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Disponibilização: Eva. Tradução: Cassia, Mayo, Marina. Revisão Inicial: Sophy Glinn. Revisão Final: DeaS. Leitura Final: DeaS. Conferência: Lu Marriot

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Academic year: 2022

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Disponibilização: Eva

Tradução: Cassia, Mayo, Marina Revisão Inicial: Sophy Glinn

Revisão Final: DeaS Leitura Final: DeaS Conferência: Lu Marriot

Formatação: Keira

Fevereiro/2021

(3)

Este livro é para todas as garotas nerds do mundo, especialmente aquelas que amam caras quentes de futebol, gatos, Star Wars, A Princesa Noiva, He-Man e, claro, é óbvio que... donuts, biscoitos e torta de nozes.

(4)

Atleta Fodão: Desafio você a…

Delaney Shaw: Quem é?

A mensagem noturna é aleatória, mas

“Atleta Fodão” com certeza parece saber quem ela é…

Delaney Shaw.

Boa menina.

Amante de gatinhos fofos e Star Wars.

Curiosa.

O desafio dele? Passar uma noite em sua cama – uma noite que ele promete que será inesquecível – e ela poderá desvendar o

mistério sobre quem ele é.

Ela sabe que não deveria, mas o que mais vai fazer com o dia dos namorados chato?

Uma ligação sexy mais tarde, sua mente está arruinada e o segredo é revelado.

Maverick Monroe.

Menino mau.

O jogador de futebol universitário mais talentoso do país.

Apenas pergunte a ele.

Pena que Delaney jurou não namorar atletas após seu último desgosto.

Mas Maverick quer mais do que uma noite e se recusa a desistir de conquistar o coração de Delaney. Ela não fica

incomodada com um par de ombros largos.

Será que o bad boy conseguirá a garota nerd ou os segredos que eles guardam um do outro os separarão

para sempre?

(5)

Delaney

Ano de Calouros

Bem-vindo à Magnolia, Mississippi, onde os gafanhotos são tão grandes quanto sua mão e o chá gelado vêm com uma porção dupla de açúcar.

É também o local da melhor festa anual da fogueira na prestigiada Universidade Waylon, que atualmente acontece no meio de um campo de algodão.

Mas…

Eu nem deveria estar nesta festa.

É principalmente para fraternidades e atletas e pessoas populares, mas aqui estou eu, uma mera caloura, saindo com minha colega de quarto ruiva, Skye.

“Viu?” Ela diz enquanto chegamos à fogueira. “Isso não é melhor do que assistir a um vídeo de gatos no sábado à noite? O que quer fazer primeiro?”

Suspiro, sentindo-me nervosa. Desde que me mudei para cá da Carolina do Norte, tenho me esforçando para experimentar coisas novas. Posso muito bem colocar uma festa louca da faculdade nessa lista. “Vamos tomar uma bebida.”

Ela bate palmas e animadamente responde: “Feito. Álcool, às duas horas.” Nós caminhamos através da multidão, seguindo em frente, e finalmente chegamos ao bar, que é realmente apenas uma longa mesa dobrável que alguém montou. No tampo estão várias garrafas de álcool, e pego a Firebol para servir as doses. Acabo de tomar um pouco do meu copo quando uma sensação de formigamento toma conta de mim, causando-me arrepios.

Meu olhar se move através da multidão, parando em um cara alto, com cabelos loiros escuros, ombros largos e um sorriso arrogante. Ahá. Ele me encara, e agora que foi pego, levanta o copo enquanto um meio sorriso cruza seu rosto.

(6)

Coro loucamente enquanto ajusto meus óculos pretos. Não estou acostumada a tanta atenção masculina.

Skye, que segue a trajetória do meu olhar, cospe parte de sua bebida. “Oh meu Deus, sabe quem é esse?”

“Obviamente eu deveria.” Digo secamente.

A boca dela se abre. “Você realmente precisa sair mais.”

Meus olhos voltam para ele, mas continuam se movendo como se eu não olhasse. “Então quem é, Sr. Hottie McParty Pants?”

“Se você não o conhece, não merece saber. Mas ele é Q-U- E-N-T-E como Chris Hemsworth. Desafio você a flertar com ele.” Ela mexe as sobrancelhas para mim, sabendo muito bem que, por algum motivo, não posso resistir a um desafio. Normalmente bastante reservada, um desafio me dá permissão para ser alguém que não sou.

O mesmo acontece com Fireball. Tomo outra dose.

“Vou trazer para você um donuts todos os dias por uma semana, se flertar com ele.” Acrescenta ela, me observando.

Meus ouvidos se animam. “Aqueles com glitter comestível?”

Ela assente, e lanço um rápido olhar para ele. Nossos olhos colidem novamente, e um zing de conexão dispara entre nós. Ele tem um rosto forte e bonito e uma postura masculina escrita por toda parte. Um sorriso percorre seus lábios sensuais e... Duas morenas, gêmeas, se aproximam dele, uma de cada lado, e envolvem os braços em sua cintura. Ele sorri para elas. Oh! Bem, então.

Volto para Skye e franzo a testa. “Jogador. Não estou interessada.”

Ela acena as mãos no meu rosto. “Ele gostou de você, vi no rosto dele.”

Bufo. “Provavelmente dores de gases. Seu desafio não é aceito.”

Ouvimos nossos nomes serem chamados do outro lado da festa e viramos para ver Martha se aproximar, o que leva algum tempo devido ao fato de que usa estiletes e um vestido justo. Ela cuidadosamente abre caminho entre a multidão, empurrando as pessoas para fora do caminho, às vezes de forma grosseira, enquanto se concentra em nós. Ótimo.

“Garota má chegando.” Murmuro baixinho.

(7)

Como nós, Martha Burrows é uma caloura e mora no nosso andar. Cheia de si, anunciou na primeira semana depois de nos conhecer que não responderia a nada mais além de Muffin, um apelido que deu a si.

Ela olha para nós duas, um olhar de superioridade em seu lindo rosto. “Não sabia que tinham sido convidadas para esse pequeno baile. Obviamente, conheço todas as pessoas certas, por isso sou sempre convidada.” Seu olhar se concentra em minha roupa e ela recua. “O que está vestindo, garota nerd?”

“Roupas.” Endureço com o olhar dela para mim enquanto verifica minha camisa justa da Star Wars e a minissaia vermelha plissada que fiz de uma camisa masculina. Meus cabelos loiros compridos estão presos em tranças embutidas, e fiquei um pouco estranha com a sombra cintilante nos olhos e batom vermelho. Não é a aparência típica de WU, que é qualquer coisa com monograma, mas estou aprendendo a ignorar as sobrancelhas levantadas.

Skye, a pacificadora de nós três, limpa a garganta e acena com a cabeça para o cara que está olhando. “Delaney tem um admirador, mas não sabe quem ele é.”

Martha-Muffin segue o olhar de Skye, olhando o homem misterioso sobre o meu ombro. Ela me dá um olhar exasperado. “Esse é Maverick Monroe, sua idiota. Ele é a maior estrela do futebol em Mississippi e o recruta de calouros do ano. As notícias são, no entanto, garotas como você não são do tipo dele, nem um pouco.” A mão dela passa um cacho duro cor de mel por cima do ombro.

Meus dentes rangem juntos. “Martha, se acha que me importo com o que pensa de mim e se um jogador de futebol quase famoso está interessado em mim, então está louca.”

Os lábios dela se apertam. “Agora é Muffin, e por que você tem que usar tantas palavras? O que significa quase mesmo?” É sua resposta cortante.

Os olhos de Skye se arregalam, e suponho que seja porque Martha-Muffin e eu estamos prestes a finalmente constatar isso. Não a suporto, e ela não me suporta.

Nós apenas... colidimos.

Mas não é isso que faz Skye dar risada.

Ela aponta por cima do meu ombro, e entendo.

(8)

É a pessoa que está atrás de mim, a que não consigo ver. Sinto um espirro nervoso chegando e, graças a Deus, de alguma forma eu o prendo.

Uma voz rouca chega aos meus ouvidos. “Quase significa aparentemente ou supostamente. O que ela quer dizer é que eu provavelmente não sou um jogador de futebol famoso, mas um que tem sido muito elogiado, mas não tem mérito.”

Oh, merda. A voz é rica e suave com apenas o sotaque sulista suficiente para fazer uma garota desmaiar. Ele também parece meio inteligente.

Viro-me lentamente. O Sr. Alto, loiro e jogador de futebol está bem na minha frente com um sorriso arrogante.

Como diabos ele chegou aqui tão rápido?

