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VI Congreso ALAP. Dinámica de población y desarrollo sostenible con equidad. Etapa 3

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VI Congreso ALAP

Dinámica de población y desarrollo

sostenible con equidad

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ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO

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ANÁLISE E MAPEAMENTO A PARTIR DOS

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Emerson Augusto Baptista

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Palavras-chave: envelhecimento; demografia; distribuição espacial; Minas Gerais; Brasil.

Resumo

O objetivo deste artigo é levantar, apresentar e discutir alguns aspectos referentes ao processo de envelhecimento populacional no Estado de Minas Gerais, Brasil, ainda que de maneira exploratória. Para tanto, foram utilizados os dados da amostra dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com o intuito de mapear a evolução deste fenômeno, bem como analisar as relações existentes entre aspectos socioeconômicos (escolaridade e renda) e o processo ora em estudo. A utilização de técnicas advindas da Demografia, Estatística e Geografia, esta última representada, em especial, pelos Sistemas de Informações Geográficas (SIGs), foram de suma importância para os resultados que serão apresentados no decorrer do trabalho.

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1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional, questão de crescente relevância para os debates demográficos contemporâneos e para as políticas públicas, será o objeto de estudo neste trabalho. No contexto mais amplo do envelhecimento populacional, serão analisadas as mudanças ocorridas no Estado de Minas Gerais, Brasil, e as consequências que este pode trazer para a dinâmica demográfica brasileira.

Para o desenvolvimento deste estudo, será de suma importância o conhecimento e à utilização de técnicas variadas advindas das mais diversas áreas do conhecimento, como a Demografia, a Estatística e a Geografia, essa última representada, em especial, pelos Sistemas de Informações Geográficas (SIGs).

De acordo com estimativas das Nações Unidas de 2010, em 2100 o número de pessoas com idade acima de 60 anos no mundo passará de 784 milhões para 2,8 bilhões – e a quantidade de pessoas com 80 ou mais anos de idade irá crescer de 109 milhões para 792 milhões (ONU, 2010). Nos países europeus esta nova realidade chegou mais cedo do que em outros, e a possibilidade da não renovação de suas respectivas gerações é cada vez maior. Este fenômeno poderá resultar em uma provável escassez de mão-de-obra e, consequentemente, numa evidente redução na produtividade dos países “afetados” por este processo.

Já para os países em desenvolvimento, entre os quais se enquadra o Brasil, percebe-se também o envelhecimento de suas populações devido à acentuada diminuição da taxa de fecundidade, decorrente de políticas anti-natalistas que visavam controlar o grande crescimento demográfico ocorrido entre as décadas de 1950 e 1970, motivadas, principalmente, pela drástica diminuição da mortalidade infantil (LASSONDE, 1997). Sabe-se que na atualidade a crise do envelhecimento global é mais grave nos países centrais do que nos periféricos, porém, não deixa de ser um desafio inevitável para os países pobres, haja vista a rápida queda de seus níveis de fecundidade observados nas últimas décadas.

O envelhecimento populacional brasileiro pode afetar desde a organização do espaço urbano das cidades, até levar a uma reformulação total das instituições de previdência social, que deveriam readequar seus fundos para uma realidade totalmente diferente, onde o número de aposentados e inativos seria relativamente próximo da população economicamente ativa.

Neste contexto, Minas Gerais surge como um importante foco de estudo, pois, assim como o país, trata-se de um espaço heterogêneo, desigual e complexo.

Em 2010, Minas Gerais contava com uma população de 19.597.330 milhões de habitantes1, dos quais 2.311.090 milhões possuíam 60 anos e mais (categoria definida como idoso pelo Estatuto do Idoso), que correspondem a 11,79% da população total.

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Em 2000, a população total era de 17.905.134 milhões de habitantes2, e esta mesma faixa etária somava 1.624.711 milhões, isto é, 9,07% da população. Isto significa que de 2000 para 2010 o número absoluto da população idosa compreendida pela faixa etária 60 anos e mais teve um crescimento de 29,7%, demonstrando o considerável aumento da população idosa para o estado de Minas Gerais.

Será a partir da união da análise demográfica, geográfica e dos Sistemas de Informações Geográficas, juntamente com informações e dados sobre a população brasileira, que se poderá identificar os impactos espaciais, demográficos, econômicos, sociais e culturais que o envelhecimento populacional causa, em especial, ao Estado de Minas Gerais.

