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Teologia Sistemática I: Deus, Soteriologia, Pneumatologia

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Academic year: 2022

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Indaial – 2021

T eologia S iSTemáTica i:

D euS , S oTeriologia , P neumaTologia

Prof. Marcelo Martins

2a Edição

(2)

Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:

Prof. Marcelo Martins

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

M386t

Martins, Marcelo

Teologia sistemática I: Deus, soteriologia, pneumatologia. / Marcelo Martins – Indaial: UNIASSELVI, 2021.

174 p.; il.

ISBN 978-65-5663-698-6 ISBN Digital 978-65-5663-694-8

1. Autoexistência de Deus. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 230

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a PreSenTação

Caro acadêmico! É com grande expectativa e entusiasmo que apresentamos a você o livro didático da disciplina Teologia Sistemática I:

Deus, Soteriologia, Pneumatologia.

O livro foi desenvolvido com muito estudo e dedicação para apresentar as orientações teóricas e recursos que servirão como base para conduzi-lo ao conhecimento acerca das questões e debates que envolvem a pessoa de Deus, da Salvação e do Espírito Santo.

Na Unidade 1, iniciamos pela Teologia (Doutrina de Deus), como, normalmente, faz a maioria das Teologias Sistemáticas. O primeiro assunto abordado será a autoexistência de Deus. Na sequência, são destacados alguns argumentos teístas acerca da existência de Deus. São apresentados argumentos que, normalmente, são citados a respeito da temática, o argumento cosmológico, o argumento teleológico, o argumento antropológico, o argumento ontológico e o argumento moral. Estes apresentam alguns pontos importantes que contribuem para o pensamento a respeito da existência do Criador. Em seguida, será abordado o oposto dos argumentos teístas, isto é, algumas teorias antiteístas, como o ateísmo, o agnosticismo, o materialismo, o evolucionismo, o panteísmo, o politeísmo, o deísmo, o dualismo, o monismo e o positivismo.

Na Unidade 2, a temática é sobre a doutrina da Salvação – Soteriologia.

O estudo a respeito da salvação abrange uma variedade muito grande de subtemas. Por isso, fez-se necessário delimitar alguns aspectos no nosso material, tendo em vista a disponibilidade de espaço e buscando fornecer a você, acadêmico, um conhecimento que proporcione aqueles conceitos elementares para grandes aprofundamentos do assunto. Nosso propósito caminhou na direção que aponta para a salvação baseada naquilo que as Escrituras Sagradas ensinam, que perdura desde os primeiros séculos da igreja, e trata da transformação na vida da pessoa desde a conversão até a glorificação. Assim, inicialmente, apresentaremos, a necessidade da salvação e a provisão para a salvação vinda da parte de Deus. Depois, serão aprofundados alguns termos teológicos específicos relacionados à salvação.

Na Unidade 3, o nosso foco irá se concentrar no aspecto relacionado ao Espírito Santo. No estudo da teologia, a doutrina bíblica do Espírito Santo é conhecida como “Pneumatologia”, termo que procede de três palavras gregas: pneuma – espírito; hagios – santo; e logia – estudo. O estudo da Pneumatologia também é chamado de Paracletologia. Este termo é a junção de duas palavras gregas: paracleto (intercessor, advogado, conselheiro de defesa, assistente legal) + logia (estudo, doutrina). Paracletos é um termo

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Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

NOTA

usado nas Escrituras Sagradas para se referir ao Espírito Santo. No decorrer desta Unidade, olharemos para três aspectos mais específicos a respeito da doutrina do Espírito Santo: 1. A natureza do Espírito Santo, 2. O Espírito Santo nas Escrituras, e 3. A obra do Espírito Santo.

Prezado acadêmico, desejamos que, por meio deste material você possa desenvolver-se nos seus estudos teológicos, e de maneira especial nos temas aqui abordados!

Prof. Marcelo Martins

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Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá

contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!

LEMBRETE

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S umário

UNIDADE 1 — DOUTRINA DE DEUS – TEOLOGIA ... 1

TÓPICO 1 — A EXISTÊNCIA DE DEUS ... 3

1 INTRODUÇÃO ... 3

2 QUEM É DEUS? ... 4

2.1 DEUS É AUTOEXISTENTE ...6

2.2 DEUS É ESPÍRITO ...8

3 ARGUMENTOS TEÍSTAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS ... 9

3.1 ARGUMENTO COSMOLÓGICO...10

3.2 ARGUMENTO TELEOLÓGICO ...10

3.3 ARGUMENTO ANTROPOLÓGICO ...11

3.4 ARGUMENTO ONTOLÓGICO ...12

3.5 ARGUMENTO MORAL ...13

4 TEORIAS ANTITEÍSTAS ... 13

4.1 ATEÍSMO ...14

4.2 AGNOSTICISMO ...14

4.3 MATERIALISMO ... 15

4.4 EVOLUCIONISMO ... 15

4.5 PANTEÍSMO ...16

4.6 POLITEÍSMO ...16

4.7 DEÍSMO ...17

4.8 DUALISMO ...17

4.9 MONISMO ...18

4.10 POSITIVISMO ...18

RESUMO DO TÓPICO 1... 19

AUTOATIVIDADE ... 20

TÓPICO 2 — OS ATRIBUTOS E OS NOMES DE DEUS ... 23

1 INTRODUÇÃO ... 23

2 OS ATRIBUTOS TRANSCENDENTES (NATURAIS) DE DEUS ... 23

2.1 SIMPLICIDADE ... 25

2.2 IMENSIDADE ...26

2.3 ETERNIDADE ...26

2.4 IMUTABILIDADE ...27

2.5 ONIPOTÊNCIA...28

2.6 ONISCIÊNCIA ...28

2.7 ONIPRESENÇA ... 29

3 OS ATRIBUTOS IMANENTES (MORAIS) DE DEUS ... 30

3.1 SANTIDADE ...30

3.2 RETIDÃO E JUSTIÇA ...31

3.3 AMOR ...32

3.4 SABEDORIA ...33

3.5 VERDADE ...34

(8)

4 OS NOMES DE DEUS ... 34

4.1 OS NOMES DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO ... 35

4.1.1 Elohim ... 35

4.1.2 Jeová ... 35

4.1.3 El ...37

4.1.4 Adonai ...37

4.2 OS NOMES DE DEUS NO NOVO TESTAMENTO ...38

4.2.1 Deus – θεός ...38

4.2.2 Senhor κύριος ...38

4.2.3 Pai – πατήρ ... 39

RESUMO DO TÓPICO 2... 40

AUTOATIVIDADE ... 41

TÓPICO 3 — UNIDADE E TRINDADE DIVINAS E OS DECRETOS DE DEUS ... 43

1 INTRODUÇÃO ... 43

2 A UNIDADE E TRINDADE DIVINA ... 43

2.1 A UNIDADE DE DEUS ...44

3 A TRINDADE DIVINA ... 45

3.1 A PERSONALIDADE DE DEUS E A TRINDADE ...47

3.2 A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO ...48

3.3 A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO ... 49

4 OS DECRETOS DE DEUS ... 50

4.1 CARACTERÍSTICAS DOS DECRETOS DE DEUS ... 51

4.2 CONHECENDO OS DECRETOS DE DEUS ... 52

4.2.1 A Criação de Deus ... 52

4.2.2 A providência de Deus ... 53

4.2.3 A redenção ... 53

LEITURA COMPLEMENTAR ... 55

RESUMO DO TÓPICO 3... 57

AUTOATIVIDADE ... 58

REFERÊNCIAS ... 61

UNIDADE 2 — DOUTRINA DA SALVAÇÃO – SOTERIOLOGIA ... 63

TÓPICO 1 — A NECESSIDADE E A PROVISÃO PARA A SALVAÇÃO ... 65

1 INTRODUÇÃO ... 65

2 A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO ... 66

2.1 A QUEDA DO SER HUMANO ...66

2.2 OS RESULTADOS DA QUEDA ...67

3 A PROVISÃO PARA A SALVAÇÃO ... 70

3.1 O SALVADOR PROMETIDO ...71

3.2 A OBRA DE JESUS CRISTO – A REDENÇÃO PROVIDENCIADA ...72

3.2.1 A vida de Jesus Cristo ...72

3.2.2 A morte de Jesus Cristo ...74

3.3.3 A ressurreição de Jesus Cristo ...76

RESUMO DO TÓPICO 1... 78

AUTOATIVIDADE ... 79

TÓPICO 2 — OS TERMOS TEOLÓGICOS DA SALVAÇÃO (PARTE 1) ... 81

1 INTRODUÇÃO ... 81

2 JUSTIFICAÇÃO ... 82

(9)