Sabe aquele momento em que tudo para e a próxima respiração que toma é a primeira do resto de sua vida? É assim que me sinto quando Maverick Monroe olha para mim com seus penetrantes olhos azuis.

Olho para baixo e vejo o peito esculpido e os bíceps duros.

Olho para trás e vejo uma mandíbula cinzelada, definida e alinhada com a nuca. Vejo a fina cicatriz rosa que corta sua sobrancelha esquerda, e que não diminui seu apelo.

Ele é a perfeição.

Ele é o ar.

O que preciso desesperadamente agora, porque não consigo respirar.

Ele sorri, como se lesse minha mente, e luto para me recompor.

Alguém chama seu nome, é a voz de uma garota, provavelmente uma daquelas gêmeas, mas ele não se move.

Seus olhos percorrem minha saia, óculos e lábios. “A questão é... você ainda sabe o que faz um jogador de futebol ser bom?”

“Boas mãos?”

Os lábios dele se contraem. “Dificilmente.”

“Uma calça apertada?” Sorrio, me sentindo atrevida... o que é estranho. Não sei quem sou agora, mas é como se minha boca tivesse vida própria, dizendo coisas que normalmente não diria.

(9)

Martha-Muffin engasga com a bebida com a minha observação e Skye me observa com alegria, claramente animada que tenho a atenção de alguém que aparentemente é muito importante na Waylon.

Coloco minha mão no meu quadril. “A questão é...por que eu preciso saber?”

“Você não. Tudo o que precisa saber é que sou o melhor.”

Respiro um pouco com sua arrogância.

Um cara passa por nós e dá um tapinha no ombro dele. “Jogo foda na semana passada, Mav. Pedra sobre pedra.”

“Obrigado, cara.” Maverick reconhece o elogio e levanta o queixo, seus olhos nunca se afastam dos meus.

“Em que posição você joga?” Pergunto. “Quarterback?”

Ele sorri. “Linebacker médio, defesa.”

“Parece chique.”

Ele sorri.

Skye, que está bisbilhotando descaradamente, suspira com uma expressão sonhadora no rosto. “Suas estatísticas são as melhores do país.” Limpa garganta. “Eu-eu só sei disso porque meu irmão é um grande fã, eu juro.”

“Oi, Maverick.” Martha-Muffin diz enquanto se aproxima dele, me empurrando para fora do caminho com seus ombros afiados.

“Lembra-se de mim?”

Ele se concentra nela. “Não.”

Ela olha furiosa. “Estava no seu dormitório com seu colega de quarto semana passada. Você disse olá para mim.”

Ele encolhe os ombros. “Muitas garotas aparecem. Não consigo me lembrar de todas.”

Oh! Meu Deus. Ele é arrogante, mas gosto de como a joga para escanteio.

O rosto de Martha-Muffin fica vermelho e ela murmura algo baixinho, dá meia-volta e se afasta. Boa viagem.

Pelo canto do olho, vejo Skye se afastar também, dando um sinal de positivo.

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Tanto faz. Não vou flertar com esse cara... Vou?

Ele definitivamente tem algo que faz meu corpo zumbir. Inclino meu queixo, observo o quão alto ele é. Tem que ter pelo menos um metro e noventa.

Seu olhar percorre meu rosto. “Você sabe que há uma lenda aqui no Waylon sobre a nossa famosa festa da fogueira?”

“Oh?”

Ele sorri, um flash branco em seu rosto bonito. “A lenda diz que a primeira pessoa que você beija na festa é aquela que nunca esquecerá. Pode demorar anos depois, e ainda é com o rosto dela que se sonha.”

“Parece feitiçaria.”

Ele levanta a sobrancelha esquerda hipnotizante. “Gosto de acreditar em lendas, afinal, sou uma.”

Sorrio. “Provavelmente um jogo feito por algum garoto de fraternidade querendo beijar todas as meninas.”

Ele faz uma pausa por um momento, como se pensasse, e então se aproxima, tão perto que posso ver os vários tons de azul ao redor de suas pupilas. “Posso?”

Meu coração dá cambalhotas.

“Você pode o quê?” Pergunto minha voz baixa, mas sei o que quer. Meu corpo já está inclinado para ele, querendo também.

“Isso.” Ele me beija, um toque quase imperceptível, enquanto roça seus lábios contra os meus. O contato de nossas bocas é elétrico, faíscas de fogo patinam ao longo da minha pele.

Como se de longe, ouço alguém chamando seu nome. É uma mulher e está chateada.

É uma das gêmeas provavelmente.

E fico com ciúmes.

Mas não olho. Afastamo-nos e o encaro quando ele olha de volta. Um silêncio se instala sobre a festa, embora não ache que algo realmente mudou. A música ainda toca. As pessoas ainda conversam.

Cervejas são repassadas.

Ainda…

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Estamos conectados.

Duas estrelas no céu de veludo preto.

Dois navios passando no meio da noite.

Oh, porra, pare com as bobagens, digo a mim.

“O que foi isso?” Pergunto, minha voz sem fôlego.

“Esse é o seu primeiro beijo da fogueira. Agora nunca vai me esquecer.”

E então, antes que eu possa pensar em uma resposta, ele se vai.

Assistindo-o voltar para as gêmeas, a frustração se enrola dentro de mim enquanto exalo.

Passarão dois anos, antes que eu o beije novamente.

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Delaney

É noite do Dia dos Namorados, e minha vida social está pior do que quando era uma caloura na William Henry Prep School em Charlotte, Carolina do Norte. Pelo menos naquela época, um dos nerds das minhas aulas de matemática me deu uma pequena caixa em forma de coração de chocolates velhos e um ursinho de pelúcia marrom. Tudo que tenho esse ano é um coração partido, uma garrafa de vodca premium e um filme de terror dos anos 80.

Skye está se divertindo, e estou feliz por ela. Ela saiu da nossa casa que compartilhamos no campus para um encontro com o namorado, Tyler, e aqui estou sentada... enfiada em calça de ioga e chorando na minha pipoca.

Lanço um olhar ansioso para o meu telefone, esperando que toque com uma ligação ou mensagem de alguém que se preocupa comigo... mas permanece em silêncio, zombando de mim enquanto me pressiono no couro marrom gasto do sofá. Odeio sentir pena de mim, mas às vezes me ocorre que não tenho família desde que minha avó, a pessoa que me criou, faleceu pouco antes de eu ir para a faculdade.

Deus. Estou solitária.

Meu nariz respira o cobertor que está puxado até o meu rosto, e juro que ainda sinto o cheiro da colônia picante do meu ex Alex, um kicker1 da equipe especial do time de futebol do Waylon, e ficamos juntos desde que nos conhecemos no primeiro ano de calouros da turma de literatura. Ele foi meu primeiro, a pessoa com quem pensei que passaria o resto da minha vida, e no ano passado, parte de mim meio que esperava que propusesse. Em vez disso, ele me traiu.

Tomo um gole de Grey Goose direto da garrafa, olhando-a com tristeza. Pelo menos ele tinha bom gosto para vodca.

1 Kickers: é uma posição do futebol americano que atua no time de especialistas cuja responsabilidade é chutar os gols.

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Levanto a garrafa no ar, brindando. “Feliz Dia dos Namorados, Alex, onde quer que esteja. Espero que Martha-Muffin possa lhe dar o que eu não pude, perfeito.” Bato palmas.

Sim, minha arquiinimiga do primeiro ano dormiu com meu namorado, e a pior parte foi que os encontrei no dormitório dela.

Sentindo a familiar melancolia de estar sozinha retornar, volto minha atenção para o filme. A música estranha e assustadora se eleva dos alto-falantes surround enquanto uma garota corre pela floresta, girando a cabeça para ver se está sendo seguida. O terror estampado em seu rosto.

Foi para desafiar Skye que escolhi esse filme em particular, e parte de mim sabe que ela realmente só quer que eu fique assustada em uma noite em que estou sozinha.

A pipoca de micro-ondas ainda está quente enquanto coloco um pouco na minha boca e mastigo furiosamente, observando a heroína na tela ser repentinamente abordada por uma figura corpulenta com uma máscara. Eu grito, mesmo sabendo o que está chegando, enviando sementes brancas e fofas para todos os lados.

Han Solo, meu gato, fica de pé e mia, seu pelo preto e branco arrepiado. Eu o derrubei de sua posição confortável no sofá.

“Desculpe-me, homenzinho.”

Dane-se o desafio. Vou aceitar a punição dela que, sem dúvida, será criativa. A última vez que perdi, me fez ficar em uma mesa no refeitório e gritar: “Meu Milk-shake traz todos os garotos para o quintal.”