2 MARCO TEÓRICO

Antes do início da transição demográfica, que se iniciou por volta de 1800 no noroeste da Europa e que agora já se espalhou para todas as partes do mundo, com projeções para ser completada em 2100, a vida era curta, os nascimentos foram muitos, o crescimento populacional foi lento e a população era, predominantemente, jovem (LEE, 2003). Durante o processo de transição demográfica clássica, primeiro houve um declínio da mortalidade para, em seguida, a fecundidade diminuir. Isso trouxe, inicialmente, um aumento acelerado nas taxas de crescimento populacional. Posteriormente, essas taxas voltaram a apresentar um ritmo mais lento, o que deslocou à fecundidade para níveis mais baixos, uma expectativa de vida maior e, consequentemente, uma população mais envelhecida. As consequências deste processo de transição demográfica global foram significativas como, por exemplo, na reformulação dos ciclos de vida econômico e demográfico dos indivíduos e na reestruturação de populações (LEE, 2003).

Em paralelo a essa teoria, Omran (1971) observou que havia limitações na mesma e à necessidade de abordagens compreensivas no que tange a dinâmica populacional. Com este estímulo ele propôs a teoria da transição epidemiológica no final da década de 60 do século XX. Conceitualmente, e de maneira bastante simplificada, Omran (1971) focou a teoria da transição epidemiológica nas complexas mudanças dos padrões saúde-doença e nas interações entre esses padrões, seus determinantes demográficos, econômicos e sociais, e suas consequências.

Essas duas teorias, em conjunto, resultam em um dos principais fenômenos demográficos de nosso tempo, o envelhecimento populacional. Este fenômeno têm trazido à tona questões importantes, como: a reorganização do sistema de saúde e familiar, a reestruturação da previdência social, a alimentação, o progresso da ciência, as melhorias no meio ambiente, etc.

Sendo assim, e tendo em vista as questões mencionadas acima, parece ser de conhecimento geral que a longevidade da população mundial está alcançando níveis cada vez elevados. As diferenças, no que tange a expectativa de vida entre os países, ocorrem, exatamente, devido ao estágio atual em que se encontram em termos de transições demográfica e epidemiológica.

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No Brasil, essas mudanças se iniciaram a partir dos anos de 1940 (CARVALHO E GARCIA, 2003). Entre as décadas de 40 e 60, o Brasil experimentou um declínio acentuado da mortalidade, mantendo a fecundidade em níveis bastante altos. Isso fez com que a população brasileira se apresentasse como quase estável, com distribuição etária praticamente constante. Tratava-se de uma população extremamente jovem, composta por 52% abaixo de 20 anos, e menos de 3% acima dos 65 anos (CARVALHO E GARCIA, 2003).

No final dos anos de 1960, a redução da fecundidade, que se iniciou nos grupos populacionais mais privilegiados e nas regiões mais desenvolvidas, generalizou-se rapidamente e desencadeou o processo de transição da estrutura etária. No futuro, segundo Carvalho e Garcia (2003) e Nasri (2008), teremos uma população quase estável, porém mais idosa e com uma taxa de crescimento baixíssima ou, mesmo, negativa.

Nasri (2008) analisa o que ocorre com a população do grupo etário de cinco a nove anos como forma de se ter uma ideia melhor do futuro. O autor aponta que esse grupo declinou de 14 para 12% entre 1970 e 1990. Neste mesmo período, a presença de crianças com menos de cinco anos reduziu-se de 15 para 11%. No ano 2000 cada um desses grupos continuou a declinar e representaram, no ano do estudo, cada um, 9% da população total.

“Por outro lado, o grupo etário composto por pessoas acima de 65 anos cresceu de 3,5%, em 1970, para 5,5% em 2000. Em 2050 este grupo etário deverá responder por cerca de 19% da população brasileira. Estes fatos levarão a uma drástica mudança de padrão na pirâmide populacional brasileira” (NASRI, 2008).

Tendo em vista as questões levantadas e discutidas anteriormente, optou-se por fazer uma análise do processo de envelhecimento populacional no Estado de Minas Gerais, Brasil. Em 2010, Minas Gerais contava com uma população de 19.597.330 milhões de habitantes3, dos quais 2.311.090 milhões possuíam 60 anos e mais, ou 11,79% da população total. Em 2000, a população total era de 17.905.134 milhões de habitantes4, e esta mesma faixa etária somava 1.624.711 milhões, isto é, 9,07% da população. Isto significa que de 2000 para 2010 o número absoluto da população idosa compreendida pela faixa etária 60 anos e mais teve um crescimento de 29,7%, demonstrando o considerável aumento da população idosa para o estado de Minas Gerais, o que credencia o Estado como um importante foco para estudos desta natureza.

