• Nenhum resultado encontrado

Design gráfico: um estudo sobre a ilustração e a construção do livro infantil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Design gráfico: um estudo sobre a ilustração e a construção do livro infantil"

Copied!
79
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL UNIJUI

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS - DCEEng CURSO DE DESIGN

Karine Giehl Kappes

DESIGN GRÁFICO: UM ESTUDO SOBRE A ILUSTRAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO LIVRO INFANTIL

Ijuí/RS 201

(2)

Karine Giehl Kappes

DESIGN GRÁFICO: UM ESTUDO SOBRE A ILUSTRAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO LIVRO INFANTIL

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Design da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial à obtenção ao título de Bacharel em Design.

Ênfase: Design Gráfico

Orientador: Bárbara Mendonça (Mestre)

Ijuí/RS 2017

(3)

"Acredite que há um grande poder trabalhando silenciosamente para o bem, comporte-se e deixe o resto para lá."

(4)

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, Dirse e Nilson, que sempre me apoiaram a acreditar que a fantasia existe e que ela é importante, que sempre me deixaram ser eu mesma, e me levaram para viver muitas aventuras e sempre me mostraram que os nossos sonhos se realizam no momento certo e que não importa quão ruim as coisas possam parecer o amor sempre prevalece.

Agradeço aos meus pais também por me apresentarem ao mundo da literatura, e a me incentivarem todos os dias a escrever e desenhar e por estarem sempre presente em minha vida. Agradeço ao meu namorado Gelson, por me apoiar e me incentivar a dar o melhor de mim sempre. Agradeço a todos os meus amigos que me apoiaram de todas as formas possíveis, principalmente a Neusa, que me ajudou no desenvolvimento da minha história para o livro, a Carina e a Vandressa que me ajudaram com as correções desse trabalho e montagem do livro, a Bibi, Lara, e Wellington que estiveram comigo em todos os momentos.

Agradeço a todos os meus professores que me trouxeram até o presente momento, sempre nos incentivando a conquistarmos o mundo e a descobrir coisas novas. Agradeço a Professora Bárbara por sua disposição, apoio e dedicação durante o desenvolvimento desse trabalho comigo. Agradeço a todos os meus colegas que foram muito importantes durante todos esses anos e que me ajudaram também. Agradeço ao meu gato Salém, a minha gata Mimi (em memória), e a minha porquinha da índia Adele que estão sempre ao meu lado. Agradeço ao universo e a suas constelações, e agradeço a natureza e a todos os seres místicos que nos rodeiam e nos fazem ver além da nossa imaginação. Enfim, agradeço a tudo e a todos que contribuíram de alguma maneira ou de outra para que mais essa fase da minha vida fosse incrível. Muito obrigada!

(5)

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo apresentar a importância do design gráfico na produção de livros infantis, principalmente os que contém ilustrações, bem como o intuito de incentivar a criatividade das crianças em fase pré-escolar. Utilizando-se de fundamentos da área do design gráfico e editorial como a diagramação, a escolha da tipografia adequada, a magnitude das ilustrações em uma narrativa infantil, assim como a disposição dos elementos nas páginas. Para tal, foi estudado tanto o princípio da comunicação visual e a propagação da impressão em massa, a criação e o contexto histórico dos livros até chegarmos à elaboração e o desenvolvimento da literatura especificamente infantil e sua expansão desde o princípio até os dias de hoje. A relação dos livros com o design gráfico, desde o princípio é de criar uma ferramenta de comunicação visual adequada para o público alvo, de forma que desperte sua atenção e instigue a sua imaginação. Dentro desse contexto, este estudo fez-se de extrema relevância para o progresso deste projeto, nesse caso o exemplar infantil interativo, de forma a incentivar a criatividade e a relação do público com o livro.

(6)

ABSTRACT

The present study aims to bring the importance of graphic design to the children's books production, especially those that contain illustrations, as well as to encourage the creativity of pre-school children. Using graphical and editorial design fundamentals such as layout, choosing an appropriate typography, magnitude of illustrations in a children's narrative, as well as the layout of the elements on the pages. To this end, both the principle of visual communication and the propagation of mass printing, the creation and the historical context of the books were studied, until we came to the elaboration and development of specifically child literature and its expansion from the beginning to the present day. The relationship between books and graphic design from the outset is to create a visual communication tool suitable for the target audience, so that it arouses your attention and instigates your imagination. In this context, this study became extremely relevant for the progress of this project, in this case the interactive children's copy, in order to encourage creativity and the relationship of the public with the book.

(7)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - O tipo Clarendon ... 12

Figura 2 - Semana e Moleque, personagens da Semana Ilustrada de Henrique Fleiuss (Semana Ilustrada, ano 12, n. 593) ... 13

Figura 3 - Figura 3: Netherworld Papyrus of Gautsoshen, os escritos egípcios. ... 14

Figura 4 - Coleção Penguin Books, Inglaterra, 1935 ... 15

Figura 5 - Kalila wa-Dimna (Calila e Dimna) páginas do livro em árabe. ... 17

Figura 6 - (The Baby's Own Alphabet. 1880.) Walter Crane, 1845-1915. ... 18

Figura 7 - Fables choisies pour les enfants by Jean de La Fontaine (Paris Plon-Nourrit & Cie., [ca. late 19th c.]) [La Fontaine, fábulas selecionadas para crianças] M. B. de Monvel (ilustrador). Paris: E. Plon, Nourrit &. Cie, 1896. ... 19

Figura 8 - Stories of Mother Goose Village [Contos da mamãe ganso] Madge A. Bigham (autora). Chicago: Rand, McNally & Co., 1903. ... 19

Figura 9 - Contos de Grimm 1812 – 1815 ... 20

Figura 10 - Os contos de Peter Rabbit, de Beatrix Potter [The Tale of Peter Rabbit (First Commercial Edition) Potter, Beatrix, Published by Frederick Warne and Co., UK, 1902] ... 21

Figura 11 - Livros Infantis de 1940/1950. O Pequeno Príncipe [1943] - Antoine de Saint-Exupéry, com uma ilustração original do autor... 22

Figura 12 - A Menina do Narizinho Arrebitado – Monteiro Lobato. Lançado em 1920 e O Sítio do Picapau Amarelo de 1930. ... 23

Figura 13 - Livro infantil Tem Lugar Para Todos, de Massimo Caccia. ... 25

Figura 14 - Eu sou um coelho [I Am a Bunny, 1963], de Ole Risom. ... 27

Figura 15 - Ilustração: Ascension of the procession, Gustave Doré. A divina comédia de Dante (1868) ... 29

Figura 16 - Ondem Vivem Os Monstros, 1967, Maurice Sendak. ... 30

Figura 17 - Livro “MIX IT UP”, Hervé Tullet, 2014. ... 33

Figura 18 - Sintese Aditiva das Cores. ... 34

Figura 19 - Composição da Letra e suas estruturas. ... 36

Figura 20 - Linhas, Fontes e Projeções: ... 37

Figura 21 - Diferença entre o a e o g “adulto” (primeiro) e o a e o g “infantil” (segundo). ... 38

Figura 22 - The Story of Two Squares, 1922: 'Progenitor' of information design, Russian, El Lissitzky, 1922. ... 40

Figura 23 - Os componentes do Grid; ... 41

Figura 24 - As estruturas básicas de um Grid: ... 42

Figura 25 - O Livro Foguete [The Rocket Book, 1912], de Peter Newell. ... 44

Figura 26 - A verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho [The True Story of Little Red Riding Hood, 2007], de Agnese Baruzzi ... 45

Figura 27 - Montagem básica de um caderno/livro: ... 46

Figura 28 - Modelo da Lombada Canoa e Dobra-de-Grampo: ... 46

Figura 29 - Tipos de papel para impressão de livros:... 47

Figura 30 - Etapas do processo criativo. ... 49

(8)

Figura 32 - ANIME-SE, DEISE! - Claire Freedman | Gaby Hansen - 2013 ... 51

Figura 33 - Exemplo de narrativa ... 52

Figura 34 - Página do livro com os personagens ... 54

Figura 35 - Páginas de colorir com as aventuras dos personagens ... 55

Figura 36 – Sumário ... 56

Figura 38 – Exemplo de interatividade no livro ... 57

Figura 39 - Ilustrações do livro "Adivinha o quanto eu te amo" Sam McBratney e Anita Jeran ... 58

Figura 40 - Ilustração do livro "As Aventuras de Pedro Coelho" de Beatrix Potter ... 59

