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Palavras-chave: Alfabetização. Educação de Jovens e adultos. Formação Docente

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Academic year: 2021

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IMPORTÂNCIA E SENTIDO DA ESCOLA PARA PESSOAS JOVENS, ADULTAS E IDOSAS

Daiane Soares Santos1

Ítalo Chaves² Orientadora: Alessandra Bueno De Grandi³

Eixo: Educação e Trabalho Docente: formação, remuneração carreira e condições de

trabalho; práticas de iniciação à docência

RESUMO: O presente trabalho objetiva discorrer a respeito da Experiência obtida em

sala de aula com alunos da Educação de Jovens e Adultos, no município de Jequié/BA, quando nos foi permitido refletir acerca da formação e prática docente na EJA, trazendo luz a teoria de Paulo Freire e as observações realizadas entre os alunos por suas práticas, relatos e histórias de vida. Neste sentido, utilizamos como metodologia um estudo investigativo com observações, participação e entrevistas, na qual teve como campo de pesquisa o Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Extensão em Cuidados, bem como abordagens a partir de referenciais teóricos em: Brandão (1980) que discute sobre a questão política da educação popular, Freire (1999) sobre a pedagogia da autonomia, pedagogia da esperança, educação e mudança e pedagogia do oprimido e Milhollan, Forisha (1978) sobre as maneiras de encarar a educação, entre outros. Como principais implicações da ação desenvolvida, obtivemos vivências e reflexões acerca do papel do pedagogo (a) na modalidade de ensino EJA, sobretudo percebemos que ainda persistem as práticas de professores para uma educação bancária, e no que tange ao processo de escolarização e importância da EJA para os alunos, os mesmos se veem em uma perspectiva distante da realidade de uma futura inserção profissional, e essa visão se deve à falta de valorização própria, problemas com a formação da identidade e do processo de metodologia dos docentes.

Palavras-chave: Alfabetização. Educação de Jovens e adultos. Formação Docente

1Graduanda do curso de Pedagogia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus de

Jequié. Bolsista do PIBID, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB. E-mail.

daiannesoares1991@gmail.com

²Graduando em Pedagogia pela UESB. Bolsista de Extensão do Núcleo interdisciplinar de estudos e extensão em cuidados a família em convibilidade com doenças crônicas (NIEFAM). Membro do Grupo Interdisciplinar em Ciências da Saúde e Sociedade. Linha: Família em seu ciclo vital. Membro do Grupo em Formação, Diferença e Subjetividade- GEFORDIS. E-mail: it.ochavesic@gmail.com

³Professora da UESB, diretora do Departamento de Ciências Humanas e Letras (DCHL), possui graduação em Ciências Sociais (Licenciatura e bacharelado) pela UFSC e mestrado em Sociologia Política pela UFSC. E-mail: florbi@gmail.com

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INTRODUÇÃO

Diante da experiência obtida no trabalho de campo em uma turma de EJA no município de Jequié-BA, e das várias observações, registros, e relatos de vida dos alunos, fazemos algumas reflexões acerca da importância e sentido da escola para estes.

Descrever o perfil desses sujeitos da EJA nos permite traçar uma linha de características não necessariamente comum, mas diversificadas. Alunos de 53 a 73 anos, que partindo de um mesmo ponto, trilharam caminhos diferentes. Sujeitos adultos ou idosos que não tiveram a oportunidade de estarem na escola no tempo ideal ou jovens que quando crianças foram tachadas de “burras” por seus colegas de escola e/ou até mesmo “por sua professora”, reprovadas e evadidas da escola dita “regular”. Jovens, adultos e idosos que tiveram de optar por caminhos que realmente eram mais primordiais no momento, do que a escola, como o trabalho para garantir o seu sustento e o de sua família, o casamento que poderia lhe possibilitar uma mudança de vida, os afazeres domésticos que sua mãe sempre exigia, dentre outros caminhos que se confrontaram com a oportunidade de ir à escola.