3 DADOS E MÉTODOS

Neste trabalho, procura-se realizar uma análise exploratória dos dados censitários brasileiros. Neste sentido, a exploração foca, principalmente, no caráter espacial das informações. Os microdados do questionário da Amostra dos Censos Demográficos dos anos de 2000 e 2010, disponibilizados pelo IBGE, formam a base principal da pesquisa.

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Dados do Censo demográfico do IBGE 2010. 4 Dados do Censo demográfico do IBGE 2000.

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Sendo assim, far-se-á, a seguir, a descrição dos dados e métodos utilizados para responder ao objetivo proposto por este estudo. Inicialmente, comenta-se como as variáveis utilizadas neste trabalho se encontram nos Censos Demográficos de 2000 e 2010. Posteriormente, faz-se um breve relato de como foi feito o tratamento dos dados disponíveis nos Censos e as inúmeras informações que foram possíveis de se extrair por conta deste tratamento estatístico. Por fim, descreve-se como foi feito a confecção dos mapas e o nível de análise que será trabalhado.

3.1 Variáveis

As variáveis utilizadas neste estudo foram:

 Município;

 Relação com o responsável pelo domicílio. Neste caso, filtrou-se apenas a “pessoa responsável”;

 Idade calculada em anos completos;

 Rendimento em todos os trabalhos em número de salários mínimos. Neste caso, filtrou-se as pessoas com rendimento igual ou maior que 10 salários mínimos;

 Sabe ler e escrever. As pessoas que responderam “sim” foram tidas como alfabetizadas.

3.2 Dados

Utilizando os microdados do questionário da Amostra dos Censos Demográficos do IBGE e o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) foi possível levantar, avaliar e fazer o tratamento estatístico das variáveis escolhidas para este trabalho. Portanto, informações como: população total por município; população total por município, separado por grupos etários; população alfabetizada por município e desagregada, também, por grupos etários; e população total com mais de 60 anos e renda do chefe do domicílio superior a 10 salários mínimos por município, foram possíveis de serem analisadas e mapeadas.

3.3 Mapas

No intuito de conhecer e analisar a distribuição espacial das variáveis selecionadas para este trabalho, este estudo utiliza o nível de município como ponto de partida para se conhecer o processo de envelhecimento populacional no Estado de Minas Gerais. A utilização do nível municipal é de suma importância, pois com ele corre-se um risco menor de se mascarar certos aspectos relacionados à heterogeneidade socioeconômica do estado, o que poderia acontecer com maior facilidade se fosse utilizada uma área de estudo maior. Entretanto as mesorregiões são utilizadas como auxílio às análises.

Mapas coropléticos foram confeccionados no software ArcGis. Vale ressaltar, ainda, que o método de classificação utilizado nos mapas coropléticos foi o chamado Natural

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aproximar mais dos objetivos traçados para este trabalho. Contudo, informações adicionais e mais detalhadas sobre métodos de classificação podem ser encontradas em Jenks e Caspall (1971).

Sendo assim, diversos mapas foram elaborados até se chegar ao que será apresentado a seguir. Contudo, torna-se importante e extremamente necessário mencionar a verdadeira relevância do uso de mapas para trabalhos como esse, pois, mais do que a questão estética, estes mapas conseguem revelar aspectos importantes que talvez fossem mais difíceis ou impossíveis de se enxergar se utilizasse somente o dado “puro”.

4 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO IDOSA E NÃO IDOSA ENTRE 2000 E 2010 EM MINAS GERAIS

O Brasil, segundo dados do Censo Demográfico de 2010, possui uma população de 190.732.694 pessoas. O Estado de Minas Gerais, localizado na região sudeste, é uma das Unidades da Federação (UF) mais populosas do país, com 19.597.330 habitantes contabilizados neste mesmo ano, ou seja, representa 10,27% do total da população brasileira em 2010.

A maior parte da população do Estado de Minas Gerais, conforme pode ser observado na Tabela 1, está concentrada nas mesorregiões Metropolitana, Sul de Minas, Triângulo e Zona da Mata, ou seja, na porção Meridional do Estado.

