amigo e não havia nada de errado com isso. Puxando os lençóis, saí na ponta dos pés pelo corredor e encontrei a lavanderia ao lado da cozinha. Estava abastecido com sabão e lençóis para secar, então comecei a lavar meus lençóis e algumas das roupas sujas que tinha.

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Eu tinha exatamente $ 567 restantes no meu cartão de crédito de sete mil dólares até que ele estivesse no limite. Os advogados haviam custado pouco mais de seis mil e, embora me dissessem que se fossemos ao tribunal eu poderia fazer Bryce pagar as taxas e eu poderia ficar com meu Audi, não me importei. Eu só queria sair. Eu planejava economizar aqueles $ 567 para amanhã de manhã, quando comprasse meu uniforme e livros para o meu primeiro semestre na escola de enfermagem. Decidi que começaria com o diploma de associado de dois anos e depois começaria a trabalhar. Depois que começasse a trabalhar, iria para a escola noturna para obter o diploma de bacharel e possivelmente até o mestrado, para me tornar uma enfermeira certificada em anestesia. Elas ganham bem. Cento e vinte mil por ano, em oposição aos sessenta mil que ganharia com meu AA. De qualquer forma, era mais do que eu tinha agora e eu precisava começar pequeno, metas de curto prazo para me levar até a linha de chegada.

Mas eu precisaria de mais roupas em breve. Ângela disse que as noites de sexta, sábado e domingo você aproveita ao máximo, então os dias da semana são mais lentos. Se eu pudesse ganhar mais cem dólares esta noite, poderia conseguir mais algumas roupas no Goodwill. Talvez alguma maquiagem.

As coisas estavam melhorando.

Por volta das 13h30 eu havia feito minha cama nova, que iluminou todo o lugar. Em seguida, fui até a loja de conveniência e comprei três dólares em ramen, uma banana e um frasco de xampu e condicionador dois em um. Tomei banho, vesti roupas limpas e estava pronta para um turno no Mickey. Quando desci para a garagem,

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Ethan ainda estava embaixo da mesma bicicleta que eu o encontrei pela manhã. Mas de camisa, graças a Deus.

Ele se levantou e se espreguiçou. “Indo para o Mickey?”

Eu concordei. “Sim, obrigada pelo... Presente.”

Eu deixaria minha falecida mamãe orgulhosa.

Ele esfregou a nuca no queixo. “Bem- vinda. Precisa de uma carona? Eu estava indo naquela direção de qualquer maneira.” Ele apontou para sua bicicleta, que estava na parede oposta.

“Não, obrigado. Eu gosto de caminhar.” Eu disse a ele, e fui direto para a porta. Era a maior mentira de todos os tempos. Eu odiava andar no calor pegajoso, mas eu não ficaria tão confortável com Ethan, e ele estava sendo muito gentil para o meu gosto.

“Vou colocá-la na minha motocicleta mais cedo ou mais tarde!” Ele gritou atrás de mim.

Não vou nem admitir o visual que me deu.

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4

“Você o quê?” Ângela olhou para mim com os olhos arregalados enquanto soprava sua caneta vaporizadora em nosso intervalo de quinze minutos.

Eu ri de sua reação. “Eu me mudei para a garagem de Ethan. Não é grande coisa.”

Ângela ergueu uma sobrancelha. “Garota, é um grande negócio. Vocês vão totalmente ficar juntos. Eu dou uma semana.”

Olhei minhas unhas e tive o pensamento fugaz de que três semanas atrás, em Los Angeles, provavelmente foi a última manicure que eu faria por um tempo.

“Não estou exatamente disponível emocionalmente agora.” Disse ao minha única amiga no mundo.

Ângela encolheu os ombros. “Eu não estou dizendo para sair com ele, apenas foda. Por mim.”

Eu engasguei e nós duas começamos a rir, mas então meu humor ficou mais sombrio. “Eu não estou interessada nisso também. Ainda estou tentando superar meu divórcio.”