3 REGENERAÇÃO ... 84

4 ARREPENDIMENTO ... 87

5 FÉ ... 89

6 BREVE DEFINIÇÕES DOS TERMOS TEOLÓGICOS ... 92

RESUMO DO TÓPICO 2... 94

AUTOATIVIDADE ... 95

TÓPICO 3 — OS TERMOS TEOLÓGICOS DA SALVAÇÃO (PARTE 2) ... 97

1 INTRODUÇÃO ... 97

2 RECONCILIAÇÃO ... 98

3 ADOÇÃO ... 100

3.1 OS DIREITOS DO FILHO ADOTADO ...101

3.2 OS BENEFÍCIOS DA ADOÇÃO ...101

4 SANTIFICAÇÃO ... 102

5 GLORIFICAÇÃO ... 106

LEITURA COMPLEMENTAR ... 110

RESUMO DO TÓPICO 3... 114

AUTOATIVIDADE ... 115

REFERÊNCIAS ... 117

UNIDADE 3 — DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO – PNEUMATOLOGIA ... 119

TÓPICO 1 — A NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO ... 121

1 INTRODUÇÃO ... 121

2 O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA ... 122

2.1 O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA PORQUE MANIFESTA TODAS AS CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE ...123

2.2 A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO É PROVADA POR AQUILO QUE ELE REALIZA... 125

2.3 A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO É REVELADA PELO TRATAMENTO QUE O SER HUMANO LHE DISPENSA ...127

2.4 A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO É AFIRMADA PELO USO DE PRONOMES PESSOAIS ...128

3 O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA DIVINA ... 128

3.1 O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA DIVINA, POIS POSSUI OS ATRIBUTOS DA DIVINDADE. ... 129

3.2 OS ATOS DO ESPÍRITO SANTO ATESTAM A DIVINDADE DELE ...131

3.3 A LIGAÇÃO DO NOME DO ESPÍRITO SANTO AO NOME DE DEUS APONTA PARA A SUA DIVINDADE ...133

3.4 O ESPÍRITO SANTO É CHAMADO PELO NOME DE DEUS ...133

4 OS NOMES ATRIBUÍDOS AO ESPÍRITO SANTO ... 134

RESUMO DO TÓPICO 1... 136

AUTOATIVIDADE ... 137

TÓPICO 2 — O ESPÍRITO SANTO NAS ESCRITURAS ... 139

1 INTRODUÇÃO ... 139

2 O ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO ... 139

2.1 NA CRIAÇÃO ...140

2.2 NA HISTÓRIA DO POVO DE ISRAEL ...141

2.3 NA VIDA DOS PROFETAS ...141

(10)

3 O ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO ... 142

3.1 NOS EVANGELHOS ...143

3.2 NO LIVRO DE ATOS DOS APÓSTOLOS ...143

3.3 NAS EPÍSTOLAS DO NOVO TESTAMENTO ...144

4 TIPOS E SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO NAS ESCRITURAS ... 145

4.1 ÓLEO ... 145

4.2 ÁGUA ...146

4.3 FOGO ...146

4.4 VENTO ...147

4.5 POMBA...148

4.6 PENHOR ...148

4.7 SELO ... 149

RESUMO DO TÓPICO 2... 150

AUTOATIVIDADE ... 151

TÓPICO 3 — A OBRA DO ESPÍRITO SANTO ... 153

1 INTRODUÇÃO ... 153

2 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO AO UNIVERSO MATERIAL ... 153

2.1 A CRIAÇÃO ... 154

2.2 A PRESERVAÇÃO DA CRIAÇÃO ... 154

3 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO AO MUNDO ... 155

3.1 TESTIFICA ... 155

3.2 CONVENCE ... 156

4 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO AOS QUE CREEM ... 157

4.1 REGENERA ... 157

4.2 HABITA ... 158

4.3 BATIZA NO CORPO DE CRISTO ...160

4.4 ENCHE ...160

4.5 CAPACITA PARA O MINISTÉRIO ...161

4.6 POSSIBILITA FORMAS DE COMUNHÃO COM DEUS ...162

4.7 PRODUZ O FRUTO DAS GRAÇAS CRISTÃS ...163

4.8 VIVIFICA O CORPO DOS QUE CREEM ...163

5 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO A JESUS CRISTO E ÀS ESCRITURAS...164

5.1 JESUS FOI CONCEBIDO PELO ESPÍRITO SANTO...164

5.2 JESUS FOI GUIADO PELO ESPÍRITO ...164

5.3 JESUS FOI RESSUSCITADO PELO PODER DO ESPÍRITO ... 165

5.4 A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NAS ESCRITURAS ... 165

LEITURA COMPLEMENTAR ... 167

RESUMO DO TÓPICO 3... 171

AUTOATIVIDADE ... 172

REFERÊNCIAS ... 173

(11)

UNIDADE 1 —

DOUTRINA DE DEUS – TEOLOGIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer os princípios elementares da existência de Deus;

• compreender a respeito da personalidade de Deus por meio de atributos e nomes;

• distinguir os aspectos principais da Unidade e Trindade divinas nas várias manifestações;

• entender os decretos soberanos de Deus, na perspectiva do plano redentor da humanidade.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – A EXISTÊNCIA DE DEUS

TÓPICO 2 – OS ATRIBUTOS E OS NOMES DE DEUS

TÓPICO 3 – UNIDADE E TRINDADE DIVINAS E OS DECRETOS DE DEUS

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

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TÓPICO 1 —

UNIDADE 1

A EXISTÊNCIA DE DEUS

1 INTRODUÇÃO

Iniciamos os nossos estudos a respeito da Doutrina de Deus – Teologia.

Certamente, é um privilégio e, ao mesmo tempo, desafiador caminhar nessa direção. O profeta Oseías expressou isso da seguinte forma: “Então, conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Oséias 6:3). O estudo da Teologia, sem dúvida, envolve a questão da fé, mas, também, a razão, e o contexto acadêmico é essencial para nos aprofundarmos em tudo aquilo que já foi escrito, ensinado e pesquisado.

A Teologia se ramifica em várias áreas que abordam e enfocam aspectos específicos, por exemplo:

• A Teologia exegética tem, como foco, o estudo do texto sagrado, por isso, faz uso do estudo das línguas (Hebraico, Aramaico, Grego), da Arqueologia, da Hermenêutica e da Interpretação Bíblica.

• A Teologia Prática tem, como foco, a aplicação dos conteúdos bíblicos e teológicos na vida cristã (prática). Envolve o estudo da Liturgia, da Homilética, do Ministério Pastoral, do Aconselhamento, da Diaconia etc.

• A Teologia Histórica busca, por meio dos estudos históricos (especialmente, bíblicos), conhecer a origem e o desenvolvimento do povo de Israel e da igreja cristã, por isso, abrange a História Bíblica, a História de Israel, a História de Missões e a História da Doutrina.

• A Teologia Bíblica focaliza a Teologia do Antigo e do Novo Testamentos.

Dá atenção especial aos ensinamentos dos autores individuais, às seções da Escritura e ao lugar que cada ensino ocupa no desenvolvimento histórico.