Corro para o controle remoto e mudo, perguntando-me se vale a pena assistir sem o som ligado. Estou assistindo, apenas sem todos os gritos de gelar o sangue e música arrepiante.

“Dê-me Sixteen candles ou The Goonies em qualquer maldito dia, esses foram os melhores dos anos 80.” Murmuro baixinho enquanto olho para Han. “Você concorda?”

Sua cabeça se inclina levemente. Ele me entende. Sei que entende.

Expiro e me encolho mais, colocando minhas pernas debaixo enquanto inclino minha cabeça para trás contra o sofá.

Ping!

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Meu telefone toca com uma mensagem de texto e me endireito para pegá-lo da mesa.

Minha testa franze com o número desconhecido. Normalmente, são operadores de telemarketing ou golpistas... mas é um prefixo local.

Leio o texto. Ei gata. Fico feliz por ter um cartão de biblioteca porque chequei você hoje. Tem um band-aid? Porque raspei meu joelho caindo por você.

Duas coisas acontecem ao mesmo tempo: dou uma risadinha e bufo, causando um ataque de tosse do qual me recupero rapidamente. Estive na biblioteca esta manhã antes da minha aula de psicologia de nível superior para trabalhar em um documento, mas não notei ninguém olhando para mim. Deve ser minha melhor amiga fazendo uma brincadeira comigo com o telefone de outra pessoa.

Rapidamente digito uma resposta. Skye? O que aconteceu com o seu encontro com o Tyler?

É totalmente possível que ela com pena de mim, tenha escapado por um minuto para me checar e usado o telefone de Tyler.

A qualquer momento vai perguntar se ainda estou assistindo Michael Myers.

Outra mensagem aparece. Não estou em um encontro e não conheço nenhuma Skye. Ela é tão gostosa quanto você?

Pare de brincar, envio. Tomei um pouquinho de vodka…

tudo está bem.

Sou um cara. Juro pelo menino Jesus.

Minha testa enruga. É possível que não seja Skye? Mas então quem é?

Como você conseguiu esse número? Digito.

Você colocou uma lista no quadro de ajuda no centro estudantil um tempo atrás. Vi você e peguei o número. Vi você de novo hoje na biblioteca, então deve ser um sinal para nós ficarmos juntos. Quer que eu ligue, querida?

Querida?

Ligar?

Que idiota, acho que a mortificação dispara através de mim.

Ninguém respondeu à lista que coloquei a procura de um parceiro

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masculino para fazer aula de salsa comigo. Felizmente, o anúncio não tinha o meu nome (tão embaraçoso), apenas o meu número de telefone, e quero cancelá-lo, mas entre trabalhar na biblioteca e na aula, não encontrei tempo. Estava em outro mundo quando a ideia surgiu, e agora, olhando para trás, cheira a desespero de uma garota que recentemente foi traída e está sozinha.

Olho para o telefone como se o idiota do outro lado pudesse realmente me ver.

Eu não sou seu Tinder pessoal, respondo, meus dedos voando pela tela. Vá procurar alguém para assediar.

Nada acontece nos quinze minutos seguintes, enquanto olho cegamente para a televisão, sem realmente ver nada, apenas fumegando, minha mente corre pelas possibilidades de quem me viu postando o anúncio. Centenas de estudantes passam todos os dias, e pode ser qualquer um. Penso na minha sessão de estudos matinal hoje na biblioteca, tentando lembrar se alguém me observava, mas estava hiper focada (como sempre) e mantive minha cabeça baixa.

Provavelmente devo bloquear esse número.

Uma nova mensagem aparece.

Ei, desculpe-me. Esta não é a pessoa com as horríveis falas e a oferta de sexo que mandou as primeiras mensagens para você. Essas mensagens são do meu amigo idiota que pegou meu telefone e mandou uma mensagem sem o meu conhecimento. Eu o peguei de volta agora, então estamos bem, certo? Desculpe pela inconveniência e espero que encontre um parceiro de salsa. Até mais.

Finalmente, uma mensagem educada, exceto pela parte da despedida, porque não terminei de falar. Ainda quero saber quem são essas duas pessoas. Parte de mim se pergunta se é Alex, sentindo minha falta, talvez vendo se segui em frente. Ele tem me enviado mensagens de texto, tentando me envolver em um diálogo, mas o ignorei. Isso não parece ser o estilo dele.

Calminha aí, perseguidor. Quem é você?

Segundos passam e posso ver os pontos na tela indicando que está respondendo. Estou imaginando um perdedor em uma casa de fraternidade, o primeiro a adormecer e, em vez de desenhar um pênis gigante na testa, roubaram seu telefone e mandaram mensagens aleatórias para garotas.

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Meu nome é Inigo Montoya. Você matou meu pai. Prepare- se para morrer.

Sorrio baixinho na referência icônica do filme e parte de mim relaxa.

Boa, eu digito.

Você é fã de “A Princesa Prometida”?

Um dos meus favoritos. Até tenho uma camiseta com Buttercup e Westley, digito, referindo-me aos dois personagens principais.

Vou me lembrar disso.

É por isso que está me mandando mensagens no Dia dos Namorados? Para falar sobre a princesa noiva? Você está sozinho? Meus dedos se movem rapidamente, sentindo-me reconfortada por não ser a única que é um fracasso em romance no feriado do amor.

Estou te mandando mensagens porque meu amigo é um idiota. Ele não pretende ser; apenas acha que deveríamos nos falar.

Não vou tocar nesse comentário.

Então, onde está agora? Dormitório? Festa de fraternidade? Clube de strip-show fora do campus? Meu faro de detetive ligou e estou determinada a descobrir quem é esse cara.

Minha mente volta para um cara magro e nerd, que fica na seção de romances da biblioteca. Ele me deu alguns olhares demorados quando passei por ele.

Estou na cama, ele diz.

Sozinho? Estou sendo mais ousada que o normal.

Sim. Você?

Estou hesitante em responder. Afinal, ele pode ser um serial killer, mas não capto essa vibração, e confio em meus instintos.

Só eu e meu gato, um filme de terror e uma garrafa de vodka, uma maneira incrível de passar o dia dos namorados.

Pelo menos dois minutos se passam, um maldito longo tempo no mundo das mensagens de texto, pergunto-me se ele se foi ou se

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cansou de mim. Mordendo meu lábio inferior, estou no meio de me castigar por revelar tanto quando chega uma nova mensagem.

É louco e estranho que estamos falando e você não sabe quem eu sou?

Você sabe quem eu sou? Pergunto, ajustando meu óculos no meu nariz. Se ele me viu colocar o anúncio, provavelmente me conhece. Waylon é pequeno, com um registro de cerca de seis mil pessoas, então é provável que tenhamos nos visto ou que tivemos uma aula juntos.

Você é Delaney, uma júnior da Carolina do Norte.

Meu pulso dispara quando sinto meu coração bater no peito, mas esses são fatos básicos que poderia tirar das minhas redes sociais.

Ele envia outra mensagem. Verdade: Acho você linda. Nós também nos conhecemos... De certa forma.

Ele acha que sou linda? Meu ego machucado está lisonjeado e dou uma olhada em Han. “Está ficando um pouco quente aqui ou a vodca está falando?” Ele revira os olhos e se vira para a cozinha. “Está dizendo que eu bebi muito?” Chamo atrás dele, mas ele intencionalmente me ignora, sem se virar.

Olho para o meu telefone, imaginando o que mais dizer.

Provavelmente devo terminar isso, mas sinto uma conexão estranha com o meu novo parceiro de mensagens de texto.

Posso falar com um cara aleatório.

Eu quero.

Faça isso, Delaney. Mentalmente me desafio.

Você ainda está aí? Ele digita. Fui longe demais? Costumo fazer isso. Devo me desculpar antecipadamente por qualquer coisa que estou prestes a dizer ou fazer.

Ele não foi longe demais. Meu interesse é despertado. Então quem é você?

Eu sou um atleta fodão.

Reviro meus olhos. Então pratica algum esporte aqui no Waylon?

Sim.

(18)

Merda. Meu coração treme um pouco e despenca, é provável que conheça Alex. O dormitório atlético está situado no lado oeste do campus, e a maioria dos jogadores reside lá. Futebol, beisebol e luta livre ocupam um lado de Byrd Hall, enquanto, vôlei, tênis e esportes menores ocupam o outro.

Aperto meus lábios. Qual esporte? Jurei ficar longe de jogadores de futebol no momento.

Vamos manter isso em segredo, mas se precisar de um nome, pode me chamar de He-Man.

E serei She-Ra?

Sua resposta é rápida. Inferno não, eles são irmãos. Escolha outro nome, algo que combina com você.