Assim, entendendo esses sujeitos em suas especificidades, como alunos de uma realidade e um contexto histórico diferente, a LDB 9.394/96 ao definir a modalidade de EJA nomeia os sujeitos da aprendizagem: “jovem” e “adulto”. Esta nomeação indica que a prática docente na EJA deve considerar as peculiaridades de seus alunos, suas realidades, seus objetivos, respeitá-los e compreendê-los em suas limitações. Fomentar o contato com a realidade dos mesmos, dialogando com seus saberes, suas experiências e vivências, contradizendo uma educação bancária e propiciando uma educação emancipadora.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo investigativo com observações, participação e entrevistas, o qual teve como campo de pesquisa o Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Extensão em Cuidados a saúde da Família em Convibilidade com Doenças Crônicas (NIEFAM), com uma turma de Educação de Jovens e Adultos, do município de Jequié/BA. Neste sentido, buscando obter relatos de alguns alunos da referida modalidade de ensino, realizamos entrevistas, pois de acordo com Gerhardt e Ramos (2009, p.72) é [...] “uma técnica de interação social, uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca obter

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dados, e a outras se apresenta como fonte de informação”, ou seja, através dos diálogos coletados elencamos a importância e reflexão do sentido da escola para as pessoas jovens, adultos e idosos.

Assim, no decorrer dessa investigação com abordagem qualitativa, se fez necessário estudos bibliográficos com leituras teóricas: Brandão (1980) que discute sobre a questão política da educação popular, Freire (1999) sobre a pedagogia da autonomia, pedagogia da esperança, educação e mudança e pedagogia do oprimido e Milhollan, Forisha (1978) sobre as maneiras de encarar a educação, entre outros realizadas durante o processo, bem como refletimos acerca de nossa prática enquanto educadores de jovens e adultos e acerca do observado na turma de EJA.

DISCUSSÃO E RESULTADOS

A LDB 9.394/96 ao definir a Educação de Jovens e Adultos (EJA) nomeia os sujeitos da aprendizagem: “jovem” e “adulto”. Trata-se de buscar garantir o direito à educação, assegurado na Constituição de 1988 (BRASIL, 1988), como direito social e público subjetivo.

Na EJA a prática docente deve considerar as peculiaridades de seus alunos, suas realidades, seus objetivos, respeitá-los e compreendê-los em suas limitações. Fomentar o contato com a realidade dos mesmos, dialogando com seus saberes, suas experiências e vivências; o que contrapõe a educação bancária e privilegia a educação emancipadora. Contudo, ainda ver-se na prática que persistirem o formato de programas e campanhas, que insistem em se colocar nas políticas governamentais.

Provavelmente, muitos dos alunos de EJA já passaram por algum programa, onde penso que o objetivo maior não é alfabetizar no sentido de saber escrever o nome, reconhecer palavras, mas o de propiciar reflexões da sua própria condição de vida. Com isso, refletimos: que educação esse aluno recebeu ou recebe nesses espaços e até mesmo nas escolas da EJA?

Uma educação semelhante àquela oferecida aos sujeitos populares dos muitos programas e de escolas de EJA ainda hoje existentes, com professores e/ou educadores que não têm comprometimento com a luta dessas pessoas e insistem em oferecer uma educação bancária, desconectada totalmente de sua realidade e contexto social.

Nesse contexto, a prática docente em campo, visa não apenas o domínio de leitura e escrita, mas promover a capacidade crítica do aluno em fazer uma boa leitura de

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mundo, refletindo seu lugar de direito na sociedade. A formação do docente da EJA deve ser fomentada constantemente com saberes e estudos peculiares a sua função, pois a má formação desse profissional compromete o desempenho docente e o processo de ensino-aprendizagem. É necessário que a prática educativa na EJA possibilite ao aluno aprender a aprender, quer dizer que, para além da importância dos conteúdos, o mais significativo, é a capacidade de o indivíduo interiorizar o processo constante de aprendizagem. E, isso só se concretiza de forma plena quando o professor é autêntico na relação pedagógica.

Ao discutir sobre o trabalho docente, fomos levados a outras análises, na qual direciona as reflexões sobre os indicadores de qualidade na educação, quando tratamos de questionar a mesma na modalidade de ensino da EJA, percebemos que as condições de trabalho dos profissionais na escola, interfere no processo de ensino aprendizagem dos educandos. Pois de acordo aos indicadores de qualidade da educação, na dimensão 5, vemos a seguinte abordagem, de que “os professores são responsáveis por aquilo que os especialistas chamam de transposição-didática” (AÇÃO EDUCATIVA, 2004, p. 37), assim, se faz necessário que a atividade docente esteja interligada aos princípios políticos e pedagógicos, objetivando saberes do cotidiano dos alunos, ou seja, a ação de inovações da prática do educador, depende também de uma formação continuada de forma especifica a modalidade de ensino, na qual o mesmo vivencia, ademais, que o perfil desse profissional deve ser traçado numa perspectiva do professor-pesquisador.