Figura 41 – Primeiros Esboços ... 59

Figura 42 - Esboços Finais ... 60

Figura 43 - Tabela de cores utilizada ... 61

Figura 44 - Capa do livro infantil ... 61

Figura 45- Exemplo de grid modular ... 62

Figura 46 - Tipografia Metafors (Regular) ... 63

Figura 47- Mockup do Nosso livro de aventuras -Capa ... 64

Figura 48 - Mockup - Páginas do Livro ... 64

(9)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...09

2. O PRINCÍPIO DA COMUNICACÃO VISUAL E O DESENVOLVIMENTO DO LIVRO INFANTIL ... 12

2.1 Desenvolvimento da comunicação visual ... 12

2.2 O Livro ... 14

2.3 O Livro infantil e suas histórias ... 16

2.4 Fundamentos do design para o desenvolvimento do livro infantil ... 26

2.5 A importância das ilustrações ... 28

2.6 As Cores ... 32 2.7 A tipografia ... 35 2.8 O Layout e os Grids ... 38 2. 9 Acabamento e Finalização ... 45 3. RESULTADOS ... 49 3. 1 Identificação e Preparação ... 50

3.2 Incubação, Esquentação e Iluminação ... 52

3.3 Elaboração e Implementação ... 63

4. CONCLUSÕES ... 65

REFERÊNCIAS ... 68

(10)

1. INTRODUÇÃO

Muito se ouviu falar sobre a transição dos livros impressos para os meios digitais, bem como esse mercado iria se expandir, diminuindo assim a produção de livros impressos, entretanto, não foi bem isso que ocorreu. O sucesso de vendas e de preferência entre o público ainda é o bom e velho livro de papel, a experiência em possuir um exemplar em mãos e passar ele adiante é insubstituível.

Segundo a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), com os livros infantis não é diferente, principalmente porque as crianças gostam de “ver com as mãos”. Houve aumento na demanda de livros infantis, porque os pais estão se conscientizando de que quanto mais cedo as crianças forem apresentadas as obras literárias, maior interesse e gosto pela leitura elas terão.

Porém nosso país ainda vive uma situação precária com relação ao mercado editorial, principalmente porque as crianças não têm muito acesso aos livros em casa, grande parte da população só entra em contato com a leitura nas escolas, e muitas das instituições de ensino ainda não estão preparadas, com um local adequado para a leitura como uma sala de leitura, ou uma biblioteca. Isso é importante, tanto para que as crianças se interessem pela leitura quanto para que elas aprendam que um livro tem que ser manuseado, cuidado e guardado, pois é um objeto que transmite ideias e instiga a imaginação. (Fonte: Agência Brasil, 2017)

Os livros não se resumem apenas em textos, muitos contêm algum tipo de interação com o leitor ou apresentam páginas para colorir, estão presentes tanto no contexto adulto, quanto infantil, assim, acredita-se que é algo que tanto os pais como as crianças gostarão muito, é uma forma também de fazer com que os pais passem mais tempo com os filhos, os ajudando a complementar o livro.

Permitir uma participação mais ativa na hora da leitura e maior interatividade com a obra possibilitando que a criança venha a desenvolver um relacionamento mais prazeroso com os livros, levando-os a desenvolver mais gosto pela leitura. Histórias com personagens mágicos, diferentes e aventureiros tendem a chamar a atenção das crianças, permitindo um maior desenvolvimento de sua imaginação, assim fazendo os livros parte de seu desenvolvimento.

A medida que elas vão crescendo, entre três e seis anos, vão ficando mais falantes e se interessam mais pelas letras e consequentemente pela escrita. Logo, é

(11)

nesse estágio que as histórias passam a ter maior importância na sua vida, fazendo com que com a história a eles bem contada acabe se tornando uma visualização da narrativa, elas passam a vivenciar as experiências transmitidas pela história, e a questionar, principalmente o porquê dos personagens e demais elementos.

O papel, o desenho e a leitura fazem parte da nossa vida, assim como as artes, os impressos gráficos, bem como a curiosidade, e o anseio de ver coisas novas e viver novas experiências. Criar um livro, onde as crianças possam participar dele, é uma forma diferente de incentivar tanto a leitura quando a imaginação das crianças, como citação da autora Coelho (2000, p. 161).

O processo lúdico de leitura que, na mente infantil, une os dois mundos em que ela precisa aprender a viver: o mundo real-concreto à sua volta e o mundo da linguagem, no qual o real-concreto precisa ser nomeado para existir definitivamente e reconhecido por todos.

Pensando de forma a contribuir com a sociedade de maneira criativa, o design gráfico nos leva a conhecer o universo da criação de livros, principalmente a elaboração de livros infantis, que é diferenciado da produção de um livro “normal”, bem como a perceber detalhes em nosso dia-a-dia que muitas vezes, por ser o livro um objeto enraizado em nossa sociedade, não o vemos como um projeto, como algo trabalhoso, mas sim como algo cotidiano e normal.

O fundamento teórico deste trabalho consiste na criação, edição, e fundamentação de um livro infantil interativo, que por sua vez, será desenvolvido através de uma metodologia aplicada ao design editorial.

O objetivo é inovar na comunicação e desenvolvimento da criatividade da criança de forma interativa, para que ela possa explorar seu crescimento artístico, de maneira educativa que mais lhe chame a atenção, aumentando assim seu raciocínio lógico, e fazendo com que a arte e o desenho façam parte do seu meio.

Assim, esse trabalho está dividido em três capítulos, trazendo a introdução e a conclusão com a finalidade de apresentar o papel do Design Editorial na construção dos livros, a construção e o desenvolvimento de livros infantis em si, abrangendo também os assuntos assim interligados como as cores, a ilustração, a tipografia, o formato, os grids de construção.

(12)

Em um segundo momento, teremos o desenvolvimento do projeto onde serão apresentados os processos de criação e desenvolvimento da história e da construção do livro, a metodologia desenvolvida e, portanto, a concepção final do projeto aplicando os estudos até então citados.

Por fim será apresentado o desenvolver do projeto gráfico e editorial do “Nosso Livro de Aventuras”, onde serão colocados em prática os estudos desenvolvidos até então, aplicando os elementos do design gráfico na construção do livro infantil.

(13)

2. O PRINCÍPIO DA COMUNICACÃO VISUAL E O DESENVOLVIMENTO DO LIVRO INFANTIL

2.1 Desenvolvimento da comunicação visual

Com o desenvolvimento urbano do século XIX, um maior número de pessoas migrasse para as cidades, levando as relações interpessoais a uma maior evidencia, além de alterar outros aspectos do dia-a-dia. Com o aumento populacional era preciso também fazer com que essas pessoas criassem novos hábitos de consumo e também novas maneiras de interagirem umas com as outras. Foi nessa época que o consumo se expandiu mundialmente, inclusive no meio impresso. (CARDOSO, 2004)

O conceito de lazer moderno se ampliou, tornando-se importante organizar essas informações para que as pessoas pudessem acompanhar todas essas mudanças. Criou-se também o hábito da leitura em parques e meios de transporte público até o trabalho, por meio de boletins e revistas ilustradas. Com a melhora perceptível de maquinários e da fundição mecânica, surgiram novas formas de impressão e a criação de novas fontes, como, por exemplo, a fonte Clarendon. (CARDOSO, 2004)

Podemos ver na figura 1, abaixo, o tipo Clarendon em um livro de espécimes Fann Street Foundry de c. 1874, mostrando seu uso para a ênfase no texto do corpo.

Figura 1 - O tipo Clarendon

(14)

Tanta inovação resultou em uma demanda maior de impressos pois, os mesmos acabaram diminuindo de custo na Europa. E assim também que o papel do designer na produção desse meio cresceu ainda mais, pois o profissional se distinguia com sua originalidade, habilidades gráficas e principalmente com suas ilustrações.

Cardoso (2004) afirma que houve uma grande preocupação para com os projetos gráficos na época, como se pode perceber nos trabalhos de Francisco de Paula Brito, juntamente com Henrique Fleiuss, desenhista, litógrafo e também editor. Uma de suas principais publicações foram as da Semana Ilustrada (figura 2), a mais duradoura e influente revista ilustrada brasileira, que circulavam em 1844.

Figura 2 - Semana e Moleque, personagens da Semana Ilustrada de Henrique Fleiuss (Semana Ilustrada, ano 12, n. 593)

Fonte: http://www.ladht.com/tipoegrafia/henrique-fleiuss-e-a-cultura-de-consumo-de-imagens-no-brasil/

(15)

Um dos aspectos que mais se manifestou nesse período de inovações, através das mídias impressas, foi certamente a forma com que cada região do país, utilizou-se do meio impresso como diferencial na história do design editorial.