He-Man combina com você? Digito. Mora no castelo de Grayskull? Está lutando com o Esqueleto?

Pode crer. Chuto sua bunda todos os dias.

Sorrio. Você é muito sério sobre isso. Estou começando a me perguntar se pode ser louco.

Apenas escolha.

Princesa Leia.

Perfeito, ele responde. Estou imaginando você com pãezinhos de canela na sua cabeça.

Dou risada. Estou imaginando você como um cara loiro musculoso com um cérebro do tamanho de uma noz.

Não se deixe enganar pelos estereótipos estúpidos.

E você não deve se enganar pelo meu status de garota nerd e quieta. Sou uma mulher de sangue vermelho com necessidades. Deus. Não posso acreditar que acabei de digitar isso.

Tomo outro gole de vodka. O que quero dizer é que não saio mais com atletas, especificamente jogadores de futebol. Ok, isso soou idiota. Obviamente, preciso parar de enviar mensagens de texto.

Ele não responde e minha mente vagueia.

Ele é um jogador de futebol? Isso pode explicar por que não me diz seu nome. Os caras da equipe têm um código sério quando se trata de não mexer com as ex dos outros jogadores.

(19)

Decido mudar de assunto. Minha colega de quarto me desafiou a assistir a um filme de terror hoje à noite, sozinha.

Estava apavorada.

Você gosta de desafios? Ele digita.

Sim. Isso me obriga a me colocar lá fora. Parece bobo dizer, mas é fácil contar isso a ele porque não o conheço. Estou começando a entender por que o anonimato é atraente.

Ouço Han miando na porta dos fundos. Ele tem uma caixa de areia na lavanderia, mas é bastante másculo e gosta de sair ocasionalmente para brincar no quintal para marcar seu território.

Gosto de ir com ele desde que meu último gato desapareceu há um ano, deixando-me arrasada.

Ei, preciso ir , digo ao meu homem misterioso. Meu gato precisa de mim.

Espere, você disse que se desafia, certo?

Sim.

Eu te desafio a sonhar comigo esta noite.

O que? Por quê? Pergunto, meu ritmo cardíaco acelera.

Porque vou sonhar com você.

Oh. Mordo meu lábio. Um sonho sexy?

É isso que você quer?

Sim.

Meu corpo ganha vida, todos os sentidos em alerta. Parece uma eternidade desde que alguém me beijou ou fez meu estômago vibrar por dentro.

Digito. Preciso de mais detalhes se eu quiser imaginar você na minha cabeça, especialmente porque não sei quem você é.

Você sabe que sou um atleta, sou loiro e gosto de balançar minha espada.

Dou risada. Onde estamos no sonho? Dê-me um cenário.

Preciso de mais.

Alguns momentos se passam antes que ele finalmente responda. Em uma festa de fraternidade. Todo mundo está lá embaixo e você e eu no andar de cima em um banheiro vazio.

(20)

Sério?

Esta é minha fantasia, Princesa Leia. Apenas ouça.

Bem. O que estamos fazendo? A sala parece mais quente, e meus dedos estão suados enquanto digito as palavras. Eu me imagino com um homem escuro e sombrio em um minúsculo banheiro apertado. Suas mãos seguram meu rosto enquanto olha para mim, seu polegar traçando meus lábios. Ele me beija no pescoço, enviando raios de sensações através da minha pele.

Meu corpo aquece a ponto de eu me contorcer no sofá, os dedos pairam sobre o meu telefone.

O que acha que estamos fazendo? Ele digita.

Beijando?

Mais.

Merda. Segunda base?

Mais.

Home run2? Envio depois de uma pequena pausa, sentindo- me tonta. Isso aumenta e provavelmente vou me arrepender amanhã, mas por enquanto não me importo.

Estamos indo contra a parede, Princesa Leia, forte. Eu gosto muito.

Imagino o pequeno banheiro quente com a nossa proximidade.

Meu corpo arqueia em direção ao dele e ele mal tem seu jeans empurrado para baixo, mas, está dentro de mim, deslizando para dentro e para fora enquanto solto gemidos...

Merda. Isso ficou totalmente fora de controle. A mulher mal- humorada de poder feminino em mim está se rebelando com a sugestão de ele me levar com força, mas... minha nossa, gosto disso.

Meu coração troveja.

Você ainda está aí?

Digito, tenho que ir.

Como quiser.

Com uma onda de movimento, desligo meu telefone e o jogo no sofá. He-Man ou Atleta fodão ou como ele chame a si mesmo é

2 No beisebol, home run é uma rebatida na qual o rebatedor é capaz de circular todas as bases

(21)

problema. Olho para o meu telefone por mais alguns segundos antes de correr para a cozinha para beber um copo de água gelada.

(22)

Delaney

Estou loucamente atrasada para a aula enquanto saio da cafeteria do centro de estudantes. Visto minha jaqueta North Face preta e carrego minha mochila enorme, estou um pouco instável em meus pés. Seguro um café grande em uma mão e um donut na outra;

ambos são essenciais, doce sustento e a melhor parte da minha manhã, especialmente desde que tenho que ir até o canto mais distante do campus para a minha aula.

Minha cabeça está abaixada enquanto saio pelas portas de vidro, meu olhar fixo em um Porsche prata enquanto estaciona perto da entrada.

Ugh. É Alex e não quero vê-lo.

Meus punhos cerram quando dou um passo para trás sob a sombra do pórtico, esperando poder contornar a direita para sair antes que ele me veja. Mesmo que esteja constantemente enviando mensagens pedindo para me encontrar, não estou pronta. Ele até apareceu na minha porta algumas vezes, mas não atendi ou pedi para Skye dizer que não estava lá.

Sou a pessoa viva mais azarada, porque antes que pudesse me virar, seus olhos castanhos encontram meu rosto. Ele faz uma pausa, suas bochechas ficam vermelhas. Talvez seja do frio que ainda paira nesta segunda-feira de manhã, ou talvez esteja envergonhado.

Deveria estar. Lembro-me de como me deu um anel de compromisso em nosso primeiro aniversário de namoro, dizendo que não podia esperar para me dar um verdadeiro anel de noivado. Obviamente, sua

‘promessa’ não significou nada.

Ele levanta uma mão hesitante como se quisesse acenar, mas depois abaixa e descansa na perna.

Droga. Não posso lidar com esse confronto agora. Pegá-lo no ato quase me quebrou.

Viro e desço o caminho para me afastar dele.

(23)

Sua voz me segue, ecos de um timbre que costumava causar arrepios na espinha. “Ei, Delaney! Espere.”

Não. Não importa o quanto quero falar com ele, não vou parar.

Meu Converse come a calçada enquanto mantenho minha cabeça baixa e olho para meus cadarços. Apenas continue, apenas continue...

Droga.

Corro direto para outro corpo, um que cheira levemente a algo que não consigo identificar, algo... exótico e escuro.

Tudo que percebo nesse breve momento é que ele é alto, talvez um metro e noventa, com um tórax de aço. Meu café voa pelo ar e cai de cabeça para baixo no jardim que margeia a calçada. Amaldiçoo.

Ainda não tinha tomado um gole, porque estava quente demais.

Então, quando acho que consegui manter meu donut seguro, meus pés ficam emaranhados e tropeço novamente no viking loiro, pressionando meu donut em seu peito largo.

“Droga.” É a palavra rouca que sai dele enquanto suas mãos alcançam meus ombros. Seu toque é firme e seguro, sem me dominar, como se estivesse completamente consciente de sua força e eu fosse apenas uma mecha em suas mãos, bem, talvez não uma mecha.

Tenho um metro e sessenta, e posso lidar com um cara grande.

“Você pode olhar para onde vai, por favor?” Ele diz, com um tom de irritação.

“Você é quem me atropelou.” Respondo de volta. Isso não é verdade, mas estou com raiva.

Levanto minha cabeça e encontro olhos azuis penetrantes que me fazem ficar toda excitada. Claros e quentes, eles têm um toque de cinza ao redor da íris, dando-lhe uma aparência de aço. Ele pisca quando me olha, passando os olhos pelo meu coque bagunçado, casaco volumoso e legging. Não estou vestida para impressionar, meu rosto está sem maquiagem, exceto por um pouco de brilho labial e rímel, minhas sobrancelhas precisam seriamente de uma pinça.

Coloco uma mecha de cabelos loiros que caiu do meu coque atrás de minha orelha, gemendo internamente. Não foi o suficiente ver meu ex, mas tinha que encontrar o inatingível e enigmático Maverick Monroe em seguida.

