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A percepção do lugar de vivência expressa através dos mapas mentais: experiência a partir do subprojeto geografia–PIBID/CAPES/UEPB

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB CENTRO DE EDUCAÇÃO-CEDUC DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA. KALINA FERNANDA CAVALCANTI FERREIRA. A PERCEPÇÃO DO LUGAR DE VIVÊNCIA EXPRESSA ATRAVÉS DOS MAPAS MENTAIS: EXPERIÊNCIA A PARTIR DO SUBPROJETO GEOGRAFIA – PIBID/CAPES/UEPB. CAMPINA GRANDE JULHO-2014.

(2) KALINA FERNANDA CAVALCANTI FERREIRA. A PERCEPÇÃO DO LUGAR DE VIVÊNCIA EXPRESSA ATRAVÉS DOS MAPAS MENTAIS: EXPERIÊNCIA A PARTIR DO SUBPROJETO GEOGRAFIA – PIBID/CAPES/UEPB. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Licenciatura plena em Geografia da Universidade Estadual da Paraíba, em cumprimento às exigências legais, para obtenção do Grau de Licenciada em Geografia. Orientadora: Drª Josandra Araújo Barreto de Melo. CAMPINA GRANDE-PB JULHO/2014.

(3) É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na forma impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da dissertação.. 383. Ferreira, Kalina Fernanda Cavalcanti A percepção do lugar de vivência expressa através dos mapas mentais [manuscrito]: experiência a partir do subprojeto geografia–PIBID/CAPES/UEPB/Kalina Fernanda Cavalcanti Ferreira. -2014. 37 p. : il. Color Digitado. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia) -Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Educação, 2014. "Orientação: Profa. Dra. Josandra Araújo Barreto de Melo, Departamento de Geografia".. 1.Ensino de Geografia 2.Mapa Geográfica 4. Espaço de Vivência I. Título.. Mental. 3.. Localização. 21. ed. CDD 372.891.

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(5) DEDICATÓRIA. Dedico aos meus pais: José da Mota Ferreira e Iolanda Cavalcanti Ferreira pelo amor e incentivo a educação de todos os seus filhos. Ao meu Noivo Ricardo Alessandro Silva Pereira, pelo amor e apoio para concretização dos meus sonhos..

(6) AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, ao supremo Deus, por estar comigo em todo tempo, nos momentos difíceis e alegres; pelas vitórias alcançadas em cada momento de minha caminhada, consciente de que sem Ele ao meu lado para me dar força, eu não teria alcançado tais benevolências. À toda minha família, que são o meu alicerce para a construção de meu caráter. Em especial, aos meus amados pais: José da Mota Ferreira e Iolanda Cavalcanti Ferreira, pelo amor e esforços para criar seus filhos com dignidade. Às minhas irmãs, Ariana Rafaela Cavalcanti Lima e Raquel Luana Cavalcanti Ferreira, pela amizade e apoio prestados a mim. À minha querida prima e amiga Irlânia Azevedo de Lima, pelas palavras de ânimo nos momentos difíceis. À meu irmão Arctúrus Le Prince Gui-Lumière pela amizade e ensinamentos filosóficos. A minha amada tia Erotildes Galdino de Lima pelo amor e dedicação para comigo. Aos meus irmãos José Fábio, Marcos Vinícius e Matheus Vitor pela amizade. A uma pessoa mais que especial, que Deus colocou no meu caminho no momento certo, meu amado noivo Ricardo Alessandro Silva Pereira, pelo amor, carinho e incentivo para realizações dos meus sonhos, que também são seus. Também, às minhas amigas Luzia Martins de Santana e Érica Vidal de Brito, amizades estas construídas no decorrer de minha trajetória na graduação, agradeço pelas palavras de apoio em momentos difíceis. A todos os meus professores da graduação pelos ensinamentos, em particular a minha Orientadora Drª Josandra Araújo Barreto de Melo, pelos ensinamentos que me possibilitaram chegar até aqui. Agradeço pela oportunidade de ter sido sua bolsista no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID, esta como Coordenadora deste projeto, proporciona aos seus integrantes uma formação teórica metodológica sólida; proporcionando-me, assim, uma grande aprendizagem, fomentando para que eu possa galgar outros degraus em minha vida acadêmica e pessoal. Dessa forma, agradeço por todo o apoio prestado, haja vista, ter sempre me dado um voto de confiança, acreditando em minha capacidade cognitiva..

(7) “Não há nada como o sonho para criar o futuro; utopia hoje, carne e osso amanhã. O futuro tem muitos nomes. Para os fracos é o inalcançável. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes é a oportunidade. Existe uma coisa mais poderosa que todos os exércitos: uma ideia cujo tempo é chegado.” – Victor-Marie Hugo.

(8) A PERCEPÇÃO DO LUGAR DE VIVÊNCIA EXPRESSA ATRAVÉS DOS MAPAS MENTAIS: EXPERIÊNCIA A PARTIR DO SUBPROJETO GEOGRAFIA – PIBID/CAPES/UEPB FERREIRA, Kalina Fernanda Cavalcanti1 RESUMO Os mapas mentais são um instrumento de auxílio para representação e compreensão do lugar, que auxilia no entendimento da localização geográfica, sendo um recurso que propicia o desenvolvimento do ensino e aprendizagem. Nesta perspectiva, este estudo tem como objetivo central analisar a experiência desenvolvida utilizando os mapas mentais para o estudo do lugar, no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UEPB. Este foi realizado, no 2º semestre de 2013, na turma do 1° E do Curso de Magistério da Escola Normal Estadual Padre Emídio Viana Correia, localizada na cidade de Campina Grande. O método utilizado foi o fenomenológico, este analisa a relação espacial e social, que os seres humanos têm com espaço vivenciado. Destarte, a pesquisa foi numa perspectiva qualitativa. Os resultados alcançados foram satisfatórios, mostrando que este recurso foi eficaz para o estudo do lugar enquanto categoria de análise geográfica. Através deles, os alunos demonstraram os conhecimentos sobre o espaço vivido, mediante a organização de pensamentos e apreensão dos elementos da paisagem e, consequentemente, a percepção e interpretação do espaço como algo dinâmico. De modo que, no uso deste recurso, fora possível utilizar-se do senso comum dos alunos para construção dos conhecimentos científicos. Percebendo que o mapa mental é um instrumento de grande valia não só para conhecimento do lugar como também para alfabetização cartográfica, esta que se constitui um entrave para o desenvolvimento do raciocínio espacial. Desta forma, foi de grande significância também para os bolsistas do PIBID, visto que, fora uma experiência enriquecedora, pois contribuiu para a formação docente, desafiando construir uma carreira docente que ressalte a relevância de uma postura e prática pedagógica consolidando a Geografia escolar. Palavras-Chave: Lugar. Mapa mental. Ensino de Geografia. Espaço de vivência.. 1. INTRODUÇÃO Constata-se que a educação no Brasil ainda enfrenta dificuldades como a desvalorização de professores, esta, reflete em condições de trabalho como na infraestrutura das escolas e nos salários dos docentes. A desmotivação de alguns alunos tem sido também uma dificuldade; todavia, isso não justifica que o professor venha deixar de cumprir o seu papel de agente transformador da sociedade. Destarte, o docente deverá fazer o seu trabalho de forma dinâmica, procurando motivar os alunos, e que acredite na educação como forma de. 1. Graduada em Licenciatura plena em Geografia pela Universidade Estadual da Paraíba-UEPB. E-mail: kalinafcf@gamil.com. 8.

