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Barker, M.-J., Gill, R. & Harvey, L. (2018). Mediated Intimacy: Sex Advice in Media Culture. Cambridge: Polity Press (312 pp.).

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Academic year: 2022

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Barker, M.-J., Gill, R. & Harvey, L. (2018). Mediated Intimacy: Sex Advice in Media Culture. Cambridge: Polity Press (312 pp.).

Autor(es): Simões, Rita Basílio de

Publicado por: Imprensa da Universidade de Coimbra URL

persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/44918 DOI: DOI:https://doi.org/10.14195/2183-6019_7_14 Accessed : 29-Oct-2022 20:26:06

digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

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mediapolis

revista de comunicação, jornalismo e espaço público

7

Periodicidade Semestral

Imprensa da Universidade de Coimbra Coimbra University Press

tema

media, comunicação e género media, communication and gender

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217

Recensão Crítica

Barker, M. ‑J., Gill, R. & Harvey, L. (2018). Mediated Intimacy: Sex Advice in Media Culture. Cambridge: Polity Press (312 pp.).

Rita Basílio de Simões

UC | CEIS20

https://doi.org/10.14195/2183‑6019_7_14

Nos últimos anos, os debates so‑

bre a sexualização da cultura fizeram emergir novas interrogações e velhas tensões acerca do potencial emancipa‑

dor dos media. Em que medida estará a paisagem mediática hipersaturada de sexo a democratizar o discurso sexual? Até que ponto favorecerá a aceitação de modelos não ‑normativos de sexualidade? Quais os efeitos da reiterada erotização dos corpos dos indivíduos na vida das pessoas? Quais as implicações sociais do que Brian McNair (2002) apelidou de “cultura de striptease”? Estas são algumas das questões que atravessam os debates sobre o fenómeno da sexualização na cultura mediática contemporânea, com frequência polarizados em duas visões distintas acerca do papel dos media: as apocalíticas e as otimistas.

Em Mediated Intimacy: Sex Advice in Media Culture (Intimidade Mediada:

Aconselhamento sexual na Cultura dos Media), Meg ‑John Barker, Rosa‑

lind Gill, Laura Harvey desafiam e complexificam a leitura dicotómica prevalecente da cultura mediática, ao oferecerem uma análise menos preocupada em julgar do que em mapear e compreender as práticas

que configuram a sexualização e as relações de poder envolvidas nesse processo.

A análise desenvolvida é também estimulante por utilizar uma perspe‑

tiva pouco explorada para interrogar as práticas de sexualização. As auto‑

ras – todas académicas com trabalho internacional de relevo na área dos media, género e sexualidade – anali‑

sam estas práticas à luz de um concei‑

to particular: “intimidade mediada”.

Desenvolvido por Rosalind Gill em trabalhos prévios (ex. Gill, 2009),

“intimidade mediada” refere ‑se às formas como os discursos sobre a in‑

timidade, mais especificamente sobre o sexo e os relacionamentos sexuais, são mediados em diversos contextos mediáticos, particularmente através de formas de “sexpertise”, isto é, de aconselhamento especializado em sexo e sexualidade. Dirigindo a atenção para um leque diversificado de formas de “sexpertise”, da literatura de autoa‑

juda às revistas de lifestyle, passando por programas televisivos e ambientes digitais, Barker, Gill e Harvey inter‑

rogam não a natureza moral desses textos, mas as suas implicações no modo como vivemos e experienciamos

a intimidade. O seu objetivo é preci‑

samente interpelar

o habitat cultural mais amplo das imagens, ideias e discursos sobre intimidade que circulam através e por meio dos media: os ‘finais feli‑

zes’ das comédias românticas; as

‘doses de dinheiro’ da pornografia;

a coscuvilhice de celebridades so‑

bre quem está a andar com quem, quem está a ‘trair’ quem, e quem é que se mostra ‘sexy’; a televisão de lifestyle sobre ‘corpos embaraço‑

sos’ ou ‘insuportáveis’; os artigos de imprensa sobre como ter um

‘bom’ divórcio ou ‘dez coisas que não deverão ser ditas num primei‑

ro encontro’; ou a nova aplicação de smartphone que nos incita a quantificar e a avaliar as nossas vidas sexuais, etc. Isto constitui o que é ‘tomado como garantido’

das compreensões quotidianas da intimidade e ocupa o coração deste livro. (p. 1)

A sua interpelação é encaminha‑

da tanto para os media mainstream como para os espaços alternativos, tais como sites, blogs e aplicações móveis.

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Prestando idêntica atenção ao que é obscurecido e iluminado e mostran‑

do como ambas as performances são indissociáveis do género e de outras particularidades distintivas que com ele se intersetam e afetam a valoriza‑

ção social dos indivíduos, as autoras mapeiam os padrões predominantes no discurso e os sinais e forças contra‑

‑hegemónicas. Que tipo de constru‑

ções do sexo permeiam a cultura mediática e como são enquadrados nessas construções o consentimento, a coerção e a violência? Quem e o que é retratado como normal nessas representações? Quais são os corpos considerados como fontes de prazer e desejo e quais não logram sê ‑lo?