Minha primeira lembrança dele é o primeiro ano da festa da fogueira no outono. Ele apareceu com as gêmeas, uma em cada braço, mas de alguma forma acabou me beijando, alegando alguma lenda

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sobre a pessoa que você beija na sua primeira fogueira em Waylon sendo a única pessoa que nunca esquecerá.

Okay, certo.

Ele se esqueceu de mim, obviamente, e eu segui em frente e conheci Alex, que na época era doce e gentil, não o imbecil que é agora.

No fundo, ouço a voz de Alex atrás de mim, chamando meu nome, mas o guerreiro na minha frente tem toda a minha atenção.

Maverick é o único jogador de futebol com o qual nossa equipe não poderia viver sem. Com toda a força muscular, nossa defesa é lendária na Conferência Sudeste, e é em grande parte por causa dele, o melhor atleta de todos os tempos que pensa ser o melhor desde os gatos sem pelos. Talvez ele seja. Não sei por que realmente não o conheço. Claro, sei que tem um abdômen definido e músculos que fazem você morder o lábio, mas não sei nada sobre sua vida pessoal.

Não sou o tipo dele.

Infelizmente, ele é o meu tipo, desde seu jeans apertado, converse, e camisa preta apertada que acentua cada músculo em seu peito. Por que não está vestindo um casaco em fevereiro?

Provavelmente muito difícil.

“Você está bem?” Ele pergunta, seu olhar vagando sobre mim.

Limpo minha garganta. “Sim.”

“Suponho que esteja a caminho da sua aula.” Ele verifica seu relógio. “Que começa em cinco minutos. Parece que nós dois vamos nos atrasar. Pelo menos você não derramou café em você.” Ele sorri, um brilho de dentes brancos espreita através dos lábios cheios e carnudos.

Digo aos meus olhos para pararem de olhar para ele, porque os caras do futebol não são confiáveis, caramba, mas há três coisas que meu cérebro não pode deixar de notar: comida mexicana, Star Wars, e um atleta musculoso... E donuts. Então, são quatro.

Concordo. “Sim, você se senta com suas fãs no meio do auditório. Eu sento no fundo.” Suspiro quando ele arranca o donut de seu peito. “Desculpe por esbarrar em você. Estava com pressa de chegar na aula, acho.”

“Não se preocupe. Isso nos deu a chance de conversar.”

O que? Por que ele quer falar comigo?

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“Sobre o que?” Pergunto, mas ele não me responde.

Em vez disso, olha para os granulados rosa e roxos e glitter comestível que pontilham sua camisa. “Tem muito açúcar na minha camisa. Isso não pode ser bom para você.”

“Desculpa. Os granulados são uma fraqueza e não resisto a comê-los. Sempre digo que não vou porque devem ter, pelo menos, umas cinquenta calorias, mas no final, são tão bonitos.” Aponto para o donut esmagado. “Esse em particular é chamado Unicórnio porque tem todo tipo de granulado em toda a cobertura.” Faço o sinal da cruz. “Descanse em paz, doce donut.”

Continuo balbuciando sobre os diferentes sabores de donuts enquanto limpo apressadamente a camisa dele com as mãos, jogando pedaços de massa na calçada enquanto secretamente cálculo se tenho tempo suficiente para correr de volta para pegar outro.

Seu peito é, sem surpresa, duro como ferro, seu peitoral sólido enquanto meus dedos mexem nele, e de repente estou me sentindo tímida e constrangida porque o toquei sem permissão. Claro, tocamos brevemente os lábios há dois anos, mas isso parece ser uma vida atrás.

Deixo cair minhas mãos para meus lados e nossos olhos se encontram novamente.

Um espirro nervoso ameaça entrar em erupção, e eu o empurro para baixo, meus dedos apertam as alças da minha mochila. Não faça isso, Delaney!

Ele limpa a garganta. “Queria saber se você quer...”

Alex aparece ao meu lado. “Delaney! Você é surda? Estou chamando e nem se virou.” Seus olhos saltam de mim para Maverick, segurando o donut, que ainda está na mão de Maverick, junto com o copo de café abandonado agradavelmente em cima de um arbusto ornamental. “O que aconteceu?” Ele pergunta, seu rosto quadrado preocupado, seus olhos examinam meu rosto lentamente, permanecem em meus lábios. Ele é um cara bonito, magro e forte, com olhos suaves, cabelos ruivos e um sorriso fácil que costumava me fazer derreter.

Meu corpo inteiro aperta. Não nos falamos há um mês, e agora aqui está ele, me perseguindo pelo campus e olhando para mim como se fosse um doce.

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“Não vai mesmo falar comigo?” Alex pega sua mochila e dá outro passo em minha direção.

Maverick vira o seu olhar para mim e levanta uma sobrancelha, como se me levasse a responder. Ele é bastante louco, sua expressão parece dizer.

Prefiro comer caracóis a falar com ele, digo de volta com o olhar.

Não tenho certeza se recebeu minha mensagem de linguagem corporal, mas posso jurar que seus lábios se contraem.

De qualquer forma, ele não diz nada, apenas desliza o olhar de mim para Alex.

Estou nervosa, e a maior parte disso tem a ver com Alex me perseguir, mas parte disso é porque esbarrar em Maverick me faz pensar de novo no Atleta fodão e o que ele está fazendo agora. E se Maverick for o Atleta fodão? Eles são loiros e atléticos... mas e se o Atleta fodão for apenas um tenista? Ou um desses caras do vôlei? Há uma tonelada deles.

Alex pega minha mão, e porque estou tão surpresa que me toca, eu deixo. “Olha, querida, não quero ter essa conversa na frente de todos”, envia um olhar para Maverick, que não se move um centímetro, “mas você quer me encontrar no Pluto’s para o café depois da sua aula? Sei que ama aquele lugar.”

Querida? Ugh.

“Você perguntou o que aconteceu, nós esbarramos um com o outro”, Maverick diz abruptamente com seus olhos indo de mim para Alex, falando como se tudo estivesse perfeitamente normal. Tenta mudar de assunto e agradeço. Talvez ele leu o desespero no meu rosto. “Na verdade, estava no meu celular, uma emergência com a minha irmã, mas está tudo bem. Estava olhando para baixo e acho que Delaney também estava.” Ele encolhe os ombros. “Infelizmente, ela perdeu o café da manhã no processo e eu perdi meu telefone.”

“Você deixou cair?” Pergunto, checando-o e não vendo em suas mãos.

Ele concorda, e é o motivo perfeito para retirar imediatamente a minha mão da de Alex e me abaixar para ver se consigo encontrá- lo. Maverick faz o mesmo, e nossos ombros se chocam enquanto saqueamos as azáleas.

“Obrigada” Sussurro para ele enquanto examinamos a calçada.

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“Pelo quê?” Ele sussurra de volta.

“Por interromper aquele… momento.”

“Ah, você ainda está com ele.”

Franzo a testa. “Não, não estou.”

“Então por que está tão nervosa?”

“Não estou.” Suspiro sob a minha respiração. Os arbustos não são o lugar para explicar a dinâmica do meu relacionamento com Alex.

“Você está. Ou é porque esbarrou em mim?” Um pequeno sorriso aparece nos seus lábios e me lembro do arrogante jogador de futebol que conheci na fogueira.

Olho para ele. “Não. Eu mal conheço você.”

“Nós podemos mudar isso.” Ele ergue uma sobrancelha.

Oh.

Nesse caso.

“Não sou uma das suas groupies3. Não faço conexões aleatórias.”

“Talvez eu esteja apenas tentando te conhecer.”

Dou a ele um olhar firme “Por quê? Nós mal conversamos.”

Seu olhar se volta para Alex, que também procura o telefone a poucos metros de distância. “Agora que não está namorando Alex...”

Solto um grito triunfante quando encontro o telefone e o seguro acima da cabeça. Alex olha furioso para nós, e acho que está assim desde que tirei a minha mão da dele. Eu o ignoro.

“Achei e, felizmente, não o molhei de café.” Maverick e eu estamos juntos e fazemos uma pequena troca, onde ele me dá o donut esmagado e eu dou seu telefone. Nossos dedos se tocam, causando- me um arrepio de calor. Enfio a mão no bolso do casaco.

Alex toca meu braço e lança um olhar irritado entre Maverick e eu. Ele segura meu copo de café vazio, retirado do arbusto, e também pega meu pequeno calendário de mesa, que escorregou da

3 Pessoas que buscam intimidade emocional e/ou sexual com um famoso.

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minha mochila porque deixei metade do zíper aberto na minha pressa para sair de casa esta manhã.

“Aqui, você não precisa disso?” Ele acena para mim.

Dou-lhe um aceno de cabeça firme e enfio na minha bolsa sem olhar para ele.