(9) resolver problemas sociais como violência, pobreza, entre outros, a partir da consciência de que é um formador de opinião. Nesta conjuntura, as aulas de Geografia não podem ser ministradas de uma forma tão mecanicista como aderem os professores da corrente tradicional que, não contextualizam a relação dos conteúdos com o cotidiano dos alunos, não promovendo a articulação entre as escalas geográficas. Estes, muitas das vezes, só ministram aulas descritivas, onde a natureza e sociedade são vistas a partir de uma sequência linear. Entretanto, analisa-se nas últimas décadas que ocorreram mudanças significativas na sociedade, visto estar-se em um mundo globalizado, onde as tecnologias têm avançado consideravelmente. Em meio a estes avanços a escola tem que encontrar meios para que continue cumprindo sua tarefa social, posto que a prática de ensino seja uma ferramenta de transformação da sociedade. A Geografia, em particular, tem procurado evoluir na sua prática, principalmente a partir dos anos de 1970. A partir desse período, ocorreu uma renovação nos objetivos e práticas da Geografia, tendo como consequência a afirmação de outras correntes, procurando romper com o tradicional, centradas no aluno. Neste contexto, entra em cena a Geografia humanista, em que o ser humano não deve ser estudado meramente como um ser que racionaliza, mas de forma subjetiva, ou seja, que experimenta sensações, sentimentos, que é reflexivo, criativo e imaginativo. Desse modo, é necessário que o docente leve em consideração a análise dos sentimentos e emoções de cada indivíduo no ato de ensino e aprendizagem. Logo a geografia Humanista, contribui para o estudo no que se refere à categorias/conceitos como Lugar, Espaço Vivido/Vivenciado e Paisagem. Nesta conjuntura, o mapa mental se insere como um instrumento para auxiliar no desenvolvimento do ensino e aprendizagem, para o estudo do lugar, numa perspectiva da Geografia Humanista. Destarte, os mapas mentais são representações do real, através de percepções próprias dos indivíduos. Estes representam uma linguagem que retrata o espaço vivido, sendo de grande auxílio para a construção do conhecimento do aluno sobre o lugar e suas paisagens. Como explicita André (1989) Apud Nogueira: Os mapas mentais são representações do real e são elaborados por um processo no qual se relacionam percepções próprias: visuais, auditivas, olfativas, as lembranças, as coisas conscientes e inconscientes, ou pertencer a um grupo social, cultural; assim, mediante e seguida de filtros, nasce uma reconstrução as cartas mentais. (2002; p.127). Mediante o exposto, a utilização deste recurso é relevante nas turmas do curso de Magistério, pelo fato de que este irá proporcionar aos alunos a utilização dos conhecimentos 9.

(10) do cotidiano para se entender as categorias geográficas; também propiciar o melhor conhecimento do local em que vivem, e, muni-los de estratégias metodológicas ao utilizarem quando estiverem atuando profissionalmente no magistério; ocasião em que poderão usar este recurso como instrumento à alfabetização cartográfica, despertando o gosto de seus futuros alunos pelo estudo dos mapas e rompendo com a tendência que se dissemina nas escolas brasileiras, a de negligenciar as técnicas de construção ou leitura/interpretação de mapas nas séries iniciais. A partir do apresentado, este trabalho tem como objetivo analisar a experiência desenvolvida na Escola Normal Estadual Padre Emídio Viana Correia–Campina Grande, PB; no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência– PIBID/CAPES/ UEPB, Subprojeto de Geografia, utilizando os mapas mentais como um recurso de auxílio para representação e compreensão do lugar, a partir do cotidiano.. Sendo analisada a. interpretação dos alunos no meio em que estão inseridos e a identificação que concebem da sociedade.. 2.0-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.0. AS PRINCIPAIS CORRENTES DA GEOGRAFIA E OS DESDOBRAMENTOS NO ENSINO 3.1. A Geografia Tradicional Por ter sido constituída como ciência geográfica no século XIX até meados do século XX, com os trabalhos realizados dos geógrafos Alexandre Von Humboldt e Karl Ritter (alemães) e a importância do francês Paul Vidal de La Blache, esta geografia vai ser denominada clássica ou tradicional. Neste período, sua base de fundamento era o positivismo, método caracterizado por MORAES (1999): [...] Uma primeira manifestação dessa filiação positivista está na redução da realidade ao mundo dos sentidos, isto é, em circunscrever todo trabalho científico ao domínio da aparência dos fenômenos. Assim, para o positivismo, os estudos devem restringir-se aos aspectos visíveis do real, mensuráveis, Palpáveis. Como se os fenômenos se demonstrassem diretamente ao cientista, a qual seria mero observador. Daí a limitação de todos os procedimentos de análise a indução, posta como a única via de qualquer explicação científica. Tal postura aparece na geografia através da desgastada máxima“A geografia é uma ciência empírica, pautada na observação”- presentes em todas as correntes da disciplina [...] (p. 22).. Logo, a Geografia Tradicional está pautada nas técnicas de descrição, enumeração e classificação dos fenômenos existentes no espaço, vendo o homem apenas como um elemento 10.

(11) da paisagem e como mais um fenômeno da superfície terrestre, tendo, portanto um caráter naturalista. Por conseguinte, aqui, o positivismo é manifesto numa postura geral, profundamente empirista e naturalista. O elemento de identidade mais importante dos geógrafos dessa tendência era a concepção de que a Geografia consiste numa ciência de síntese ou ciência de contato entre as disciplinas que estudam a natureza e as da sociedade. Neste período, a Geografia foi definida como a ciência que faz a descrição da superfície terrestre, pelo fato de estar muito ligada a explicação dos fenômenos físicos e comprometida com as posições políticas de seus fundadores. Logo após esta definição, com a evolução dos estudos de Emanuel de Martone, a Geografia passou a ser definida como a ciência que estuda a distribuição dos fenômenos físicos, biológicos e humanos pela superfície da Terra, dando foro de ciência à Geografia. (ANDRADE) Pode-se iniciar a sistematização da Geografia tradicional com a presença de Von Alexandre Humboldt e Karl Ritter. Humboldt afirmava ser a Geografia como a parte terrestre da ciência dos cosmos, ou seja, seria esta uma síntese de todos os conhecimentos relacionados à Terra. [...] Tal concepção transparece em sua definição do objeto geográfico, que seria: “a contemplação da universalidade das coisas, de tudo que coexiste no espaço concernente as substâncias e forças, da simultaneidade dos seres materiais que coexistem na Terra.” Caberia ao estudo geográfico: reconhecer a unidade na imensa variedade dos fenômenos, descobrir pelo livre exercício do pensamento e combinado as observações, a constância dos fenômenos em meio a suas variações aparentes”. Desta forma, a geografia seria uma disciplina eminentemente sintética, preocupada com a conexão entre os elementos, e buscando, através dessas conexões, a casualidade existente na natureza. Em termos de métodos Humboldt propõe o “empirismo raciocinado”, isto é, a intuição a partir da observação. O geográfico deveria contemplar a paisagem de forma quase que estática [..](ANDRADE,1999, p.47-48).. Ritter, por sua vez detinha-se a um conceito mais relacionado ao de um “sistema natural”, estudando os lugares e dando individualidade aos mesmos. Logo “a Geografia de Ritter é principalmente, um estudo dos lugares, em busca da individualidade destes”. (ANDRADE, 1999, p.49) É na Alemanha que surge o primeiro paradigma que caracteriza esta Geografia, o determinismo ambiental, este preconiza que o homem é influenciado pelo meio, ou seja, as condições naturais exercem influência sobre o comportamento do homem. Tendo como seu maior representante Friedrich Ratzel, este cria conceitos como: espaço vital, região natural, fator geográfico e condição geográfica.. 11.