Ainda segundo o autor, no decorrer do século XIX, durante o crescimento das elites urbanas houve um novo envolvimento cultural da população com a publicação de textos e imagens. Era possível imprimir imagens em longa escala e com baixos custos de produção pela primeira vez em toda a história, um feito tão memorável quanto a criação da imprensa. O crescimento desse meio foi notável e fenomenal, criando toda uma cultural visual em expansão, uma gama de fatores essenciais para a difusão histórica do Design Editorial mundial.

Portanto, o seguinte momento do trabalho, irá tratar brevemente sobre a história do livro em nosso meio, assim como também será abordado acerca dos livros infantis, suas origens e fundamentações.

2.2 O Livro

Os livros originaram-se a mais de quatro mil anos, tendo como princípio os manuscritos bíblicos em lascas de madeira. Os egípcios foram os primeiros designers de livros, pois após a adequação de uma folha que pudesse receber tinta, também criaram a escrita e as ilustrações, disseminando uma cultura escrita, que depois abrangeu todas as partes do mundo. Na figura 3, apresentada logo abaixo podemos ver alguns escritos egípcios, em pergaminho.(HASLAM, 2007)

Figura 3 - Netherworld Papyrus of Gautsoshen, os escritos egípcios.

Fonte: http://www.metmuseum.org/toah/hd/papy/hd_papy.htm acesso em agosto de 2017.

Apesar de haver discordância sobre quem e quando tudo começou, ou sobre a data exata da invenção da impressão,é possível perceber que o desenvolvimento da

(16)

comunicação e dos livros como os conhecemos, causou grande impacto no decorrer da história do design editorial.

O tipo móvel e seu descendente, o livro impresso, permitiram que uma única pessoa, após compor um texto, pudesse reproduzi-lo. Os primeiros tipógrafos eram responsáveis pela composição e criação do layout das páginas, além de cuidarem da reprodução do texto. O livro impresso industrializou a produção da linguagem. O método de impressão é mais rápido que a cópia caligráfica e, como consequência, os textos se tornaram economicamente acessíveis e bastante disponíveis. (HASLAM, 2007, p. 9)

O livro como o conhecemos hoje só veio a ser produzido e vendido a larga escala por volta de 1935, na Inglaterra, através da “Penguin Books” (figura 4), vendidos por um preço acessível, o que contribuiu para a popularização do mesmo. Posteriormente na França foram criados os Livros de Bolso, que por meio do aumento de tiragens, também promoveu a popularidade dos livros. (LABARRE, 1981)

Figura 4 - Coleção Penguin Books, Inglaterra, 1935

Fonte:

http://www.bristol.ac.uk/library/resources/specialcollections/archives/penguin/penguinbooks.html

Então, afinal o que é um livro? Temos várias definições acadêmicas sobre ele, principalmente que é um conjunto de páginas impressas, transportáveis e impressas referentes à escrita e a literatura, um instrumento de comunicação que dissemina ideias e transporta conhecimento. Ou, como afirma o autor Haslam (2010, p 10),

(17)

“Livro: um suporte portátil que consiste de uma série de páginas impressas e encadernadas que preserva, anuncia, expõe e transmite conhecimento ao público, ao longo do tempo e do espaço. ”

Ainda, de acordo com o autor, “tais livros são conhecidos globalmente, suas ideias e seus autores podem ter sido tanto reverenciados quanto denegridos, entretanto, sem o trabalho de profissionais que sempre são esquecidos - o designer e o impressor de livros - a influência das ideias contidas nessas obras teria sido transitória. ” HASLAM (2007, p 13)

O livro sempre foi, e ainda é, um importante meio de comunicação, onde grandes ideais são passados adiante, mudando a vida das pessoas ao longo dos séculos e ainda hoje, muitas das bases da sociedade foram disseminadas através de livros politicamente, economicamente e religiosamente em grande escala. A sua influência mudou o rumo do desenvolvimento intelectual da humanidade. (HASLAM, 2007)

Não podemos deixar de destacar o meio tecnológico em que vivemos e como isso afeta o os meios editoriais, através da revolução da escrita, do design e da produção e venda de livros. Lado a lado ao meio impresso, os livros digitais – ebooks – vêm ganhando mais adeptos, tanto pela portabilidade quanto pelo preço, já que o custo de produção também é menor. Porém, Haslam (2007, p. 13), nos mostra que de fato as novas tecnologias serão sim uma nova alternativa para os meios editoriais, mas defende: “Ler em uma tela de computador continuará sendo menos prazeroso do que ler em uma página de papel”.

2.3 O Livro infantil e suas histórias

Levando em consideração que o Livro infantil existe por mais de séculos são importantes às exposições de Craidy (1998, p. 70) sobre o assunto;

...somente iremos formar crianças que gostem de ler e tenham uma relação prazerosa com a Literatura se propiciarmos a estas crianças, desde muito cedo, um contato frequente e agradável com o objeto livro e com o ato de ouvir e contar histórias, em primeiro lugar e, após, com o conteúdo deste objeto, a história propriamente dita – com seus textos e ilustrações.

(18)

O livro infantil surgiu no século 19 na Europa, época em que se presenciou uma valorização social da criança, a partir de então as narrativas folclóricas eram contadas com o intuito de informar e transmitir cultura, buscaram na ficção transmitir ideias e princípios morais em uma sociedade onde as crianças eram tratadas como “pequenos adultos”.(COSTA, 2003)

A autora também cita em seu livro que as primeiras fábulas foram protagonizadas por animais e elas representavam as virtudes e os defeitos humanos, no livro ilustrado Calila e Dimna, a mais antiga coletânea do ocidente, conforme pode ser observado na figura 5.

Figura 5 - Kalila wa-Dimna (Calila e Dimna) páginas do livro em árabe.

Fonte: https://www.wdl.org/pt/item/8933/ agosto de 2017.

Também nessa época, segundo Ambrose, Harris (2009) [1], no processo que utiliza água e óleo para preencher uma chapa contendo ilustrações, com tinta, a litografia, foi o que possibilitou a ampliação dos desenhos muito detalhados acompanhados de textos.

Powers (2008), afirma que nesse momento os editores começaram a competir pelo mercado editorial infantil, criando livros cada vez mais atrativos ao público apresentando o exemplo de Walter Crane, considerado um dos pioneiros e mais influentes no design de livros infantis, por volta de 1865, quando ele inova na história criando os livros-brinquedos com o propósito único de atrair as crianças ao livro.

(19)

O autor ainda esclarece, que o artista percebeu que as crianças aprendiam com mais facilidade através da imagem, portanto, trouxe para as páginas de seus livros desenhos mais artísticos e mais elaborados, como é apresentado na figura 6.

Figura 6 - (The Baby's Own Alphabet. 1880.) Walter Crane, 1845-1915.

Fonte: http://www.lib.udel.edu/ud/spec/exhibits/alphabet/01_child.html

Conforme os anos foram mudando ao longo da história, a literatura infantil também foi se transformando. Por muito tempo a literatura infantil tratou apenas de contos folclóricos e exemplos. Posteriormente utilizou-se da religião para que as crianças aprendessem de forma mais espontânea, assim como as histórias sobre cavaleiros e heróis. (COSTA, 2003)

Lajolo e Zilberman, (2003) apresentam que os primeiros livros infantis apareceram por volta dos anos de 1668 e 1694, durante o classicismo Francês, primeiramente como fabulas destinadas a todos os públicos, mas que posteriormente foram destinadas a crianças. As que se tornaram mais populares foram Fábulas de

La Fontaine e os Contos da mamãe ganso de Charles Perrault, como aparecem a

(20)

Figura 7 - Fables choisies pour les enfants by Jean de La Fontaine (Paris Plon-Nourrit & Cie., [ca. late 19th c.]) [La Fontaine, fábulas selecionadas para crianças] M. B. de Monvel (ilustrador). Paris: E.

Plon, Nourrit &. Cie, 1896.

Fonte: https://art.famsf.org/louis-maurice-boutet-de-monvel/fables-choisies-pour-les-enfants-jean-de-la-fontaine-paris-plon

Figura 8 - Stories of Mother Goose Village [Contos da mamãe ganso] Madge A. Bigham (autora). Chicago: Rand, McNally & Co., 1903.

