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Caro Rev. Juarez Marcondes Filho, nobre Presidente do Conselho de Curadores do Instituto Presbiteriano Mackenzie.

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Academic year: 2021

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Caro Rev. Juarez Marcondes Filho, nobre Presidente do Conselho de Curadores do Instituto Presbiteriano Mackenzie.

Excelentíssimo Sr. Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes, Chanceler da Universidade e Presidente do Terceiro Congresso Internacional de Ética e Cidadania da Universidade Presbiteriana

Mackenzie.

Ilustríssimo Sr. Presbítero Professor Gilson Novaes, representando o

Rev. Dr. Marcos José de Almeida Lins, Diretor-Presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie.

Nobilíssimo Sr. Presbítero Dr. Manassés Claudino Fonteles, Magnífico Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Ínclito Dr. Os Guinness, mui Digno Conferencista do III Congresso

Internacional de Ética e Cidadania da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Nobres Palestrantes,

Dileto Vice-Reitor, Presbítero Dr. Pedro Ronzelli Júnior,

Caros Decanos,

(2)

Estimados colegas Coordenadores e professores,

Ilustres Congressistas,

É com imensa satisfação que como Diretor da Escola Superior de

Teologia dou as boas vindas a todos.

Como sabemos, a Universidade Presbiteriana Mackenzie é uma

Instituição Confessional mantida pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Mais do que um nome, a designação Presbiteriana expressa um conceito, uma cosmovisão que se expressa em sua teologia, forma de governo é princípios éticos. Somos Protestantes Reformados, se preferirem, Calvinistas.

Este quadro de referência envolve a compreensão de que o Cristianismo não é uma forma de acomodação na cultura, antes de formação e de transformação através de uma mudança de perspectiva da realidade, que redundará necessariamente numa mudança nos cânones de comportamento, alterando sensivelmente as suas agendas e praxes. Assim sendo, a nossa fé tem compromissos existenciais inevitáveis. Ser Reformado não é apenas um status nominal vazio de sentido, antes reflete a nossa fé em atos de formação e transformação.

Abraham Kuyper (1837-1920) interpretando o pensamento reformado, diz:

(3)

“Calvino abomina a religião limitada ao gabinete, à cela ou à igreja.

Com o salmista, ele invoca o céu e a terra, invoca todas as pessoas e nações a dar glória a Deus.

“Deus está presente em toda vida com a influência de seu poder

onipresente e Todo-Poderoso e nenhuma esfera da vida humana é

concebida na qual a religião não sustente suas exigências para que

Deus seja louvado, para que as ordenanças de Deus sejam observadas,

e que todo labora seja impregnado com sua ora em fervente e contínua

oração”.1

Todavia, neste estado de existência, nenhuma cultura é ou será perfeita; haverá sempre, em maior ou menor grau o estigma do pecado. A teologia reformada consiste numa busca constante de fidelidade a Deus; a transformação cultural é apenas um resultado daqueles que têm os olhos firmados nas Escrituras, um coração prazerosamente submisso a Deus e um comprometimento existencial no mundo, no qual vive e atua para a glória de Deus. Tawney (1880-1962) interpreta corretamente: “Para o Calvinista, o mundo está ordenado para manifestar a majestade de Deus, e o dever do cristão é viver para tal fim”.2 Com estes princípios o Calvinismo influenciou as artes,3 a política,4

1

Abraham Kuyper, Calvinismo, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002, p. 62-63. 2

R.H. Tawney, A Religião e o Surgimento do Capitalismo, São Paulo: Editora Perspectiva, 1971, p. 115.

3

Vd. Paul Romane Musculus, La Prière des Mains: L’Église Réformée et L’Art, Paris: Editions “Je Sers”, 1938, passim; Abraham Kuyper, Calvinismo, p. 149-177; John H. Leith, A Tradição Reformada: Uma maneira de ser a comunidade cristã, São Paulo: Pendão Real, 1997, p. 322-327.