(12) [...] Ratzel, dedicando-se às ciências naturais, encarou o homem como uma espécie animal e não como um ser social, tentando explicar a evolução da humanidade dentro dos postulados de Darwin. A evolução se procederia através da luta entre as várias espécies, vencendo as mais capazes de adaptação do meio natural. Se isto ocorreria entre várias espécies, ocorreria também nas raças humanas e os povos, sendo selecionadas para a sobrevivência e para o mundo as mais capazes de adaptarse e de controlar o meio natural. Daí a ideia da superioridade dos europeus, povos com civilização mais dinâmica frentes aos coloniais, ditas selvagens, bárbaros e com civilizações estagnadas. (ANDRADE, 2008.p.86). No contexto da Geografia Tradicional, se estruturou na França, nos fins do século XIX, um segundo paradigma, o Possibilismo tendo como seu principal representante: Paul Vidal de La Blache. O Possibilismo se contrapõe totalmente ao determinismo, afirmando que a natureza é considera como fornecedora de possibilidades para que o homem a modifique, ou seja, este, mediante técnicas e o capital, pode exercer influência sobre o meio. La Blache definiu o objeto da Geografia como a relação homem-natureza, na perspectiva da paisagem, desenvolvendo a expressão “gênero de vida”, ou seja, o conjunto de técnicas e costumes, construído e passado socialmente, conforme afirmação de Moraes (1999): [...] Vidal argumenta que uma vez estabelecido, o gênero de vida tenderia á reprodução simples, isto é, a reproduzir-se sempre da mesma forma (Por exemplo, uma sociedade com escassos recursos disponíveis, criaria normas sociais–tabus alimentares, infanticídio etc.–para manter seu equilíbrio). Entretanto, alguns fatores poderiam agir, impondo uma mudança no gênero de vida: como os recursos acabarem e ter que se migrar em busca de recursos em outro local, modificando assim seu gênero de vida, outro é o crescimento da população, que impulsionaria a sociedade à busca de novas técnicas ou dividir a comunidade, criando um novo núcleo, gerando assim a colonização e o contato com outros gêneros de vida, acarretando numa mudança [..] (ibidem, p.68).. Desse modo, o ser humano era considerado um ser ativo e não passivo, de posse de grandes possibilidades oferecidas pelo meio que podia escolher, livre e conscientemente, de acordo com as suas necessidades de dominação. Vidal combateu a evolução linear, opondo-se as teorias globalizantes, que pregavam os positivistas e evolucionistas. Fundou a escola regional francesa, realizando estudos regionais, limitando-se a pequenas áreas, às regiões, levando em conta os aspectos físicos e humanos e que caracterizava por uma paisagem única discutindo, neste contexto, o gênero de vida. Outro método na Geografia Tradicional é o Regional, opondo-se ao Determinismo e ao Possibilismo, sendo a Geografia nele definida como a ciência que estuda a diferenciação de áreas, caracterizada pela integração de fenômenos heterogêneos em uma dada porção da superfície da Terra. Privilegiando um pouco mais o raciocínio dedutivo, apesar de menos empirista, não deixou de ser tradicionalista. Nestes estudos, tem-se principalmente a contribuição de dois geógrafos: Alfred Hettner e Richard Hartshorne. 12.

(13) Hettner definiu a Geografia como a ciência que estuda “a diferenciação de áreas”, isto é, a que visa explicar o “porquê” e “em que” diferem as porções da superfície terrestre (MORAES, 1999. p.85). Esta diferença é aprendida ao nível do próprio senso comum, defendendo assim, o caráter corográfico da Geografia. Todavia, suas teses foram pouco conhecidas, sendo divulgadas amplamente mais tarde, com o geógrafo Hartshorne. Hartshorne defendia a ideia de que as Ciências se definem por métodos próprios, não por objetos singulares, ou seja, os fenômenos organizados. Logo, o espaço se traduz como um receptáculo que contém as coisas. “Desta forma, Hartshorne deixa de procurar um objeto da Geografia, entendo-a como um ponto de vista. Seria um estudo das inter-relações entre fenômenos heterogêneos, apresentando-as numa visão sintética.” (MORAES, 1999, p.87). Ele também propôs um segundo estudo, chamado de Geografia nomotética, sendo esta generalizadora, apesar de parcial, verificando o desenvolvimento da Geografia geral e regional. Nesta conjuntura, o pensamento geográfico tradicional, elaborou alguns conceitos, como o ambiente, região, território, habitat e área. Tendo em vista os aspectos observados, as características principais da Geografia Tradicional em relação à Ciência eram: o Positivismo, Evolucionismo, Determinismo e Possibilismo. Enquanto disciplina, era descritiva e mnemônica, descrevendo a superfície terrestre e vendo o espaço como algo pronto e acabado. Havia dicotomia entre geografia física e humana. Logo, se tinha uma visão fragmentada do espaço tendo sido bastante difundidos os estudos regionais. Hettner “considerava a Geografia como uma ciência do espaço, admitindo que fosse “a ciência da superfície da Terra, segundo dimensões regionais”.” (ANDRADE, 2008, p.106). Desse modo, após todo este contexto já apresentado, a Geografia passa por algumas renovações surgindo assim a Geografia Teóricoquantitativista, dando novos rumos ao saber geográfico. 3.2. A Geografia Teóricoquantitativista O impacto das novas tecnologias no pós-guerra e a expansão do capitalismo fizeram com que vários grupos refletissem sobre a natureza da Geografia e o papel da mesma na sociedade, surgindo novos paradigmas, entre eles a corrente pragmática, podendo ser chamada também de: Teóricoquantitativista, a nova Geografia ou Neopositivista, surgindo na década de 1950, com o objetivo de justificar a expansão capitalista. Esta é caracterizada principalmente, por usar em larga escala modelos matemático estatísticos, desenvolvendo diagramas, matrizes e utilizando sempre a análise 13.

(14) fatorial e cadeia de Markov. Rompeu inteiramente com a geografia clássica e se apresentou como a nova Geografia, sem ligações com o pensamento tradicional, apresentando grandes formulações nomotéticas que facilitavam o uso da estatística. Condenou, no ensino, o uso das excursões, das aulas práticas de campo por achar desnecessária a observação da realidade, substituindo o campo pelo laboratório, onde seriam feitas as medições matemáticas, os gráficos e as tabelas sofisticadas, procurando visualizar as problemáticas através de desenhos e diagramas (ANDRADE, 2008. p.172).. Na nova Geografia, todo conhecimento é apoiado na experiência, é neste contexto que troca-se o Positivismo clássico pelo Neopositivismo, substituindo o empirismo da observação direta, por um mais abstrato, este mensurado pela estatística. O quantitativismo desta Geografia pode ser analisado no diagnóstico realizado, sobre um dado espaço, apresentando uma descrição numérica do mesmo, um exemplo disso pode ser dado quando se analisa uma produção em um determinado lugar, seus fluxos e características permitindo, assim, um maior conhecimento da área e descobrindo estratégias para intervenção na mesma. Esta Geografia “desenvolve uma tecnologia de intervenção na realidade. Constitui-se em uma arma de dominação para os detentores do Estado” (MORAES, 1999, p.108). Isto foi bastante difundido no Brasil no período da ditadura militar, quando o governo procurava consolidar e integrar a economia brasileira em relação à economia mundial, sendo feito através do IBGE, este foi e continua sendo de fundamental importância para o governo conhecer melhor a população brasileira, apesar dos erros que ainda possam existir. Portanto, estes dados e conhecimentos adquiridos servem de planejamento e intervenção sobre a organização do espaço. 3.3. A Geografia Humanista Com o crescimento do capitalismo, aumentaram também os problemas sociais, tornando-se visível já nos anos 1960 e início dos anos 1970, a preocupação dos geógrafos em relação à sociedade, surgindo uma corrente denominada de Geografia do comportamento e da percepção, humanista ou fenomenológica. Onde estes vão procurar soluções para amenizar estes problemas, pelo fato de ter se percebido que os modelos estatísticos não estavam refletindo sobre os problemas sociais. O uso cada vez maior de tecnologias avançadas aumentava a renda das grandes empresas, acelerava o processo de destruição e de degradação do meio ambiente. Viram os geográficos que os seus estudos abstratos, técnicos, despreocupados com a situação real, e seus cálculos matemáticos não contribuíram para resolver os problemas que estavam levando a humanidade a uma crise cada vez mais aguda (ANDRADE, 2008.p.179).. 14.