(21)

Muitos livros infantis surgiram ao logo dos séculos seguintes, dentre eles alguns que foram escritos para adultos, mas que se tornaram mais populares entre as crianças. Os contos de fadas que surgiram por volta de 1812-1815, foram reunidos pelos pesquisadores e folcloristas alemães Jacob e Wilhelm Carl Grimm, no famoso livro Contos de Grimm, Kinder und Hausmärchen,“Histórias para crianças e famílias ”, como no exemplo da figura 9. (COSTA, 2003)

Figura 9 - Contos de Grimm 1812 – 1815

Fonte: http://www.llb-detmold.de/wir-ueber-uns/aus-unserer-arbeit/ausstellungen/ausstellung-2012-2/2012-2-3.html agosto de 2017

A ilustração começa a adquirir um maior valor estético com a edição de 1890 do conto Os três porquinhos [Three Little Pigs], que “desencadeou um movimento no sentido de se ilustrarem livros para crianças de maneira genuinamente mais artística” (POWERS, 2008, p. 12). Mas, ainda segundo o autor, é com as ilustrações do livro

Peter Rabbit que a ilustração alcança um novo patamar na história. Beatrix Potter

(1866-1943) publicou o livro infantil que seria o grande best-seller de sua época, com uma narrativa simples e ilustrações à base de aquarela e lápis de cor, onde a autora

(22)

dá vida aos animais, porém com comportamentos humanos, que levam as crianças a ver seu cotidiano presente na história, como podemos ver na figura 10.

Figura 10 - Os contos de Peter Rabbit, de Beatrix Potter [The Tale of Peter Rabbit (First Commercial Edition) Potter, Beatrix, Published by Frederick Warne and Co., UK, 1902]

Fonte: https://www.abebooks.com/first-edition/Tale-Peter-Rabbit-1902-First-Commercial/20849072352/bd

Com isso, Beatrix Potter inaugura novo movimento, o qual autor e ilustrador são a mesma pessoa, o que confere às ilustrações um valor superior ao de apenas desenhar, por meio de imagens narrativas, aquilo que a narrativa já fez. A ilustração em “Nas aventuras de Peter Rabbit”, trazem a narrativa um tom poético diferente, mostrando uma informação a mais que não era papel da narrativa de trazer.

Os contos de fadas contribuem para que a criança imagine além daquilo que ela vê diariamente, alimentando assim a psique e contribuindo para a sua criatividade.

(23)

Por isso que a estimulação da literatura logo na primeira infância é muito importante para que a criança saiba que o mundo pode ser muito mais do que o que ela enxerga no dia-a-dia, como cita a autora COSTA (2003, p. 67);

A criança pode desenvolver as suas capacidades de emoção, admiração, compreensão do ser humano e do mundo, entendimento dos problemas alheios e dos seus próprios; enriquecendo, principalmente, as suas experiências escolares, cidadãs e pessoais.

Um período importante da literatura infantil, foi o período pós-guerra, em meados de 1945 e 1950, o que se tornaria o maior clássico literário infantil com hoje mais de 70 anos, ocorreu o lançamento de uma história encantadora e de outro mundo, O Pequeno Príncipe, figura 11, de Antoine de Saint-Exupéry. Foi a partir daí que houve maior sensibilidade na criação e na educação das crianças, e a crescente confiança dos Estados Unidos no mercado editorial contribuiu para a evolução da imagem dos livros infantis, fazendo com que as imagens se tornassem mais expressivas. (POWERS, 2008)

Figura 11 - Livros Infantis de 1940/1950. O Pequeno Príncipe [1943] - Antoine de Saint-Exupéry, com uma ilustração original do autor.

Fonte: https://torrenteliteraria.wordpress.com/2014/04/11/ilustracoes-originais-do-livro-pequeno-principe/

O autor ainda coloca que enquanto na década de 60 os livros infantis davam mais atenção a obras que esbanjassem originalidade e fantasia, e nos anos seguintes

(24)

perseverou-se o conservadorismo, porém, o avanço da tecnologia fez com que mais páginas pudessem ser coloridas, cores que anteriormente só se apresentavam na capa dos livros, essa ampliação da vivacidade dos livros, fazendo com que na década de 80 os designers dessem mais atenção as ilustrações do que aos textos. E finalmente nos anos 90, é que os livros infantis se tornaram de interesse geral da nação, pois tomaram conta do ambiente cultural e ganharam as livrarias e a imprensa. No Brasil o mercado de livros infantis ainda é recente, e para sermos mais precisos, a ampliação desse mercado deu-se por meio da tecnologia. As maiores inovações nesse meio ocorreram nos anos 90, as facilidades proporcionadas pelos computadores facilitaram a manipulação dos projetos e deram aos designers um amplo meio a ser explorado.

Os autores Lajolo e Zilberman (2003), trazem também em seu livro, cujo o divisor de águas da literatura infantil foi Monteiro Lobato, porque o mesmo, além de criar obras clássicas como O Sítio do Picapau Amarelo e A menina do Narizinho

Arrebitado, figura 12, também investiu na própria produção de livros infantis.

Figura 12 - A Menina do Narizinho Arrebitado – Monteiro Lobato. Lançado em 1920 e O Sítio do Picapau Amarelo de 1930.

Fonte: LAJOLO, Marisa. ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil Brasileira: história e histórias. São Paulo: Ática, 2003.

(25)

Segundo Heller (2007) [2], é na infância que a criança absorve o maior número de informações gráficas, pois os livros infantis são livres de padrões gráficos e podem ser de formatos, tamanhos e texturas diferentes, podem ser manuseados de várias formas.

Dondis (2007) defende a perspectiva de que a percepção visual é a mais utilizada pelas crianças, logo, os primeiros meios de aprendizagem são de experiências táteis, olfativas, auditivas e de paladar, sentimentos que são amplificados através da visão, da compreensão e do sentir.

A literatura infantil é o começo da formação social da criança, portanto, elas podem trabalhar com efeito social e de moral. Isto deve ser incentivado, principalmente, em meio a toda a tecnologia presente nesse século, onde tudo é fácil e rápido. O mundo dos livros, que atravessou muitos séculos deve ser preservado. Na citação a seguir, Coelho (2000, p. 161) fala da união da vida real e da imaginação:

Processo lúdico de leitura que, na mente infantil, une os dois mundos em que ela precisa aprender a viver: o mundo real-concreto à sua volta e o mundo da linguagem, no qual o real-concreto precisa ser nomeado para existir definitivamente e reconhecido por todos.

Através das histórias as crianças viajam e desenvolvem a capacidade de ouvir e serem curiosas, elas participam das aventuras e encontram soluções para os problemas dos personagens, fazendo com que também possam ver soluções para o que acontece com eles mesmos. Ambramovich (1997, p. 33) afirma:

Esses livros (feitos para crianças pequenas, mas que podem encantar aos de qualquer idade) são sobretudo experiências de olhar... de um olhar múltiplo, pois se vê com os olhos do autor e do olhador/leitor, ambos enxergando o mundo e as personagens de modo diferente, conforme percebem esse mundo.

Livros que contenham somente imagens, e outros com configurações diferentes dos tradicionais, também são muito importantes pois assim elas podem criar suas próprias aventuras. Na imagem a seguir, figura 13, podemos ver um exemplo de um livro sem escritas.

(26)

Figura 13 - Livro infantil Tem Lugar Para Todos, de Massimo Caccia.

Fonte: http://acigarraeaformiga.com/tag/tem-lugar-para-todos/ agosto de 2017.

À medida que as crianças vão crescendo, entre três e seis anos, elas vão ficando mais falantes e se interessam mais pelas letras e consequentemente pela escrita. Logo, é nesse estágio que as histórias passam a ter mais importância na sua vida, fazendo com que com a história a eles bem contada acabe se tornando uma visualização da narrativa, elas passam a vivenciar as experiências transmitidas pela história, e a questionar, principalmente o porquê dos personagens e afins. (ABRAMOVICH, 1997)

Histórias com mais personagens mágicos, diferentes e aventureiros chamam mais a atenção das crianças. Como Craidy (1998, p 75) cita em seu livro, “Além de histórias já editadas é extremamente importante trabalhar com a produção de histórias pelas crianças: o professor como ecritor registra as histórias inventadas pelas crianças. ”

Permitir uma participação mais ativa na hora da leitura e maior interatividade com o livro faz com que a criança venha a desenvolver um relacionamento mais prazeroso com estes, levando-os a desenvolver mais gosto pela leitura futuramente. E para que o livro seja criado, são necessários vários elementos do design gráfico, como veremos posteriormente.

(27)

2.4 Fundamentos do design para o desenvolvimento do livro infantil

Pode-se dizer que o design editorial tem algumas particularidades nas publicações, que devem ser seguidas para melhor atender ao público alvo, como posicionamento de imagens, posicionamento de textos, títulos e os grids, que são muito importantes na produção gráfica, para que tudo saia de forma adequada no resultado final.