• A Teologia Sistemática, também chamada de Teologia Dogmática, é a sistematização e a defesa das doutrinas expressas da Teologia e da igreja. Focaliza no ensino das passagens bíblicas de um determinado assunto e o sistematiza.

Nos nossos estudos, que, agora, começamos – Teologia Sistemática I –, nós iniciaremos pela Teologia – Doutrina de Deus –, como, normalmente, faz a maioria das Teologias Sistemáticas, e trabalharemos, primeiramente, o assunto da autoexistência de Deus.

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UNIDADE 1 — DOUTRINA DE DEUS – TEOLOGIA

Neste primeiro tópico, a existência de Deus, abordaremos a seguinte pergunta: quem é Deus? Essa é uma questão que, desde os tempos antigos, permeia o coração e o pensamento do ser humano. Nesse sentido, serão abordados dois aspectos relevantes: a autoexistência de Deus, e o fato de Deus ser Espírito.

Na sequência, serão destacados alguns argumentos teístas acerca da existência de Deus. Serão apresentados argumentos que, normalmente, são citados a respeito da temática, como o argumento cosmológico, o argumento teleológico, o argumento antropológico, o argumento ontológico e o argumento moral. Estes apresentam alguns pontos importantes que contribuem para o pensamento a respeito da existência do Criador.

Em um terceiro momento, será abordado o oposto dos argumentos teístas, isto é, algumas teorias antiteístas, como o ateísmo, o agnosticismo, o materialismo, o evolucionismo, o panteísmo, o politeísmo, o deísmo, o dualismo, o monismo e o positivismo.

A Doutrina de Deus, algumas vezes, é chamada de Teontologia. Esse termo é a união de três palavras gregas: théos (Deus) + ontos (ser) + logos (palavra, discurso), isto é, o discurso ou o estudo do ser de Deus.

NOTA

2 QUEM É DEUS?

O conhecimento de Deus tem sido o motivo e a busca do ser humano desde os tempos mais remotos. O anseio pela “descoberta” e pela intimidade com o Criador é notório nos quatro cantos da face da Terra. Por isso, faz-se necessário buscar informações a respeito de quem é Deus.

Esta é uma pergunta – quem é Deus? – que sempre surge quando se adentra no estudo da Teologia. A resposta para o questionamento, baseado nas Teologias Bíblica e Sistemática, é que o ser humano, por si só, não consegue chegar ao conhecimento do Criador. Observe a seguinte pergunta: “Deus é o ser Infinito.

Em certo sentido, Ele é incompreensível. Como podem seres finitos compreender o Deus Infinito, ilimitado?” (INTERSABERES, 2014, p. 104). Portanto, aprouve a Deus se revelar ao ser humano (Hebreus 1:1-3; João 1:18). “Embora o homem, sem ajuda, não possa vir a conhecer o Deus Infinito, fica claro que Deus se revelou e pode ser conhecido até o ponto que chegou a autorrevelação” (INTERSABERES, 2014, p. 105). Portanto, Deus se revelou (manifestou) ao ser humano e pode ser conhecido dentro daquilo que tem se revelado.

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TÓPICO 1 — A EXISTÊNCIA DE DEUS

João Calvino, na obra As Institutas da Religião Cristã, destaca um aspecto muito importante do conhecimento revelacional de Deus, quando afirma que, por outro lado, é notório que o homem jamais chega ao puro conhecimento de si mesmo até que haja, antes, contemplado a face de Deus, e, da visão dEle, desça a se examinar. Prossegue, dizendo:

Assim também se dá ao estimarmos nossos recursos espirituais. Pois, por tanto tempo quanto não lançamos a vista além da terra, muito fantasiosamente, lisonjeamo-nos a nós mesmos, todos satisfeitos com a nossa própria justiça, sabedoria e virtude, e nos imaginamos pouco menos que semideuses. Mas, se, pelo menos, uma vez começamos a elevar o pensamento para Deus e a ponderar quem é Ele, e quão completa a perfeição da sua justiça, sabedoria e poder, cujo parâmetro nos importa nos conformar, aquilo que, antes, em nós, sorria sob a aparência ilusória de justiça, logo, como plena iniquidade, se enxovalhará; aquilo que, mirificamente, impunha-se sob o título de sabedoria, exalará como extremada estultícia; aquilo que se mascarava de poder, arguir-se-á ser a mais deplorável fraqueza (CALVINO, p. 49 apud GONÇALVES, 2014, s.p.).

Assim, conforme o pensamento de Calvino (apud GONÇALVES, 2014), o conhecimento de quem é Deus coopera para o conhecimento do próprio ser humano, e mais: teologicamente falando, pode-se dizer que esse conhecimento traz transformações na vida daquele que está exposto e mais perto do divino.

Muitas respostas têm sido dadas para a pergunta em questão: quem é Deus?

Mencionaremos uma das respostas que, de certa forma, traduz o pensamento dos cristãos. O Catecismo Maior de Westminster (1643-1648), na pergunta: Que é Deus?, traz a seguinte resposta:

Deus é um espírito, em Si e por Si, mesmo infinito em Seu ser, glória, bem-aventurança e perfeição; Todo-Suficiente, eterno, imutável, incompreensível, onipresente, Todo Poderoso, onisciente;

sapientíssimo, justíssimo, misericordioso e cheio de graça, longânime e pleno de verdade (Trindade. Capítulo 2, seção I). Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito no seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo e terrível nos seus juízos, pois odeia todo o pecado; de modo algum, terá, por inocente, o culpado (WESTMINSTER, 2005, p. 27).

Esse catecismo sintetiza, para nós, muitas coisas que, no decorrer da história, já foram estudadas, pesquisadas, e porque não dizer “experimentadas”, a respeito de Deus. Apresenta vários aspectos da pessoa de Deus, do seu caráter, do seu Ser, dos seus planos, da sua vontade, e dos seus desígnios. O conhecimento dos aspectos da pessoa de Deus pode conduzir a um caminho que Calvino descreve:

(16)

UNIDADE 1 — DOUTRINA DE DEUS – TEOLOGIA

Portanto, o conhecimento de Deus que, na Escritura, nos é proposto, não visa a um outro escopo, a não ser àquele que refulge gravado nas criaturas, isto é, convida-nos, em primeiro lugar, ao temor de Deus;

em seguida, à confiança nEle, para que, na verdade, aprendamos a cultuá-lo não só com perfeita inocência de vida, mas, ainda, com obediência não fingida, e, então, a dependermos totalmente da sua bondade (CALVINO, p. 95 apud GONÇALVES, 2014, s.p.).

Com relação ao que já foi exposto, destacaremos, na sequência, dois aspectos primordiais a respeito da existência de Deus: a autoexistência de Deus e Deus é Espírito.

Você pode ler As Institutas da Religião Cristã por meio do seguinte link: https://

drive.google.com/file/d/1Wd86Ogpyr-Asymkm6G0TSCibjIrJz23W/view. Confira e aproveite!

DICAS

2.1 DEUS É AUTOEXISTENTE

Na sua essência, Deus é um Ser singular, isto é, não existe outro como Ele, a começar pela sua autoexistência. Todas as demais criaturas que fazem parte da criação foram criadas, ou seja, tiveram um momento em que vieram pela existência por meio de alguém ou algo fora delas. Com Deus, isso é diferente, pois Ele autoexiste. A autoexistência de Deus é, às vezes, chamada de “independência ou asseidade – das palavras latinas a se, que significam ‘por si mesmo’”. “Com respeito à existência de Deus, essa doutrina também nos recorda que somente Deus existe em virtude da própria natureza e que Ele nunca foi criado e nunca veio a existência” (GRUDEM, 1999, p. 71).

“A existência de Deus é uma premissa fundamental das Escrituras que não tecem argumentos para afirmá-la ou comprová-la” (BANCROFT, 1992, p. 19).

