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LEGITIMIDADE DO ASSISTENTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA RECORRER

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LEGITIMIDADE DO ASSISTENTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA RECORRER

Fernanda Pereira Costa

O assistente do Ministério Público AGE COM INDEPENDÊNCIA, tendo interesse processual resguardado não somente pela busca de subsídios para demandar na esfera cível visando mover pedidos de indenizações advindas do delito, mas também pela PROCURA DA JUSTIÇA PLENA agindo em conjunto com o Ministério Público OU MESMO ISOLADAMENTE, todas as vezes que este restar inerte nas diligências processuais.

São LEGITIMADOS1 a intervir na ação penal pública como ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO:

⇒ o OFENDIDO – entendendo-se como aquele que efetivamente sofreu, como sujeito passivo do crime, o gravame causado pelo ato típico e antijurídico;

⇒ o REPRESENTANTE LEGAL DO OFENDIDO – quando o ofendido não possuir capacidade para estar em juízo em nome próprio (legitimatio ad processum);

1 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Art. 268. “Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31”.

Art. 31: “No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão”.

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⇒ no caso de morte ou ausência do ofendido o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão .

A HABILITAÇÃO PELO ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO2 só poderá ocorrer a partir do momento em que a relação processual já houver sido instalada, o que se dá com o recebimento da denúncia.

O requerimento para habilitação com assistente da acusação é dirigido ao juiz da causa, podendo ser feito em QUALQUER FASE DO PROCESSO, desde que seja antes de passar em julgado a sentença, recebendo a causa no estado em que ela se encontrar, exceto na hipótese de requerimento em plenário de julgamento no Tribunal do Júri, onde o pedido deverá ser ajuizado com antecedência mínima de 03 (três) dias.

Determina o art. 272 do CPP3 a audiência prévia do Ministério Público sobre a admissão do assistente, devendo tal

2 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Art. 269. “O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em que se achar”.

Art. 270. “O co-réu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério Público”.

Art. 271. “Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts.

584, § 1o, e 598”.

§ 1o “O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo assistente”.

§ 2o “O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamente comprovado”.

3 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Art. 272. “O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do assistente”.

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manifestação ser adstrita à existência ou não dos requisitos legais para o deferimento.

Dentre as ATIVIDADES DO ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO, estão:

⇒ aditar a denúncia - somente no caso de restar patente que o titular da ação penal (MP) não incluiu pessoa sobre a qual incidam indícios suficientes de autoria do delito, ressaltando que se trata de atividade na qual campeiam discussões doutrinárias e jurisprudenciais;

⇒ propor meios de prova – poderá o assistente promover a juntada de documentos, requerer perícias e formular quesitos, requerer acareações, pedir busca e apreensão de coisas e documentos, enfim, produzir qualquer outra medida que seja lícita ao Ministério Público;

⇒ requerer perguntas às testemunhas – é garantido ao assistente requerer perguntas a testemunhas, após tê-lo feito o MP, ou, mesmo, se seu representante optar por não fazê-lo;

⇒ receber intimações – regularmente admitido, o assistente da acusação deverá receber intimações de todos os atos do processo, sob pena de nulidade;

Art. 273. “Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão”.

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⇒ aditar o libelo e os articulados – está o assistente habilitado ao ajustamento do libelo aos termos da pronúncia, protestar pela aplicação de pena mais severa, articular agravantes genéricas bem como qualquer outra circunstância que possa interferir em desfavor do acusado;

⇒ participar dos debates orais – qualquer que seja a natureza do rito, a especialidade do juízo ou qualidade da instância, o assistente poderá se manifestar nos debates orais, competindo-lhe falar após o Ministério Público;

⇒ oferecer contra-razões aos recursos interpostos pelas partes principais ou mesmo INTERPOR RECURSOS NA HIPÓTESE DE AUSÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO NO PRAZO LEGAL – é concedida ao assistente a faculdade de arrazoar os recursos interpostos pelo Parquet bem como de contra- arrazoar os recursos interpostos pela defesa. ACASO O MP NÃO INTERPONHA RECURSO NO PRAZO LEGAL QUANDO CABIA FAZÊ-LO, O ASSISTENTE, OU NO CASO DE AUSÊNCIA DE HABILITAÇÃO ANTERIOR, AS PESSOAS ELENCADAS NO ART. 31 DO CPP, PODERÃO INTERPOR RECURSO NO PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS CONTADOS DO TÉRMINO DO PRAZO DAQUELE.

Com a capacidade postulatória que a lei o reserva, o assistente da acusação muitas vezes serve como norte para resguardar o interesse do Estado nos casos concretos, por ter maior interesse no deslinde daquele processo penal em que milita, auxiliando para que a lei seja plenamente aplicada, não deixando

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assim, arrastar por vários anos e por que não décadas, as lides que sopesam condutas tipificadas como crimes.

Muito se discute acerca da LEGITIMIDADE DO ASSISTENTE DO MP PARA RECORRER da sentença absolutória.

O art. 598 do Código de Processo Civil4 assim preleciona:

Art. 598: “Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença NÃO for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, PODERÁ INTERPOR APELAÇÃO, que não terá, porém, efeito suspensivo”.

