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É o ramo do Direito que estuda os princípios e normas que disciplinam a tributação. A tributação no Brasil só pode ser desenvolvida pelo Estado:

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ANOTAÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO 1. INTRODUÇÃO

É o ramo do Direito que estuda os princípios e normas que disciplinam a tributação.

A tributação no Brasil só pode ser desenvolvida pelo Estado:

União;

Estados-Membros;

Municípios;

DF;

A criação dos tributos depende de lei, logo, só quem legisla pode tributar e só quem pode legislar são as pessoas políticas.

O Direito Tributário estuda os princípios e as normas que disciplinam a ação estatal de exigir tributos, e se preocupa com as relações jurídicas que, em decorrência da tributação, se estabelecem entre o Fisco e os contribuintes.

Direito Tributário, para Hugo de Brito Machado, é “o ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas às imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder”.

Segundo Kiyoshi Harada, D ir e it o Tr ibu t á r io “é o dir eit o que disciplina o pr ocesso de r et ir ada com pulsória, pelo Est ado, da par cela de r iquezas de seus súdit os, m ediant e a obser v ância dos pr incípios rev elador es do Est ado de Dir eit o. É a disciplina jurídica que estuda as relações entre o fisco e o contribuinte.”

Neste sentido, afirma Ruy Barbosa Nogueira: “ é a disciplina da r elação ent r e Fisco e Cont r ibuint e, result ant e da im posição, ar r ecadação e fiscalização dos impostos, taxas e contribuições”.

O tributo é um instituto jurídico especial, pois sozinho alcança valores primordiais às pessoas, que são: liberdade (ninguém paga tributo por vontade própria) e propriedade (atinge o patrimônio).

2. TRIBUTO 2.1. Conceito

O conceito de tributo está previsto no art. 3.º do CTN, assim compreendido:

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

É uma obrigação ex lege, em moeda, que não se constitui em sanção por ato ilícito e que tem por sujeito ativo ( credor) , normalmente, uma pessoa política e por

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sujeito passivo ( devedor) qualquer pessoa (apontada na lei da entidade tributante).

A obrigação é compulsória, obrigatória, porque decorre diretamente da lei. A vontade do contribuinte é irrelevante.

• Vide Súmula 545 do STF:

“Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e tem sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.”

2.2 Tributo como Receita Derivada

Pela lei 4.320 de 17/ 03/ 1964 (que institui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal), o tributo é uma receita derivada pelas entidades de direito publico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições, nos termos da CF/ 88, das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades.

Receita Derivada de Soberania: os recursos são captados no patrimônio dos particulares, pela imposição do Estado que exerce seu poder soberano, sem considerar a disposição de vontade do contribuinte, que, assim, fica obrigada a adimplir a obrigação, até coercitivamente, se necessário. Os valores dessa forma de arrecadação não são devolvidos diretamente ao contribuinte, mas são convertidos em obras e serviços públicos.

Receita Originária: oriunda do próprio patrimônio do Estado (imóveis, empresas estatais, exploração de recursos naturais etc.).

Receita Originária (também conhecidas como receitas imediatas, patrimoniais, de domínio privado, de economia privada ou receitas de direito privado): são aquelas que o Estado aufere de suas próprias fontes de riqueza, seja em razão de seu patrimônio rendoso, ou do exercício de uma indústria ou de um comércio. São denominadas de originarias, porque tem origem no próprio patrimônio do Estado.

2.3. Obrigação ex lege

O tributo é uma obrigação ex lege, pois nasce direta e imediatamente da vontade da lei, que traça a hipótese de incidência do tributo.

As obrigações ex lege contrapõem-se às obrigações ex voluntate (em que a vontade das partes é prestigiada pelo Direito), pois o legislador, ao mencionar instituída em lei, certamente pretendeu afastar as chamadas obrigações convencionais, que teriam fulcro, invariavelmente, numa convergência de vontades.