(4)

a ciência,5 a economia,6 a literatura7 e outros diversos setores da

cultura.8 Para Calvino, a pergunta condenat

ória de Tertuliano (c.160

-c.220 AD) à Filosofia não fazia sentido,9 o Cristianismo

é uma

cosmovisão que parte das Escrituras para o exame de todas as facetas da realidade. Portanto, não há exclusão nem conciliação: todo saber

4

J.J. Rousseau, no Contrato Social, assim se referiu a Calvino: “Os que consideram Calvino somente um teólogo não conhecem bem a extensão de seu gênio. A redação de nossos sábios editos, da qual participou ativamente, honra-o tanto quanto sua Instituição. Qualquer que seja a revolução que o tempo possa trazer a nosso culto, enquanto o amor à pátria e à liberdade não se extinguir entre nós, jamais a memória desse grande homem deixará de ser abençoada” [J.J. Rousseau, Do Contrato Social, São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, Vol. XXIV), 1973, II.7. p. 64]. Vejam-se: John H. Leith, A Tradição Reformada: Uma maneira de ser a comunidade cristã, p. 337-344; Quentin Skinner, As Fundações do Pensamento Moderno, São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 465ss.; H.H. Meeter, La Iglesia e El Estado, 3ª ed. Grand Rapids, Michigan: TELL., [s.d.], p. 93ss. “O Estado [segundo Calvino] não é, pois, um mal necessário, mas um instrumento da providência divina“ (André Biéler, O Pensamento Econômico e Social de Calvino, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990, p. 369); André Biéler, A Força Oculta dos Protestantes, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, passim.

5

Abraham Kuyper, Calvinismo, p. 117-147. 6

Vd. W. Fred Graham, The Constructive Revolutionary: John Calvin & His Socio-Economic Impact, Richimond, Virginia: John Knox Press, 1971, p.65ss.; John H. Leith, A Tradição Reformada: Uma maneira de ser a comunidade cristã, p. 344-346; André Biéler, O Pensamento Econômico e Social de Calvino, passim

7

John H. Leith, A Tradição Reformada: Uma maneira de ser a comunidade cristã, p. 328-330. 8

Vd. W. Stanford Reid, ed. Calvino e Sua Influência no Mundo Ocidental, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990, passim.

9"Esta

é a sabedoria profana que temerariamente pretende sondar a

natureza e os decretos de Deus. E as próprias heresias vão pedir seus petrechos à filosofia....

"Que tem a ver Atenas com Jerusalém? Ou a Academia com a Igreja? A nossa doutrina vem do pórtico de Salomão, que nos ensina a buscar o Senhor na simplicidade do coração. Que inventem, pois, se o quiserem, um cristianismo de tipo estóico, platônico e dialético! Quanto a nós, não temos necessidade de indagações depois da vinda de Cristo Jesus, nem de pesquisas depois do Evangelho. Nós possuímos a fé e nada mais desejamos crer. Pois começamos por crer que para além da fé nada existe que devamos crer"(Tertuliano, Da Prescrição dos Hereges, VII: In: Alexander Roberts & James Donaldson, eds. Ante-Nicene Fathers, 2ª ed. Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1995, Vol. III, p. 246).

(5)

pertence a Deus.10

“Para Calvino, nenhum tipo de ensino que levasse os

homens a deixarem de se preocupar com qualquer coisa que afetasse de maneira profunda a vida humana, até mesmo em suas preocupações puramente humanas, poderia de forma alguma ser cristão”.11

No entanto, Calvino não escreveu obras sobre administração, política,

economia, literatura, etc. A sua influência emerge de sua principal obra

de teologia, As Institutas da Religião Cristã (1536) e de seus

comentários de quase toda a Bíblia, os quais, conforme desejava,

deveriam ser lidos em conjunto com As Institutas.12 O que se depreende

do conjunto de sua obra, é a sua preocupação pastoral. Calvino não pretendeu criar teorias, antes expor as Escrituras. Creio que ele jamais aceitaria como sendo suas as idéias que lhe são atribuídas; ele simplesmente, caso fossem verdadeiras, diria que as tirou das Escrituras.

10

Giles resume bem a posição de Calvino ao dizer: “Calvino aprecia a cultura grega e a considera imprescindível para o cumprimento da evangelização. É a partir dessa mesma época que Calvino considera a Bíblia como fonte que deve predominar nos estudos teológicos. Não há questão de conciliação e tampouco de harmonização entre Filosofia e Teologia” (Thomas R. Giles, Jerusalém e Atenas: filosofia e teologia, São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 2000, p. 182).

11

Ronald S. Wallace, Calvino, Genebra e a Reforma, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003, p. 90-91.

12 Em seus comentários, Calvino vez por outra nos remete para As Institutas. [Vejam-se: Gn 3.1; At 6.3; Rm 3.21,28; 1Co 1.1; 3.9,14; 5.5; 9.5-6; 2Co 4.17; 5.10; Ef 3.18-10; 1Tm 2.6; 3.8; 1Pe 1.20]. Ele declara que ambos trabalhos deveriam ser lidos em conjunto [Vejam-se: Prefácio à edição latina a partir da segunda edição (1539) e o Prefácio à edição francesa (1560) (Jean Calvin, L’Institution Chrétienne, Genève, Labor et Fides, 1955, Vol. I, p. XIX)]. Também, algumas vezes ele nos encaminha para seus sermões [Vejam-se, por exemplo: João Calvino, Efésios, (Ef 3.18), p. 105; (Ef 4.5), p. 110; As Pastorais, (1Tm 2.6), p. 67; (1Tm 3.8), p. 92; (1Tm 4.14), p. 124].