No evangelho de João 5:26, é dito: “Porque assim como o pai tem vida em si mesmo, também concedeu, ao Filho, ter vida em si mesmo”, ou seja, a autoexistência de Deus está implícita nas expressões “o pai tem vida em si mesmo”, e “ao Filho, ter vida em si mesmo”.

A pressuposição da teologia cristã é um tipo muito definido. A suposição não é apenas de que há alguma coisa, alguma ideia ou ideal, algum poder ou tendência com propósito, a que se possa aplicar o nome de Deus, mas que há um ser pessoal autoconsciente, autoexistente, que é a origem de todas as coisas e que transcende a criação inteira, mas, ao mesmo tempo, é imanente em cada parte da

(17)

TÓPICO 1 — A EXISTÊNCIA DE DEUS

A autoexistência de Deus“não significa apenas que nós existimos e que Deus sempre existiu, mas, também, que Deus existe, necessariamente, de modo infinitamente melhor, mais forte e mais excelente” (GRUDEM, 1999, p. 71). “Às vezes, essa ideia é expressa, dizendo-se que Ele é a causa sui (a Sua própria causa), mas não se pode considerar exata essa expressão, desde que Deus é o não causado, que existe pela necessidade do Seu próprio Ser e, portanto, necessariamente”

(BERKHOF, 1990, p. 45).

Thiessen (1987) enumera, na sua Teologia Sistemática, três argumentos a favor da existência de Deus:

1- A crença na existência de Deus é intuitiva. Baseado no texto de Romanos 1:19-21.

A história mostra que o elemento religioso da nossa natureza é tão universal quanto o racional ou social. De certa forma, essa crença é necessária e intuitiva.

2- A existência de Deus é assumida pelas Escrituras. As Escrituras atestam a existência de Deus do primeiro ao último versículo, mas não se preocupam em prová-la, pois já partem dessa premissa.

3- A crença na existência de Deus é corroborada por argumentos. Cosmológico, Teleológico, Antropológico, Ontológico, Moral (que, posteriormente, serão analisados).

Já Chafer (2003) cita quatro fontes de conhecimento de Deus:

a) Intuição: uma intuição é a confiança ou a crença que flui, imediatamente, da constituição da mente.

b) Tradição: aquilo que é remoto, ou seja, as impressões mais antigas da raça, e aquilo que está presente, isto é, o ensino que é passado aos filhos.

c) Razão: a capacidade que o ser humano tem (relacionada à razão e ao pensamento).

d) Revelação: ato de Deus através das coisas criadas, por intermédio da manifestação de si mesmo por Jesus Cristo, e através das Escrituras Sagradas.

Entretanto, é necessário lembrar que “o cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé, mas essa fé não é uma fé cega, mas uma fé baseada em provas, e as provas se acham, primariamente, na Escritura, como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza”

(BERKHOF, 1990, p. 23).

“O cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé, mas essa fé não é uma fé cega, mas uma fé baseada em provas, e as provas se acham, primariamente, na Escritura, como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza” (BERKHOF, 1990, p. 16).

NOTA

(18)

UNIDADE 1 — DOUTRINA DE DEUS – TEOLOGIA

2.2 DEUS É ESPÍRITO

A afirmação bíblica de João 4:24 é enfática: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”. O contexto da conversa de Jesus Cristo com a mulher samaritana era a respeito da adoração (local de adoração). Na sua fala, dirigida à mulher samaritana, Jesus deixa claro, não somente, o tipo de adoração que o Deus quer, mas, também, quem Deus é – Espírito. Nota-se a ausência do artigo, isso quer dizer que Deus é espiritual na sua natureza, ou seja, no seu ser essencial, Deus é espiritual.

Conforme Thiessen (1987), Deus é imaterial e incorpóreo, é invisível, é vivo, e é um Ser pessoal, pois tem a essência da personalidade, que é autoconsciência e autodeterminação. “Pelo ensino da espiritualidade de Deus, a teologia salienta o fato de que Deus tem um Ser substancial exclusivamente Seu e distinto do mundo, e que esse Ser substancial é imaterial, invisível, e sem composição nem extensão” (BERKHOF, 1990, p. 51).

O fato de Deus ser Espírito esclarece diversos questionamentos do ser humano. Por exemplo, “Deus, porém, sendo Espírito, não pertence à categoria da matéria e, portanto, não pode ser descoberto por investigações meramente naturais ou materiais” (BANCROFT, 1992, p. 19). Novamente, entra, aqui, o elemento “fé” para o conhecimento de Deus, pois, como é possível seres materiais, finitos, corpóreos, limitados investigarem Aquele que é Espírito, Infinito, Invisível, Eterno?

Wayne Grudem, no Manual de Teologia Sistemática, discute a questão exposta, e faz uma colocação interessante de ser observada:

Fora da verdadeira religião encontrada na Bíblia, nenhum sistema de religião tem um Deus que é tanto infinito quanto pessoal. Por exemplo, os deuses das mitologias grega e romana eram pessoais (eles interagiam, muitas vezes, com as pessoas), mas não eram infinitos: possuíam fraquezas e falhas morais frequentes e até rivalidades banais. Em contraposição, o deísmo apresenta um Deus que é infinito, mas removido para muito longe do mundo, para estar pessoalmente envolvido com ele.

De modo semelhante, o panteísmo sustenta que Deus é infinito (visto que o universo todo é considerado como sendo Deus), mas tal Deus não pode, certamente, ser pessoal, nem se relacionar conosco, como pessoas (GRUDEM, 1999, p. 781).

De certa forma, corroborando com esse pensamento acerca de Deus, Josadak Lima afirma que Deus é um ser (LIMA, 2009):

I- Ele é pessoal: inteligente, tem emoções e vontade.

II- Ele é invisível: é invisível, porque é Espírito. Contudo, Deus não está oculto apenas ao olho físico, mas, também, à percepção do espírito humano. Deus é um Ser desprovido de partes físicas, como carne, ossos, sangue. Por isso, Ele jamais foi visto ou contemplado a olho nu.

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TÓPICO 1 — A EXISTÊNCIA DE DEUS

III- Ele é vivo e ativo: é o singular Criador do universo, edificador dos mundos, defensor dos pobres e libertador dos oprimidos.

Com isso, “Deus é algo mais do que uma condição de existência, como o espaço ou o tempo. Ele não só existe, mas também age. Ele é agente, Ator, Ser vivo e o Espírito da Vida” (DR. FARR apud BANCROFT, 1992, p. 26). Dessa forma, “[...]

verifica-se que Deus, na qualidade de Espírito, deve ser apreendido não pelos sentidos do corpo, mas, antes, pelas faculdades da alma, vivificadas e iluminadas pelo Espírito Santo (1 Co 2.14; Cl.1.15-17)” (BANCROFT, 1992, p. 27).

Uma observação, também importante na compreensão desse ponto, foi destacada por Grudem (1999, p. 86), “portanto, é correto dizer que, embora a essência total de Deus nunca possa ser vista por nós, no entanto, Deus ainda nos mostra alguma coisa de si mesmo por meio das coisas criadas, visíveis e, especialmente, na pessoa de Cristo”.

3 ARGUMENTOS TEÍSTAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

Não encontramos, nas Escrituras Sagradas, uma preocupação em tecer argumentos da existência de Deus, nem provar ou tentar argumentar a respeito disso, pelo fato que elas já partem dessa certeza. Não obstante, há argumentos que são levantados e corroboram a respeito da existência e do conhecimento de Deus. Agora, observaremos, mais de perto, alguns desses argumentos. Thiessen nos recorda de algo bem importante quando partimos para tal direção:

Ao nos aproximarmos do estudo desses argumentos, precisamos, entretanto, ter o seguinte em mente: (a) não são provas independentes da existência de Deus, mas, antes, corroborações e exposições da nossa convicção inata da Sua existência; (b) como Deus é um Espírito, não devemos insistir no mesmo tipo de prova que exigimos para a existência de coisas materiais, mas apenas na evidência que seja apropriada para o objetivo da prova; (c) a evidência é cumulativa, um único argumento em favor da existência de Deus sendo inadequado, mas, diversos deles, juntos, sendo suficientes para prender a consciência e levar a crença (THIESSEN, 1987, 29).

