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A LEITURA DO BRASIL DO SÉCULO XIX A PARTIR DA PERSPECTIVA LITERÁRIA NA OBRA DE FRIEDRICH GERSTÄCKER

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1 A LEITURA DO BRASIL DO SÉCULO XIX A PARTIR DA PERSPECTIVA LITERÁRIA NA

OBRA DE FRIEDRICH GERSTÄCKER

Cláudia Pavan (UFRGS) Gerson Roberto Neumann (UFRGS)

O BRASIL NAS OBRAS DE FRIEDRICH GERSTÄCKER

O autor alemão Friedrich Gerstäcker aproxima-se, através de sua produção literária, do Brasil a partir da segunda metade do século XIX; ou seja, a partir de suas viagens por terras brasileiras, Friedrich Gerstäcker inicia a produção de obras ficcionais tendo como pano de fundo o Brasil como cenário. O autor alemão escreve um romance, um conto, um relato de viagem (concernente ao Brasil, iniciado em Jaguarão, na fronteira com o Uruguai, terminando sua passagem no Rio de Janeiro), além de textos jornalísticos, publicados basicamente na Revista Gartenlaube.1

Friedrich Gerstäcker nasceu no dia 10 de maio de 1816 em Hamburg e morreu no dia 31 de maio de 1872 em Braunschweig. A intenção de Gerstäcker de conhecer o mundo, inspirado nas obras de Cooper, Defoe e Sealsfield, o acompanha desde sua infância, como ele próprio afirma no livro autobiográfico Kleine Erzählungen und Nachgelassene Schriften [Pequenas Estórias e Escritos Póstumos]:

O que me levou para esse mundo? – Quero ser sincero, assim foi um velho conhecido de nós todos a me dar o primeiro impulso, e ele não é nada mais que Robinson Crusoe. Nos meus oito anos eu já havia me decidido a procurar da mesma forma uma ilha abandonada. (GERSTÄCKER, 1879:1)

Em 1837, aos 21 anos, Gerstäcker emigra para os USA, onde cruza o país de norte a sul, sustentando-se das mais diferentes formas. Em 1843 regressa à Alemanha, onde inicia suas atividades de escritor, publicando então os seus dois mais famosos romances: Die Regulatoren in Arkansas [Os reguladores no Arkansas] (1846) e Die Flusspiraten des Mississippi [Os piratas do Mississipi] (1848).

Suas obras têm recepção muito positiva e são logo traduzidas para muitos idiomas – inglês, francês, holandês, entre outros – ainda no século XIX. Em 1848, Gerstäcker envolve-se nas agitações políticas Revolução de 1848, mas por pouco tempo, pois para a sua atividade literária Gerstäcker necessitava de mais viagens, fontes para as suas obras. O

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A revista Die Gartenlaube – Illustrirtes Familienblatt [Die Gartenlaube – Folha ilustrada para a família] foi uma das primeiras folhas ilustradas e a primeira grande revista de cunho popular de sucesso. Foi publicada pela primeira vez em 1853, em Leipzig, pela editora de Ernst Keil. Ver

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2 autor, porém, não se desvincula totalmente da política alemã, uma vez que nas suas viagens pelo mundo ele buscava material para as próximas publicações – aspecto literário – e faz também levantamentos sobre áreas para onde poderiam ser direcionados com sucesso cidadãos alemães – aspecto político, que lhe possibilitava as viagens.

Dessa forma e nesse ritmo baseado na necessidade de viagens para a produção literária, Gerstäcker inicia a sua segunda grande viagem: de 1849 a 1852, pela América do Sul, Califórnia, pelo Hawai e Taiti.