(15) Então, pode-se definir esta como uma corrente que observa e analisa as experiências do homem e a sua relação com a sociedade, a fim de entender seu comportamento e, a partir daí, as suas particularidades em relação ao meio, ou seja, observar suas crenças, valores e a cultura em si, de forma particular. Esta buscaria entender como os homens percebem o espaço por eles vivenciado, como se dá sua consciência em relação ao meio que os encerra, como percebem e como reagem frente às condições e aos elementos da natureza ambiente, e como este processo se reflete na ação sobre o espaço. (Moraes, 1999. p.106) “Ela é inspirada no Positivismo e no Kantismo, estando comprometida com o humanismo, dedicando-se exclusivamente ao papel desempenhado pelo homem como ser independente, não com a sociedade na forma como ela se apercebe do espaço.” (ANDRADE, 2008.p.180). Fazendo, desta forma, uma análise subjetiva ou fenomenológica, explicando o motivo de certo fenômeno acontecer em dado espaço, ou seja, uma descrição da experiência subjetiva. Três dos mais importantes autores para a origem e desenvolvimento da perspectiva humanista da Geografia são Yi-Fu Tuan, Anne Buttimer e Armand Frémont. Haveria, assim, uma concepção do espaço, quando se passasse do individual ao social, mas uma superposição de espaços para um mesmo lugar (ANDRADE, 2008.p.182). Não se pode esquecer que estes geógrafos analisam também a sociedade a partir de uma linha behaviorista, preocupando-se em como investigar a sociedade, com a orientação para o planejamento político e a preocupação com a educação ambiental. A partir disto, estes geógrafos realizavam “estudos para caracterizar como o indivíduo tem a percepção do lugar próximo e distante e como fez refletir esta percepção através de uma sistematização” (ANDRADE, 2008, p.181). Portanto, os dois conceitos fundamentais da geografia humanista são os de espaço vivido e de lugar. Logo, os humanistas veem a região de forma subjetiva, outros estão preocupados com as crianças e o futuro da humanidade, assim realizaram estudos sobre Piaget e também estão preocupados com design das cidades. Esta geografia sofreu seus ataques com o surgimento da Geografia crítica, no final dos anos1970 e início dos anos 1980, onde afirmavam que esta fugiria da análise da realidade, sendo profundamente subjetiva, dificultaria qualquer ação social. Apesar das críticas, a Geografia Humanista ainda está tendo grande desenvolvimento nos países anglo-saxões e, até certo ponto, no Brasil.. 15.

(16) 3.4. A Geografia Crítica A Geografia Crítica dissemina-se em meados dos anos 1970, inicialmente na França, com o geógrafo Ives Lacoste, com sua obra "A Geografia - isso serve em primeiro lugar, para fazer a guerra" e, posteriormente, na Espanha, Itália, Brasil, México, Alemanha, Suíça e inúmeros outros países, com a proposta de romper com a ideia de neutralidade científica e para analisar e trazer soluções diante das profundas crises trazidas pelo capitalismo. Com as guerras existentes, como a do Vietnã, com o aumento das disparidades regionais, com o aumento da miséria e os problemas sociais existentes, fizeram com que estes geógrafos se preocupassem com a sociedade de forma mais crítica e engajada, com uma sociedade mais justa. MORAES (1999) explicita, que: Esta denominação advém de uma postura crítica radical, frente à geografia existente, (seja a Tradicional ou Pragmática), a qual será levada ao nível de ruptura com o pensamento anterior. Porém, o designativo de crítica diz respeito, principalmente, a uma postura, frente á ordem constituída. São os autores que se posicionam por uma transformação da realidade social, pensando seu saber como uma arma desse processo. São, assim, os que assumem o conteúdo político de conhecimento científico, propondo uma geografia militante, que lute por uma sociedade mais justa. São os que pensam a análise geográfica como um instrumento de libertação do homem. (p.112). Dessa forma, esta Geografia vai além do questionamento acadêmico do pensamento tradicional, porém busca as raízes dos problemas sociais, criticando assim o exagero do empirismo tradicional, fundamentado no Positivismo, apenas de descrição e da forma não dialética, afastando desta disciplina as questões sociais. Esta se fundamenta no materialismo histórico e dialético, de caráter marxista, agora analisa o espaço não como algo estático, mas sim, como algo que está em constante movimento. O geógrafo francês Ives Lacoste, com sua obra, "A Geografia – isso serve em primeiro lugar, para fazer a guerra” constitui uma das maiores contribuições para a Geografia crítica. Diante dos movimentos de contestação por transformação na sociedade (passeatas, greves e movimentos de melhorias na qualidade de vida) e da guerra ocorrida no Vietnã, Lacoste enfatiza a importância da Geografia como um saber “estratégico”, que não era indispensável apenas para as guerras militares, mas também como forma de contestação. [...] Lacoste argumenta que o saber geográfico manifesta-se em dois planos: “A geografia dos Estados-Maiores” e a “Geografia dos professores”. Para ele a primeira sempre existiu ligada á própria pratica do poder, ao se estabelecer estratégias de ação no domínio da superfície terrestre. A segunda seria a que foi aqui denominada de tradicional, tendo uma dupla função: em primeiro lugar, mascarar a existência da “Geografia dos Estados-Maiores”, apresentando o saber geográfico como um saber inútil para a maioria das pessoas. Em segundo lugar, a “Geografia dos Professores” 16.

(17) serve para levantar de uma forma camuflada, dados para A “Geografia dos Estados– Maiores”, e, assim fornecer informações precisas, sobre vários lugares da terra, sendo assim Lacoste afirmou que foi isto que os Estados unidos fez para bombardear o Vietnã [...] (MORAES,1999.p.114) No Brasil, um autor que dá sua contribuição a esta corrente é Milton Santos, com o. conceito de formação sócioespacial, onde a organização espacial constitui parte integrante da sociedade, sendo aquela instância da mesma. Ele apresenta uma proposta em seu livro “Por uma Geografia Nova”, criticando a Geografia tradicional e trazendo uma proposta de renovação, passando a expor sua concepção do objeto geográfico, numa perspectiva crítica. [...] Milton Santos argumenta que é necessário discutir o espaço social, e ver a produção do espaço como o objeto. Este espaço social ou humano é histórico, obra do trabalho, morada do homem. É assim uma realidade e uma categoria de compreensão da realidade. Toda sua proposta será então uma tentativa de aprendêlo, de como estudá-lo. Diz que se deve ver o espaço como campo de força, cuja energia é a dinâmica social. Que ele é um fato social, um produto da ação humana, uma natureza socializada, que pode ser explicável pela produção. Afirma, entretanto, que o espaço é também um fator, pois é uma acumulação de trabalho, uma incorporação de capital na superfície da terrestre, que cria formas duráveis, as quais denominam de “rugosidades” [...]. (MORAES. 1999.p.122).. Desse modo, a Geografia Crítica condenou a Geografia Tradicional pelo fato de se limitar as descrições dos mapas físicos, das divisões políticas dos territórios, de análise populacional, sendo o ensino algo fragmentado e sem considerar à realidade das pessoas que estão inseridas em dado espaço, pois o espaço é dinâmico, estando em constante transformação. Consequentemente, a partir da análise destes dois autores, pode-se perceber que a Geografia Crítica, procura trazer para os indivíduos a criticidade e conscientização dos problemas existentes na sociedade e que, para isto, a Geografia é de fundamental importância, objetivada via cinco conceitos-chave: (espaço, paisagem, lugar, região e território). E, através destes, percebe-se que é no espaço geográfico, que ocorrem as relações sociais em âmbito global, nacional, regional e local. Dessa forma, ela não serve apenas para conduzir operações militares, mas também para organizar territórios, para exercer o poder de Estado sobre um espaço, para que as pessoas aprendam a se organizar no espaço, no qual estão inseridas, ou seja, ela serve para formar cidadãos. Finalmente, é neste contexto, que a Geografia ficou definida como a ciência que estuda a relação entre a sociedade e a natureza, ou seja, as transformações que a sociedade acarreta na natureza, sendo isto explicado através do materialismo histórico e dialético.. 17.