É importante ter isso em mente, pois “é a função do teísmo naturalista apresentar argumentos, além de chegar a conclusões que estão dentro do alcance da razão, ao passo que é função, do teísmo bíblico, reconhecer, classificar, mostrar a verdade demonstrada pela revelação” (CHAFER, 2003, p. 168). Observaremos, então, esses argumentos teístas, que são, usualmente, levantados. Não iremos exauri-los, mas apresentar os mais conhecidos.

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UNIDADE 1 — DOUTRINA DE DEUS – TEOLOGIA

O que significa Teísmo? “A etimologia da palavra TEÍSMO forneceria um grande raio de aplicação, mas, no uso comum, ela significa uma crença em Deus, e incorpora um sistema de crenças que constitui uma filosofia, restrita de fatos, a alguns achados e conclusões que a razão humana sugere” (CHAFER, 2003, p. 166)

NOTA

3.1 ARGUMENTO COSMOLÓGICO

A palavra “cosmo”, na língua grega (κόσμος), traz, como um dos significados, “universo, mundo”. Esse argumento parte do pressuposto de que o universo, e todo o funcionamento perfeito, apontam para uma causa última – um Criador. Conforme Berkhof (1990, p. 20), “cada coisa existente no mundo tem que ter uma causa adequada, assim, o universo também tem que ter uma causa adequada, isto é, uma causa indefinidamente grande”. Para Thiessen (1987, p. 29), “tudo que foi começado tem que ter uma causa adequada; o universo foi começado, portanto, o universo deve ter uma causa adequada para ter sido produzido”. Esses pensamentos estão baseados no texto bíblico de Hebreus 3:4, que diz: “pois toda casa é estabelecida por alguém, mas aquele que estabeleceu todas as coisas é Deus”.

Nas palavras de Chafer (2003), o argumento cosmológico depende da validade de três verdades contribuintes:

a) cada efeito deve ter uma causa;

b) o efeito é dependente da sua causa para a existência;

c) a natureza não pode produzir a si mesma.

A crença intuitiva de que todo efeito tem uma causa é o princípio básico a respeito de qual o argumento cosmológico avança para chegar às conclusões necessárias. Ex nihilo, nihil fit – do nada, nada pode surgir – é um axioma que foi reconhecido pelos filósofos de todas as épocas.

Asseverar que qualquer coisa veio a existir por si mesma é asseverar que ela agiu antes que existisse, o que é um absurdo. A inexistência não pode gerar existência (CHAFER, 2003, p. 172).

3.2 ARGUMENTO TELEOLÓGICO

A palavra “téleios”, na língua grega (τέλειος), significa completo, perfeito e plenamente desenvolvido. Esse argumento fala da ordem e da finalidade perfeita de um sistema perfeito que existe. “Ordem e organização útil, em um

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TÓPICO 1 — A EXISTÊNCIA DE DEUS

sistema, evidenciam inteligência e propósito na causa que o originou; o universo é caracterizado por ordem e organização útil, portanto, o universo tem uma causa inteligente e livre” (THIESSEN, 1987, p. 30).

O argumento está baseado em textos bíblicos, por exemplo, Salmos 94:9:

“O que fez o ouvido, acaso não ouviria? O que formou os olhos, será que não enxergaria?” Conforme Berkhof (1990, p. 20), esse pensamento cita que, “em toda parte, o mundo revela inteligência, ordem, harmonia e propósito, o que gera a existência de um ser inteligente e com propósito, apropriado para a produção de um mundo como este”.

FIGURA 1 – ARGUMENTOS TEÍSTAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

FONTE: O autor

3.3 ARGUMENTO ANTROPOLÓGICO

A palavra “antropos” (ἄνθπωπος) tem, como significado, ser humano, homem e pessoa. Esse argumento mostra que as constituições física, mental e espiritual do ser humano são uma evidência do Criador. Chafer (2003) explica que o argumento antropológico indica que os elementos que são reconhecidos como propriedades inatas do homem devem ser possuídos pelo Criador. O argumento está restrito ao campo da evidência, em relação à existência de Deus e das suas qualidades, que pode ser retirada da constituição do homem.

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UNIDADE 1 — DOUTRINA DE DEUS – TEOLOGIA

O corpo humano é, assim, uma prova específica de um Criador, visto que ele não pode ser explicado de maneira diferente [...], novamente, a inteligência do homem, com as suas realizações na descoberta, nas invenções, na ciência, literatura, e na arte, exige, com resistência implacável, uma causa adequada [...], e, finalmente, a consciência, assim como a crença inerente em Deus não pode ser explicada com outra base a não ser aquela em que o homem procede daquele que possui todos os atributos em um grau infinito (CHAFER, 2003, p. 184).

Strong et al. (2003) afirmam que esse argumento é complexo e sugere uma divisão para compreendê-lo melhor:

1- A natureza intelectual e moral do homem deve ter tido, como autor, um Ser intelectual e moral.

2- A natureza moral do homem prova a existência de um Legislador e Juiz santo.

3- As naturezas emocional e voluntária do homem provam a existência de um Ser que pode fornecer, em si mesmo, um objeto de satisfação da afeição humana e um fim que convoca as atividades mais nobres do homem e assegura os progressos mais nobres.

3.4 ARGUMENTO ONTOLÓGICO

Este argumento parte do pressuposto de que, se o ser humano tem o pensamento de um Ser que é absolutamente perfeito, ele deve existir. Nesse caso, esse Ser é Deus. Segundo Berkhof (1990, p. 20), esse argumento “foi apresentado, na sua mais perfeita forma, por Anselmo (1033 -1109 d.C.). Ele argumenta que o homem tem a ideia de um ser absolutamente perfeito, de que a existência é atributo de perfeição, e que, portanto, um ser absolutamente perfeito tem que existir”.

“O argumento ontológico, no teísmo, consiste em um curso de raciocínio a partir de Deus, como a Primeira Causa absoluta de todas as coisas para as coisas que causou, especificamente, a ideia inerente de que Deus existe” (CHAFER, 2003, p. 186).

Para Thiessen (1987, p. 29), “esse argumento encontra, na própria ideia de Deus, a prova da existência. Afirma que todos os homens têm a ideia de Deus intuitivamente, e, daí, tentam encontrar prova da existência na própria ideia”. Na mesma direção de pensamento, “conforme esse argumento, a existência de Deus é certificada pelo fato de que a mente humana crê que Ele realmente existe”

(CHAFER, 2003, p. 186).

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TÓPICO 1 — A EXISTÊNCIA DE DEUS

3.5 ARGUMENTO MORAL

O argumento moral indica que a consciência que o ser humano possui reconhece a existência de um Juiz, no caso, Deus, dessa forma, a violação da lei (ou das leis) do Criador gera certeza de julgamento e punição para aqueles que venham a violá-las. De acordo com Berkhof (1990, p. 21), “Kant tomou o seu ponto de partida no imperativo categórico, e, deste, deferiu a existência de alguém que, como legislador e juiz, tem absoluto direito de dominar o homem.

Na sua opinião, esse argumento é muito superior a qualquer um dos outros”.

A consciência reconhece a existência de uma lei moral que tem autoridade suprema; violações conhecidas dessa lei moral são acompanhadas de sentimentos de desmerecimento e medo do julgamento; essa lei moral, como não é autoimposta, e essas ameaças de julgamento, como não são autoexecutáveis, argumentam, respectivamente, em favor da existência de uma vontade santa que impôs a lei [...] (THIESSEN, 1987, p. 32).