Em 1860, o autor inicia a sua terceira viagem e nessa Gerstäcker tem um objetivo claro em relação ao seu engajamento político pela emigração de alemães: ele quer visitar as colônias alemãs já existentes na América do Sul e fazer levantamentos sobre possibilidades de intensificar a emigração para lá. Durante a viagem, ele tem a possibilidade de discutir sobre o futuro da emigração alemã com personalidades dos países da América do Sul. Numa dessas possibilidades oferecidas a Gerstäcker, ao final de sua viagem pela América do Sul, ele se oferece como intermediador entre o governo brasileiro, junto ao imperador Dom Pedro II, e as organizações promovedoras da emigração. Dessa forma, é-lhe concedido espaço para fazer uma palestra a interessados em promover a vinda de alemães ao Brasil. A palestra é proferida em alemão no Salão da Real Academia Militar no dia 21 de setembro de 1861. Esta é publicada ainda no mesmo ano pela Editora de Lorenz Winter sob o título: Die Deutschen im Ausland. Vorlesung gehalten von Friedrich Gerstäcker im Saale der Kaiserlichen Militär-Academie zu Rio de Janeiro, den 21. September 1861 [Os alemães no exterior. Palestra apresentada por Friedrich Gerstäcker no Salão da Real Academia Militar no dia 21 de setembro de 1861].

Em 1861, Gerstäcker regressa à Alemanha e publica o romance Die Colonie. Brasilianisches Lebensbild [A colônia. Retrato da Vida Brasileira] (1864), pela Editora Costenoble. Além disso, o autor publica importantes artigos sobre o contexto brasileiro em revistas alemãs, principalmente na já mencionada Gartenlaube. Antes do romance citado acima, é publicado o seu relato de viagem Achtzehn Monate in Südamerika [Dezoito meses na América do Sul] (1862), também de grande importância para estudos relativos aos relatos do viajante, resultado de suas anotações. Anos depois, em 1869, o autor publica ainda o importante conto Die Parcerie-Verträge [Os contratos de parceria].

Depois da viagem pela América do Sul, Gerstäcker fez mais duas viagens nessa década: em 1862, pelo Egito, acompanhando o príncipe de Coburg-Gotha; e de 1867 a 1868, a sua última viagem, pelos USA, México, Equador, Venezuela e parte da Ásia.

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3 Neste momento, pretendemos apresentar alguns recortes do romance de Friedrich Gerstäcker em que o autor traz imagens do Brasil e da vida no Brasil em uma colônia de imigrantes alemães. O leitor de hoje tem acesso a interessantes retratos da vida no Brasil através da leitura da obra ficcional de um viajante que passou pelo país.

A análise da perspectiva literária nessa obra de Friedrich Gerstäcker nos mostra a habilidade com que o autor apresenta, por um lado, o ponto de vista do viajante alemão conservador e que, de certa forma, tenta ser impermeável à cultura do outro - que representa o novo, o exótico; e, por outro lado, o ponto de vista daquele viajante que se deixa tocar pelo novo, apreciando-o verdadeiramente, embaçando sutilmente as fronteiras entre o eu e o ele, como percebemos na figura de Bernard Könnern, que pode ser visto como a persona do autor no romance. A partir de alguns trechos da obra Die Colonie - Brasilianisches Lebensbild, podemos refletir a respeito de certos aspectos que se fazem presentes nas vidas das personagens e, por vezes, parecem orientar sua conduta, como o forte sentimento de identidade nacional, o preconceito racial e as diferenças religiosas.

A reflexão em torno da identidade nacional era, no século XIX, um tema de grande relevância tanto no Brasil quanto na Alemanha. O Brasil tornou-se independente em 1822 e, embora a Alemanha só viesse a se tornar um Estado unificado em 1871, a origem do sentimento nacionalista alemão remonta ao século XVI, com a Reforma Protestante de Martin Luther, e esse sentimento, a partir de então, cresceu, se fortaleceu e foi também repensado, tendo seu auge no século XIX, o século da formação dos estados nacionais.2

"Será que são realmente alemães?" disse Könnern.

A identidade nacional é um elemento fortemente presente nas personagens que representam tanto os viajantes quanto os imigrantes alemães em Die Colonie. Esse sentimento não se restringe a aspectos geográficos e, segundo Humboldt (apud FELIX, 2014) também se concretiza através da língua: a língua constitui a verdadeira pátria e pode, ao mesmo tempo, representar o distanciamento de tudo o que se refere a ela. Nos trechos a seguir, pode-se perceber a importância da língua alemã para a identidade dos imigrantes:

"E o que seriam? Com certeza não são portugueses!"