“Você está bem? Sem inchaços ou contusões?” Alex pergunta, passando as mãos pelos meus ombros.

“Não, estou bem.” Endireito-me e elevo meu queixo para olhar para ele. Ele não é tão alto quanto Maverick, cerca de um metro e oitenta.

Um suspiro que não sabia que segurava sai, longo e cheio de emoção reprimida. E daí que Maverick está aqui, ouvindo? Não é como se o campus inteiro não soubesse por que terminamos. A fofoca se espalhou como um incêndio.

“O que você quer, Alex? Tenho uma aula para ir.”

Ele endurece quando olha brevemente para Maverick, que curiosamente ainda está parado aqui. “Só queria ver você e… dizer olá. Agora que a temporada de futebol terminou, pensei que poderíamos nos encontrar e conversar sobre tudo. Nunca tive a chance de lhe dizer que sinto muito por... por tudo.”

Uma imagem dele e Martha-Muffin em sua cama pisca em minha cabeça. “Você quer dizer por me trair.” Fala sério, idiota.

Alex fecha os olhos brevemente, então pega meu cotovelo e gentilmente me puxa para o lado.

Com um suspiro, deixo. Talvez, se puder dizer o que precisa, pare de me incomodar.

“Não seja assim, Delaney.” Diz em um tom baixo. “Muffin foi um caso isolado. Juro que nunca te trai antes.”

Meu coração dói com a lembrança. Balanço minha cabeça.

“Você… você não é a pessoa que pensei que fosse. Acabou, Alex.”

Ele morde o lábio, um olhar suplicante nos olhos. “Só quero que as coisas voltem a ser como eram.”

Respiro fundo, o desejo de fugir intensifica. “Tenho que ir para a aula agora.”

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Viro, e Maverick ainda está parado perto, seu rosto preocupado enquanto nos observa. Ele chama meu nome enquanto passo por ele, mas continuo andando.

Só preciso ficar longe de ambos. Caras de futebol podem sugar.

Imagino ambos os olhos em mim e mal consigo resisto a fazer uma saudação de um dedo, mas esses atletas arrogantes não valem a energia que isso levaria.

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Delaney

Ser introvertida tem seu custo. Às vezes dou risadinhas incontrolavelmente, mas na maioria das vezes espirro quando estou nervosa. Quando me deparo com uma situação que inclina meu mundo em seu eixo, um formigamento começa no meu nariz, coçando e aumentando a pressão até que finalmente espirro. No último ano do ensino médio, fui pega fugindo da escola e, quando o diretor me chamou em seu escritório, espirrei tantas vezes que lágrimas rolaram pelo meu rosto. Ele me deixou ir depois de enfiar uma caixa de lenços de papel em minhas mãos. Às vezes funciona a meu favor e posso usar isso como uma desculpa para sair rapidamente, mas às vezes pode ser simplesmente irritante.

Como agora.

“Posso me sentar aqui?” Uma voz profunda diz atrás de mim.

Meu corpo sabe quem é antes do meu cérebro e, imediatamente, suprimo a sensação de pré-espirro inalando bruscamente e prendendo a respiração por cinco segundos.

Deslizo meus óculos para baixo alguns milímetros quando olho para ver Maverick olhando para mim. Já faz alguns dias desde a tragédia do donut, e já passamos um pelo outro algumas vezes no corredor. Algumas vezes pensei que ele disse alguma coisa, mas sou muito desajeitada para parar e dizer: Ei, você disse algo para mim?

Então apenas o ignorei.

Estamos dentro do auditório para a nossa aula de psicologia, e minhas mãos voam ao redor da mesa ao meu lado. “Faça o que quiser.

Porém, esteja preparado, as luzes estão bastante reduzidas aqui. Não quero que adormeça.”

De alguma forma, ele consegue acomodar seu corpo grande no assento almofadado e recliná-lo para trás, ele e suas longas pernas com jeans ocupam todo o espaço ao meu lado... E o ar.

“Ah, nunca conseguiria dormir aqui.” Ele me dá um sorriso e mentalmente ergo meus escudos. Não seja sugada pela gostosura.

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Aceno, iniciando uma pequena conversa. “Sim, é uma aula interessante.”

“E você está nela.”

Meus cílios tremem e não consigo olhar para ele. Simplesmente não posso. Uma pessoa normal perguntaria o que ele quis dizer com isso, mas essa sou eu. Apenas limpo minha garganta e deslizo minha perna um pouco para lhe dar mais espaço.

Apenas seja legal, Delaney.

“O que está desenhando?” Ele pergunta, inclinando-se sobre o meu ombro.

Paro o rabisco que estou fazendo no meu caderno. O calor de seu corpo é inebriante e engulo. “Han Solo.”

Os lábios dele se contraem. “Odeio estragar isso, Docinho, mas Han Solo não é um gato. Ele é o capitão do Millennium Falcon.”

“Ele também é um canalha e um contrabandista.” Acrescento.

“E quem lhe deu permissão para me chamar de Docinho?”

Ele acena e diz: “Sei que ele é um canalha... É o que o deixa cativante. Ele é um fodão e também tem o melhor amigo de todos os tempos, um Wookie de dois metros de altura com uma arma. Ele é meu personagem favorito de Star Wars, ao lado de Yoda.”

Maverick gosta de Star Wars? Apenas presumi que ele ficava sentado e assistia a gravações de jogos de futebol enquanto bebia cerveja com uma garota de cada lado.

Aceno e aponto para o meu rabisco. “Nomeei meu gato de Han Solo #2.”

“O que aconteceu com o nº1? Morto por um sabre de luz?”

Sorrio. “Espero que ela tenha fugido com um gato.

Provavelmente está morando em uma casa na árvore com seus filhotes agora.” Não digo a ele que chorei por um mês quando ela desapareceu. Realmente não sei o que aconteceu com ela, mas imaginá-la com uma pequena família doce é a visão que gosto de manter perto do meu coração.

“Vivendo o sonho.” Ele diz, e olho rapidamente para ele. É difícil de olhar para cima, mas eu olho, deixando nossos olhos se encontrarem, meu verde e seu azul pálido. Quase iridescentes, como uma opala brilhante, contrastam vivamente com sua pele bronzeada.

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Seu queixo é firme e quadrado, com o toque de uma fenda no meio, e seus cabelos uma mistura de loiro escuro com mechas douradas, pintadas pelo sol com todos aqueles dias de práticas de futebol. Não consigo ver a cicatriz desse ângulo, mas sei que está lá, do outro lado do rosto, aquela pequena imperfeição.

Um leve sorriso curva seus lábios enquanto seus olhos se aquecem, e me agarro, percebendo que estive olhando por dez segundos... Muito tempo. Esse tipo de olhar significa que você quer matar alguém ou dormir com ele, e acabei de cruzar essa linha.

“Delaney?”

Ele diz meu nome suavemente, e minha boca seca quando um tiro de eletricidade dispara direto para o meu núcleo.

Boa dor, ignore essa estranha reação hormonal que você tem por Maverick .

Certo. Agora.

“Você está bem?” Ele pergunta.

Acha que sou uma idiota.

“Tudo bem, totalmente bem. Como você está? Como vai o futebol? Ah, sim, terminou... mas ainda está treinando, certo? Para se preparar para o próximo ano e tudo mais? Não posso acreditar que seremos veteranos. Também não posso acreditar que decidiu ficar mais um ano quando poderia ser convocado.” Estou divagando e minha voz soa ofegante. Respiro profundamente para me estabilizar.

Ele coça a cabeça, uma expressão confusa no rosto. “Você é engraçada.”

“Não falo muito, mas quando falo, aproveito ao máximo.”

Ele sorri. “Fiquei porque não seria escolhido cedo. Preciso construir minhas estatísticas se quero o melhor negócio. Tenho um amigo que foi cedo e seu contrato foi uma droga. Tenho outro que esperou e conseguiu um contrato de dois milhões de dólares.”

“É tudo sobre o dinheiro.”

“Especialmente se você nunca teve isso.” Acrescenta.

Interessante. Talvez Maverick não cresceu bem. Penso no que sei sobre ele e percebo que basicamente não é nada, exceto que é de Magnólia. Olho para o meu rabisco. Não sou rica como Alex, mas estou bem com o dinheiro que Nana me deixou. Sou dona da casa em

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que Skye e eu vivemos e não tenho que trabalhar em tempo integral.

Felizmente, estou na WU com uma bolsa de estudos de arte.

Olho de volta para ele. “Então… por que o grandalhão do campus está sentado na parte de trás do auditório comigo? Não há uma fã de futebol em algum lugar chorando porque você não está ao lado dela?”