Nosso Direito desconhece o tributo in natura (no qual parte da mercadoria comercializada é entregue ao Fisco a título de pagamento do tributo, ex.: para o pagamento do I CMS, entregam-se 10 quilos de arroz a cada 100 quilos vendidos) e

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desconhece também o tributo in labore (a cada mês, o sujeito passivo destina alguns dias de seu trabalho à entidade tributante).

Obrigação é o vínculo abstrato de conteúdo patrimonial pelo qual uma pessoa (sujeito passivo) vê-se compelida a dar, a fazer, a não fazer ou a suportar algo em favor de outra (sujeito ativo).

Síntese: Sendo o tributo uma obrigação ex lege, a capacidade tributária passiva independe da capacidade civil do contribuinte, ou sendo ele uma pessoa jurídica, do fato de estar regularmente constituída – conforme o art.126 do CTN.

2.4 Obrigação em Moeda ou Cujo Valor Nela se Possa Exprimir

O tributo só pode ser pago em dinheiro corrente. Com a expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir”, quer a lei dizer que, em circunstâncias extraordinárias, previstas em lei, é possível que o Fisco aceite a satisfação da obrigação tributária com a entrega de bens, cujo valor possa ser convertido em moeda. A LC n. 104, de 10.1.2001, acrescentou no art. 156 do CTN o inc. XI:

“Art.156. Extinguem o crédito tributário:

(...);

XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.”

Tal inclusão serviu para explicitar o conceito de tributo, lembrando que, em casos especiais, a lei já autorizava a extinção do crédito tributário por este instituto.

2.5. O Tributo não se Constitui em Sanção por Ato Ilícito

O tributo não é multa. Ao contrário desta, tem por pressuposto a prática de um fato lícito qualquer, que revela capacidade econômica ou capacidade contributiva. A multa nasce de uma ilicitude; paga-se porque se praticou um ato ilícito. Quando a lei descreve abstratamente um fato originário de um tributo, não pode descrever um fato ilícito.

O tributo tem finalidade arrecadatória, ao passo que a multa tem finalidade preventiva e sancionatória. O Estado tributa para atingir seus fins, e a multa visa desestimular os infratores.

A lei não pode colocar, na hipótese de incidência tributária, a descrição de um fato em si mesmo ilícito, sob pena de o tributo converter-se em sanção, o que é vedado por nosso Direito positivo (art. 3.º do CTN).

Essa regra pode ser observada em relação ao I mposto de Renda, cuja hipótese de incidência é obter rendimento. Não importa se os rendimentos são de atividade lícita ou não. Por isso, os bicheiros devem pagar I mposto de Renda. Princípio do non olet (não cheira). Esse princípio, non olet, surgiu em Roma, onde um I mperador instituiu um imposto do uso de latrina (banheiros públicos), fato que deu origem a grandes falatórios. Até seu filho se opôs à cobrança desse imposto, dizendo que não era conveniente que Roma sobrevivesse da cobrança de dinheiro originário de um local

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tão sujo. O I mperador pediu então para que seu filho fosse buscar um pouco do dinheiro arrecadado, mandou-o cheirar e disse:

“Está vendo filho, non olet (não cheira)!”, querendo dizer que pouco importava a origem remota do dinheiro arrecadado.

2.6 Obrigação Cobrada Mediante Atividade Administrativa Plenamente Vinculada

É necessário entender tal expressão sem o exagero que deflui do texto. Se é verdade que atos importantes do procedimento de arrecadação tributária pertencem à classe dos vinculados, outros muitos existem, dentro da mesma atividade, em que o administrador está autorizado, pela lei, a integrar com sua vontade ou juízo a norma jurídica diante do caso concreto, operando com critérios subjetivos próprios, a fim de dar satisfação aos objetivos consagrados no sistema legal.

Em suma, o tributo, ao lume de nosso Estatuto Magno, é a relação jurídica que se estabelece entre o Fisco e o contribuinte (pessoa abrangida pelo Direito positivo), tendo por base a lei, em moeda, igualitária e decorrente de um fato lícito qualquer.