Que operações de poder e interseções entre sistemas de privilégio podem ser identificadas na cultura altamente se‑

xualidade dos media? Estas são algu‑

mas das questões debatidas ao longo do livro tendo por base as realidades empíricas estudadas.

Organizado por temas, Mediated Intimacy desdobra ‑se em nove ca‑

pítulos. No primeiro, titulado com o nome do livro, as autoras discutem a partir da teoria social, feminista e queer as transformações sofridas pela

intimidade na cultura ocidental do pós ‑guerra e apresentam os conceitos‑

‑chave e a estrutura argumentativa da obra. O segundo é dedicado à

“História do aconselhamento sexual mediado” (“History of mediated sex advice”; o terceiro ao tema “Género, sexualidade e o corpo nos media”

(“Gender, sexuality and the body in the media”); o quarto à temática “Ser normal” (“Being normal”); o quinto à relação “Trabalho e empreendedoris‑

mo” (“Work and entrepreneurship”);

o sexto reflete sobre o “Prazer” (“Ple‑

asure”); o sétimo sobre “Segurança e risco” (“Safety and risk”); o oitavo explora a questão da “Comunicação e consentimento” (“Communication and consent”); o nono e último capítulo contém as conclusões deste trabalho sobre a mediação e as transformações contemporâneas da intimidade.

Para a compreensão da generali‑

dade destas partes, em geral orienta‑

das para a superação de determinadas fronteiras epistemológicas, é funda‑

mental a leitura do primeiro capítu‑

lo, cuja discussão coloca em relevo e descreve os conceitos e contextos considerados nucleares para a compre‑

ensão dos argumentos defendidos. Um

desses contextos é o neoliberalismo.

Dele se ocupam em detalhe as autoras, recorrendo ao pensamento filosófico‑

‑político que tem preterido a tradução do fenómeno numa fase avançada do capitalismo contemporâneo, marcada pela privatização, de ‑regulação e ema‑

grecimento do Estado, em favor do seu reconhecimento como uma poderosa força ideológica que outorga ao Estado e aos mercados novos papéis e aos indivíduos novas conceções de vida humana. Entre elas, o individualismo compulsório e a procura do sentido da existência através dos discursos da liberdade, autonomia e escolha. Este é o quadro em que é inscrita a me‑

diação do sexo e das relações íntimas.

O liberalismo:

[e]stá implicado na vida social e cultural e constitui uma caracte‑

rística cada vez mais reconhecida da paisagem mediática – vista no predomínio das ideias de ‘autoa‑

juda’, na ênfase colocada na au‑

totransformação (quer de casas, jardins, estilos parentais ou eti‑

queta de encontros), no que ficou conhecido como o ‘paradigma de transformação’ dos media, assim

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219 como no repetido foco no empre‑

endedorismo. (p. 9)

O pós ‑feminismo é outro conceito nuclear da obra. Recorrendo ao sen‑

tido que o pós ‑feminismo adquiriu no trabalho de Gill (2007), como uma

“sensibilidade” que caracteriza a vida cultural contemporânea, e refletindo sobre diferentes conceptualizações do termo, que carece, sustentam, de crítica e desconstrução, as autoras discutem a poderosa força reguladora do pós ‑feminismo. Para alguma inves‑

tigação, incluindo para Gill (2017), o pós ‑feminismo pode ser situado no plano do “neoliberalismo genderiza‑

do”, atendendo ao modo diferenciado como os sujeitos são instados a culti‑

var os papéis tidos como apropriados para vingar na sociedade neoliberal.

É também dessa panóplia de ideias e discursos que configuram o senso‑

‑comum contemporâneo que se ocupa a investigação publicada.

Por fim, cabe realçar que, trazen‑

do à colação um retrato multifacetado do sexo e da intimidade, produzido por uma pluralidade de media, Me- diated Intimacy vem enriquecer os estudos da sexualização da cultura.

Simultaneamente, vem reorientar o debate acerca do potencial nefasto da pornografia – e de outros produtos mediáticos equiparados – para a mais complexa discussão sobre as impli‑

cações da naturalização de discursos sobre o sexo e a intimidade sexual na vida quotidiana das pessoas.

REFERÊNCIAS

Gill, R. (2007). Gender and the Media.

Cambridge: Polity press.

McNair, B. (2002). (ed.) Striptease Culture:

Sex, Media and the Democratization of Desire. London: Routledge.

Gill, R. (2009). Supersexualize Me! Ad‑

vertising, (Post)feminism and ‘the Midriffs’. In F. B. Attwood (ed.) Mainstreaming Sex: The Sexuali- zation of Culture (pp. 93 ‑109). Lon‑

don, New York: I. B. Tauris.

Gill, R. (2017). The affective, cultural and psychic life of postfeminism:

a postfeminist sensibility 10 years on. European Journal of Cultural Studies, 20(6), 606 ‑626.

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