Da ideia para a versão final do livro, existe um longo caminho o qual não é percebido pelo leitor, às vezes nem os autores se dão conta disso. O processo editorial de um livro a ser publicado é importante e essencial na preparação da obra. ARAÚJO (1986)

O livro tem que se parecer com um livro, e qualquer particularidade é notável, não é exatamente uma área em que se pode inventar um estilo a cada semana, ou criar algo muito surpreendente e inovador, o importante é que ele seja genuíno e compreensível. (HENDEL, 2003)

O designer tem como papel fundamental o projeto físico, o layout final, assim sendo, é responsável pela apresentação dos livros, do posicionamento dos elementos na página, em conjunto com o escritor, podem decidir como será o acabamento e os detalhes do livro. Posicionam grids, criam layouts, escolhem a tipografia executando o devido acabamento.

Dependendo de quem lê, o design de uma obra pode ser perceptível ou não, o design editorial de livros tem suas particularidades e tradições, com poucas regras aceitas, mas que devem ser respeitadas. Segundo Araújo (2008), os elementos estruturais se dividem em pré-textuais, elementos que precedem os textos auxiliando a sua apresentação, textuais, que são o conteúdo do trabalho propriamente dito, pós-textuais, que caracterizam a última parte do trabalho e os elementos extrapós-textuais, que são elementos de formatação de um texto.

As imagens, principalmente as figuras, no caso dos livros, devem ser posicionadas estrategicamente na página, e devem ser de fácil compreensão, para que elas entendam que a imagem condiz ao texto, fazendo assim com que a criança aprenda a identificar de uma maneira mais fácil o que está escrito. Como no exemplo do livro Eu sou um coelho [I Am a Bunny, 1963], de Ole Risom, figura 14, onde o autor

(28)

descreve as imagens de uma forma muito simples, para que a mensagem possa ser entendida rapidamente pelo leitor.

Figura 14 - Eu sou um coelho [I Am a Bunny, 1963], de Ole Risom.

Fonte: https://100bookseverychildshouldreadbeforegrowingup.com/tag/i-am-a-bunny/1

Ainda, Hendel (2003, p. 1), destaca o design de livro sendo diferenciado de outras formas de design gráfico, uma vez que não se preocupa somente com a estética ou visual agradável.

O design do livro é uma arte que tem suas próprias tradições e um corpo relativamente pequeno de regras aceitas. Se o design de um livro irá chamar atenção ou não para si mesmo, isso vai depender do grau de consciência do leitor acerca tanto do design em geral quanto do design de um livro em particular.

O design nos livros é aplicado de maneira que nos faça compreender e interagir com o que estamos lendo, nos faz seguir o texto, seguir a linha de entendimento, apreciar a história, nos envolve de maneiras diferentes, que nem sequer percebemos conforme passamos de linha em linha, página em página, capítulo a capítulo.

O projeto gráfico de um livro, como é o caso daqueles voltados ao público infantil, precisa ser um pouco diferente dos livros tradicionais, pois o mesmo tem a

(29)

ilustração muito mais presente do que o texto, sendo assim, deve-se ter uma escolha diferente em questão de formato, apresentação, disposição de informações, levando também em consideração de como será o manuseio desse objeto-livro por seus leitores. (ROMANI, 2011)

Araújo (2008), afirma que o projeto gráfico e o projeto visual do livro, constituem, na prática, uma unidade, visto que a perspectiva e o fim de ambos residem justamente na busca da harmonia entre forma e conteúdo, no modo sob o qual se organizam os diferentes elementos da página e o agrupamento das páginas em determinada unidade – o livro.

Nesse momento o papel do designer se torna o mais importante, pois serão esses os profissionais responsáveis pela diagramação, escolha correta das composições que serão utilizadas na obra, quantas páginas serão necessárias para esse livro. O design em sua linguagem envolve também a reflexão e os conceitos visuais, que aplicados desenvolvem a identidade de cada livro. ARAÚJO (1986)

Ainda dentro deste contexto, o autor nos apresenta uma sucessão de sistemas que compõe o projeto gráfico da construção de um livro em termos editoriais, dentre eles, a escolha da tipografia correta, a composição das páginas e o papel a ser impresso, os cálculos que dizem respeito a quantidade de páginas que terá o projeto bem como a criação e a aplicação dos conceitos visuais que darão identidade ao livro. Romani (2011) coloca que, os elementos tipográficos apresentados em um livro infantil, diferenciam-se muito de um livro tradicional. A utilização dos grids em um projeto desse estilo pode não ser necessária dependendo da situação, a linguagem visual composta por imagens é o que mais vai chamar a atenção para o objeto-livro. Nesse sentido os processos de produção gráfica são muito importantes e devem ser utilizados de maneira correta desde o princípio, explorar o livro infantil e todas as suas formas de elaboração deve ser feito com uma atenção especial.

2.5 A importância das ilustrações

Podemos definir como ilustração toda e qualquer imagem, resultante de um desenho, que serve justamente para ilustrar alguma coisa, geralmente algum texto, fazendo com que seja mais fácil sua compreensão. Através da ilustração, é passada

(30)

uma mensagem simples e clara, que deve ser recebida e comunicada conforme o ilustrador a criou, mas que também não deixa de ser uma obra de arte. (ANTUNES, 2000)

Desde o momento de sua origem a ilustração existe para informar, transmitir ou persuadir, de forma a transparecer as informações de uma escrita. Araújo (1986), cita que foi só a partir da década de 80 que o conceito visual foi associado à identidade do livro, dando a eles uma linguagem mais visual, que nesse sentido, principalmente em livros ilustrados, mas não apenas neles, é que o design é parte fundamental ao fazer a união da imagem e do texto, transformando isso em uma fonte de informação e expressão.

Grandes obras de arte existentes são nada mais nada menos do que ilustrações de livros, como no caso das gravuras de Gustave Doré que foram feitas para A divina comédia de Dante, em 1857, e que foram publicadas por conta própria posteriormente em 1861, conforme apresenta a figura 15, assim como outros artistas que também fizeram ilustrações para essa mesma obra. (ANTUNES, 2000)

Figura 15 - Ilustração: Ascension of the procession, Gustave Doré. A divina comédia de Dante (1868)

(31)

Abordando livros infantis, Lins (2009), cita que, os mesmos são intercalados por imagens, com a linguagem visual antecedendo a imagem, sendo essa imagem não apenas figuração, mas também uma linguagem, podendo a ilustração narrar, representar, explicar, acompanhar, interpretar um texto, a ilustração como linguagem, pode aparecer em diversos estilos para atender ao objetivo de comunicar.

As crianças absorvem uma quantidade muito maior de imagens, que são memorizadas consciente e inconscientemente desde muito cedo, o que faz com que eles tenham maior relacionamento com a leitura visual, dando sentidos as imagens, literalmente e metaforicamente. (COSTA, 2003)

A autora também afirma que o essencial, se não o mais importante é a ilustração. Crianças são muito visuais e tendem a se apegar mais a livros com os quais elas mais se identifiquem com as ilustrações, sejam elas mais ou menos coloridas, maiores ou menores, tudo depende muito de criança para criança, mas não se pode negar que elas se entregam mais as histórias pelas ilustrações que as incentivam a imaginar um mundo novo, com personagens novos.

Em 1967, foi publicado na França, um dos mais populares livros infantis até hoje, o qual trouxe um novo significado a ilustração infantil. Onde vivem os monstros, figura 16, de Maurice Sendak, com a representatividade da imaginação infantil. (LINDEN, 2007)

Figura 16 - Ondem Vivem Os Monstros, 1967, Maurice Sendak.

Fonte: https://www.wired.com/2012/05/maurice-sendak-rip/ acesso em setembro de 2017.

Goés (2003) compartilha que o livro infantil nos possibilita uma infinidade de linguagens a serem exploradas pelos ilustradores, sejam elas através de texto ou

(32)

de desenhos, pinturas, cores e elementos gráficos, essa mistura transmite ao leitor uma mensagem visual.