(18) 3.5. Os desdobramentos das correntes geográficas no ensino da Geografia É de fundamental importância o professor de Geografia saber sobre a evolução do pensamento geográfico e seus reflexos sobre o processo de ensino aprendizagem e, por conseguinte, o objeto da Geografia e suas categorias, para poder realizar com eficácia a sua prática docente e, de forma alguma, apesar de cada corrente mencionada anteriormente estar presente de uma forma ou de outra, no ensino da Geografia, nenhuma delas pode se tornar um fim em si mesmo, devendo haver a correlação de mais de uma delas, com a finalidade de formar o cidadão em sua totalidade. Percebe-se que a Geografia tradicional era usada no passado, através de livros didáticos e aulas mnemônicas, com informações meramente informativas, descritivas e memorativas, mostrando o espaço como algo pronto e acabado, não levando o aluno a refletir sobre a sociedade, ter sido superada, ela ainda permanece no ensino, posto que não se possa estudar o espaço geográfico de forma reflexiva, sem antes descrevê-lo. Todavia, o professor não pode deter-se apenas a esta descrição, tem que fazer o aluno pensar e construir seus próprios conceitos a partir do seu cotidiano, ou seja, utilizar-se dos seus conhecimentos prévios para construir os conhecimentos científicos e, assim, poder compreender o espaço geográfico em que está inserido. Outro ponto a se discutir é sobre a Geografia Quantitativista que, mesmo passando por um processo evolutivo, ainda é bastante utilizada, principalmente, nos estudos estatísticos realizados pelo IBGE, que agregam dados através das pesquisas realizadas, atendendo às necessidades dos mais diversos segmentos da sociedade civil, bem como dos órgãos das esferas governamentais federal, estadual e municipal. O IBGE realiza estudos geográficos, analisando a distribuição da população, da produção, dos fluxos econômicos, informações ambientais e cartográficas do país, e, por conseguinte, documenta e dissemina estas informações para a sociedade, chegando até as escolas através dos livros didáticos, de reportagens de jornais e revistas, auxiliando no ensino, pois estas informações oferecem uma visão atual do Brasil. A partir disto, não se pode dissociar a importância da Geografia Quantitativista para o ensino. Concomitantemente tem-se a Geografia Humanista, esta pode ser uma ferramenta eficaz no ensino, pois nela o homem não deve ser estudado meramente como um ser que racionaliza, mas sim de forma subjetiva, ou seja, que experimenta sensações, sentimentos, que 18.

(19) é reflexivo, criativo e imaginativo. Esta analisa a relação que os seres humanos têm com espaço vivenciado e percebido, através das categorias que envolvem o cotidiano local, a identidade do homem, a cultura do mesmo, para poder melhor compreender porque cada indivíduo apercebe o espaço de forma diferenciada. Desse modo, é necessário que o docente leve em consideração a análise dos sentimentos e emoções de cada indivíduo no ato de ensino e aprendizagem. Logo a geografia Humanista, contribui para o estudo no que se refere à categorias/conceitos como Lugar, Espaço Vivido/Vivenciado e Paisagem. E por fim, não se pode esquecer-se da contribuição da Geografia Crítica para o ensino, onde esta afirma que o aluno não deve ser apenas o receptáculo de informações e sim deve ser agente/autor de sua própria história, tornado cidadãos críticos e conscientes do papel que tem na sociedade, ou seja, o docente deve considerar o aluno como sujeito do processo de ensinoaprendizagem. Tendo a Geografia Crítica seu enfoque no materialismo histórico e dialético, esta vê o espaço não como os tradicionalistas, mas sim como algo que estar em constante movimento, fazendo, portanto o estudo crítico da sociedade e suas relações, especialmente na análise das classes. Por conseguinte, na sala de aula, tem que se trabalhar no aluno a sua criticidade e a conscientização dos problemas existentes na sociedade, percebendo que estes são gerados pela classe dominante. Posto ser a Geografia uma Ciência que estuda a relação da sociedade com a natureza, numa visão materialista histórica e dialética, ela será de grande importância para formação do cidadão. Partindo dessas premissas, devem ser trabalhados os conhecimentos geográficos a partir do cotidiano do aluno, não mais de forma decorativa, mas de forma que venha utilizar os saberes prévios dos alunos, como forma de chamar sua atenção e a maior criticidade para formarem seus próprios conceitos, de um jeito mais interativo e dinâmico mostrando, a partir daí, que a sociedade está em constante modificação e que ele venha perceber que a Geografia é uma disciplina importante para a desalienação do homem. Sendo que ao construir o conceito, o aluno aprende a ter uma consciência espacial. Enfim, no mundo globalizado, no qual o conhecimento é necessário, sendo assim, cada uma destas correntes são de significância para o ensino da Geografia, todavia uma não pode sucumbir à outra, logo é necessário a mesclagem de conhecimentos, não só destas, mas também numa perspectiva interdisciplinar. Posto, ser a prática do professor, uma forma de transformação social, e cabe a ele não se deter em apenas um conhecimento, mas procurar 19.

(20) dinamizar suas aulas, de forma interativa e dinâmica, não se esquecendo da criticidade, contextualização, coletividade, da realidade do aluno e da boa relação entre professor/aluno. 4.0. ENSINO DA GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR O ensino da Geografia ainda enfrenta algumas dificuldades, sendo necessário que o professor esteja constantemente se aperfeiçoando para melhor desenvolver sua prática, e, que possibilite ao aluno tornar-se autor de seu conhecimento; para isso, é preciso que o docente procure recursos didáticos que propiciem maior interesse pelas aulas; promovendo o desenvolvimento das competências e habilidades proporcionadas pelo ensino da Geografia nos discentes. De modo que, é preciso utilizar os conhecimentos prévios de seus alunos, mediante um processo analítico espacial dos fenômenos e das relações sociais existentes no mundo, fomentando assim seus próprios conceitos geográficos e, tornando-os cidadãos críticos, rompendo com a visão de que a Geografia é uma disciplina sem utilidade. A esse respeito, Castrogiovanni (et al. 2010, p.93) enfatizam que: O conteúdo de Geografia, neste contexto, é o material necessário para que o aluno construa o seu conhecimento, aprenda a pensar. Aprender a pensar significa elaborar, a partir do senso comum, do conhecimento produzido pela humanidade e do confronto com os outros saberes (do professor, de outros interlocutores), o seu conhecimento. Este conhecimento, partindo dos conteúdos de Geografia, significa “uma consciência espacial” das coisas, dos fenômenos, das relações sociais que se travam no mundo.. Destarte, para se compreender os fenômenos geográficos é de fundamental importância utilizar a escala de análise, ou seja, a escala geográfica. Como enfatiza Callai (2010, p. 95.), “é fundamental que se considere sempre os vários níveis desta escala social de análise: ‘o local’, ‘o regional’, ‘o nacional’ e ‘o mundial’”. A busca das explicações do que acontece em determinadas níveis desta escala, em outras dimensões, favorece análises mais profundas. Pretende-se nesta conjuntura, que o professor venha trabalhar com seus alunos mediante o espaço vivido destes, ou seja, por meio do estudo do lugar, fomentando a compreensão das outras instâncias da sociedade; sabendo que o lugar corresponde aos pontos existentes na Terra onde se desenvolvem as práticas cotidianas, tendo como característica a identidade e pertencimento do indivíduo, sendo de fundamental importância se estudar esta escala para se compreender o global, pois é através do espaço vivido que se apreende melhor os fatos naturais e humanos. Por ser o lugar um local específico onde se desenvolve a vida cotidiana, a análise e compreensão deste, vai permitir ao sujeito conhecer sua história e conseguir entender as coisas que acontecem ao seu redor. Como enfatiza Santos apud Callai (op.cit. p.85): 20.