Em 2000, a mesorregião mais populosa em Minas Gerais era a Metropolitana, que contava com 31,21% da população, isto é, 5.588.300 habitantes, seguida pela mesorregião Sul de Minas, com 12,58% (2.251.628 habitantes) e em 3° lugar a mesorregião Zona da Mata, com 11,36% (2.033.478 habitantes). A mesorregião que possuía a menor porcentagem de população residente era a Noroeste de Minas, com 1,87% (334.534 habitantes).

Já no ano 2010, levando em consideração as informações do Censo Demográfico, percebe-se que todas as mesorregiões tiveram incremento de população, em termos absolutos. Entretanto, com relação à porcentagem, 8 das 12 mesorregiões diminuíram suas participações percentuais no total da população mineira, ainda que as diferenças sejam pequenas. A mesorregião Noroeste de Minas manteve o mesmo percentual de população nos dois censos e apenas as mesorregiões Metropolitana, Oeste e Triângulo aumentaram suas populações percentualmente.

Dando continuidade à análise, observa-se na Tabela 1 e Figura 1 a taxa média de crescimento anual da população nas mesorregiões do Estado de Minas Gerais entre os anos de 2000 e 2010. Através delas fica mais nítido visualizar o crescimento das mesorregiões mencionadas anteriormente. O Triângulo, por exemplo, apresentou o maior crescimento dentre as mesorregiões. Esse cresceu a uma taxa de 1,36% ao ano no período. Em contrapartida, o Vale do Mucuri cresceu somente 0,06% ao ano neste mesmo intervalo.

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Tabela 1: Populações totais e taxas de crescimento observadas – Minas Gerais –

Mesorregiões – 2000/2010

Mesorregião Censo Demográfico

2000

Censo Demográfico 2010

Taxa de Crescimento (a.a. )

CAMPO DAS VERTENTES 511.956 554.354 0,80

CENTRAL MINEIRA 381.602 412.712 0,78 JEQUITINHONHA 679.850 699.413 0,28 METROPOLITANA 5.588.300 6.236.117 1,10 NOROESTE DE MINAS 334.534 366.418 0,91 NORTE DE MINAS 1.495.284 1.610.413 0,74 OESTE 839.112 955.030 1,29 SUL DE MINAS 2.251.628 2.438.611 0,80 TRIÂNGULO 1.871.237 2.144.482 1,36 VALE DO MUCURI 382.976 385.413 0,06

VALE DO RIO DOCE 1.535.178 1.620.993 0,54

ZONA DA MATA 2.033.478 2.173.374 0,67

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010

Figura 1: Taxas de crescimento observadas – Minas Gerais – Mesorregiões –

2000/2010

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010

A Figura 2 traz a distribuição da população total no Estado de Minas Gerais para os anos de 2000 e 2010, por município. Os dez municípios mais populosos de Minas Gerais, segundo o Censo Demográfico de 2000, são, na ordem: Belo Horizonte (Metropolitana); Contagem (Metropolitana); Uberlândia (Triângulo); Juiz de Fora (Zona da Mata); Montes Claros (Norte de Minas); Betim (Metropolitana); Uberaba

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(Triângulo); Governador Valadares (Vale do Rio Doce); Ribeirão das Neves (Metropolitana); e Ipatinga (Vale do Rio Doce).

A configuração na ordem dos municípios mais populosos se altera um pouco no Censo Demográfico de 2010, ainda que os dez primeiros se mantenham os mesmos. Belo Horizonte, a capital do estado, ainda aparece como o município mais populoso. Uberlândia, que no Censo anterior era a terceira cidade em população do estado, ultrapassa Contagem, que agora fica com a 3ª posição. Juiz de Fora permanece como o quarto município mais populoso do estado. Betim e Montes Claros trocam de posição no Censo de 2010. Ribeirão das Neves, que no Censo anterior ocupava a 9ª posição, passa Uberaba e Governador Valadares, e no Censo de 2010 já é o sétimo município mais populoso de Minas Gerais. Ipatinga finaliza à lista.

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Figura 2 – Distribuição espacial da população por município – Minas Gerais, 2000 (a) e 2010 (b)

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O que se analisará a seguir é o comportamento diferencial da distribuição espacial da população de 0 a 59 anos (população não idosa – Figura 3) e a de 60 anos e mais (população idosa – Figura 4) para os anos de 2000 e 2010.