As ilustrações podem esclarecer o texto para os leitores, por ser um meio mais forte de comunicação. Cabe então ao ilustrador analisar e explorar o melhor meio de se obter um resultado positivo entre mensagem e receptor. Ao contrário de uma obra de arte, o desenho é elaborado através de uma narrativa, é a interpretação de um texto através da ilustração. (NODELMAN, 1988)

Ser criativo não é o mistério, mas sim as maneiras que exercemos a criatividade e a forma que as colocamos no papel, por isso é importante criar um briefing sobre o trabalho de ilustração a ser desenvolvido, são as informações do briefing que dão a base do projeto. Um bom briefing define um bom desenvolvimento do trabalho, assim sendo, quanto mais informação para criação melhor. (ZEEGEN, 2009)

Dessa forma o autor também observa que ter sempre um caderno para anotar as ideias de desenhos e histórias é sempre uma boa opção, a inspiração sempre vem de tempos em tempos. Colecionar colagens as vezes também ajuda, além de reservar uma pasta só para guardar inspirações;

A linha visual esperada para títulos de livros ilustrados é diferente dos trabalhos para jornais e revistas; os artistas devem criar versões iniciais bem-acabadas da ilustração final. A linha visual detalhará a posição de todos os elementos dentro de uma imagem e incluirá também desenhos de todos os personagens centrais do livro. (ZEEGEN, 2009, p. 93)

Criar um livro infantil a partir do zero é um desafio, já que é preciso o desenvolvimento da história e das ilustrações, e as imagens devem condizer com a história e vice-versa, livros infantis geralmente são os mais difíceis e demorados de serem concluídos, tem muitos detalhes a serem acertados, mas, ao mesmo tempo um protótipo pode ser gerado em menos tempo, sendo assim o livro piloto, e quem sabe, futuramente, um lançamento do mesmo.

Além das ilustrações, as cores, a tipografia e a construção de um layout com grids também são muito importantes para o desenvolvimento de um projeto gráfico, como veremos nos próximos assuntos a seguir.

(33)

2.6 As Cores

A cor é a forma mais imediata de comunicação não verbal existente, desde nossos antepassados, que sabiam quais alimentos devíamos evitar ou não, por sua coloração. Nenhum outro elemento nos permite representar ideia e emoções como as cores, que prende a nossa atenção instantaneamente, seja sobre um papel, em um desenho ou em uma publicidade. Por tudo isso a cor tem um importante papel no desenho contemporâneo, justamente por sua representatividade cultural. (AMBROSE, HARRIS 2006)

As cores são parte importante de trabalhos para o público infantil, pois, as crianças são muito mais perceptivas nessa parte, é importante ressaltar que elas preferem as cores primarias e mais vibrantes. A psicologia das cores ressalta que tudo varia conforme a nossa percepção das mesmas, nosso olho é desde cedo treinado a ver as cores através da luz, sendo assim, é principalmente na infância que somos treinamos a ver as cores como elas são. (HELLER, 2013)

Como agem as cores? O que é uma cor de cromático? Conhecem os muito mais sentimentos do que cores. Dessa forma, cada cor pode produzir muitos efeitos, frequentemente contraditórios. Cada cor atua de modo diferente, dependendo da ocasião. O mesmo vermelho pode ter efeito erótico ou brutal, nobre ou vulgar. O mesmo verde pode atuar de modo salutar ou venenoso, ou a inda calmante. O amarelo pode ter um efeito caloroso ou irritante. Em que consiste em o efeito especial? Nenhum a cor está ali sozinha, está sempre cercada de outras cores. A cada efeito intervêm várias cores – um acorde cromático. “(HELLER, 2013, pág. 21)

Farina (1986) nos mostra que é impossível fugir da psicologia durante um estudo de cores, pois ela nos influencia na escolha das mesmas. E ele apresenta em uma de suas pesquisas um estudo psicológico relacionando a preferência de cores de acordo com a idade da pessoa, como na lista a seguir:

Vermelho: corresponderia ao período de 1 a 10 anos – idade da efervescência e da espontaneidade;

Laranja: corresponderia ao período de 10 a 20 anos – idade da imaginação, excitação, aventura;

Amarelo: corresponderia ao período de 20 a 30 anos – idade da força, potência, arrogância;

Verde: corresponderia ao período de 30 a 40 anos – idade da diminuição do fogo juvenil;

(34)

Azul: corresponderia ao período de 40 a 50 anos – idade do pensamento e da inteligência;

Lilás: corresponderia ao período de 50 a 60 anos – idade do juízo, do misticismo, da lei;

Roxo: corresponderia ao período além dos 60 anos – idade do saber, da experiência, da benevolência. (FARINA, 1986, p. 105)

Além disso, Oliveira (2001) ressalta que as cores são os elementos narrativos que carregam maior poder emotivo e evocativo, porém não por si só em uma ilustração, mas unindo-se a todas as outras cores que compõe a imagem. Não existe um único meio de se aplicar as cores, muitas das escolhas das cores de um livro dependem do artista, mas sem desprezar as teorias de cores, as escolhem podem ser subjetivas.

No exemplo da figura 17 a seguir, podemos ver que o autor do livro “MIX IT

UP”, Hervé Tullet, se utilizou das cores de forma divertida e aplicou ao seu livro,

fazendo com que em cada página as crianças fossem “misturando” as cores e formando novas cores pressionando os dedos ou sacudindo o livro.

Figura 17 - Livro “MIX IT UP”, Hervé Tullet, 2014.

Fonte: http://www.libraryasincubatorproject.org/?p=16050

Quando se prepara um livro contendo muitas ilustrações coloridas, os editores devem se atentar as provas de cores e sua fidelidade na impressão. Por isso o conhecimento das cores e suas combinações são imprescindíveis. A cor é uma percepção visual de um feixe de fótons nas células da retina. Essas parcelas de feixes luminosos contém as cores, como, por exemplo, o arco-íris, que não é nada mais nada menos do que a irradiação do sol refletindo nas gotinhas de água que se formam

(35)

quando a nuvem vira chuva, provocando uma ilusão ótica das cores, uma mistura luminosa com inúmeros matizes. ARAÚJO (1986)

O autor ainda destaca que essas “misturas luminosas” são na verdade três cores básicas, ou primárias, que são: o vermelho, o verde e o azul. Elas se misturam em diferentes ondas de radiação formando assim outras cores construindo um aspecto visual contendo muitas cores diferentes. Com essas três cores é certo afirmar que podemos criar todas as outras, todas elas constituem-se em quantidade, inúmeras combinações entre elas, sendo a cor banca a síntese de todas elas. Na figura 18, como vemos no exemplo abaixo, ocorre à mistura das cores primárias: vermelho, verde e azul e suas sínteses aditivas: amarelo, ciando e magenta.

Figura 18 - Sintese Aditiva das Cores.

Fonte: ARAÚJO, Emanuel. A construção do livro: princípios da técnica de editoração. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. P.539

Com base em Dondis (2007), podemos observar que a saturação é uma forma de pureza das cores, e quanto maior a saturação, mais chamativo será para as crianças e para os artistas. Quanto menos saturada a cor, ela irá expressar mais tranquilidade, e quanto maior for a sua saturação, transformando-a em uma cor mais pura, mais carregada de expressão e emoção ela será.

(36)

Munari (2000), afirma que o uso das cores para o designer tem duas opções no projeto: a de usar as cores já pré-estabelecidas pela indústria, ou escolher qual cores serão incluídas no seu projeto. No caso de um livro, o profissional pode utilizar-se de um papel já colorido, ou da impressão em cores. Sendo assim, em uma ilustração, as cores devem ser bem aproveitadas pelos ilustradores, permitindo que os mesmos possam passar ao público os elementos da narrativa visual juntamente com a composição do restante do projeto gráfico.

2.7 A tipografia

Durante o século XIX a tipografia era pouco explorada e os livros infantis utilizavam-se de fontes neutras, às vezes destacando a capitular, ou fazendo o uso de contornos na página, casualmente deixando algum pequeno espaço para algum tipo de ilustração.

Foi só no final da década de 30 que o design do livro infantil começou a ser influenciado pela tipografia, através da Bauhaus, com fontes serifadas e com composições assimétricas. Tempos depois, por volta dos anos 50 é que foram destacados alguns padrões que poderiam ser utilizados pelas editoras em livros infantis, ainda assim os tipos que mais apareciam eram Jason, Garamond, Akzidenz e Grotesque, tipografias que não combinavam nada com as artes utilizadas. (HELLER, 2007)

Ainda, segundo o autor, essa situação só foi mudar por meados dos anos 80, que foi quando o autor/ilustrador passou a acompanhar assiduamente o projeto de design do seu livro.