A CF/88 classificou os tributos em impostos, taxas e contribuições de melhoria ( art. 145, I a I I I ) , desenhando a norma-padrão de incidência de cada uma dessas figuras jurídicas e discriminando competências para que as pessoas políticas, querendo, viessem a instituí-las (sempre por meio de lei). O STF, por unanimidade, reconheceu que existem, na ordem jurídica brasileira, quatro espécies tributárias:

impostos, taxas, contribuições (que englobam contribuições de melhoria e contribuições parafiscais ou especiais) e empréstimos compulsórios (STF, RDA, 190:

78-82).

Por fim, a CF arrolou os direitos fundamentais que a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, ao levarem a efeito a tributação, devem respeitar.

Tributo tem o mesmo significado de obrigação tributária, e essa é uma relação jurídica, tendo assim um sujeito ativo e um sujeito passivo.

3. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

A maioria das limitações constitucionais ao poder de tributar configuram cláusulas pétreas. Algumas por protegerem garantias individuais (ex. anterioridade do art.

150, III, “b”), outras por protegerem o pacto federativo (ex. imunidade recíproca do art. ’50, VI, a).

Tais cláusulas não podem ser retiradas da CF nem pode ser postas em deliberação emendas constitucionais que tendam a diminuir seu alcance. Não obstante, são admitidas emendas que as reforcem, as ampliem (ex. extensão da noventena pela EC 42/2003).

As limitações constantes nos artigos 150 a 152 da CF/88 são as mais importantes, mas não são as únicas. O próprio artigo 150 anuncia que as garantias que enumera são asseguradas “sem prejuízo de outras”.

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As regras que passaremos a enumerar são tão importantes que a maioria dos tributarista as trata como verdadeiros princípios tributários. Será esta a terminologia adotada neste resumo.

3.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (CF, art. 150, II)

É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.

O Princípio da Legalidade - é um princípio universal, disposto no art. 5.º, II, da CF/88: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

No Brasil, vigora a universalidade da legislação (princípio da legalidade). A expressão

“sob reserva de lei” não faz muito sentido, pois toda matéria está sob reserva de lei. É usada como pleonasmo, reforço, e significa que “é matéria de lei”.

O art. 150, I, da CF/ 88 veda às pessoas políticas a criação, a exigência ou o aumento de tributo sem ser por intermédio de lei.

Tudo o que é importante em matéria de tributo deve ser matéria de lei. Assim, somente a lei poderá diminuir e isentar tributos, parcelar e perdoar débitos tributários, criar “obrigações acessórias” etc. Obrigações acessórias são deveres impostos pela lei ao contribuinte ou à terceira pessoa a ele relacionada, tendo em vista o perfeito funcionamento do sistema tributário. Esses deveres podem consistir em um “fazer”, um “não fazer” ou um “suportar”.

Em Direito Tributário vigora, além do princípio da legalidade, o princípio da estrita legalidade (princípio da reserva absoluta da lei formal), o que leva ao princípio da tipicidade fechada da tributação. O aplicador do Direito Tributário não tem margem de discricionariedade.

Não há exceções ao princípio da legalidade tributária. No art. 153, § 1.º , da CF/ 88, existe uma “aparente” exceção que faculta ao Poder Executivo (Presidente da República – art. 76 de CF/ 88) alterar, por meio de decreto, as alíquotas dos impostos sobre importação, exportação, produtos industrializados (I PI ) e operações de crédito (I OF), dentro dos parâmetros da lei, observando-se os ditames legais. Só poderá ser aumentada, entretanto, a alíquota, e não a base de cálculo (como ocorria na CF anterior).