Observa-se que em 2000 as mesorregiões Noroeste e Norte de Minas se destacavam com quase todos os seus municípios com mais de 90% de população não idosa. Além dessas mesorregiões, a porção centro-sul do Jequitinhonha, centro-leste do Triângulo, norte do Sul de Minas e Zona da Mata, além da porção centro-sul da mesorregião Metropolitana, o que inclui Belo Horizonte, Contagem e Betim, também apresentaram mais de 90% de suas populações com idade abaixo de 59 anos. Torna-se importante notar que dos dez municípios mais populosos do estado, e citados anteriormente, apenas Juiz de Fora e Uberaba não possuem mais de 90% de suas populações abaixo dos 59 anos no ano de 2000. Uma explicação para que esses municípios mais populosos sejam majoritariamente de não-idosos, reside no fato deles serem, muitas das vezes, polos regionais, o que acaba atraindo as pessoas em idade ativa para um mercado de trabalho mais aquecido que de cidades menores. Outro ponto importante, especialmente no que tange as mesorregiões Nordeste, Norte de Minas e Jequitinhonha, diz respeito ao atraso no declínio da fecundidade, uma vez que são regiões muito pobres e atrasadas socioeconomicamente dentro do estado. No ano de 2010, entretanto, observa-se um declínio da população não idosa e, consequentemente, um aumento da população idosa, de forma especial nas regiões citadas acima (Figura 3).

Já no que diz respeito à população idosa (Figura 4), e de certa forma abordado no parágrafo anterior, observa-se que o processo de envelhecimento populacional têm sido mais forte nas mesorregiões Sul de Minas, Campos das Vertentes, Zona da Mata, Vales do Rio Doce e Mucuri, porção norte do Jequitinhonha, Oeste de Minas, porção norte da mesorregião Metropolitana, centro-oeste do Triângulo e oeste da mesorregião Central Mineira. Ou seja, exatamente o oposto da distribuição espacial da população não idosa. Em muitos dos municípios das mesorregiões citadas o percentual de população idosa está entre 13,4 e 21,4%, isto é, numa perspectiva mais otimista, em muitos municípios 1 em cada 5 habitantes no ano de 2010 já haviam superado à idade de 60 anos.

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Figura 3 – Distribuição espacial da população (%) de 0 a 59 anos por município – Minas Gerais, 2000 (a) e 2010 (b)

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5 ENVELHECIMENTO E ALFABETIZAÇÃO EM MINAS GERAIS

Uma das características socioeconômicas que devemos observar sobre o idoso é a evolução do processo de alfabetização desta parcela da população. Em 2000, de acordo com os dados do censo (questionário da amostra), 65% da população idosa do Estado de Minas Gerais sabia ler e escrever, sendo que 35% eram analfabetas.

No ano de 2010 os dados da amostra apontam para uma relativa melhora no número de idosos alfabetizados, que passa para 74%. De acordo com RIGOTTI (2001), o sistema de ensino brasileiro vem evoluindo com o passar dos anos, tornando cada vez mais universal o ingresso da população jovem no ensino fundamental. Desta forma, o aumento da proporção de idosos alfabetizados não é, necessariamente, decorrente da melhora do atendimento escolar aos idosos, mas pode ser fruto da própria evolução do sistema educacional, que permite às faixas etárias mais jovens acesso a um sistema educacional cada vez mais universal.

Ao observar a distribuição espacial da população idosa alfabetizada, fica claro as mudanças e melhoras que ocorreram entre os Censos de 2000 e 2010. De acordo com a Figura 5, verifica-se que as áreas socioeconomicamente mais ricas do estado apreverifica-sentam o maior percentual de idosos alfabetizados.

Em 2000, os municípios das mesorregiões do Triângulo, Sul de Minas, Zona da Mata, Campos das Vertentes, Oeste de Minas, Central Mineira e Metropolitana eram as regiões com as maiores concentrações, em termos percentuais, de idosos alfabetizados em Minas Gerais, atingindo mais de 58% de alfabetização. Em contrapartida, as mesorregiões Noroeste de Minas, Norte, Jequitinhonha, Vale do Mucuri e Vale do Rio Doce concentravam as mais baixas taxas de alfabetização de idosos, alcançando no máximo os mesmos 58% mencionados, refletindo imensas disparidades espaciais.

Já em 2010 ocorre, de maneira geral, uma melhora na alfabetização dos idosos em todas as regiões do estado. Se se imaginar uma parábola que corta o estado desde a mesorregião Noroeste de Minas até o norte da mesorregião da Zona da Mata, pode-se notar que boa parte dos municípios ao sul desta parábola encontra-se com mais de 68,85% de suas populações alfabetizadas. Uma melhora mais visível, contudo, se observa na mesorregião Noroeste de Minas.