Como foi exposto acima, da necessidade de analisar a formação docente, a partir de resultados é na relação da teoria com a prática que obteremos o sucesso na aprendizagem do aluno, embora, muitas outras dimensões da qualidade na educação, perpassam a esse ensino, pois quando se analisa a questão do analfabetismo em nosso país, é possível repensar que são reflexo de grandes lacunas na base do ensino que desestrutura o todo desde o princípio. O jovem da EJA quando se encontra neste estágio de não-alfabetizado, se enxerga fora da sociedade, não participa ativamente da mesma, exclui-se das atividades ou eventos que exigem a leitura e a escrita. Recordo-me da fala de uma das alunas da turma da EJA no Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Extensão em Cuidados a saúde da Família em Convibilidade com Doenças Crônicas (NIEFAM), ao relatar algumas das dificuldades que o analfabetismo impõe as pessoas o qual, a ele, estão sujeitas, a entrevistada nos explicou que “Sempre quis estudar, aprender a escrita e a leitura. Na minha infância não tive a oportunidade que o estudo hoje me dá. Antes tinha vergonha quando pediam para que eu assinasse meu nome nos papeis importantes (documentos)” (Relato da Aluna C.C, 62 anos). Esse relato traduz a importância de se rever a prática pedagógica do

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professor, pois na classe de EJA observada, foi possível perceber que é necessário desenvolver estratégias de motivação de estudos para os alunos dessa modalidade de ensino, visando uma aprendizagem transformadora e emancipatória da sua realidade social e política. Neste sentido, no decorrer do relato da discente entrevistada, foi possível pensar acerca do real sentido da escola, quando nos traz o estudo como oportunidade, mostrando que através do mesmo é possível descobrir uma formação para uma autonomia e de tomar decisões, de conhecer a realidade sociocultural, econômica e social do mundo. E ao abordar sobre um ensino voltado as vivências do educando, é que nos debruçamos sobre a prática Freiriana de ensino, pautada no diálogo e formação de mundo do educando, partindo do pressuposto das palavras geradoras, para enfim, alfabetizar o sujeito de aprendizagem em sua completude, para viver em liberdade. A escola pode promover a tal liberdade se assumir uma postura diferente, comprometer-se e responsabilizar-se com a formação de seus alunos emancipando-os e, consequentemente, oportunizando-os a participarem socialmente no mundo e com o mundo, favorecendo-o a desconstrução de tabus e preconceitos referentes aos próprios processos de ensino-aprendizagem nas turmas de EJA.

Como resultados, pudemos observar as dificuldades que pessoas analfabetas enfrentam e o quanto o alfabetismo é importante para o viver humano. Foram pessoas que buscaram na educação a capacidade para se autogerir e se incluir na sociedade, de forma mais completa e que durante (e após) o processo de alfabetização, tornaram-se mais ativas em seu meio social, tendo assim, uma melhor qualidade de vida.

Vimos também que a prática docente na EJA ainda hoje não é vista com prestigio e valorização que merece. Tem-se a falta de valorização e capacitação profissional, além de incentivos por parte do governo, que insiste em colocar em cheque, programas que não apresentam resultados eficazes.

CONSIDERAÇÕES

Após todas as reflexões sobre o processo de ensino, vê-se que múltiplos são os motivos que impedem o indivíduo de frequentar a escola na “idade correta”, e que a falta de políticas públicas eficazes e uma boa formação docente são algumas das causas da falta de sucesso da EJA. Neste sentido, se faz necessário mostrar aos educandos a importância da escola para a sua formação, evidenciar através de práticas pedagógicas o sentido e função da mesma para a construção de sujeitos críticos.

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Por fim, conclui-se que a educação é um ato político que reeduca todos os sujeitos envolvidos. É mais do que transmissão de conteúdo. Envolve postura e atitude diante do mundo e do OUTRO, que é diferente de mim. Não é a teoria ou os conceitos abstratos que educam é a prática concreta que, sendo pensada à luz da teoria, transforma a realidade.

REFERÊNCIAS

AÇÃO EDUCATIVA. Indicadores da qualidade na Educação. Unicef, Pnud, Inep-Mec (coordenadores: São Paulo, 2004.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues (org.) A questão Política da Educação Popular. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1980, p. 7 a 10.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970.

______. Educação e mudança. Tradução Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin. Rio

de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

______. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio

de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

______. Pedagogia da Autonomia. Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo:

Paz e Terra, 1999.

MILHOLLAN, Frank; FORISHA, Bill E. Skinner x Rogers: maneiras contrastantes de encarar a educação. Trad. Aydano Arruda. 3.ed. São Paulo: Summus, 1978.

GERHARDT, Tatiana Engel. Estrutura do projeto de pesquisa. In: GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo (Orgs.) Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: UFRGS, 2009.

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