Essa faculdade regulamentar, entretanto, deverá atender ao princípio da legalidade tributária. Os únicos regulamentos válidos em matéria tributária são os executivos, que, subordinando-se inteiramente à lei, limitam-se a prover sua fiel execução, sem, porém, criar ou aumentar tributos nem estabelecer quaisquer ônus ou encargos que possam repercutir no patrimônio ou na liberdade dos contribuintes.

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Os regulamentos só podem ser secundum legem e contra legem, não podendo criar realidade tributária. Sendo o regulamento fonte secundária de Direito, limitada ao princípio da legalidade, as portarias, os pareceres normativos, a ordem de serviço e os atos administrativos tributários em geral estão abaixo do regulamento, também devendo observar o princípio da legalidade.

Portaria: é um ato interorgânico que serve para disciplinar as questões internas da repartição fazendária (ex.: estabelecer escala de férias, estabelecer horários etc.).

Parecer Normativo: é a opinião oficial da Fazenda Pública acerca do significado, conteúdo e alcance de determinada norma jurídica tributária.

Ordem de Serviço: é uma determinação que o chefe faz ao seu subordinado para que este realize uma dada diligência.

Atos Administrativos Tributários em Geral: aplicam a lei tributária de ofício (ex.:

lançamento identifica oficialmente o contribuinte e desvenda a quantia devida a título de tributo. É o mais importante ato administrativo tributário).

UM TRI BUTO NÃO PODE SER EXI GI DO NEM MAJORADO SEM LEI QUE ESTABELEÇA.

Criar (ou Extinguir Tributo)

Regra sem exceção. Criação ou extinção de tributo sempre depende de lei ou de ato com força de lei (medida provisória).

LEI

Majorar Tributo (ou Reduzir)

Regra tem exceções: II, IE, IOF e IPI podem ter suas alíquotas alteradas pelo Poder Executivo, nos limites previstos em Lei), a CI DE-combustíveis pode ter suas alíquotas reduzidas ou restabelecidas pelo Poder Executivo e o I CMS-monofásico sobre combustíveis pode ter as alíquotas fixadas (e alteradas) por convênio entre Estados e o DF.

3.2 PRINCÍPIO DA ISONOMIA (CF, art. 150, II)

Conforme previsto no art. 150, I I da Constituição Federal, é vedado aos entes tributantes instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.

Não se pode exigir que contribuintes que tenham renda equivalente a um salário mínimo sejam tributados da mesma forma que as pessoas com rendimentos de dezenas de milhares de reais. Tratamento igual para quem está em situação econômica e financeira totalmente diferente geraria uma extrema injustiça ao retirar dos mais pobres valores utilizados para subsistência e daqueles mais ricos valores praticamente irrelevantes.

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As deduções da base de cálculo do imposto de renda (valores gastos com dependentes, educação, saúde, previdência pública e privada etc) também serve para atender ao princípio da isonomia, pois acabam por tratar diferentemente pessoas que apesar de terem rendimentos iguais, tem uma capacidade contributiva bastante diversa em virtude das despesas a que estão sujeitas.

É seguindo este raciocínio que o art. 145, § 1º da CF/ 88 estabelece que sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte.

3.3 PRINCÍPIO DA NÃO-SURPRESA E SEUS SUBPRINCÍPIOS (IRRETROATIVIDADE, ANTERIORIDADE E NOVENTENA)

Decorre de um princípio ainda maior: Princípio da Segurança Jurídica. Tem como objetivo evitar que um repentino aumento de carga tributária atinja imediatamente (ou, pior, retroativamente) o contribuinte.

3.3.1 PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE (CF, art. 150, III, a)

Não se podem cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.

3.3.2 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE (CF, art. 150, III, b)

Não se podem cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. No Brasil, o exercício financeiro corresponde ao ano civil (1º de janeiro a 31 de dezembro).

Disposto no art. 150, I I I , “b”, da CF/ 88, é um princípio exclusivamente tributário. A lei que cria ou aumenta um tributo, ao entrar em vigor, fica com sua eficácia suspensa até o início do próximo exercício financeiro, quando produzirá todos os seus efeitos. O exercício financeiro, no Brasil, inicia-se em 1.º de janeiro e termina em 31 de dezembro, coincidindo o ano civil com o ano fiscal.

