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A avaliação pericial do estado de saúde. Uma problemática em Clínica Forense

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183 A avaliação pericial do estado de saúde.

Uma problemática em Clínica Forense

Revista Portuguesa do Dano Corporal (22), 2011 [p. 183-193]

A avaliação pericial do estado de saúde.

Uma problemática em Clínica Forense

C a r i n a O l i v e i r a( 1 , 3 ), R o s á r i o Le m o s S i l v a( 1 , 3 ), G r a ç a S a n t o s C o s t a( 1 , 3 ), D i o g o P i n t o d a C o s t a( 1 , 3 ), Fr a n c i s c o C o r t e R e a l( 1 - 3 ), D u a r t e N u n o V i e i r a( 1 , 2 , 3 )

INTRODUÇÃO

Concretizada no âmbito da Clínica Forense, a avaliação pericial do estado de saúde continua a constituir, indiscutivelmente, uma das situações problemá- ticas no domínio da avaliação dos danos corporais, representando, ainda hoje, um desafio na prática pericial médico-legal. Isto atendendo quer à frequente complexidade do objeto da perícia, quer à grande variabilidade de situações que, neste contexto, são solicitadas aos serviços periciais médico-legais.

Como sempre, também aqui é crucial dar resposta ao objeto da perícia, ao que é solicitado pela entidade requisitante, seja esta a competente autoridade judiciária, uma companhia seguradora, a entidade patronal ou o próprio examinado. Como sempre também, a resposta a dar deverá ser imparcial e objetiva, satisfazendo cabalmente os fins a que se destina, sem deixar de respeitar as normas específicas que a regem.

Até 21 de Janeiro de 2008, era absolutamente pacífico que o instrumento de avaliação (tabela) aplicável em tais situações, sempre que era solicitada a atribuição de incapacidade, seria a Tabela aprovada no Decreto-Lei nº341/93, de 30 de Setembro (isto é, a Tabela Nacional de Incapacidades por Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais). Isto porque era até então a única tabela de avaliação de incapacidades oficialmente existente no nosso país. E esta situação resultava também claramente do disposto no Decreto-Lei nº 202/96,

1 Instituto Nacional de Medicina Legal, I.P.

2 Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

3 CENCIFOR - Centro de Ciências Forenses, Portugal

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C a r i n a O l i v e i r a , R o s á r i o L e m o s S i l v a , G r a ç a S a n t o s C o s t a , D i o g o P i n t o d a C o s t a ,

F r a n c i s c o C o r t e R e a l , D u a r t e N u n o V i e i r a 184

de 23 de Outubro4, que estabelece o regime de avaliação de incapacidade das pessoas com deficiência, tal como definido no artigo 2.º da Lei n.º 9/89, de 2 de Maio, para efeitos de acesso às medidas e benefícios previstos na lei tendo em vista facilitar a sua plena participação na comunidade.

Mas o Decreto-Lei nº 352/2007, de 23 de Outubro, veio posteriormente aprovar duas tabelas, uma destinada ao direito de trabalho, para a avaliação pericial de vítimas de acidentes de trabalho e doenças profissionais, e outra inteiramente direcionada para a reparação do dano em Direito Civil: a Tabela Nacional de Incapacidades por Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais (TNI) e a Tabela de Avaliação de Incapacidades Permanentes em Direito Civil.

Este novo quadro legal (as novas tabelas) não refere jamais quaisquer regras de aplicabilidade na avaliação específica de incapacidades em pessoas com deficiência, para efeitos de acesso às medidas e benefícios previstos na lei. Por outras palavras, não se definiu qualquer tabela específica para tais situações, ou seja, se seria de passar a utilizar neste âmbito a Tabela de Avaliação de Incapacidades Permanentes em Direito Civil, como pareceria lógico, face ao tipo de incapacidade em causa.

Nesta conformidade, teremos de concluir que permanece como instrumento pericial aplicável nas avaliações de incapacidade de pessoas com deficiência - por força do Decreto-Lei nº 202/96, de 23 de Outubro (“lei especial”), que não

4 Preâmbulo do Decreto – Lei nº 202/96 de 23 de Outubro

O n.º 1 do artigo 2.º da Lei n.º 9/89, de 2 de Maio - Lei de Bases da Prevenção e da Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência - define pessoa com deficiência «aquela que, por motivo de perda ou anomalia, congénita ou adquirida, de estrutura ou função psicológica, intelectual, fisiológica ou anatómica suscetível de provocar restrições da capacidade, pode estar considerada em situações de desvantagem para o exercício de atividades consideradas normais, tendo em conta a idade, o sexo e os fatores socioculturais dominantes».

Face à inexistência de normas específicas para a avaliação de incapacidade na perspetiva desta lei, tem sido prática corrente o recurso à Tabela Nacional de Incapacidades (TNI), aprovada pelo Decreto-Lei n.º 341/93, de 30 de Setembro, perspetivada para a avaliação do dano em vítimas de acidentes de trabalho e doenças profissionais, de forma a possibilitar alguma uniformização valorativa a nível nacional.

Todavia, no âmbito da avaliação de incapacidade de pessoas com deficiência, mostra-se neces- sário proceder à atualização dos procedimentos adotados, nomeadamente de forma a melhor adequar a utilização da atual TNI ao disposto na Lei n.º 9/89, de 2 de Maio. Considerando o conceito de pessoa com deficiência, enunciado no n.º 1 do artigo 2.º da Lei n.º 9/89, de 2 de Maio - Lei de Bases da Prevenção e da Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência;

considerando que os benefícios fiscais e parafiscais previstos na lei para pessoas com deficiência são atribuídos com o intuito de realizar justiça social; considerando a necessidade não só de explicitar a competência para avaliação de incapacidade nas pessoas com deficiência como também, enquanto não for instituída uma tabela específica para este fim, criar normas de adaptação da citada TNI; considerando ainda a experiência adquirida pelas juntas médicas de avaliação de incapacidade de pessoas com deficiência.

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