(21) Nenhum local é neutro, pelo contrário, é repleto de história e com pessoas historicamente situadas em um tempo e em um espaço, que pode ser o recorte de um espaço maior, mas que por hipótese alguma é isolado, independente. “Cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local, convivendo dialeticamente”. Do entendimento desta relação, dos movimentos que se são contraditórios, inclusive, encaminha-se à compreensão do mundo.. De acordo com Santos apud Suertegaray (2005, p. 54), o lugar que é constituído numa dimensão existencial faz parte “de um cotidiano compartido entre as mais diversas pessoas, firmas, instituições-cooperação e conflito [...]”. Sendo o espaço formado por subespaços, o estudo do lugar é importante para se entender o global, visto ser o espaço algo dinâmico, estando este em constante movimento, onde, a Humanidade é o seu agente modelador, estando diretamente relacionado na formação do lugar. Todavia, mesmo sendo um lugar específico, jamais será independente, pois mesmo sendo local, é também global, ou seja, interligado. Entretanto, para se perceber o lugar, é preciso que se compreendam suas paisagens, sendo estas reveladoras da realidade existente naquele espaço, posto ser esta construída ao longo do tempo da vida das pessoas, onde será considerado como as pessoas vivem e se relacionam com a Natureza; existirá neste lugar a presença do novo e do velho, mostrando, através da paisagem, a história das pessoas que vivem e viveram no local, os recursos naturais e, como estes se utilizam de tais recursos. Por conseguinte, estes fatores mostrarão que o lugar é dinâmico, estando, portanto, em constante movimento. Logo, se deve sempre considerar a dimensão histórica no estudo de qualquer realidade local. A este respeito, Santos (1988, p.98) afirma: Cada lugar combina variáveis de tempos diferentes. Não existe um lugar onde tudo seja novo ou onde tudo seja velho. A situação é uma combinação de elementos com idades diferentes. O arranjo de um lugar, através da aceitação ou rejeição do novo, vai depender da aceitação dos fatores de organização existentes nesse lugar, quais sejam, o espaço, a política, a economia, o social, o cultural.. O autor supramencionado comenta ainda que “a percepção é sempre um processo seletivo de apreensão. Se a realidade é apenas uma, cada pessoa a vê de forma diferenciada; dessa forma, a visão pelo homem das coisas materiais é sempre deformada”. Destarte, é preciso induzir o aluno a uma compreensão além da percepção, assim chegar ao seu significado ou interpretação, procurando compreender que qualquer paisagem está suscetível às transformações. Todavia, em meio ao processo de globalização, deve-se promover também aos discentes que cada lugar tem suas especificidades, porém, que nenhum lugar é independente e, que todos os lugares do mundo são interdependentes, numa lógica global. Milton Santos enfatiza 21.

(22) que: “O mundo encontra-se organizado em subespaços articulados dentro de uma lógica global (...). Hoje, uma cidade pode não manter intercâmbio importante com sua vizinha imediata e, no entanto, manter relações intensas com outras muito distantes, mesmo fora do país.” (SANTOS, 1988, p. 49). Verifica-se a presença da lógica global no âmbito local, a exemplo do vestuário, alimentação, as notícias disseminadas pela mídia, etc. Tudo isso está cada vez mais a invadir a vida das pessoas; entretanto, mesmo com a mundialização, cada lugar continua tendo a sua identidade, pelo fato de sua organização espacial ser diferente, as relações sociais e políticas, culturais, ambientais serem feitas mediante a especificidade de cada indivíduo. Portanto, para se estudar e compreender cada lugar é preciso ir além de sua observação, e sua descrição, necessitando compará-lo e correlacioná-lo com outros lugares, mediante semelhanças e diferenças existentes entre eles e, por fim, estabelecer conclusões. Estas são feitas mediante a organização dos dados e informações para caracterizar a realidade dos lugares através de hipóteses e interpretações indo, assim, além da observação, estando esta enunciada no espaço por meio da origem do lugar, ou seja, da historicidade dos lugares. Portanto, o docente deve perceber seu aluno, como um ser em progresso cognitivo, que é criativo e que tem sentimentos, sendo este o autor/agente de sua própria história. Desse modo, é necessário que o docente considere o cotidiano dos discentes, ou seja, os conhecimentos prévios, para formarem seus próprios conceitos; e assim formarão o conhecimento científico, desenvolvendo assim o processo de ensino e aprendizagem. 5.0. MAPA MENTAL E SUA IMPORTÂNCIA NO ENSINO APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA A Geografia tem um papel importante na sociedade para a formação de um cidadão, devendo possibilitar ao indivíduo desde a sua infância, a compreensão da noção de espaço e das relações nele existentes; e, com a evolução escolar, levar à sociedade a ter o conhecimento mais amplo dos fenômenos que ocorrem no mundo, e entender as causas e consequências advindas dos problemas existentes nas diversas escalas geográficas. Isso porque a Geografia é um saber estratégico, de extrema importância para qualquer pessoa, como bem enfatizou Yves Lacoste na sua obra “A Geografia, isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra”, mas não somente para isso, porém como um saber que qualquer cidadão deve ter, pois ela não só serve para conduzir operações militares, mas também para o Estado organizar o território, exercer o poder sobre ele e para que todo cidadão possa 22.

(23) organizar seu espaço e, consequentemente habitar nele com mais eficácia e conscientização, ou seja, ela tem uma função ideológica, conforme menciona o próprio Yves Lacoste: [...] Para toda ciência, para todo saber deve ser colocada a questão das premissas epistemológicas; o processo científico está ligado a uma história e deve ser encarado, de um lado, nas suas relações com as ideologias, de outro, como prática ou como poder. Colocar como ponto de partida que a Geografia serve primeiro para fazer a guerra, não implica afirmar que ela só serve para conduzir operações militares; ela serve também para organizar territórios, não somente como previsão das batalhas que é preciso mover contra este ou aquele adversário, mas também para melhor controlar os homens sobre os quais o aparelho de Estado exerce sua autoridade. A geografia é de início, um saber estratégico estreitamente ligado a um conjunto de práticas políticas e militares e, são tais práticas que exigem o conjunto articulado de informações extremamente variadas, heteróclitas à primeira vista, das quais não se pode compreender a razão de ser e a importância, se não se enquadra no bem fundamentado das abordagens do Saber pelo Saber [...] (2011, p.22).. É a partir disso que é possível verificar que, quem tem um bom embasamento geográfico sabe dominar o espaço, noções de direção, percepção do meio em que vive e sabe relacionar-se na sociedade na qual está inserido. Em meio a tudo isso, é de fundamental importância o conhecimento cartográfico para melhor compreender o espaço geográfico, constituindo uma técnica eficaz para desenvolver estas habilidades. Dessa forma, a Geografia, juntamente com a Cartografia, constitui um saber estratégico, conforme o entendimento seguinte: O mapa, em suas variadas possibilidades de informar o conteúdo geográfico, o que faz de forma gráfica, possibilitando ao leitor visualizar a organização do espaço de forma ampla e integrada às relações de mundo. A sua linguagem é monossênica, ou seja, não é ambígua. É uma linguagem de comunicação visual, sintética e rápida. (PASSINI apud CASTROGIOVANNI, 2010, p.90).. O mapa é uma representação codificada de um espaço real, posto ser importante na Geografia para conhecimento do espaço e, consequentemente, de sua organização. Este é usado por pessoas diversas, desde leigos até pessoas com um maior grau de instrução e entendimento cartográfico, como o geógrafo, de forma específica. O mapa não é algo novo, existindo desde a Pré-História quando “já era utilizado pelos homens das cavernas para expressar seus deslocamentos, registrar as informações quanto às possibilidades de caça, problemas de terreno, matas, rios, etc.” (ALMEIDA; PASSINI, 2006, p.16). Tendo por objetivo auxiliar na sobrevivência, não eram feitos com a precisão dos atuais. De modo que, não basta apenas ter os mapas, é preciso saber interpretá-los, para poder usá-los como auxílio na compreensão do espaço e nele habitar. Almeida e Passini ainda afirmam que: O mapa, portanto, é de suma importância para que todos que se interessem por deslocamentos mais racionais, pela compreensão da distribuição e organização dos espaços, possam se informar e se utilizar deste modelo e tenham uma visão de conjunto.[...] A leitura de um mapa começa pela decodificação, iniciando uma 23.