A lei criada em um exercício só poderá entrar em vigor, ter incidência, a partir de 1.º de janeiro do exercício seguinte. Pelo princípio da anterioridade, a lei que cria ou aumenta um tributo deve entrar em vigor num exercício financeiro e tornar-se eficaz no próximo exercício financeiro.

Por trás do princípio da anterioridade está a idéia de que o contribuinte não seja pego de surpresa, reforçando a segurança jurídica da tributação.

O princípio da anterioridade existe para favorecer o contribuinte, assim, uma lei que isenta ou reduz o tributo poderá ter incidência imediata. Somente tributos criados ou aumentados deverão obedecer ao princípio da anterioridade. Também deverá atender ao princípio da anterioridade aquela lei que revoga uma isenção.

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As exceções ao princípio da anterioridade estão dispostas no art. 150, § 1.º, da CF/88 e são:

imposto sobre a importação;

imposto sobre a exportação;

IPI;

IOF;

Imposto lançado por motivo de guerra.

Os quatro primeiros poderão ter suas alíquotas aumentadas por decreto (art. 153, § 1.º, da CF/88).

Também não precisam obedecer ao princípio da anterioridade os empréstimos compulsórios para atender às despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência (art. 148, I, da CF/88).

O art. 195, § 6.º , da CF/ 88 veicula uma anterioridade especial. Dispõe que a lei que cria uma contribuição social para a Seguridade Social só poderá incidir 90 dias após sua publicação. Nesse caso, obedece-se a uma anterioridade medida (anterioridade nonagesimal). O STF entende que o princípio da anterioridade é uma cláusula pétrea e não pode ser limitado por EC.

3.3.2.1 PRI NCÍ PI O DA ANTERI ORI DADE ( DO EXERCÍ CI O E NONAGESI MAL) (art. 150, III, “b” e “c” da CF/88).

É vedada a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro (ano) e antes de decorridos noventa dias em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Exceções: imposto de importação (II ), imposto de exportação (IE), imposto sobre produto industrializado (I PI), imposto sobre operações financeiras (I OF), ICMS monofásico sobre combustíveis e lubrificantes, CI DE petróleo, empréstimo compulsório para casos de calamidade publica ou guerra externa, imposto extraordinário de guerra e contribuições para o financiamento da seguridade social, que juntamente com o IPI obedecem somente a noventena.

3.3.2.2 PRINCÍPIO DA ANUALIDADE

Vigorou no Brasil enquanto vigorou a CF/ 46. Dispunha que “nenhum tributo será cobrado sem prévia autorização orçamentária anual”. Lei orçamentária é o ato- condição a regular cobrança dos tributos. Esse princípio da anualidade foi substituído pelo princípio daanterioridade por meio da EC n. 18/ 65 e depois veio disposto na CF/88.

3.3.3 PRINCÍPIO DA NOVENTENA (CF, art. 150, III, b)

Não se podem cobrar tributos antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.

ATENÇÃO:

IRRETROATIVIDADE - É regra de vigência.

ANTERIORIDADE - não é regra de vigência. É regra de eficácia, de produção de efeitos. A

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lei pode entrar em vigor de imediato, desde que a produção de efeitos financeiros (cobrança) somente ocorra no exercício seguinte.

ANTERI ORI DADE E NOVENTENA - Somente são aplicáveis nas mudanças que impliquem aumento de carga tributária.

EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE:

II, IE, IPI e IOF - Impostos Extra Fiscais;

Imposto Extraordinário de Guerra;

Empréstimos Compulsórios (Guerra e/ou Calamidade);

Contribuição da Seguridade Social;

ICMS – Combustível (*);

CIDE – Combustível (*)

( * ) I CMS COMBUSTÍ VEI S E CI DE COMBUSTÍ VEI S – exceções parciais visto que tais tributos somente são exceções à anterioridade no caso de redução (aqui não há qualquer novidade, pois nenhum caso de redução de tributo se sujeita à anterioridade ou noventena) ou restabelecimento.

EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA NOVENTENA:

II, IE e IOF;

Imposto Extraordinário de Guerra;

Empréstimos Compulsórios (Guerra e/ou Calamidade);

Imposto de Renda;

Base de Cálculo do IPTU e do IPVA;

Observações:

IPI

Governo perdeu a agilidade que tinha porque ele não estava sujeito a nenhum prazo e passou a ter que obedecer a NOVENTENA. Hoje o I PI fica igual à Contribuição da Seguridade Social.

IR

Aqui o governo mantém a possibilidade de aprovar o I R no dia 31/ 12 e cobrar no primeiro dia do exercício (ano) seguinte. Neste caso só obedece a ANTERIORIDADE.

IPTU e IPVA

O IPTU e o IPVA não são exceções integrais ao Princípio da Noventena. Só as suas Bases de Cálculo o são. Se aumentar a alíquota, tem que obedecer a noventena (e a anterioridade, obviamente).

3.3.4 PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO (CF, art. 150, IV)

Também poderia ser chamado de PRI NCÍPI O DA RAZOABI LIDADE DA CARGA TRIBUTÁRI A A idéia do legislador é impedir que o Estado exagere na cobrança de um tributo de forma a desestimular a livre iniciativa e o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão (garantias constitucionais).

Não há como definir matematicamente a partir de que momento estará havendo o confisco. A noção de confisco varia no tempo e no espaço e, no caso brasileiro, é o Supremo Tribunal Federal que vai definir em caráter definitivo e caso a caso a

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existência ou não de efeito confiscatório de um tributo ou de um conjunto de tributos criados pelo mesmo ente gravando a mesma riqueza.

MULTAS:

A jurisprudência evoluiu no sentido de estender o Princípio do Não Confisco às multas.

O STF tem entendido assim. Mas a CF só fala em Tributos, e multa não é tributo.

3.3.5 PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO (CF, art. 150, V)

Não se podem estabelecer limitações tributárias à livre circulação de pessoas ou bens pelo País.

PEDÁGIO - pode ser cobrado pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.

O STF entende que o Pedágio é um tributo da espécie TAXA quando ele é instituído por lei e COBRADO PELO ESTADO, pela conservação de vias que ele mesmo faz.

Quando é COBRADO POR PARTI CULAR, o Pedágio não é tributo, é PREÇO PÚBLICO.

PREÇO PÚBLI CO pode ser conceituado como a “prestação pecuniária, decorrente de livre manifestação de vontade do comprador, exigida pelo Estado, ou órgão estatal, ou empresa associada, concessionária ou permissionária, em contraprestação pela aquisição de um bem material ou imaterial” (serviços, por exemplo).

O PREÇO PÚBLICO, é certo, não possui natureza tributária. A receita obtida com sua arrecadação é originária (advém do patrimônio do Estado) e facultativa. Por não ser tributo, não está submetido o preço público (ou tarifa) ao regime jurídico tributário, escapando aos princípios que regem este último.

3.3.6 PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA (ART. 151,I CF/88) É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País.

3.3.7 PRI NCÍ PI O DA NÃO- CUMULATIVIDADE (Art. 155, §2º , I, art. 153, §3º , II , e art. 154, I da CF/88).

Quanto ao I CMS, I PI e I mpostos Residuais da União deve-se compensar o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal.

O princípio da não-cumulatividade continuou mantido quando da criação do atual ICMS pela Carta Magna de 1988.

(...) O princípio da não- cumulatividade consiste em, para efeito de apuração do

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tributo devido, deduzir-se do imposto incidente sobre a saída de mercadorias o imposto já cobrado nas operações anteriores relativamente à circulação daquelas mesmas mercadorias ou às matérias-primas necessárias à sua industrialização (...).