Um bom livro de Teologia Sistemática:

BERKHOF, L. Teologia sistemática. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1990. Disponível em:

https://docplayer.com.br/15383153-Teologia-sistematica.html. Acesso em: 11 maio 2021.

DICAS

4 TEORIAS ANTITEÍSTAS

Depois de observarmos alguns argumentos teístas acerca da existência de Deus, apresentaremos, agora, algumas teorias antiteístas, isto é, teorias que são contrárias ou que, de alguma forma, negam a existência de Deus. Destacaremos dez dessas teorias. Existem outras, mas, aqui, devemos nos ater a essas.

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UNIDADE 1 — DOUTRINA DE DEUS – TEOLOGIA

FIGURA 2 – TEORIAS ANTITEÍSTAS

FONTE: O autor

4.1 ATEÍSMO

O termo “ateísmo” (ἄθεος – ‘nenhum Deus’) já revela a negação da existência de Deus na própria formação da palavra. O ateísmo, segundo a etimologia do termo, significa uma negação do ser de Deus. Certamente, é a teoria mais conhecida em relação às teorias antiteístas. Essa teoria nega a existência de Deus. Conforme Chafer (2003, p. 191), “para o ateu, o universo material é somente um acidente e todas as suas maravilhas de coordenação e desenvolvimento são fortuitas. Ele não reconhece uma causa para nada, mesmo para a sua própria existência”.

De maneira geral, existem duas correntes em relação ao ateísmo: os teóricos e os práticos (alguns autores também acrescentam o ateísmo virtual).

Os ateus práticos são aqueles que vivem como se Deus não existisse. Por outro lado, os ateus teóricos podem ser classificados da seguinte forma: “O ateu dogmático, que, de início, nega que haja um Ser divino; o ateu cético, que duvida da capacidade da mente humana de admitir se há Deus ou não; o ateu capcioso, que sustenta não haver prova válida da existência de Deus” (LIMA, 2009, p. 17).

4.2 AGNOSTICISMO

Na origem, o termo “agnosticismo” é composto pelas palavras gregas a ( α ) – sem – e gnosis ( γνώσις ) – conhecimento. “O agnosticismo não nega a existência de Deus, ele nega a possibilidade de conhecimento de Deus. É o sistema que ensina que não sabemos e nem podemos saber se Deus existe ou não”

(INTERSABERES, 2014, p. 107). A premissa básica do agnosticismo é “acreditar somente no que se vê”.

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TÓPICO 1 — A EXISTÊNCIA DE DEUS

O termo ‘agnóstico’ é aplicado, às vezes, a qualquer doutrina que afirma a impossibilidade de qualquer conhecimento verdadeiro, afirmando que todo conhecimento é relativo, e, portanto, incerto [...] na teologia. O termo é limitado aos pontos de vista que afirmam que nem a existência nem a natureza de Deus, sem, ainda, a natureza suprema do universo, são conhecidas ou cognoscíveis (THIESSEN, 1987, p. 35).

O pragmatismo, na filosofia e na teologia, e o positivismo, na ciência, são os tipos de agnosticismo, em tempos recentes, que mais se destacam. Os dois rejeitam uma revelação especial e a competência da razão no estudo da realidade suprema. Thiessen (1987) ressalta que, Augusto Comte (1798-1859), o fundador do positivismo, decidiu nada aceitar como verdadeiro, além dos detalhes observados, e como a ideia de Deus não poderia, assim, ser submetida a um exame, ele a omitiu e se devotou inteiramente ao estudo dos fenômenos.

4.3 MATERIALISMO

O materialismo nega a existência de Deus ou de seres espirituais e afirma que toda a realidade é matéria em movimento. Dessa forma, entende-se a alma, além da mente, como aspectos do corpo, negando a realidade após a morte, como céu, inferno. Com isso, acaba descrendo da existência de Deus, por acreditar, simplesmente, na realidade da matéria. Uma definição afirma que o Materialismo é:

A doutrina de que os fatos da experiência são todos para ser explicados pela referência à realidade, atividades, e leis de substância física ou material [...]. As teorias materialistas têm variado desde a primeira, mas a forma mais amplamente aceita considera todas as espécies de vidas, mentais e sencientes, como produtos do organismo, e, o universo em si, como resolvível em termos de elementos físicos e de movimentos (A NEW STANDARD DICTIONARY, 1913 apud CHAFER, 2003, p. 199).

4.4 EVOLUCIONISMO

O Evolucionismo parte da teoria de um desenvolvimento (evolução orgânica) meramente biológico dos seres. A teoria foi elaborada, primeiramente, por Charles Darwin, no conhecido livro A Origem das Espécies, de 1859. De acordo com a teoria evolucionista do desenvolvimento natural, a criatura é o efeito de uma causa natural, e é moldada e formada, de acordo com forças sobre as quais ela não tem controle algum. Com relação ao evolucionismo:

O Dr. Leander Keyser escreve: Em geral, a evolução é a teoria de que o cosmos se desenvolve desde o material bruto e homogêneo até o estado presente heterogêneo e avançado por meio de forças residentes. A evolução é tanto teísta quanto ateísta. A evolução teísta reconhece Deus como o Criador dos materiais originais, mas afirma

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UNIDADE 1 — DOUTRINA DE DEUS – TEOLOGIA

que a evolução é o método pelo qual todo o desenvolvimento, a partir de um estado primordial suposto para um estado de perfeição, foi trabalhado. A evolução ateísta rejeita a pessoa de Deus, nega a sua obra na criação, e afirma que a matéria é eterna ou que se autodesenvolve (CHAFER, 2003, p. 194-195).

4.5 PANTEÍSMO

Como o termo sugere, “panteísmo é a crença de que Deus é tudo e tudo é Deus, confundindo, assim, Deus com a natureza, a matéria com o Espírito, e o Criador com as coisas que Ele criou” (CHAFER, 2003, p. 201). A palavra

“panteísmo” é uma junção de duas palavras gregas, pan (παν), que significa tudo e todas as coisas, e théos (θεός), que significa Deus. “Como o próprio nome sugere, é a doutrina segundo a qual Deus e o mundo se fundem, constituindo-se em um todo indivisível. Essa é a religião do hinduísmo, em que ‘tudo é deus e deus é tudo’” (CLÍNICA, 2014 apud INTERSABERES, 2014, p. 109).

Conforme Thiessen (1987), veja, a seguir, os principais tipos de panteísmo:

1- O Panteísmo Materialista: afirma que a matéria é a causa de toda a vida e mente.

2- O Hilogoismo e Panpsiquismo: são os mais antigos e recentes nomes para a mesma coisa.

3- O Neutralismo: é uma forma de monismo que afirma que a realidade última não é nem a mente nem a matéria, mas algo neutro do qual a mente e a matéria são apenas aparências ou aspectos.

4- O Idealismo: afirma que a última realidade é da natureza da mente, e que o mundo é o produto da mente, da mente individual ou da mente finita.

5- O Misticismo Filosófico: é o tipo mais absoluto de monismo em existência.

4.6 POLITEÍSMO

O Politeísmo é a crença de que há mais de um Deus, e ensina a adoração a vários deuses. “O Politeísmo não apresenta nenhuma similaridade com a doutrina bíblica de uma Trindade de Pessoas com uma só essência. A crença trinitariana é baseada no fato principal de que há um Deus [...], e afirma que o único Deus subsiste em três pessoas” (CHAFER, 2003, p. 200). Diferentemente da ideia da Trindade:

o politeísmo [...] distribui as perfeições e as funções do Deus infinito entre muitos deuses limitados. Ele surgiu da adoração da natureza apresentada pelos antigos Vedas Hindus, e, logo, suplantou, de um modo geral, o monoteísmo primitivo. A princípio, permaneceu, longamente, na Caldeia e na Arábia, e consistia na adoração dos elementos, especialmente das estrelas e do fogo. Subsequentemente, tomou formas especiais provenientes das tradições, da índole e das

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TÓPICO 1 — A EXISTÊNCIA DE DEUS

civilizações relativas de cada nacionalidade. Dentre os selvagens mais rudes, ele se derivou para o fetichismo, como na África ocidental e central. Dentre os gregos, foi tornado o veículo para a expressão de humanitarismo refinado na apoteose dos homens heroicos antes do que na revelação de deuses encarnados. Na Índia, surgindo de uma filosofia panteísta, tem sido levado aos extremos mais extravagantes, com respeito ao número e ao caráter das divindades. Onde quer que o politeísmo tenha sido conectado à especulação, aparece como a contraparte esotérica do panteísmo” (OUTLINES OF THEOLOGY, p.