“Porque eu posso.” Ele faz uma pausa. “E você não está mais namorando com Alex.”

“O que isso significa?” Não posso acreditar que perguntei, mas algo sobre ele me faz imprudente.

Ele mantém com um olhar firme no rosto. “Apenas uma observação. Você está com ele desde o primeiro ano, e todo mundo achava que vocês eram o casal perfeito.”

“Não achei que você se importasse, sabe, com as gêmeas e tudo mais.”

“Você se lembra da fogueira.” Não é uma pergunta.

“Meio difícil esquecer.”

Seus olhos encontram os meus. “Eu te dei seu primeiro beijo na fogueira. A lenda diz que nunca vai me esquecer.”

Inclino minha cabeça. “Qual é o seu nome mesmo?”

Ele sorri, mas logo uma nuvem parece se fixar na superfície de seu rosto esculpido. “Alex não superou você.”

“Por que diz isso?”

Seus ombros se movem, o movimento quase imperceptível, mas emite uma impressão visceral de poder suprimido.

“Ele é meu companheiro de equipe e vejo como olha para você.

Não ficou feliz em nos ver juntos na segunda-feira, e que foi apenas um incidente acidental. Imagine como reagiria se realmente houvesse algo entre nós.” Seus olhos deslizam para o meu rosto. “Ele provavelmente iria surtar e ficar chateado comigo, e isso definitivamente estragaria o seu jogo, e então puf, lá se vai a nossa chance em um campeonato no ano que vem.” Ele me dá um olhar provocante. “Jogadores são bastante emocionais...”

Torço o nariz. “Independentemente disso ser verdade ou não, faço o que quero.”

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Ele me estuda atentamente. “Então está namorando de novo?”

“Por que se importa, afinal?” Pergunto.

“Ei, Mav, você não vai se sentar com a gente?” É uma garota de aparência elegante, com cabelos escuros e muito batom rosa falando por trás da grade que reveste a parte de trás do auditório. A senhorita Brunette passa o dedo pelo seu ombro, dando-lhe uma carícia suave.

Ela envia um meio sorriso em minha direção, claramente sem se preocupar que eu seja qualquer tipo de competidora. Não retribuo.

Ele olha para ela, mostrando os dentes brancos enquanto sorri, mas isso não soa verdadeiro. Eles conversam sobre a aula, e estou fascinada, observando sua reação a tudo o que ela diz, percebendo o jeito que concorda, o não interesse em seu olhar. Seus olhos encontram os meus enquanto ela tagarela sobre alguma grande festa fora do campus entre as casas da fraternidade, e ele sorri um pouco.

Não está interessado nela e sei disso.

Não sei como sou capaz de ler isso, mas é como se tivéssemos uma conexão e eu o entendesse.

Ela se afasta, o quadril balança enquanto faz outro giro por cima do ombro.

“Você dormiu com ela?” Pergunto casualmente.

Ele encolhe os ombros. “Algumas vezes no ano passado.”

Ah “Você é apenas um playboy, não é?”

“Eu tive relacionamentos.”

Estreito meus olhos para ele, sentindo-me irritada. “Memso?

Qual foi o mais longo?”

Ele sorri. “Namorei uma menina doce no ensino médio por um ano...” Sua voz desaparece. “Então as coisas ficaram confusas e vim para Waylon. O futebol tem sido minha musa desde então.”

“Isso não é, não sei, solitário?”

Ele olha para mim. “Isso é uma entrevista?”

“Não. Nem me importo.” Mentira total. Estou morrendo de vontade de saber mais sobre Maverick.

Uma risada rouca sai dele. “Só sei quando uma garota é para casar e quando não é. Ela não é.”

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“Ah, para casar... entendo.”

“Sim, entende, a única garota que faz seu coração bater como um louco cada vez que entra na sala.” Ele me olha com uma intensidade que me deixa sem fôlego.

Ele quer dizer eu?

Não seja ridícula.

Então o professor entra e começa sua palestra, pego meu iPad para abrir no site da aula e começar a trabalhar.

Tento realmente ignorar o quão perto Maverick está sentado, como sua perna ocasionalmente roça contra a minha... E me lembro que ficar interessada por um jogador de futebol arrogante como o inferno é a última coisa de que preciso agora.

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Maverick

É o mesmo sonho novamente. Tento me livrar disso, mas não adianta.

Talvez o resultado seja diferente dessa vez.

A chuva bate no carro e Def Leppard toca no rádio enquanto meu pai dirige nossa velha van. Minha mãe grita com ele, sua boca se move em câmera lenta, o som sem corpo, como se meu cérebro não quisesse ouvir suas palavras. Olho para minha irmãzinha e enrolo minha mão na dela. Ela está assustada e tenho que protegê-la.

O medo serpenteia pela minha espinha quando a buzina de um caminhão nos atinge enquanto passamos por ele, nossos faróis refletindo em sua grade.

Está chegando.

Meu corpo está tenso... Esperando.

Ao redor dessa curva fechada.

Tenho que pará-lo.

Grito para meu pai diminuir a velocidade.

Grito para minha mãe calar a boca.

Mas nunca falo a tempo.

Há um cervo na estrada, seu rosto marrom se volta para olhar diretamente para os faróis.

Há um som metálico horrível, como uma folha de alumínio envolvendo um pedaço de carne, e depois o silêncio sufocante, cheio de fumaça. Gasolina… Sinto cheiro de gasolina e óleo, e isso me deixa frenético. Tenho dezessete anos, mas já vi filmes, sei que carros explodem. Talvez fosse melhor se isso acontecesse, penso comigo mesmo no meu sonho. Se todos morrêssemos, tudo ficaria bem.

Não, digo. Saia. Viva.

Toco minha pele, sinto o vidro. Sangue cobre meus dedos.

Pendurado no cinto de segurança, de alguma forma luto para me

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libertar e conseguir me arrastar para fora da pilha mutilada. Minha mãe está deitada na calçada, seu corpo torcido como um salgadinho.

Ouço um gemido e encontro Raven, uma boneca quebrada, os olhos fechados quando eu a viro...

Deus, faça parar. Porra!

Eu me forço a acordar, meu corpo suado. Esfrego as mãos pelos meus cabelos e olho para o relógio, respiro pesadamente. São cinco horas da manhã, e não há como voltar a dormir depois daquele pesadelo.

A porta do meu quarto se abre, e é Ryker, um dos meus colegas de quarto e meu melhor amigo. Vivemos em uma suíte em estilo de apartamento em Byrd Hall, também conhecido como dormitório atlético. Ele olha para mim com olhos vermelhos e turvos. “Cara?

Ouvi você se debatendo... Você está bem?”

Esfrego meu rosto uma última vez e saio da cama, desejando que minha frequência cardíaca diminua. “A mesma velha merda.”

“Acidente de carro?” Ele se inclina sobre o batente da porta e me olha com preocupação. Ele é o nosso quarterback, um cara grande com um coração de ouro, e conhece a maldita infância fodida que vivi.

Aceno rapidamente. “Toda vez que fevereiro chega, traz tudo de volta. É como se estivesse no sonho e continuo pensando que posso impedir isso de acontecer, mas nunca consigo.”

Ele balança a cabeça, estudando meu rosto. “Não ajuda que esteja preocupado com Raven. Seu pai precisa se endireitar.”

Um músculo marca minha mandíbula. Só pensar nele faz meu sangue ferver. Ele perdeu seu último emprego como mecânico... de novo.

“Como ela está?” Ele me pergunta.

“O melhor que pode.”

Um suspiro vem dele e sei que tem uma opinião. “Você está se esgotando indo vê-la todas as tardes. Inferno, era meia-noite quando chegou noite passada. Entre a prática e ela… algo tem que ceder.”

Minha boca se comprime. “Não tenho escolha.”

Raven sofreu uma lesão cerebral traumática, também conhecida como TBI, no acidente. Agora, aos dezenove anos, ela arrasta a perna direita e tem problemas de fala, e nem sequer falei

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sobre a perda da capacidade cognitiva e as explosões emocionais. A preocupação me consome quando penso em tudo que ela perdeu.

Tudo que eu perdi.

Ela está ficando com meu pai temporariamente nas últimas semanas desde que a removemos da casa do grupo financiado pelo Estado onde viveu desde o acidente de carro há três anos.

Nunca gostei da casa com seus quartos minúsculos e cheiro de morte, e quando ela apareceu com hematomas inexplicáveis em sua pele há algumas semanas, soube imediatamente que tinha que tirá- la de lá. Tirei e a deixei com meu pai, mas ela precisa de algum lugar além do trailer dele. Precisa de estabilidade, de uma rotina e de uma equipe de enfermagem regular para checá-la todos os dias, não apenas a que sua deficiência ajuda a pagar, e que só vem três dias por semana.