O contribuinte de direito do imposto não deve suportar a carga tributária do imposto, é através do princípio da não-cumulatividade repassa este ônus ao consumidor final, contribuinte de fato.

A técnica da não- cumulatividade tem por fim evitar a superposição de incidências sobre uma série de operações que visam completar um único ciclo econômico de produção. Esta superposição é evitada através do mecanismo de crédito e débito de imposto pago e a pagar quando feito generalizadamente.

A não- cumulatividade prelecionada pela Carta Magna indica a modalidade de incidência plurifásica existente no âmbito de aplicação do IPI. Diferentemente do que ocorre com o ICMS, o IPI não sofre restrições no que tange à compensação.

3.3.8 PRI N CÍ PI O D A SELETI V I D AD E (Art. 153, §3º da CF/88) A tributação deve ser maior ou menor dependendo da essencialidade do bem. Possui aplicação obrigatória quanto ao IPI e facultativa para o ICMS.

O princípio da seletividade abrange uma seleção mínima de impostos, o I CMS e o IPI (impostos proporcionais). Sua função é variar a alíquota de acordo com a essencialidade do bem.

Significa que, ao se deparar com um bem de maior essencialidade, a alíquota será menor e, pela lógica, se for o bem de menor essencialidade, a alíquota é maior. Tais incidências são consideradas para os tributos indiretos, isto é, aqueles em que o ônus tributário repercute no consumidor final. Com isso, as técnicas do princípio da seletividade visam promover justiça fiscal, inibindo os efeitos negativos provocados por esses impostos, que tendem "regressividade".

Em palavras simples, uma "progressividade" às avessas, uma vez que, os impostos regressivos, "quem ganha mais paga menos, quem ganha menos paga mais".

Configura-se a injustiça do sistema tributário.

Cabe, a seletividade ser o mecanismo inibitória da regressividade no sistema. Para deixar o sistema menos regressivo. O horizonte é perseguir a justiça social.

3.3.9 PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA (CF, art. 150, II)

O princípio da capacidade contributiva, igualmente denominado princípio da capacidade econômica, é um desmembramento do princípio da igualdade no Direito Tributário, representando a materialização do mesmo em prol de uma justiça social.

Tal princípio pode ser compreendido em sentido objetivo (presença de uma riqueza passível de ser tributada) e em sentido subjetivo (determina qual parcela da riqueza pode ser tributada em virtude das condições individuais), portanto, o Estado é obrigado a cobrar o tributo não em razão da renda potencial das pessoas, mas sim da que a mesma efetivamente dispõe.

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O intuito do princípio da capacidade contributiva na ordem jurídica tributária é a busca de uma sociedade mais justa onde a maior tributação recaia sobre aqueles que possuam maior riqueza.

3.3.10 PRINCÍPIO DAS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS ( art. 150, VI, “a”, CF)

É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre: patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; templos de qualquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

A imunidade realmente é uma forma de não incidência do tributo, tendo em vista que impede que uma norma legal defina como fato gerador as matérias então imunes.

Assim, se não há previsão legal de incidência das matérias imunes, não se admite a ocorrência do fato gerador, por simples ausência de previsão legal, e consequentemente a formação da obrigação tributária principal.

Já na isenção, não se impede a instituição de tributo sobre os fatos previstos na norma isentiva. Assim sendo, por expressa previsão legal, tem-se a ocorrência do fato gerador e, consequentemente, a formação da obrigação tributária e, posteriormente, o seu crédito, que, por sua vez, é então excluído.