"É a primeira vez na minha vida que vejo um colono imigrante com modos tão sem cerimônia, mas bem educados; e a jovem estaria igualmente à vontade em um vestido de seda pesada quanto em sua saia simples de algodão. Replicou o mais jovem. "E falam alemão perfeitamente."

"Sim, ele com dialeto renano e ela com algo como o tirolês", disse Günther, "mas aí vem ela. Já nos dirá de onde vieram." (GERSTÄCKER, 1864:05)

[...] "Nós? – Não", riu o homem, - "quer dizer, sim, somos alemães sim, mas não nascemos lá na Alemanha e sim aqui no Brasil. Meu pai vem do Reno e

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4 o da minha mulher de Innsbruck. Ambos vieram para cá há cerca de 30 anos e se estabeleceram em São Leopoldo."

"Brasileiros então?" disse Günther desapontado.

"Não, não, somos alemães", riu a mulher bem-humorada, "e nos mantemos sempre fiéis aos alemães, como vocês podem ver. Não temos nada em comum com os pés-de-chumbo, que não querem trabalhar nem criar nada." "Pés de chumbo – que diabos significa isso?" – perguntou o homem mais jovem; "também foi um pé de chumbo que construiu a ponte que ruiu, não é mesmo?"

"É verdade", disse o homem sorrindo, "há muitos pés de chumbo por aqui – na verdade, mais do que deveria e chamamos assim principalmente os portugueses, que sempre vêm para cá e agem como se o Brasil lhes pertencesse. Por que de fato são chamados assim, eu mesmo não sei direito; mas é certo que são conhecidos por esse nome e provavelmente continuarão a sê-lo." (GERSTÄCKER, 1864:06)

Também é interessante analisar, no trecho acima, o uso do termo pé de chumbo.3

Entre portugueses antigos e portugueses novos aconteceram os primeiros atritos por causa das moradias. Em seguida, passaram a confrontar-se os recém-chegados e os brasileiros. Trocaram asperezas e apelidos. Os nativos chamaram-nos de pés de chumbo, devido aos elegantes calçados. Os portugueses devolveram a provocação chamando os brasileiros de pés

de cabra, alusão aos muitos que andavam descalços. (DONATO, 1997:04)

Ao que tudo indica, os colonos adotaram esse termo e ampliaram o seu sentido. Segundo Hernâni Donato, em seu livro O cotidiano brasileiro no século XIX (1997), com a chegada da corte de D. João VI ao Brasil, em 1808, houve uma série de desavenças entre os portugueses que vieram com o rei e os portugueses e brasileiros que já viviam aqui:

Assim, vemos que o termo pé de chumbo já era usado como forma de insulto aos portugueses mesmo antes do início da imigração alemã, embora a expressão fosse utilizada apenas com a finalidade de zombar e escarnecer. Como vimos no próprio diálogo entre os viajantes e os colonos, os últimos, ao explicarem o uso do termo, não sabem esclarecer sua origem. Contudo, a presença de pé de chumbo no texto em alemão nos leva a crer que se trate de um vocábulo de uso frequente entre os colonos naquela época. Além disso, nos mostra que o insulto adquiriu um sentido mais bem definido, que foi além de uma simples provocação relacionada aos sapatos e passou a retratar os portugueses - e por vezes também os brasileiros - como um grupo de pessoas de caráter indolente, negligente e sem disposição para o trabalho, em oposição aos imigrantes europeus de origem alemã.

Segundo Pollak, em Memória e identidade Social. Estudos históricos (1992), há um elemento na definição de identidade social que escapa ao indivíduo: o outro. Na formação identitária a partir de um processo de imigração, o outro geralmente assume um papel negativo. A visão do outro como defeituoso e inferior é representada com muita intensidade

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5 no romance através da figura do soldado brasileiro. Os soldados são descritos como negros ou mestiços, ladrões e até mesmo bandidos; são vistos pelos habitantes da colônia de Santa Clara com extrema desconfiança e como sinal de perigo. Os trechos seguintes ilustram a visão de que são todos iguais, representam um incômodo e uma ameaça à tranquilidade e à vida dos moradores da região.