Se eu soubesse do abuso antes de assinar a papelada para não entrar no projeto. Solto uma respiração profunda. Agora é tarde demais e tenho que esperar até o ano que vem.

“Você deveria conversar com o treinador Al, talvez ele possa ajudar.” Ele diz o que sempre diz, mas Ryker não entende. Ninguém entende.

“Ajudar com o que?” Não posso deixar de me irritar com ele. “Ir para o trailer do meu pai e preparar o jantar? Ajudá-la a entrar no banho? Prepará-la para a cama? Cai na real, cara. Eu preciso de dinheiro, e ninguém afiliado ao futebol ou ao Waylon pode fazer isso porque seria uma infração da NCAA. Não posso aceitar nenhuma compensação ou doação, lembra? O treinador nem consegue me comprar uma porra de barra de chocolate. Se eles acham que qualquer tipo de dinheiro ou benefícios mudou de mãos, para qualquer coisa, não terei uma carreira na NFL. Essas são as malditas regras.”

“Regras estúpidas.” Ele murmura. “Se você não fosse um ótimo jogador...”

Sim, me fale sobre isso.

“Estou bem, okay. As coisas vão dar certo.” Digo com uma leveza que não sinto, jogando fora minha preocupação. Mostro a ele meus punhos, ásperos e vermelhos, de bater no saco de pancadas no Carson’s Gym, uma instalação fora do campus em que tenho lutado com exercícios extras. “Trabalho minhas frustrações dessa maneira.”

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Ele balança a cabeça. “Você sempre se esquiva de mim nessa época do ano. Faça-me um favor, transe ou chame essa garota para sair.”

“Que garota?”

Ele me envia o olhar de você está brincando comigo, cara?

“Cara, nem tente fingir.”

Ignoro-o, pego minhas meias na gaveta e coloco enquanto ele me observa como uma galinha mãe.

“Precisamos conversar sobre essa luta, cara. Estou preocupado.” Sua voz abaixa e está sussurrando, e suponho que não quer que a garota em seu quarto ouça.

Paro. Na semana passada, confessei a ele que um dono de cassino, Leslie Brock, estava no ginásio onde treinei e me ofereceu uma taxa fixa se eu incluísse outro jogador de futebol americano universitário em seu cassino. Ninguém jamais saberia, e seria dinheiro suficiente para colocar Raven em algum lugar.

“Se alguém descobrir, isso arruinará sua porra de carreira.

Olhe para Michael Vick, foi preso apenas por financiar um circuito de luta de cachorros.”

Solto um gemido. Nós tivemos essa conversa. “Ninguém irá preso, e Vick estava realizando uma operação de um milhão de dólares com apostas ilegais, além de matar os cães que se recusavam a lutar. Não estou jogando ou matando animais por esporte. Só lutando por dinheiro.”

Dizer isto, é arriscado como o inferno, e não decidi se irei fazer.

Seus lábios achatam. “Você realmente não sabe o que esse cara está planejando. Quem diabos sabe se é mesmo legal? Posso ver isso agora: vestirá um macacão laranja e apertado no traseiro.”

Bufo. “Alguém mais seria minha cadela.”

Ele bufa, deixando escapar um suspiro de frustração. “Ele é dono de um cassino, e essa merda vai explodir as regras da NCAA.”

Paro de me vestir e dou-lhe um longo olhar. Somos amigos desde o primeiro ano de calouros quando nos conhecemos no campo, então agora o conheço há tempo suficiente para ver que precisa ser tranquilizado, assim como faz quando bato nas costas dele e digo que seu braço é de ouro, caralho e que ele vai nos levar para um campeonato no próximo ano.

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Ele pode ser o quarterback, mas sou a cola que mantém nossa defesa juntos, a cola de que ele precisa.

Forço um sorriso, embora sem vontade. “Cara, não vou ser preso. O ano que vem vai ser o nosso ano para um campeonato, e não há nenhuma maneira que eu arrisque isso.”

Exceto quando se trata da minha irmã.

Ele balança a cabeça, a expressão carrancuda, revelando seu rosto todo americano que é geralmente iluminado com um sorriso permanente. “Eu sabia que você tomaria a decisão certa. Sabe que se precisar de algum dinheiro, talvez eu possa ver se um dos meus parentes tem algum dinheiro extra. É um tiro no escuro, mas...”

Meu orgulho levanta a cabeça. Fui o destinatário de muitas esmolas enquanto crescia, e nunca mais quero reviver isso. “Não, estou legal. Vou superar isso.”

“Ryker, onde você foi?” Vem a voz sonolenta da caçadora de jogadores em sua cama.

Arqueio minha sobrancelha para ele, reconhecendo o gemido nasal, mesmo com uma parede entre nós. “Está é Muffin? Sério? Não diga a ela merda alguma. Sua boca é maior que sua bunda.” Paro.

“Pensei que ela estava ficando com Alex?”

Nunca estive com ela, mas metade da equipe ficou. Um pouco intrigado, ela nunca superou o fato de que a entreguei no primeiro ano quando entrou no meu quarto uma noite e tentou se deitar na cama comigo.

Ryker balança a cabeça. “Aparentemente isso foi uma vez só.

Alex provavelmente ainda está apaixonado por você sabe quem.” Ele ergue uma sobrancelha e sei que espera que eu comente sobre Delaney, mas não faço... Não vou comentar. Sim, estou interessado nela, sempre estive, mas ela é a ex do meu companheiro de equipe, e isso é delicado.

“Rykeeerrrrr, preciso de você, homem grande.” Ela grita do outro quarto, sua voz fazendo um som gutural e estranho.

Suprimo uma risada. “Parece que você está sendo requisitado, cara e PSI (para sua informação) ela está procurando por um salário, então ao invés de se preocupar comigo lutando, talvez deva se preocupar com Muffin engravidando de você. Enrole-o quando tocar nela.”

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“Você está apenas tentando mudar de assunto.” Ele murmura.

Acabo de me vestir, então pego meus sapatos e os calço.

Quando estou pronto, coloco meu boné laranja e azul Waylon Wildcats e corro para longe dele na pequena sala que compartilhamos com outros dois jogadores. Uma rápida olhada me diz que suas portas ainda estão fechadas e não os acordei. Bom.

Ele me segue e fica lá olhando, preocupação em seu rosto.

“Aonde você vai?”

“Para uma corrida.” Engulo uma garrafa de Gatorade da geladeira na cozinha.

“Às cinco da manhã? Ainda está escuro, pode ser atropelado.”

Ele tem um olhar obstinado no rosto.

“Vou ficar nas calçadas e com iluminação pública.”

“Pelo menos use calça. Está frio como uma merda lá fora.”

Dou uma risada. “Cara, você tem certeza de que não é uma garota?”

Ele encolhe os ombros. “Apenas me preocupo com você, é tudo.”

“Tchau, mamãe.” Digo sarcasticamente enquanto saio pela porta.

(42)

Delaney

He-Man: Você superou seu ex?

Eu: Por quê?

He-Man: Apenas curioso. Sente falta dele?

Eu: Às vezes. Mas a cada dia fica melhor.

He-Man: Você só tem que ter o seu ritmo de volta. Desafio você a ir à biblioteca e gritar que a Princesa Leia é foda.

Eu: O que? Não!

He-Man: Pensei que não recusasse um desafio.

Eu: Como vai saber se continuei com isso?

He-Man: Oh, estarei assistindo. A que horas devo aparecer?

Eu: Droga. Amanhã às 20:00. Aliás, eu te odeio.

Sorrio, sentindo-me bem quando penso nas mensagens de hoje com He-Man. Estivemos enviando mensagens de texto na última semana, apenas pequenas mensagens aqui e ali. Ele agora sabe que posso cantar todas as palavras de “Baby Got Back”, e sei que ele pode amarrar um cabo de cereja com a língua. Admito, passei algumas horas imaginando isso em minha cabeça na noite passada.

Ele não falou sobre o: ‘eu te desafio a sonhar comigo’, e nem eu.

É domingo à noite quando estaciono meu Prius no Piggly Wiggly local e atravesso o estacionamento. Vim até a segunda mercearia depois do campus, principalmente porque não quero encontrar ninguém que me veja usando calça de yoga e uma camiseta sem maquiagem. Estou prestes a me dar um tapinha nas costas por não ter visto ninguém, mas tudo vai para o inferno quando estou quase chegando à porta e vejo Martha-Muffin com uma de suas amigas da irmandade no caixa de autoatendimento perto da entrada.

Referências

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