Porém, algumas áreas continuaram com baixas porcentagens de alfabetização, embora, como dito anteriormente, a situação tenha melhorado entre os dois Censos analisados. Destaque para o Vale do Jequitinhonha, norte e nordeste da mesorregião Norte de Minas e norte do Vale do Mucuri. Estas áreas quase não ultrapassam 45% da população idosa alfabetizada.

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Figura 5 – Distribuição espacial da população (%) alfabetizada com mais de 60 anos por município – Minas Gerais, 2000 (a) e 2010 (b)

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6 ENVELHECIMENTO E RENDA EM MINAS GERAIS

Outra informação socioeconômica importante sobre os idosos, além da já discutida alfabetização, diz respeito à renda do chefe do domicílio da população com 60 anos e mais de idade. Em 2000, de acordo com os dados da amostra, 15,64% dos idosos (população com 60 anos e mais) ganhavam mais de 10 salários mínimos mensais, frente aos 14,9% de idosos em 2010. Ou seja, esses são os percentuais de idosos chefes de domicílio no Estado de Minas Gerais que ganhavam mais de 10 salários mínimos nos anos de 2000 e 2010.

Ao se observar a Figura 6, que traz a distribuição espacial dos chefes de domicílio com 60 anos e mais que ganham mais de 10 salários mínimos no Estado de Minas Gerais para os anos de 2000 e 2010, nota-se que não é possível identificar um padrão espacial muito claro.

Em 2000 vê-se, de forma mais clara, que as mesorregiões do Triângulo, Sul de Minas, Oeste de Minas, Central Mineira e Noroeste de Minas são as regiões que possuíam a maior renda de idosos. O município de Comendador Gomes, no Triângulo, tinha, por exemplo, 37,36% de seus idosos chefes de domicílio e com renda superior a 10 salários mínimos mensais.

Já em 2010 percebe-se um declínio na renda dos idosos, embora possa haver alguma distorção em relação à evolução da renda real no período. De qualquer forma, e de acordo com os dados censitários da amostra, as mesorregiões com a maior renda de idosos são, praticamente, as mesmas mencionadas anteriormente. O município de Campo Florido, também no Triângulo, foi o que apresentou a maior proporção de idosos chefes de domicílio e com renda superior a 10 salários mínimos mensais, isto é, 32,71%. Para efeito de comparação, Comendador Gomes, em 2010, tinha 29,31% de idosos nesta mesma situação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A definição do que vem a ser o idoso é algo complexo, visto a dificuldade de apontar as características que levam o ser humano a ser denominado como tal (seja pela sua idade celular, espiritual, mental, social ou temporal).

O intuito deste trabalho foi demonstrar a que ritmo o Estado de Minas Gerais envelhece e quais regiões do estado estariam envelhecendo mais rapidamente, além de analisar algumas características sobre os idosos residentes aí e suas peculiaridades espaciais.

Como visto, Minas Gerais se mostrou como um importante objeto de estudo, principalmente no que concerne ao processo de envelhecimento populacional. A constatação de que o número relativo de idosos aumentou de maneira considerável de 2000 para 2010, seguindo um padrão oposto ao da população não idosa, poderá ser um fator importante no estímulo para a adoção de políticas públicas futuras. Além disso, esse aumento da população idosa se deve, embora

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pouco discutido neste trabalho, ao declínio da fecundidade no estado como um todo; ao aumento da expectativa de vida da população; e ao processo migratório.

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Figura 6 – Distribuição espacial da população (%) com mais de 60 anos e renda do chefe do domicílio superior a 10 salários mínimos por município – Minas Gerais, 2000 (a) e 2010 (b)

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Além da questão da distribuição espacial de idosos em Minas Gerais, outro ponto importante abordado por este trabalho foi analisar alguns aspectos referentes à alfabetização e renda da população idosa. Houve uma relativa melhora na alfabetização entre os anos de 2000 e 2010. Por outro lado, a renda apresentou certo declínio, embora, como colocado, possa ter havido alguma distorção em relação à evolução da renda real no período.

Por fim, acredita-se que este trabalho, que limitou-se a um caráter mais exploratório e descritivo, permitirá alavancar novas ideias e questões relevantes que poderão ser tratadas em agendas futuras.

BIBLIOGRAFIA

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Referências

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