“A hospedagem provisória dos soldados também estava causando problemas, pois nenhum alemão queria dar abrigo a esses homens que não gozavam de boa reputação em lugar nenhum e, além disso, eram horrivelmente sujos e brutos.” (GERSTÄCKER, 1864:159)

"O novo diretor já chegou, não é mesmo? Pelo menos tenho visto seus fiéis súditos: alguns soldados bêbados que andam pela cidade e não têm nada para fazer além de provocar confusão." (GERSTÄCKER, 1864:202)

“Ao chegar à cidade, ela contou, chorando, como os soldados agiram ao chegarem à chácara para prender seu marido. Eles haviam quebrado suas louças e as janelas da casa e a insultaram e ofenderam cruelmente.” (GERSTÄCKER, 1864:275)

"E por que ele trouxe soldados consigo?" Continuou Rohrland. "Por conta dos índios? Que bobagem! Desde que estamos aqui, pelo menos nos últimos dez anos, jamais alguém viu ou ouviu falar de um pele vermelha. Mas se eles andam à espreita nas redondezas, onde deveriam estar os soldados, senão nas fronteiras para proteger-nos de fato? "Isso é verdade, que Deus me perdoe!" Disse Berthold. "Lá embaixo, na beira do rio, eles não servem para nada, exceto para roubar sem parar. Desde que chegaram, não se pode deixar um remo por cinco minutos sozinho dentro de uma canoa porque o levam. E se alguém se queixa? Não adianta de nada, os patifes não entregam qual deles é o ladrão." (GERSTÄCKER, 1864:278)

“[...] ele deveria apontar o dito soldado [que o atacou] para que a situação pudesse ser investigada. Isso era, naturalmente, impossível, pois no corredor escuro, entre aqueles tipos morenos e sujos, todos usando um uniforme parecido, que até mesmo à luz do dia eram semelhantes, Bohlos não tinha como identificar o autor do golpe e o diretor provavelmente sabia disso [...].”(GERSTÄCKER, 1864:284)

Embora muitas vezes as personagens percebam o outro como uma perturbação, como algo que representa um risco à continuidade de seus costumes e tradições, vemos na figura de Könnern o que Victor Segalen (apud BUESCU, 1997:567) chamou de exota: alguém que, mesmo consciente das diferenças entre si e o outro, é capaz de sentir prazer no contato com a diversidade. Könnern não se sente ameaçado pelos hábitos das pessoas que encontra em suas viagens, pelo contrário, embora a diversidade o surpreenda, ele se alegra com ela e a acolhe e por isso a descreve com curiosidade, mas de forma positiva:

"A sociedade aqui parece realmente muito interessante", disse Könnern quando os travessos cavaleiros haviam desaparecido na rua, "e será, com certeza, muito agradável permanecer aqui por algum tempo para conhecê-la". (GERSTÄCKER, 1864:14)

“Embora a casa fosse muito pequena, ele a compartilhava com os estranhos de bom grado como quase todos os brasileiros, independente se era um caçador solitário, que percorria as matas, ou uma família de colonos itinerantes, embora os últimos fossem raros. [...] Enquanto o homem, ao

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6 menos uma vez ou outra, saía e encontrava com outras pessoas, a mulher passava o tempo todo sozinha no meio da floresta. Por isso, uma visita era sempre uma festa e tudo que tinha na cozinha e na chácara era servido com muito prazer.” (GERSTÄCKER, 1864:302)

A fascinação pelo exótico também aparece nitidamente nas descrições longas e minuciosas que Gerstäcker nos oferece ao longo De sua obra: da natureza, da colônia - com suas ruas e construções - e também dos diferentes moradores que habitam esse universo.

“Era uma trilha maravilhosa, que descia para o vale, pois exatamente nesta encosta da montanha a vegetação quase tropical do país se mostrava em toda a sua glória e beleza. O arvoredo, no entanto, há muito não era tão imponente como em regiões mais ao norte do Brasil, mas a mata exuberante com seus graciosos campos de palmeiras e sua agricultura, com trepadeiras e gavinhas formava por todo lado agrupamentos encantadores, a partir dos quais as hastes verdes e delgadas de espécies diferentes de palmeiras selvagens se elevavam atrevidamente.” (GERSTÄCKER, 1864:07)