Ângela deu outra tragada. “Tudo bem, garota, tudo que estou dizendo é que quando você estiver pronta

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para seguir em frente, siga em frente com ele. Ethan é o tipo de cara que faz você esquecer seus problemas.”

Eu ri, uma risada genuína. Eu não ria há muito tempo, então o som realmente me assustou. “Por que você não dorme com ele?”

Ela me deu um olhar conhecedor. “Porque ele não pagou mil dólares para beber comigo, pagou?”

O silêncio desceu em nosso intervalo de trabalho.

“Além disso, estou de olho em Cody amigo dele. E você sabe que eu não mexo com meninos brancos.”

Outra risada. Estava ficando cada vez mais fácil. “Sim, mesmo no ensino médio você gostava deles 'marrons'.”

Ela assentiu e ficamos em silêncio por mais um minuto. “Não acredito que me casei aos dezoito anos.” Eu coloquei meu rosto em minhas mãos. Às vezes, a realização de minhas escolhas de vida estúpidas simplesmente me batia do nada.

Ângela estendeu a mão e roçou meu ombro. “Eu não posso acreditar que tenho um filho de dois anos em casa e uma tatuagem com o nome do pai do meu bebê na minha bunda. Todos nós cometemos erros.”

Meu sorriso cresceu mais amplo. Ela era uma boa amiga e uma humana decente. Eu não poderia pedir nada melhor.

Mickey colocou a cabeça para fora da porta dos fundos. “O feriado acabou, bonecas. Hailey, você tem um cara mauricinho sentado na sua seção. Pedindo por você.”

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Tudo em meu corpo ficou entorpecido naquele momento.

Cara formal.

Bryce não teria vindo aqui... Não é? Como ele teria me encontrado? Eu estive trabalhando aqui por dois malditos dias.

Investigador particular? O cartão de crédito que usei no Wal-Mart para sacar dinheiro para pagar o albergue? Ele sabia sobre meu cartão secreto?

Porra. Porra. Porra.

“Você está bem, garota?” Ângela se levantou e estava olhando para mim com preocupação.

Eu não queria trazer meu drama para meu novo emprego. Ângela era uma nova amiga, mais ou menos, e eu não queria prejudicar nossa amizade.

“Só cansada.” Menti.

De pé, eu escovei minhas mãos na minha calça jeans.

Poderia não ser Bryce. Pode haver algum outro cara mauricinho aleatório em um bar de motoqueiros em South Phoenix que estava perguntando por mim...

A negação era um bom lugar para se viver.

Eu segui Ângela para dentro, o tempo todo erguendo as paredes que me mantinham segura, que me ajudaram a não absorver a escuridão que era sua alma. Quando contornamos o bar, eu virei meus olhos para as duas mesas que eu tinha sido atribuída esta

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noite. Em uma estava o meu grupo de quatro jovens motociclistas de foguetes que estavam brincando comigo a noite toda. Eles acumularam uma conta de bar de duzentos dólares e eu esperava uma boa gorjeta. Do outro, Bryce Conner, em carne e osso.

Éramos divorciados. Eu servi a sua bunda e ele assinou na presença do meu advogado. Os papéis foram arquivados e, embora demorasse alguns meses para um juiz finalizar, eu não era mais dele. Ele não podia mais me machucar. Eu tinha ido com o divórcio acelerado, então ele não poderia me manipular para ficar. Eu tinha assinado um acordo pré-nupcial revestido de ferro e declarado em meus papéis que não queria nada dele. Eu esperava poder ficar com minhas roupas e telefone, mas dane-se. No final, desisti de tudo para não ter que ver aquele rosto novamente.

No momento em que ele me viu, um sorriso sádico apareceu nos cantos de sua boca. Por fora ele parecia angelical. Cabelo loiro, olhos verdes, pele bonita. Ele parecia um modelo dinamarquês da Gap. Bryce usava jeans skinny sem meias e mocassins. Ele era um desses caras. Quando cheguei perto o suficiente para falar, cruzei os braços e o imobilizei com o que esperava ser um olhar forte.