47-48 apud CHAFER, 2003, p. 199-200).

4.7 DEÍSMO

O deísmo afirma que Deus existe, não obstante, nega a possibilidade de Ele se revelar aos homens. “Esse termo, do latim Deus, é intimamente ligado à palavra grega, Theos [...]. É ‘a verdadeira religião da natureza’, visto que afirma que tudo o que pode ser conhecido de Deus é restrito a tais deduções da observação da criação” (CHAFER, 2003, p. 203).

Para o deísmo, Deus está presente na criação apenas através do seu poder, não por sua própria pessoa e natureza. Ele dotou a criação de leis invariáveis sobre as quais Ele simplesmente exerce uma supervisão [...]. O deísmo nega uma revelação especial, os milagres, a providência. Ele afirma que todas as verdades a respeito de Deus são descobertas pela razão, e que a Bíblia é, simplesmente, um livro sobre os princípios da religião natural, que são determinados pela luz da natureza (THIESSEN, 1987, p. 42).

A frase de Carlyle sintetiza bem o Deísmo: “um Deus ausente, sentado e sempre inativo desde o primeiro sábado, que fica do lado de fora do Universo, a fim de contemplar as coisas acontecerem” (CARLYLE apud CHAFER, 2003, p. 204).

4.8 DUALISMO

O dualismo é considerado um sistema ou uma teoria que assevera uma dualidade radical ou duplicidade da natureza, de existência ou de operação, normalmente, retratado pelo bem e o mal.

Esta teoria assume que há duas substâncias ou princípios distintos e irredutíveis. Em epistemologia, elas são ideia e objeto; em metafísica, mente e matéria; na ética, o bem e o mal; na religião, o bem (Deus) e o mal (Satanás). O cristão, entretanto, não crê que Satanás seja coeterno, como Deus, mas sim uma criatura de Deus e sujeita a Ele (THIESSEN, 1987, p. 41).

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UNIDADE 1 — DOUTRINA DE DEUS – TEOLOGIA

Chafer (2003) mostra que, na história do pensamento reflexivo, quatro espécies de dualismo se desenvolveram:

1- Dualismo Teológico (crença com dois seres ou princípios divinos, um bom e o outro mal).

2- Dualismo Filosófico.

3- Dualismo Psicológico.

4- Dualismo Ético.

4.9 MONISMO

“Esta doutrina ensina que o homem é um ser portador de uma única natureza – a matéria. Ela não faz distinção entre Deus e a Criação” (LIMA, 2009, p. 19).

De acordo com a seguinte definição, o monismo é “a doutrina que se refere à explicação de todas as existências, atividades e desenvolvimentos do universo, incluindo os seres físicos, psíquicos e espirituais, a um princípio último ou substância” (NEW STANDARD DICTIONARY, 1913 apud CHAFER, 2003, p. 204).

4.10 POSITIVISMO

O positivismo tem, como critério único da verdade, os fatos e as relações.

“A filosofia elaborada por Augusto Comte (1798-1857), que é baseada na suposição de que o conhecimento do homem é restrito aos fenômenos, e, esses, o homem pode conhecer somente em parte. Ele rejeita toda consideração da metafísica ou da filosofia especulativa” (CHAFER, 2003, p. 204).

Com o positivismo, findamos essas teorias, ainda que existam outras. Com isso, finalizamos este primeiro momento, a partir do qual observamos, apenas um pouco, “quem é Deus” e as teorias antíteístas.

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Neste tópico, você aprendeu que:

• Conforme o Catecismo de Westminster, Deus é um Espírito, em Si e por Si mesmo, infinito em Seu ser, glória, bem-aventurança e perfeição; Todo- Suficiente, eterno, imutável, incompreensível, onipresente, Todo Poderoso, onisciente; sapientíssimo, justíssimo, misericordioso e cheio de graça, longânimo e pleno de verdade.

• A autoexistência de Deus“não significa apenas que nós existimos e que Deus sempre existiu, mas, também, que Deus existe, necessariamente, de modo infinitamente melhor, mais forte e mais excelente” (GRUDEM, 1999, p. 71).

• Acerca da existência de Deus, observamos que Deus é um Ser autoexistente, é Espírito, pessoal (pois apresenta inteligência, emoções e vontade), e é vivo e ativo.

• Thiessen (1987) enumera três argumentos a favor da existência de Deus: 1. A crença na existência de Deus é intuitiva; 2. A existência de Deus é assumida pelas Escrituras; e 3. A crença na existência de Deus é corroborada por argumentos.

• Alguns argumentos teístas abordam a respeito da existência de Deus:

Cosmológico, Ontológico, Teleológico, Antropológico e Moral.

• O termo “ateísmo” (ἄθεος – ‘nenhum Deus’) já revela a negação da existência de Deus. De maneira geral, existem duas correntes em relação ao ateísmo: os teóricos e os práticos (alguns autores também acrescentam o ateísmo virtual).

• Algumas das teorias antiteístas são: Ateísmo; Agnosticismo; Materialismo;

Politeísmo; Evolucionismo; Deísmo; Panteísmo; Dualismo; Positivismo; Monismo.

• O Deísmo afirma que Deus existe, não obstante, nega a possibilidade de Ele se revelar aos homens.

• O Panteísmo é a crença de que Deus é tudo e tudo é Deus, confundindo, assim, Deus com a natureza, a matéria com o Espírito, e o Criador com as coisas que Ele criou.

RESUMO DO TÓPICO 1

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AUTOATIVIDADE

1 Conforme Thiessen (1987), Deus é imaterial e incorpóreo, é invisível, é vivo, e é uma pessoa, pois tem a essência da personalidade, que é a autoconsciência e a autodeterminação. Há vários termos importantes no estudo da Teologia, e um deles é o “Teísmo”. Acerca do significado de Teísmo, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Teísmo afirma que Deus existe, não obstante, nega a possibilidade de Ele se revelar aos homens.

b) ( ) Teísmo é a crença em vários deuses e propaga a adoração aos deuses e à criação.

c) ( ) Teísmo tem, como critério único da verdade, os fatos e as relações.

d) ( ) Teísmo, conforme a própria palavra sugere, significa uma crença em Deus.

2 A pergunta “quem é Deus?” sempre surge quando se adentra no estudo da Teologia. A resposta para esse questionamento, baseado nas Teologias Bíblica e Sistemática, é que o ser humano, por si só, não consegue chegar ao conhecimento do Criador. Acerca da pergunta “Quem é Deus?”, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Deus é um espírito; Todo-Suficiente, eterno, imutável, incompreensível, onipresente, Todo Poderoso, onisciente.

b) ( ) Deus é um espírito; instável, mutável, incompreensível, como o homem, Todo Poderoso, onisciente.

c) ( ) Deus é um dos espíritos, suficiente, imutável, compreensível, altruísta, cheio de compaixão e glória.

d) ( ) Deus não é um espírito, mas é Todo-Suficiente, eterno, imutável, incompreensível, onipresente, Todo Poderoso, onisciente.

3 Há vários argumentos que são levantados e corroboram a respeito da existência de Deus e do conhecimento de Deus. A respeito desses argumentos, leia, analise e relacione os itens a seguir:

I- Argumento Ontológico.