“Günther von Schwartzau já conhecia o lugar, mesmo assim, seus olhos percorreram fascinados a maravilhosa paisagem que se estendia a sua frente ao circundarem o porto pelo lado que os protegia do vento norte e ver agora, a pequena e simpática cidade ladeada por árvores, arbustos e palmeiras. Não havia, no entanto, edifícios magníficos chamando atenção ou conferindo ao porto um ar de glamour e riqueza, como é o caso, por exemplo, do Rio de Janeiro. Mas a maneira como cada moradia se achava tão aconchegada e escondida no verde suave dos jardins, como o mar corria tão suavemente e o céu se estendia tão azul e sem nuvens sobre tudo fazia com que fosse possível sentir-se bem ali, mesmo antes de tocar o chão com os pés.” (GERSTÄCKER, 1864:138)

“Era uma imagem vívida, o moinho com grupos alegres de meninas e crianças conversando, com a abundante movimentação dos escravos que faziam seu trabalho com a mesma constância do touro - aquele que girava a roda do moinho - com a figura semi-nua do negro junto à panela quente que tornava o calor já tórrido daquele lugar ainda mais insuportável. [...] Entre as mulheres e crianças de ascendência negra, estavam sentadas algumas meninas brancas ocupadas com o mesmo trabalho. Uma velha senhora, que usava um vestido de seda e xale pretos, supervisionava o trabalho, reclinada em uma grande cadeira de vime, enquanto duas pequenas crianças negras de dois e três anos brincavam a seus pés e, às vezes, atrevidamente subiam no seu colo.” (GERSTÄCKER, 1864:130)

Outro aspecto marcante do texto e ilustrado pelo trecho acima é a impressão de uma integração sem ressentimentos entre escravos e senhores. A presença do negro é minimizada e a escravidão é tratada com condescendência. Os escravos são descritos com o mesmo deslumbramento com o qual o autor descreve a paisagem, mas são destituídos de voz, de vontade e de consciência: são apenas peças que se encaixam nesse universo-outro - fascinante e extraordinário, mas, com base em Seyferth (2004), essa é uma imagem domesticada.

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7 Neste trabalho, apresentamos brevemente alguns momentos do retrato que o autor alemão Friedrich Gerstäcker faz do Brasil visitado por ele na segunda metade do século XIX. Seu interesse pode ser dividido basicamente em duas direções: existia o interesse do autor pela viagem pelo Brasil em busca de material para a sua nova produção literária e existia o interesse de Friedrich Gerstäcker em prestar algum tipo de informação e auxílio àqueles interessados em buscar no Brasil o local para o seu novo lar. A literatura de Friedrich Gerstäcker é, portanto, uma mescla desses dois interesses apresentados acima, o que faz de sua obra uma produção, até certo ponto, politicamente engajada, mas com muitos elementos próprios da literatura de viajantes que percorreram o Brasil no século XIX e dele fizeram o cenário para as suas produções.

Referências

BUESCU, Maria Leonor. O exotismo ou a estética do diverso na literatura portuguesa. In: FALCÃO A.; NASCIMENTO M.; LEAL M.L. (Ed.). Literatura de viagem. Narrativa, História, Mito. Lisboa, 1997, p. 565-578.

DONATO, Hernâni. O cotidiano brasileiro no século XIX. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1997.

FÉLIX, José Luis. A produção linguística dos imigrantes alemães no Brasil. UNESP: Assis, 2014.

GERSTÄCKER, Friedrich. Die Colonie. Brasilianisches Lebensbild. 3. Bde. Jena: Costenoble, 1864.

GERSTÄCKER, Friedrich. Kleine Erzählungen und nachgelassene Schriften. Bd. 1 e 2, Jena: Hermann Costenoble, 1879.

HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções 1789-1848. Trad. Maria T. L. Teixeira e Marcos Penchel. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.

HOBSBAWM, Eric J. A era dos impérios 1875-1914. Trad. Sieni M. Campos e Yolanda S. de Toledo. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.

POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 200-212, 1992.

SEYFERTH, Giralda. A idéia de cultura teuto-brasileira: literatura, identidade e os significados da etnicidade. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v.10, n. 22, p. 149-197, 2004.

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