A tipografia existe na literatura como um elemento essencial de interpretação e informação, pode ser usada como uma forma de manipular as emoções, e tem o poder tanto de demonstrar amor quanto ódio, utilizando-se das mesmas letras. (BRINGHURST, 2005)

A escolha de uma fonte tem um impacto imenso na aparência do texto impresso, a decisão sobre qual o tipo de letra deverá ser usado deve-se basear em legibilidade, clareza, estética e em sua funcionalidade. Somente informações com qualidade visual sobrevivem hoje em dia. Fontes são um conjunto de caracteres com

(37)

determinados atributos que aparecem com tamanho e gêneros específicos. (ARAÚJO, 1986)

Nesse momento em que vivemos em um mundo onda há mensagens espalhadas para todos os lados, a tipografia precisa chamar mais atenção para sí mesma do que para o texto a ser lido, de maneira que uma tipografia que chama mais a atenção terá maior importância e visibilidade na mensagem. Ela deve ser imune às mudanças, pois é um meio tradicional de comunicação, mas tem de ser superior ao que está na moda, mostrando que está sempre em estado de atemporalidade. (BRINGHURST, 2005)

Ainda mencionando a atemporalidade da tipografia, Silva (1985, p. 31), destaca que a legibilidade, obviamente, é um dos princípios da durabilidade, mas há outro, um interesse diferenciado em que a tipografia dá as páginas sentimentos de vitalidade, alegria, seja por meio de postais, escritos religiosos ou na produção de livros clássicos. “A legibilidade de um texto depende da forma das letras, do branco anterior as mesmas, do corpo usado, do comprimento das linhas, do entrelinhamento, do espacejamento e das margens. “

Ou seja, a leitura depende não somente do estilo da letra que será utilizada, mas também do espaçamento correto das palavras e frases, fazendo com que a leitura seja fluida e não haja confusão entre as frases e parágrafos.

De forma a entender melhor o mundo da tipografia, devemos entender mais sobre suas funções, sua estrutura, seu desenvolvimento, conforme citado por Collaro (2000), figura 19, a estrutura de um caractere onde há o ápice, que é a pare superior da letra, a trave, que existem em algumas poucas letras, um traço horizontal na letra, a parte inferior da letra chamada base, que as vezes possui serifa, dependendo da fonte, serifas essas que são um acabamento, e a haste, que é a composição da letra.

Figura 19 - Composição da Letra e suas estruturas.

(38)

NIEMEYER, (2003, p. 30) cita “nenhum caractere possui todos estes elementos, e alguns são específicos de uma ou outra letra” pois os tipos são também divididos em partes diferentes com nomes diferentes. Para ela as letras devem ser compostas entre linhas onde a linha base é a mais importante, seguida das linhas ascendentes e descendentes, e as linhas da letra maiúscula. Eventualmente algumas das linhas coincidem e então são consideradas todas maiúsculas. No exemplo a seguir, figura 20, temos as diferentes formas de linhas e fontes.

Figura 20 - Linhas, Fontes e Projeções:

Fonte: NIEMEYER (2003).

Araújo (1986), nos mostra que alguns dos recursos prejudicam a legibilidade dos textos se utilizados de forma incorreta, recursos esses que devem ser evitados, são eles: letras maiúsculas em itálico, letras que aparentem estarem muito juntas, fontes muito estreitas ou muito fechadas, fontes muito espaçadas ou abertas de mais, ou fontes que deixem as linhas muito espaçadas.

Entretanto Lourenço (2011) nos apresenta que o conceito de tipografia infantil tem características especiais que as qualificam como “caracteres infantis” para que aja maior legibilidade dos textos pelas crianças. Ele ressalta que adultos tendem

(39)

a ler a palavra como um todo, já as crianças levam em conta o desenho da letra, que em determinadas situações pode confundi-las. Na figura 21 a seguir podemos ver um exemplo do que foi apresentado nesse parágrafo.

Figura 21 - Diferença entre o a e o g “adulto” (primeiro) e o a e o g “infantil” (segundo).

Fonte: LOURENÇO, (2011, p. 91).

Romani (2011, p. 34), explica que o texto em qualquer livro tem uma hierarquia a ser seguida tradicionalmente, que existe para distinguir textos, colunas, comentários, legendas e títulos, e que no caso de um livro infantil isso é desnecessário, pois o uso de textos é mínimo. A própria característica dos livros infantis é que contenham pouco texto e mais imagens, a tipografia é tão pouca que pode mesmo ser produzida manualmente pelo artista e não há regras.

2.8 O Layout e os Grids

Tudo que podemos captar com a nossa visão constitui um tipo de comunicação visual, seja um cartaz, uma construção, um jornal ou uma planta, isso tudo inserido em uma paisagem significam uma série de elementos visuais. Esse processo desenvolve o processo da comunicação visual onde a mensagem atende os seus fundamentos teóricos, operacionais e culturais. (SILVA, 1985)

(40)

“O texto precisa ser legível e deve transmitir a mensagem que contém de forma eficaz. A maioria dos elementos do grid existe para ajudar a posicionar o texto, mas eles também podem ser usados para posicionar caixas de imagens. Esse é uma das principais razões por que grids são capazes de acomodar uma grande quantidade de complexidade. ” (AMBROSE, HARRIS, 2009 [2] , p. 4.)

Segundo Haslam (2007), existem três formatos de livros que são os mais utilizados pelos designers são: o formato de paisagem, quando a altura é menor que a largura; o retrato, quando a altura da página é maior do que a largura e o quadrado, o qual é mais favorável a ilustrações e ângulos diferenciados. Conforme o autor, um livro pode ter qualquer formato ou tamanho, mas por razões práticas, se faz o uso de um que seja adequado a leitura e ao manuseio, que seja economicamente viável e utilize o material da melhor maneira possível.

Não há uma proporção ideal, mas algumas são nitidamente mais importantes que outras de modo geral. Uma página de um livro, assim como uma pessoa, por exemplo, não deve se sobressair sobre outras, mas também não deve arquear-se. Livros com tamanhos menores são destinados a textos com medidas mais estreitas, em livros que necessitam acomodar mapas, tabelas, ou ilustrações muito grandes, é preferível que se use múltiplas colunas para melhor acomodação do projeto gráfico. (BRINGHURST, 2005)

O autor também ressalta que em caso de trabalhos que envolvam ilustrações, como é o caso dos livros infantis, são geralmente elas que decidem o formato da página, pois será necessário um espaço em branco ao pé da página ou acima, para que possa também ser inserido o texto desejado, e para que haja uma margem de segurança.

Araújo (1986, p. 398), cita em seu livro que a elaboração correta do layout de um livro é vital para uma boa construção de página, visto que a unidade de sequência de uma boa leitura depende disso, mesmo que as figuras se organizem de formas assimétricas. De qualquer maneira, ao construir um diagrama padrão para as páginas de um livro, o mesmo terá uma unidade de leitura mais confortável, mesmo que cada página seja constituída de grafismos dinâmicos.

O autor ainda aborda que o desenho da malha, ou grid, deve levar em conta o tamanho dos parágrafos, a quantidade de frases e o seu ritmo de leitura, que vão

(41)

corresponder ao movimento ocular que irá percorrer o texto e suas pausas. A maneira como são dispostos os caracteres é que ditarão se o texto será legível ou não.

Um dos primeiros registros sobre layouts de livros infantis se deu no surgimento das artes modernistas, e com elas, a autora El Lissitzky criou o livro “Of Two Squares”, em 1922, figura 22, onde ela colocou meios elementares no lugar de textos, dizendo que sua intenção é que a criança participasse do livro de maneira mais interativa se utilizando de adesivos e papéis e construísse sua própria história. (HELLER, 2007)

Figura 22 - The Story of Two Squares, 1922: 'Progenitor' of information design, Russian, El Lissitzky, 1922.

Fonte:http://www.sothebys.com/en/auctions/ecatalogue/lot.218.html/2007/russian-art-and-paintings-l07115

Uma das partes fundamentais da construção de um projeto gráfico editorial são os grids, uma cadeia de elementos que constituem a formatação das páginas. Incluem as colunas de textos, as linhas guias e as imagens, para que o produto-livro seja atraente ao público alvo. Como citam:

Alinhar texto e imagens pode parecer algo simples e objetivo, mas de fato oferece algumas dificuldades específicas. Alinhar o texto e imagens verticalmente em uma coluna é relativamente simples, pois tanto o bloco de texto quanto a imagem preenchem a mesma largura, mas quando o preenchimento é vertical, se torna mais difícil... (AMBROSE, HARRIS [2], 2009, p.10.)

(42)

Devemos ressaltar que uma das partes mais importantes dos grids é a coluna de base, e os elementos tipográficos, que devem ser adequados e estruturados ao projeto gráfico. As linhas de base servem para o posicionamento textual e das imagens no texto. Os Alinhamentos dos textos definem o que vai ser mais importante nas páginas. (AMBROSE, HARRIS [2], 2009)

A figura 23 ilustra os principais componentes de um grid, que são: margens, módulos, colunas, zonas espaciais, linhas guias, marcadores.