“Que porra você quer?” Eu rosnei. Eu nunca falei com ele assim. Sempre quis, mas tive medo que ele me envenenasse.

Seu sorriso caiu e a raiva apertou sua mandíbula. “É por isso que você me deixou? Você queria vir viver numa favela com esses caras?” Ele gesticulou para a mesa atrás dele.

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Respirei profundamente para me purificar. Eu não o deixaria me irritar.

“Por quê. Você. Está. Aqui?” Eu respirei, meu peito arfando. Aposto que se o matasse, Ângela me ajudaria a esconder o corpo. Ela parecia desanimada com isso.

Ele suspirou. “Eu vim ver minha garota do feno brincando de garçonete.”

Hay girl. Seu nome de animal de estimação estúpido para mim que eu nunca gostei.

“Peça uma bebida ou vá embora.” Eu exigi.

Seus olhos escureceram e seu fino lábio superior se curvou em um grunhido. Eu nunca falei com ele desse jeito e estava genuinamente apavorada com ele. Eu tinha certeza que ele era um psicopata. Uma noite, depois que um de seus amigos flertou comigo em um jantar, ele queimou minha mão com seu cigarro. Ele imediatamente se desculpou, disse que foi um acidente e me deu gelo, mas eu sabia, na minha alma, que ele tinha feito de propósito. Foi nesse dia que comecei a planejar minha fuga.

“Bud Light. Vá buscar.” Ele sussurrou.

Tomei outra respiração profunda e relaxante e caminhei até a banheira de cerveja. Calmamente, peguei o popper da garrafa e tirei a tampa. Eu precisei de cada grama de autocontrole que eu tinha para não perguntar a Mickey se ele tinha algum veneno de rato atrás do balcão. Eu ia ‘buscar’ sua cerveja e então dizer a ele para voltar para LA e me deixar com minha nova vida. Ele só precisava de um encerramento, isso era tudo.

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Quando me virei, procurei por ele na sala, mas ele não estava mais em sua mesa. Será que ele foi ao banheiro? Mas quando me aproximei da mesa, meu coração caiu quando vi a nota de cem dólares e a nota.

Vou ficar na cidade um pouco. Até a próxima.

Por alguma razão, o bilhete e a promessa de ele ficar por perto e perseguir minha nova vida não me incomodou tanto quanto a nota de cem dólares. Ele queria continuar a me controlar. Esse bastardo. Eu queria beber uma cerveja, pegar cem dólares e deixar a cidade novamente. Me mudar até que ele não pudesse mais me encontrar. Mas essa não era a maneira de se posicionar. Eu precisava ser forte ou isso nunca teria fim. Passei a cerveja para os caras do foguete de virilha e disse a eles que era por conta da casa, e então dei cem dólares para Ângela.

Ela parecia confusa. “O que? Menina, por quê?”

Dei de ombros. “É dinheiro sujo.”

Ela o colocou no bolso. “Bem, eu gosto do meu dinheiro de qualquer maneira que eu possa obtê-lo. Limpo, sujo, tanto faz.”

Eu tinha uma hora restante do meu turno. Eu não faria nada para bagunçar esse novo trabalho. Eu mesmo pagaria pela cerveja de Bryce.

Depois de mais algumas mesas, nada muito turbulento, Mickey cortou meu turno à 1h. Eu tinha ganho

$ 187 em gorjetas e estava sorrindo de orelha a orelha.

Eu poderia fazer isso. Eu poderia me sustentar, viver por conta própria, começar uma nova vida.

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O único problema era... Eu estava com muito medo de voltar para casa agora que Bryce tinha aparecido. E se ele estivesse me observando?

Eu nem tinha um maldito telefone inteligente para ligar para um Uber, e Ângela ainda estava trabalhando. Depois de morder meu lábio na sala dos fundos por um minuto inteiro, liguei para Ethan Landlord.