(24) leitura pela observação do título. Temos que saber qual o espaço representado, seus limites, suas informações. Depois, é preciso observar a legenda ou a decodificação propriamente dita, relacionando os significantes e o significado dos signos relacionados na legenda. É preciso também se fazer uma leitura dos significantes/significados espalhados no mapa e procurar refletir sobre aquela distribuição/organização. Observar também a escala gráfica ou numérica acusada no mapa, para posterior cálculo das distâncias, a fim de se estabelecer comparações ou interpretações [...] (2006, p.17).. Portanto, é neste âmbito que vai se utilizar o mapa mental como um instrumento para o estudo do lugar, constituindo também uma possibilidade de alfabetização cartográfica, auxiliando na representação e compreensão do lugar, a partir do cotidiano. Adicionalmente, constitui um recurso capaz de proporcionar formas para que o professor faça um diagnóstico das possíveis dificuldades dos alunos em relação aos conhecimentos geográficos. Sendo assim, o ensino da Geografia tem alcançado êxito em relação à utilização de representações gráficas no desenvolvimento do ensino aprendizagem, a exemplo de imagens, croquis, mapas, plantas e os mapas mentais, pelo fato de estes possibilitarem o desenvolvimento da capacidade de abstração dos alunos, auxiliando na compreensão do espaço no qual estão inseridos, bem como proporcionando sua participação nesse meio. Japiassu e Marcondes apud Pontuschka et al., 2007, p. 291), afirmam que a representação é a: Operação pela qual a mente tem presente em si mesma, a imagem mental, uma ideia ou um conceito correspondendo a uma objeto externo. A função da representação é exatamente a de tornar presente a consciência da realidade externa. A noção de representação, geralmente define-se por analogia com a visão e com o ato de formar imagem de algo, tratando-se no caso de uma “imagem não sensível, não visual”. Esta noção tem um papel central no pensamento moderno, sobretudo no racionalismo cartesiano e na filosofia da consciência. Sobre vários aspectos, entretanto, a relação parece problemática, sendo por vezes entendida como uma relação causal entre o objeto externo e consciência, por vezes, uma relação de correspondência e semelhança. A principal dificuldade parece ser o pressuposto de que a consciência seria incapaz de aprender diretamente o objeto externo.. Mas também, os geógrafos empregam a expressão “representações espaciais”, e estas são utilizadas como instrumento para apreender e compreender a organização do espaço, sendo vistas numa perspectiva da Geografia humanista. Esta pode ser usada de forma eficaz no ensino, onde a Humanidade não deve ser estudada meramente como um ente que racionaliza, mas sim de forma subjetiva, ou seja, que experimenta sensações, sentimentos, que é reflexiva, criativa e imaginativa. Esta analisa a relação que os seres humanos têm com espaço vivenciado e percebido. As categorias que envolvem o cotidiano local, a identidade do homem, a cultura do mesmo, para poder melhor compreender porque cada indivíduo percebe o espaço de forma diferenciada. Sendo que a análise dos sentimentos e as emoções do indivíduo devem ser incluídas na realização dos conhecimentos e saberes. Logo, esta Geografia, por analisar o comportamento humano e a percepção do espaço vivido, contribui 24.

(25) para o estudo no que se refere à categorias/conceitos como Lugar, Espaço Vivido/Vivenciado e Paisagem. Dessa forma, os mapas mentais constituem-se de imagens espaciais para a representação do lugar e de suas paisagens, posto ser ele uma ferramenta de organização, de pensamento, de visualização e de integração de conhecimentos. Conforme Pontuschka et al. (2007), funciona como um instrumento eficaz para compreender os valores dos indivíduos e a visão que eles têm sobre diferentes lugares, ou seja, do seu espaço vivido. Portanto, será um instrumento de auxílio para representação e compreensão do lugar, a partir do cotidiano. Sendo analisada a interpretação dos alunos no meio em que estão inseridos e a identificação que concebem da sociedade.. 6.0-LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA A Escola Normal Estadual Pe. Emídio Viana Correia localiza-se na Av. Avenida Prefeito Severino Bezerra Cabral, bairro do Catolé, Campina Grande-PB, oferecendo o Ensino Médio nas modalidades Normal e Técnico em Eventos, nos turnos manhã, tarde e noite. É nesta escola que bolsistas do PIBID/CAPES/UEPB, Subprojeto de Geografia, atuaram como colaboradores, subsidiando com estratégias metodológicas. O trabalho com os mapas mentais como instrumento para compreensão e representação do lugar e, por conseguinte, no desenvolvimento do ensino aprendizagem; fora desenvolvido no 2º semestre de 2013, no 1º ano do Ensino Médio; modalidade: pedagógico, esta continha aproximadamente 18 alunos na turma.. 7.0-METODOLOGIA 7.1-Método O método utilizado neste estudo foi o fenomenológico que, no contexto da Geografia, se desdobra na corrente da Geografia Humanista, que observa e analisa as experiências do homem e a sua relação com a sociedade, a fim de entender seus comportamentos e, a partir daí, as suas particularidades em relação ao meio. Ademais, esta Geografia está “comprometida com o humanismo, dedicando-se exclusivamente ao papel desempenhado pelo ser humano, como ser independente, não com a sociedade na forma como ela se apercebe do espaço”. (ANDRADE, 2008.p.180). Fazendo desta forma uma análise subjetiva ou fenomenológica, explicando o motivo de certo fenômeno acontecer em dado espaço, ou seja, uma descrição da experiência subjetiva. Desse modo, por analisar o 25.

(26) comportamento humano e a percepção do espaço vivido, ela contribui para o estudo no que se refere à categorias/conceitos como Lugar, Espaço Vivido/Vivenciado e Paisagem e, por conseguinte para desenvolvimento do ensino aprendizagem. Portanto, a pesquisa se configurou como qualitativa.. 7.2-Técnicas Para a execução deste estudo, foram elaboradas algumas atividades para poder se chegar ao propósito almejado, entre elas tem-se como primeira atividade a apresentação do projeto para as turmas, e aplicação de questionário, visando interpretar o conhecimento dos alunos sobre o espaço de vivência e se pretendiam ser professores depois de concluírem o Curso de Magistério. Em seguida, foi feito o estudo das categorias geográficas espaço e lugar. E logo mais, uma explanação acerca dos mapas mentais e sua importância para a compreensão do lugar, pedindo-se para que os alunos fizessem um mapa prévio do percurso casa/escola, mostrando as paisagens mais significativas para eles. Em um terceiro momento realizou-se a continuação da abordagem acerca das categorias geográficas. A partir das cinco categorias (Espaço, lugar, paisagem, região e território) foi abordado como se devem analisar os fenômenos a partir das escalas geográficas, sempre compreendendo o mundo, a partir das relações cotidianas. Foi mostrado também Campina Grande como sendo o espaço de vivência e análise, começando por seus aspectos geográficos para que os alunos pudessem, a partir dos conhecimentos das categorias geográficas, aplicá-los ao estudo da cidade. Como uma quarta atividade realizou-se a continuação do estudo do espaço de Campina Grande, agora mediante aos aspectos históricos; oportunidade em que os alunos puderam observar na História, a ocupação do espaço campinense e as transformações exercidas no espaço. Mediante os conhecimentos já adquiridos, fora pedido um novo mapa mental para os discentes, enriquecido com as abordagens efetuadas. Sendo este, numa perspectiva que mostrasse os problemas socioambientais do lugar.. 26.