Figura 23 - Os componentes do Grid;

Fonte: Criar Grids: 100 Fundamentos de Layout - Beth Tondreau (2009, p. 10).

Um grid tipográfico é apresentado como um princípio organizacional do design gráfico, onde a influência está ligada à prática diária, e para alguns designers

(43)

é o que lhes oferece mais clareza e precisão em seus trabalhos. Para outros designers isso pode ser considerado uma opressão em busca de uma linguagem mais expressiva. (SAMARA, 2007)

O autor ressalta que os grids consistem em conjuntos de alinhamentos relacionados especificamente como guias para a distribuição dos elementos no formato da página. As mesmas partes consideradas as construções básicas de um grid, por mais complexo que seja o projeto. Na imagem 24, veremos as estruturas básicas dos grids.

Figura 24 - As estruturas básicas de um Grid:

(44)

A organização de uma página está relacionada principalmente com seu formato. A partir disso é que o designer irá montar o projeto gráfico dos grids em seu trabalho, hierarquizando a posição dos textos e demais elementos. O desenho do grid é o que organiza o conteúdo da página, logo, esse sistema básico de grids é que determina as proporções da mancha gráfica, das margens e da localização dos elementos na mesma. (ROMANI, 2011)

Em uma obra, a forma com que se apresenta o grid é uma das coisas mais importantes, pois é o que transforma a ideia em algo real e palpável. O formato de um livro, revista ou pôster deve estar de acordo tanto quanto ao tempo de utilidade quanto à maneira do manejo do mesmo. O formato muitas vezes pode não ser considerado uma parte importante do exemplar, mas ele é a peça chave para a construção do mesmo, de forma que dê para organizar e apresenta-lo de várias maneiras diferentes, temos que ver também a qualidade na produção do volume, pois isso também irá aparecer no custo dele. (AMBROSE, HARRIS [1], 2009)

A maioria dos grids modernos são baseados nas estruturas utilizadas e implementadas pela Bauhaus, nesse caso as malhas são desenhadas conforme a quantidade de colunas de acordo com a necessidade dos designers, fazendo-se ajustes na mesma posteriormente, assim sendo, esse sistema é mais efetivo e flexível aos projetos, garantindo assim que cada página seja diferenciada e mais dinâmica. (ROMANI, 2011)

O autor, citando dois exemplos de livro infantil (figuras 25 e 26), com diferentes tipos de diagramação, nos diz que se tratando de uma estrutura com maior aderência de ilustrações, os textos e as imagens não precisam estar em um mesmo grid, pois as ilustrações são adequadas de acordo com cada caso de construção visual pré-estabelecida.

No exemplo da figura 25, temos O Livro Foguete [The Rocket Book, 1912], de Peter Newell, onde podemos observar que a imagem está em proporção clássica, orientando a posição do texto, e alinhando a distribuição dos parágrafos.

(45)

Figura 25 - O Livro Foguete [The Rocket Book, 1912], de Peter Newell.

Fonte: ROMANI, Elizabeth. Design do Livro-Objeto Infantil. São Paulo: 2011.

No segundo exemplo da figura 26, temos A verdadeira história de

Chapeuzinho Vermelho [The True Story of Little Red Riding Hood, 2007], de Agnese

Baruzzi, é uma história diferente da história clássica de Chapeuzinho Vermelho, com elementos gráficos diversificados ele faz com que o leitor explore as páginas do livro. Nesse exemplo de livro, a sua diagramação não é estabelecida por seus grids, os textos são distribuídos pelas páginas obedecendo as ilustrações.

(46)

Figura 26 - A verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho [The True Story of Little Red Riding Hood, 2007], de Agnese Baruzzi

Fonte: Fonte: ROMANI, Elizabeth. Design do Livro-Objeto Infantil. São Paulo: 2011.

Dessa maneira podemos concluir que, para que um livro seja funcional, ele deve ser criativo, deve chamar a atenção do leitor para as páginas, deve conduzir a pessoa através das páginas e textos, acompanhando os elementos de sua diagramação.

2. 9 Acabamento e Finalização

Para finalização de um livro devemos levar em conta alguns detalhes específicos, para Araújo (1986) é a folha de papel que define as dimensões e o número de páginas durante a montagem, essa que não é feita de acordo com a ordem numérica, como vemos ao manusear um livro. As páginas constituem uma forma de caderno, cada qual com um número de páginas de oito, dezesseis ou trinta e duas páginas, dobradas, esses cadernos com as páginas quando reunidos é que formam o livro, como podemos ver na figura 27 logo abaixo.

(47)

Figura 27 - Montagem básica de um caderno/livro:

a) Caderno de quatro páginas b) Caderno de oito páginas c) Caderno de dezesseis páginas Fonte: ARAÚJO, Emanuel. (1986) Página: 551

A encadernação dessas páginas refere-se ao processo de juntar esses cadernos para a publicação do material. O autor apresenta várias formas de encadernamento, esses métodos diferenciados remetem ao designer o papel de explorar os vários aspectos que podem ser utilizados na publicação, assim como a sua durabilidade, usabilidade, aproveitamento de material e custos. Um dos aspectos mais presentes nesse sentido é que a costura é o processo que mais apresenta durabilidade de material, outro aspecto importante é como será a manipulação dessa publicação, pois a encadernação influencia muito no manejo e na flexibilidade do material, então deve se ter cuidado na hora da escolha.

Segundo Ambrose e Harris [1] (2009), as encadernações mais simples são a Lombada Canoa, ou dobra-e-grampo, figura 28, consequentemente são as mais utilizadas em brochuras, em sua maioria, livros infantis, onde os cadernos são encaixados um dentro do outro e grampeados no centro da dobra.

Figura 28 - Modelo da Lombada Canoa e Dobra-de-Grampo:

(48)

Outra parte importante que deve ser ressaltada na finalização do material é certamente o papel, algumas características devem ser consideradas pelo designer gráfico na hora do material ser impresso por exemplo, nessa linha o papel é o que vai dar melhor aparência e acabamento na publicação. O designer deve levar em consideração também para quem irá esse material, se o livro será distribuído em grande escala, se há, como no nosso caso, ilustrações, bem como quantas páginas serão. (ARAÚJO, 1986)

O autor ainda coloca que nos últimos tempos a indústria de papéis se ampliou, e tem se usado cada vez papéis não brancos para a impressão de livros em que há predominância de texto, com uma tonalidade mais “natural”, imitando algo como o marfim, como é o caso do papel Pólen, que é considerada mais confortável para a leitura. A figura 29 apresenta exemplos de papéis mais utilizados para a impressão de livros:

Figura 29 - Tipos de papel para impressão de livros:

Fonte: https://pt.slideshare.net/knazareth/passo-a-passo-para-publicar-o-seu-livro-com-a-nave-histrias Acesso em 22 de setembro de 2017.

Embora o acabamento seja a finalização do projeto, seu planejamento deve ser construído desde o começo da produção do livro. Existem muitas técnicas que podem ser adicionadas, dentre elas impressões em relevo, cortes especiais entre outras, que podem agregar mais valor ao livro, fazendo o mais interessante, mas também com maior custo, e tudo isso deve ser decidido desde o princípio. (AMBROSE, HARRIS [1], 2009)

Para que não haja erros a melhor maneira é se prevenir, sobretudo se tratando de livros com um grande número de ilustrações como é o caso dos infantis. É

Referências

Documentos relacionados

Relação entre as variáveis ambientais (altura, cota do rio, temperatura do ar média, temperatura do ar máxima, temperatura do ar mínima, umidade relativa do ar e precipitação e

De acordo com Gonçalves (2009), pessoas que praticam atividade física com regularidade e mais dias na semana os níveis de ansiedade, depressão e outras enfermidades

3º A aprovação condicional das petições secundárias objeto desta Resolução é restrita ao assunto protocolado, não resultando em manifestação diversa da peticionada e

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

Mães são homenageadas no Colégio Sagrada Família Ação envolveu produção de estrofes por alunos dos sextos anos A e B do.. São José, em

Assim, em decorrência desse processo de migração dos capoeiras das bandas marciais para os Clubes Pedestres, acontece o nascimento de um conjunto coreográfico e

Com base no trabalho desenvolvido, o Laboratório Antidoping do Jockey Club Brasileiro (LAD/JCB) passou a ter acesso a um método validado para detecção da substância cafeína, à

Se a pessoa do marketing corporativo não usar a tarefa Assinatura, todos as pessoas do marketing de campo que possuem acesso a todos os registros na lista de alvos originais