O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL já decidiu Habeas Corpus sobre a legitimidade do assistente donde decidiu:

“HABEAS CORPUS. LEGITIMIDADE DO ASSISTENTE PARA RECORRER DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA, DESDE QUE NÃO FAÇA O

4 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL:

Art. 598. “Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no pra zo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo”.

Parágrafo único. “O prazo para interposição desse recurso será de 15 (quinze) dias e correrá do dia em que terminar o do Ministério Público”.

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ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. CÓDIGO PENAL, ART. 598. Recurso do assistente provido para condenar-se o paciente a um ano e seis meses de detenção pelos crimes de homicídio culposo e lesões corporais culposas, decretando- se, entretanto, desde logo, a extinção da punibilidade pela prescrição, em fase da pena concretizada do acórdão e diante da orientação do STF, anteriormente a lei 6416/1977, quando o evento aconteceu. Alegação de ilegitimidade do assistente, apenas de vítimas de lesões corporais, para pleitear condenação, também, pelo delito de homicídio culposo. Extinta a punibilidade pela prescrição da ação penal, matéria não impugnada, força e reconhece que nenhum interesse remanesce, para o paciente, que não impugna sua condenação, ao menos, pelo crime de lesões corporais. Habeas Corpus que não se conhece.”(Votação unânime, tendo resultado não conhecido. Relator: Ministro Neri da Silveira. Julgamento da primeira turma. Processo: HC- 62664; Habeas Corpus. Publicação: Diário da Justiça de 10-05-85, pg. 06851. Data do julgamento: 22/03/1985.

Fonte: Home Page do Supremo Tribunal Federal.)

Em outros julgamentos, o STF decidiu da seguinte forma:

“NÃO TENDO O MINISTÉRIO PÚBLICO APELADO, TEM INTERESSE LEGÍVEL, PARA FAZÊ-LO, O ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO, a fim

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de obter o agravamento da pena. Precedentes do Supremo Tribunal. Iniciativa concorrente do Ministério Público para a ação penal regida pela lei nº 4.611-65. Inexistência de cerceamento de defesa de nulidade de sentença, bem como de irregularidade de intimação para o julgamento da apelação. Pedido deferido, em parte, para correção de erro aritmético no cálculo da pena.”

(Votação: unânime. Resultado: conhecimento e deferimento em parte. Relator: Ministro Octávio Gallotti.

Processo: HC-66754; Habeas Corpus. Julgamento: 1ª turma no dia 18/11/1988. Publicação: Diário da Justiça do dia 16/12/1988, página 33.514. Fonte: Home Page do Supremo Tribunal Federal.)

_______________________________________________

“EMENTA: AÇÃO PENAL PÚBLICA:

TITULARIDADE PRIVATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO (CF, ART. 129, I): COMPATIBILIDADE COM O ART. 598 C. PR. PEN., QUE LEGITIMA O OFENDIDO OU SEU SUCESSOR (CPP, ART. 31) PARA APELAR, QUANDO NÃO O TENHA FEITO O MINISTÉRIO PÚBLICO. O direito de recorrer, que nasce no processo - embora condicionado ao exercício e instrumentalmente conexo ao direito de ação, que preexiste ao processo - a ele não se pode reduzir, sem abstração das diferenças substanciais que os distinguem. Em si mesma, a titularidade privativa da ação penal pública, deferida pela Constituição ao Ministério Público, veda que o poder de iniciativa do

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processo de ação penal pública se configura a outrem, mas nada antecipa sobre a outorga ou não de outros direitos e poderes processuais a terceiros no desenvolvimento da conseqüente relação processual. Ao contrario, a legitimidade questionada para a apelação supletiva, nos quadros do Direito Processual vigente, se harmoniza, na Constituição, não apenas com a garantia da ação privada subsidiaria, na hipótese de inércia do Ministério Público (CF, art. 5., LIX), mas também, e principalmente, com a do contraditorio e da ampla defesa e a do devido processo legal, dadas as repercussões que, uma vez proposta a ação penal pública, a sentença absolutoria podera acarretar,

"secundum eventum litis", para interesses proprios do ofendido ou de seus sucessores (C. Pr. Pen., arts. 65 e 66; C. Civ., art. 160). [HC 68413 / DF - DISTRITO FEDERAL; Relator(a): Min.

SEPÚLVEDA PERTENCE; Julgamento: 22/05/1991;

Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO; Publicação: DJ 18- 10-1991].

Entrementes, a Corte Suprema já SUMULOU SOBRE A POSSIBILIDADE E LEGITIMIDADE DO ASSISTENTE RECORRER, como poderemos ver no entendimento da Súmula 210 de 16/12/1963:

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“O assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos artigos 584, parágrafo § 1°5 e 598 do Código de Processo Penal”. (Fonte: Home Page do STF).

Destarte, o assistente do Ministério Público é LEGÍTIMO para recorrer, mesmo quando o MP não interpõe recurso contra a sentença absolutória.

junho 2.006.

Fernanda Pereira Costa

RKL ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA SC

5 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Art. 584. “Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581”.

§ 1o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art.

581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598.

Art. 596. “A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente em liberdade”.

Art. 581. “Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença”:

Omissis...

VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;

Omissis...

XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;

Omissis...

XVII - que decidir sobre a unificação de penas;

Omissis...

XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.

Omissis...

Referências

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