(27) 8.0- RESULTADOS E DISCUSSÕES 8.1-Análise dos mapas mentais A análise dos mapas mentais foi efetuada com a utilização da neuro-pictografia2. O método citado se aplica bem em trabalhos dessa natureza, visto que ocorre um processo denominado de exposição das imagens armazenadas e logo mais decodificadas, como forma de exprimir as ideias do sujeito sobre o espaço vivido. Ao final, foram escolhidos seis mapas, entre a totalidade elaborada pelos discentes para apresentar nesta ocasião, sendo os três primeiros numa perspectiva de como cada aluno concebia o espaço, e os três últimos numa perspectiva de relatar os problemas socioambientais do lugar. O primeiro mapa (Fig. 1) representa o percurso casa/escola de uma aluna. Sua residência localiza-se no Distrito de Galante, Campina Grande-PB. A mesma demonstrou em sua representação as originalidades do percurso cotidiano para chegar à escola; FIGURA 1: PERCURSO CASA/ESCOLA: O COTIDIANO;. FONTE: Kátia Luana de Farias – aluna do 1º Ano “E”, E.N.E. Pe. Emídio Viana Correia. 2. A neuro-pictografia, corresponde a manifestação por meio do desenho das projeções psíquicas ou mentais dos indivíduos em face das suas vivências no lugar e no espaço. 27.

(28) Este trajeto foi desenhado mediante o pensamento e memorização feita pela aluna, a qual relatou, a partir do grau de pertencimento acerca do lugar que percorre quase todos os dias, construindo assim, um grau de identidade com o espaço. Há de se ressaltar, que este mapa foi de grande valia para que a discente percebesse e analisasse mais cuidadosamente o seu lugar, inclusive, desenvolvendo melhor tal conceito, assim como ampliando a capacidade de abstração, conforme explícita Santos et al .(2002, p.206): “o desenho é a representação de uma imagem, ou de várias imagens, criando um pensamento complexo. A gênese dos conceitos, sejam eles cotidianos ou científicos, permeia o ato de pensar.” Verifica-se que a aluna conseguiu ressaltar os elementos considerados mais significativos: a religiosidade representada por uma instituição da Igreja Católica, a chamada paróquia; a água do açude J. Rodrigues, ponto turístico do Distrito de Galante, dentre outros elementos, como a rua em que mora, demostrando a afinidade com o lugar, como sendo um território cheio de significados que ajudam em sua localização e orientação ao deslocar-se no espaço. Concomitantemente, mostra que para chegar até a Escola Normal passa pela BR-230, representando as paisagens existentes no percurso. No decorrer da rodovia federal, ela destaca a Fazenda Caridade, com a exposição de algumas casas e árvores; do lado oposto, representa a Fazenda Maria da Luz, ambas bastante conhecidas no contexto local. Depois de passar por estes espaços, chega-se a cidade de Campina Grande, onde esta, passa pela Avenida Brasília, ao chegar na cidade percebe o Shopping Boulevar (atualmente chamada-se Partage Shopping) até chegar à Escola Normal. Nota-se que a discente estava envolvida com seus sentimentos e, ideias que tem do lugar ou do objeto, utilizando veementemente sua percepção. Isto é bem enfatizado por nogueira Apud Merleau-Ponty:“ um objeto parece atraente ou repulsivo antes de parecer negro ou azul, circular ou quadrado”. Portanto, para se conhecer o lugar, é necessário perceber os detalhes que estão a sua volta. Ademais, os entes sociais que elaboram e constróem edificações que modificam a paisagem, laborando uma paisagem mista, natural e social, vinculando-se ao lugar mediante afinidade e afeição, estabelecendo suas modificações de interesse e necessidades. Na sequência, encontra-se a demostração da representação gráfica de outra discente, que mora na fazenda Desterro, no Distrito de Galante, Campina Grande,(Fig. 2) mostrando, mediante seus conhecimentos cotidianos e da memorização de seu lugar, que a mesma reside e que, consequentemente, se desloca para ir à escola. Demostrando também a noção de localização e orientação que esta possui.Todavia, esse mapa não serve apenas para 28.

(29) localização, são muito sifnificativos na percepão do lugar de existência, tal como, o espaço de vivência. Enfatiza Nogueira: [...] Podemos interpretar que os mapas mentais trazem neles representações muito mais do que pontos de referência, para facilitar a localização e orientação espacial: O lago é o lugar onde eu pesco; a igreja é o lugar onde rezo; o parque é o lugar onde eu brinco. Os mapas mentais contêm saberes sobre os lugares, que só quem vive neles pode ter e revelar.[...](2002, p.130) FIGURA 2: A AFETIVIDADE PELO LUGAR;. FONTE: Ana Cristina Campos de Araújo – aluna do 1º Ano “E”, E.N.E. Pe. Emídio Viana Correia.. Percebe-se que esta aluna mora próximo ao lugar descrito anteriormente, entretanto, apresenta uma percepção diferenciada acerca da paisagem, que vai ser percebida e interpretada de formas diferentes por cada pessoa, pelo fato de que a visão vai depender da localização onde se está, do nível de percepção de cada indivíduo. Nota-se por intermédio das representações gráficas, a subjetividade e a afetividade que as alunas tem em relação ao espaço vivido. Estas, possuem uma organização de pensamentos mediante elementos significativos, expressando através dos símbolos as especificidades existentes nos seus espaços. Segundo Carneiro et al apud Castrogiovanni (2010), adicionalmente, estes mapas também são importantes para a construção da noção de localização espacial. 29.

(30) Na (Fig. 3) apresenta-se o conhecimento que o aluno tem em relação ao percurso casa-escola, representado por meio das principais paisagens que encontra no percurso. Este,mora no Conjunto Acácio Figueiredo, Campina Grande-PB; mostrando em seu mapa, uma percepção da paisagem e do lugar de forma abstrata e superficial, haja vista, ele ter relatato que morava há pouco tempo no local e, por conseguinte não gostava deste, mostrando assim a falta de identidade e afetividade com o lugar. FIGURA 3: CONSTRUÇÕES CAPITALISTAS E PAISAGENS SOCIO-CULTURAIS;. FONTE: josué dos santos-aluno do 1º ano “e”, E.N.E. Pe. Emídio Viana correia.. Em seguida, na sua representação, é perceptível mais elementos técnicos, mostrando o nível de complexidade ao tecido urbano, como é o caso da Companhia Hidroelétrica do São Francisco–CHESF, representada por torres; após, percebe-se o aeroporto João Suassuna e, no decorrer do percurso, o Call Center. O aluno também pictografa ícones representando um cemitério e um hospital, demonstrando uma visão do saneamento e da saúde. Chegando ao centro da cidade, representa o terminal de integração, já que preciso pegar dois ônibus para poder chegar à escola, mostrando que o tranporte coletivo é o principal meio de transporte para os estudantes da rede 30.

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