II- Argumento Moral.

III- Argumento Cosmológico.

IV- Argumento Teleológico.

( ) Este argumento parte do pressuposto de que, se o ser humano tem o pensamento de um Ser que é absolutamente perfeito, ele deve existir.

Neste caso, esse Ser é Deus.

( ) Este argumento diz que, “em toda parte do mundo, revelam-se inteligência, ordem, harmonia e propósito, o que gera a existência de um ser inteligente e com propósito, apropriado para a produção de um mundo como este”.

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( ) Este argumento parte do pressuposto de que o universo, e todo o funcionamento perfeito, apontam para uma causa última – um criador.

( ) Este argumento indica que a consciência de que o ser humano possui e reconhece a existência de um Juiz, no caso, de Deus, e, dessa forma, da violação da lei (ou das leis) do Criador, ocorrem certeza de julgamento e punição para aqueles que venham a violá-las.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) II – III – I – IV.

b) ( ) IV – II – III – I.

c) ( ) I – IV – III – II.

d) ( ) III – II – I – IV.

4 Há várias teorias chamadas de antiteístas, isto é, teorias que negam a existência ou o conhecimento de Deus. Com relação às teorias antiteístas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas:

( ) O Agnosticismo não nega a existência de Deus, nega a possibilidade de conhecimento de Deus.

( ) Panteísmo é a crença de que Deus é tudo e tudo é Deus, confundindo, assim, Deus com a natureza, a matéria com o Espírito, e o Criador com as coisas que Ele criou.

( ) O Dualismo nega a existência de Deus ou de seres espirituais e afirma que toda realidade é matéria em movimento.

( ) O Deísmo afirma que Deus existe, não obstante, nega a possibilidade de Ele se revelar aos homens.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – V – V – V.

b) ( ) V – V – F – V.

c) ( ) V – F – V – V.

d) ( ) F – V – V – F.

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TÓPICO 2 —

UNIDADE 1

OS ATRIBUTOS E OS NOMES DE DEUS

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico, depois de conhecermos um pouco da existência de Deus, daremos um segundo passo importante nos nossos estudos acerca da Doutrina de Deus. Neste tópico, focaremos em dois aspectos fundamentais dentro da Teologia:

os atributos e os nomes de Deus.

Primeiramente, aprofundar-nos-emos no conhecimento dos atributos de Deus. Verificaremos a diferença entre os atributos transcendentes e imanentes, e veremos, de perto, a definição dos mais importantes atributos. Com relação aos atributos transcendentes, destacaremos os seguintes: Simplicidade, Imensidade, Eternidade, Imutabilidade, Onipotência, Onisciência e Onipresença. Depois, serão abordados os atributos imanentes: Santidade, Retidão, Justiça, Amor, Sabedoria e Verdade.

Na sequência, nosso foco será os nomes de Deus. Observaremos, em um primeiro momento, os nomes de Deus no Antigo Testamento – Jeová, Elohim, El, Adonai –, e buscaremos ver o significado de cada um deles e como eram usados.

Depois, abarcaremos os nomes de Deus no Novo Testamento – Deus, Senhor e Pai – com o mesmo enfoque.

2 OS ATRIBUTOS TRANSCENDENTES (NATURAIS) DE DEUS

O que é um atributo? Conforme o dicionário Houaiss, atributo é aquilo que é próprio, característico de algo ou de alguém; particularidade (HOUAISS, 2009). Comumente, usamos mais a palavra “qualidade” hodiernamente, em vez de atributo. Destarte, no contexto teológico, aparece mais o termo “atributo”.

Quando olhamos para a história a respeito dos atributos divinos, percebemos que, nos primeiros séculos da era cristã, os alvos eram definir e compreender profundamente o que eram os atributos da divindade. Passando por Tertuliano, Agostinho, Orígenes e chegando aos concílios (como o de Niceia – 325 d.C.), o enfoque era no entendimento dos atributos, e como eles estavam relacionados à Triunidade de Deus.

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UNIDADE 1 — DOUTRINA DE DEUS – TEOLOGIA

Com o passar dos séculos, chegando a São Tomás de Aquino, Martinho Lutero, João Calvino, e, posteriormente, aos teólogos modernos, a ênfase passou a ser mais na classificação dos atributos.

No estudo dos atributos de Deus, a fim de facilitar o entendimento e a compreensão desse tema, algumas divisões têm sido dadas, visando facilitar para uma melhor compreensão. Assim, aquilo que denominamos, no nosso texto, de atributos “transcendentes e imanentes”, podem ser conhecidos por outros termos:

atributos “incomunicáveis e comunicáveis”; atributos “naturais e morais”;

atributos “imanentes ou intransitivos e emanentes e transitivos”; atributos

“passivos e ativos”; atributos “absolutos e relativos”; e atributos “negativos e positivos”. Os primeiros de cada par são aqueles que não apresentam nenhuma relação com o ser humano, pois são próprios somente da divindade, por exemplo, onisciência, onipresença etc. Os segundos são aqueles que têm relação com o ser humano, isto é, são comunicados e compartilhados por parte da divindade com o ser humano, por exemplo, santidade, justiça e amor. “Enquanto os atributos incomunicáveis salientam o Ser Absoluto de Deus, os atributos comunicáveis acentuam o fato de que Ele entra em várias relações com as Suas criaturas”

(BERKHOF, 1990, p. 45).

Strong et al. (2003, p. 244) definiram os atributos de Deus como “aquelas características que distinguem a natureza divina, inseparáveis da ideia de Deus, e que constituem a base e a razão das diferentes manifestações das suas criaturas”.

De acordo com Martins (2015, p. 55), “os atributos divinos são as peculiaridades especiais da natureza de Deus, totalmente intrínsecas a Ele, as quais são o fundamento e o apoio das diversas revelações as suas criaturas”. Somando-se a todas essas definições, ainda, pode-se dizer que “os atributos de Deus são aquelas características essenciais, permanentes e distintivas que podem ser afirmadas a respeito de Seu ser. Seus atributos são as perfeições, inseparáveis de natureza e que condicionam o caráter” (INTERSABERES, 2014, p. 121).

Abordaremos, nos nossos estudos, a partir de agora, os atributos transcendentes.

Atributos ‘transcendentes’ e ‘imanentes’ podem ser conhecidos por outros termos: atributos ‘incomunicáveis e comunicáveis’; atributos ‘naturais e morais’; atributos

‘imanentes ou intransitivos e emanentes e transitivos’; atributos ‘passivos e ativos’; atributos

‘absolutos e relativos’; e atributos ‘negativos e positivos’.

NOTA

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TÓPICO 2 — OS ATRIBUTOS E OS NOMES DE DEUS

FIGURA 3 – OS ATRIBUTOS DE DEUS

FONTE: O autor

2.1 SIMPLICIDADE

“Por esse termo, indica-se que o Ser divino não é composto, não é complexo ou divisível [...]. Assim é com Deus. Sendo, Ele, o Ser perfeito, deve ser adorado como a expressão última e infinita da simplicidade” (CHAFER, 2003, p. 237). Para Berkhof (1990, p. 49), “quando falamos da simplicidade de Deus, empregamos o termo para descrever o estado ou a qualidade que consiste em ser simples, a condição de estar livre de divisão em partes e, portanto, de composição. Quer dizer que Deus não é composto e não é suscetível de divisão em nenhum sentido da palavra”.

“O termo simplicidade é usado, primeiramente, em oposição à composição material, seja mecânica, orgânica ou química; segundo, em um sentido metafísico, como negação da relação entre substância e propriedade, essência e modo” (DR.

HODGE apud CHAFER, 2003, p. 237). Além disso, conforme Berkhof (1990, p. 49),

“a simplicidade de Deus se segue de algumas das Suas outras perfeições: da Sua autoexistência, que exclui a ideia de que alguma coisa O precedeu, como no caso dos compostos [...]”.

Referências

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