(6)

A Palavra de Deus oferece-nos o escopo de nosso pensar e agir. Através dela poderemos ter uma real visão de Deus, de nós mesmos e do mundo. Portanto, uma cosmovisão Reformada é uma visão que se esforça por interpretar a chamada realidade pela ótica das Escrituras. Sem as Escrituras permanecemos míopes para distinguir as

particularidades do real, tendo uma epistemologia desfocalizada.13

O calvinismo fornece-nos óculos cujas lentes têm o senso da

soberania de Deus como perspectiva indispensável e necessária para

ver, interpretar e atuar na realidade, fortalecendo, modificando ou transformando-a, conforme a necessidade. Isso tudo, num esforço constante de atender ao chamado de Deus a viver dignamente o Evangelho no mundo. Schaff comenta que “O senso da soberania de Deus fortaleceu os seus seguidores contra a tirania de senhores temporais, e os fez os campeões e promotores de liberdade civil e política na França, Holanda, Inglaterra, e Escócia”.14

13

Calvino usa de uma figura que continua atual: “Exatamente como se dá com pessoas idosas, ou enfermas de olhos, e quantos quer que sofram de visão embaçada, se puseres diante deles até mui vistoso volume, ainda que reconheçam ser algo escrito, mal poderão, contudo, ajuntar duas palavras; ajudadas, porém, pela interposição de lentes, começarão a ler de forma mais distinta. Assim a Escritura, coletando-nos na mente conhecimento de Deus de outra sorte confuso, dissipada a escuridão, mostra-nos em diáfana clareza o Deus verdadeiro” (João Calvino, As Institutas, I.6.1).

14

Philip Schaff, History of the Christian Church, Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1996, Vol. VIII, p. 562.

(7)

No entanto, mesmo com toda essa influência,15 o calvinismo n ão

moldou a cultura ocidental somente através das idéias, mas principalmente através de seus ideais que fizeram com que homens fiéis morressem pelo testemunho de sua fé.16

Como nos adverte Kuyper, “[a] vida que o Calvinismo tem pleiteado e

tem selado, não com lápis e pincel no estúdio, mas com seu melhor

sangue na estaca e no campo de batalha”.17 A força prática da teologia

reformada não está simplesmente em seu vigor e capacidade de

influenciar intelectualmente os homens, mas no que tem produzido na vida de milhões de pessoas, conduzindo-as, em submissão ao Espírito,

à fidelidade bíblica e a uma ética que se paute pelas Escrituras. A

grande contribuição do Calvinismo não se restringe aos manuais das mais variadas áreas do saber, mas, estende-se à integralidade da vida dos discípulos de Cristo que seguem esta perspectiva.

Calvino, com sua vida e ensinamentos, contribuiu para forjar um tipo novo de homem: “O reformado”,18 que vive no tempo, a plenitude do seu

tempo para a glória de Deus! Portanto, “O verdadeiro discípulo de

15

“A influência do Calvinismo não foi simples, mas complexa, estendendo-se muito além do círculo de igrejas que poderiam ser apropriadamente chamadas de Calvinistas” (R.H. Tawney, A Religião e o Surgimento do Capitalismo, São Paulo: Editora Perspectiva, 1971, p. 117). 16

“Os protestantes franceses, ao serem levados para a prisão ou para a fogueira, cantavam salmos com tanta veemência que foi proibido por lei cantar salmos e aqueles que persistiam tinham sua língua cortada. O salmo 68 era a Marselhesa huguenote” (John H. Leith, A Tradição Reformada, p. 299).

17

Abraham Kuyper, Calvinismo, p. 149. 18

Cf. Émile G. Léonard, Histoire Générale du Protestantisme, Paris: Press Universitaires de France, 1961, Vol. I, p. 307; Ricardo Cerni, Historia del Protestantismo, p. 64-65.

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Calvino só tem um caminho a seguir: não obedecer ao próprio Calvino, mas Àquele que era o mestre de Calvino”.19

Aproveitemos da oportunidade singular de participar deste Congresso. Bom Congresso a todos. Que Deus nos abençoe com a sua

inestimável iluminação. Amém

São Paulo, 11 de setembro de 2007.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

19

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