“Ei, Hailey,” ele disse casualmente, mas havia um tom áspero em sua voz.

“Merda, está tarde. Acabei de perceber que posso ter acordado você.” Tão estúpida. Ele tinha trabalho amanhã. Ele dirigia um negócio com horário normal.

“Nah, a reunião dos Kings acabou de terminar. Eu ainda estou acordado. Tudo certo?”

Porra. Eu odiei isso. Eu odiava ter que ser vulnerável a ele.

“Sim. Totalmente... Apenas, esse cara meio que me assustou esta noite, e eu não estava muito interessada em caminhar para casa se você estivesse na área...”

“Estarei aí em cinco minutos.” A linha ficou muda.

Ok... Ethan King estava vindo me pegar. Nada demais. Exceto, nós tínhamos um ditado no bar: Uma vez que você monta na motocicleta de um cara, você fica no meio das calças dele.1

Isso não ia acabar bem. Não está nada bem.

1 Once you got on a guy’s bike, you were halfway in his pants.

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Poucos minutos depois, eu saí e Ethan estava chegando. Fiz uma busca rápida pelo Range Rover branco de Bryce, mas não vi nada. Eu estava senda paranoica?

Melhor prevenir do que remediar no que dizia respeito a Bryce.

“Você está bem?” Ethan estava vestindo uma camiseta azul clara apertada e jeans surrados. Havia uma protuberância em seu quadril que eu tinha certeza que era uma arma e ele não estava usando capacete. Seus braços tatuados seguraram o guidão enquanto ele me lançou um olhar taciturno. Suas vibrações de bad boy gritavam ‘faça bebês comigo.’

Tive que resolver o primeiro problema, “Estou bem. Isso é uma arma?”

Porque eu não precisava acabar na prisão com esse idiota e arruinar minha vida. Ele provavelmente vendia drogas paralelamente, se o histórico de seu irmão fosse alguma indicação.

Ele acenou com a cabeça, legal. “Sim, comprei legalmente e tenho uma licença de transporte oculta para ele, se você quiser ver.”

Ótimo, agora eu parecia uma maldita avó. Eu balancei minha cabeça. Ele estendeu a mão para trás e agarrou um capacete, dando-o para mim.

“Você não usa um, mas eu tenho que usar?”

Seus lábios se curvaram em um sorriso. “Seu rosto é mais bonito, devemos protegê-lo.”

Santa mãe, uma injeção de calor correu direto do meu peito para minha pélvis. Ethan era um bom

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paquerador Eu precisava ter cuidado com ele. Empurrando o capacete, montei atrás e passei meus braços em volta de sua cintura.

Bebês doces. Seu abdômen estava tão tenso que parecia que eu estava agarrando um saco de pedras.

O que eu estava pensando em ligar para ele? Eu deveria ter me arriscado com meu ex psicopata.

“Você se importa se pararmos na farmácia?” Ele perguntou. “Eu preciso obter uma receita.”

Eu mal registrei suas palavras. Eu estava tentando não ter um orgasmo agarrando seu abdômen. Quantos anos se passaram desde que eu gostava de fazer sexo com Bryce? Muitos... Muitos.

“Claro.” Eu chiei, e ele chutou o motor e decolou, fazendo com que eu o segurasse ainda mais forte.

Algo aconteceu neste passeio de moto. Esta pequena viagem de cinco minutos até Walgreens me fez perceber algo. Nunca estive com um homem com quem me sentisse segura. Até agora. Segurando os músculos tensos de Ethan, sua arma pressionando minha perna, eu me senti... Segura. Foi uma sensação selvagem, que eu não sabia que precisava até agora. Uma que eu não tinha certeza se merecia, o que eu sabia que era um pensamento fodido.

Eu preciso de terapia.

Quando entramos na loja, me separei e disse a ele que pegaria um pouco de maquiagem. Eu gostava de pensar que tinha uma beleza natural, mas a quem eu estava enganando. Todo mundo ficava melhor com

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