4. CLASSI FI CAÇÃO DOS TRI BUTOS: I MPOSTOS, TAXAS E CONTRI BUI ÇÃO DE MELHORIA (Art. 3º, CTN).

4.1 IMPOSTO

Art. 145, I C.F. e art. 16 CTN

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos;

Características:

4.1.1. FATO GERADOR: manifestação exterior de riqueza decorrente da capacidade econômica do contribuinte.

4.1.2. FUNÇÃO: redistributiva

4.1.3. BASE DE CÁLCULO: grandeza de dimensiona a manifestação econômica do contribuinte.

4.1.4. TRI BUTO NÃO VINCULADO: São tributos cujo fato gerador é uma situação que não tem como contrapartida nenhuma atividade imediata do Estado em relação ao contribuinte. (Ex: quando o Estado cobra I .R. , não oferece nenhum serviço de imediato em troca. Portanto, afirmamos que o imposto é um tributo NÃO VI NCULADO (vide art. 16 CTN).

Art. 16. I mposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação

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independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

4.1.5. TRI BUTO DE RECEI TA NÃO VI NCULADA: Em regra, a receita arrecadada não pode estar vinculada, por lei, a nenhuma despesa específica, fundo ou órgão predeterminados, isto é, tem que ser redestinada ao “ bolo do orçamento”, de onde será repartida segundo os critérios da lei orçamentária. Portanto, é um tributo de RECEITA NÃO VI NCULADA, ou seja, de ARRECADAÇÃO NÃO VI NCULADA. Veja a proibição no art. 167, IV da Constituição Federal – alterado pela E.C. 43/ 03. Há, no entanto, exceções previstas no próprio artigo 167,IV C.F que serão estudadas no capítulo de Competência Tributária.

Art 167 CF- são vedados:

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensinoe para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º , 212 e 37, XXI I, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;

4.1.6. Diversos são os impostos instituídos pela União, Estados, D.F e Municípios, segundo a competência tributária que lhes for atribuída pela própria Constituição. ( vide capítulo de Competência Tributária)

4.1.7. Algumas classificações importantes dos impostos:

a) Quanto à forma de percepção: diretos e indiretos

São DIRETOS quando o sujeito passivo de direito (aquele que tem a obrigação legal de recolher o tributo aos cofres públicos ) é idêntico ao sujeito passivo de fato (aquele que efetivamente desembolsa). Não há transferência do encargo tributário. Ex: I PTU, onde o proprietário tem obrigação legal de recolher aos cofres públicos e ele próprio arca com o ônus tributário. Neste caso não há transferência de ônus financeiro a terceiros. Dá-se o fenômeno da percussão tributária;

São INDIRETOS quando o sujeito contribuinte de direito é diverso do sujeito passivo de fato. Ex: I CMS, I PI , I SS. Nesta hipótese há transferência de ônus tributário a terceiros, há o fenômeno da repercussão ou translação, uma vez que o sujeito passivo de direito transfere o encargo tributário ao sujeito passivo de fato, como, por exemplo, quando o comerciante já engloba o montante do tributo a arrecadar no preço final da mercadoria, transferindo o desembolso efetivo do tributo, portanto, para o consumidor final. Vale ressaltar que o consumidor, no exemplo, não se diz contribuinte ( nome reservado aos contribuintes de direito e não aos contribuintes de fato ).

b) Quanto ao objeto de incidência: reais ou pessoais

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São PESSOAIS quando atingem a pessoa, isto é, levam em consideração características subjetivas do sujeito passivo. Incidem sobre a pessoa do contribuinte. Ex: I.R.

São REAIS quando restringem sua incidência à coisa, à ¨res¨ (coisa), objeto do imposto, desconsiderando, em regra, a figura do contribuinte. Ex: IPTU

BIBLIOGRAFIA

FABRETTI, Láudio Carmargo e Dilene Ramos. Direito Tributário para os Cursos de Administração e Ciências Contábeis. 7ªed., São Paulo: Atlas, 2009.

COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 5ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 19ª ed. São Paulo: Malheiros, 2003.

ICHIHARA, Yoshiaki. Direito Tributário. 12ª ed. São Paulo: Atlas, 2005.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 23ª ed., revista, atualizada e ampliada, São Paulo: Malheiros, 2004.

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