VIGIA E VIGILANTE - CONSIDERAÇÕES
Introdução Conceitos Vigia Vigilante Efetivo Serviço Diferença Vigilante/Requisitos -Assegurado ao Vigilante - Exame Médico - Adicional de Insalubridade e Periculosidade - Jornada de Trabalho - Escala de Revezamento - Direitos Trabalhistas e Previdenciários ... AUXÍLIO-EDUCAÇÃO - CONSIDERAÇÕES
Introdução Salário Utilidade ou Salário “In Natura” Educação Integração ao Salário Requisitos Para Não Integrar a Remuneração Efeitos Legais/Integração ao Salário -Contribuição Previdenciária - Vedado Vincular o Auxílio-Educação à Manutenção do Contrato de Trabalho ...
BOLETIM INFORMARE Nº 40/2011
Pág. 623
Pág. 626
ASSUNTOS TRABALHIST
ASSUNTOS TRABALHIST
ASSUNTOS TRABALHIST
ASSUNTOS TRABALHIST
ASSUNTOS TRABALHISTAS
AS
AS
AS
AS
ASSUNTOS TRABALHIST
ASSUNTOS TRABALHIST
ASSUNTOS TRABALHIST
ASSUNTOS TRABALHIST
ASSUNTOS TRABALHISTAS
AS
AS
AS
AS
VIGIA E VIGILANTE
Considerações
Sumário
1. Introdução 2. Conceitos 2.1 - Vigia 2.2 - Vigilante 2.3 - Efetivo Serviço 3. Diferença 4. Vigilante - Requisitos 5. Assegurado ao Vigilante 6. Exame Médico7. Adicional de Insalubridade e Periculosidade 8. Jornada de Trabalho
9. Escala de Revezamento
10. Direitos Trabalhistas e Previdenciários
1. INTRODUÇÃO
A Lei n° 7.102, de 20 de junho de 1983, dispõe sobre a
segurança para estabelecimentos financeiros, como
também estabelece normas para a constituição e
funcionamento das empresas particulares que exploram
serviços de vigilância e de transporte de valores.
O profissional que exerce a função de vigia e vigilante
tem atividades distintas, pois o vigia guarda e zela o
patrimônio do estabelecimento e o vigilante, conforme a
Lei n° 7.102/1982, faz a vigilância patrimonial das
instituições financeiras, de outros estabelecimentos, como
públicos ou privados, também a segurança de pessoas
físicas, e ainda realizam o transporte de valores ou
garantem o transporte de qualquer tipo de carga.
2. CONCEITOS
2.1 - Vigia
Vigia é a pessoa contratada para exercer uma atividade
não especializada, ou seja, sem vigilância ostensiva e para
a qual não se exige preparação especial.
“Vigia é o que somente exerce tarefas de observação e
fiscalização de um local” (Valentin Carrion).
O vigia está responsável pela guarda e zelo do
patrimônio do estabelecimento.
2.2 - Vigilante
Vigilante é a pessoa contratada por empresas
especializadas em vigilância ou transporte de valores ou
pelo próprio estabelecimento financeiro, habilitada e
adequadamente preparada para impedir ou inibir ação
criminosa.
“Vigilante é aquele que desempenha atividades vinculadas à segurança de valores ou proteção da integridade física e moral das pessoas”.
Vigilante é o empregado contratado para a execução
das atividades definidas pela Lei n° 7.102/1983, artigo 15.
“Artigo 15 - Vigilante, para os efeitos desta lei, é o empregado contratado para a execução das atividades definidas nos incisos I e II do caput e §§ 2º, 3º e 4º do art. 10.
Art. 10 - São considerados como segurança privada as atividades desenvolvidas em prestação de serviços com a finalidade de:
I - proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a segurança de pessoas físicas;
II - realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer outro tipo de carga.
...
§ 2º - As empresas especializadas em prestação de serviços de segurança, vigilância e transporte de valores, constituídas sob a forma de empresas privadas, além das hipóteses previstas nos incisos do caput deste artigo, poderão se prestar ao exercício das atividades de segurança privada a pessoas; a estabelecimentos comerciais, industriais, de prestação de serviços e residências; a entidades sem fins lucrativos; e órgãos e empresas públicas.
§ 3º - Serão regidas por esta lei, pelos regulamentos dela decorrentes e pelas disposições da legislação civil, comercial, trabalhista, previdenciária e penal, as empresas definidas no parágrafo anterior.
§ 4º - As empresas que tenham objeto econômico diverso da vigilância ostensiva e do transporte de valores, que utilizem pessoal de quadro funcional próprio, para execução dessas atividades, ficam obrigadas ao cumprimento do disposto nesta lei e demais legislações pertinentes”.
2.3 - Efetivo Serviço
de vigilância ostensiva no local de trabalho.
Vigilância ostensiva constitui atividade exercida no
interior dos estabelecimentos e em transporte de valores,
por pessoas uniformizadas e adequadamente preparadas
para impedir ou inibir ação criminosa.
3. DIFERENÇA
A diferença entre as profissões de vigia e vigilante é
que enquanto o primeiro realiza serviços observando a
adequada ordem do estabelecimento, o segundo é
preparado através de cursos para poder defender o
patrimônio do empregador e impedir ou inibir ação criminosa.
“Os cargos de vigia e vigilante distinguem-se entre si, sob o ponto de vista técnico. Vigilante é aquele profissional especializado, treinado para segurança de valores, e que tem porte de arma. Já o vigia apenas toma conta do estabelecimento que se encontra fechado. As funções desenvolvidas pelo vigia, mais brandas e de modo menos ostensivo, não se confundem com as do vigilante, como guarda especial que presta serviços de segurança com atribuições específicas, assemelhada ao policiamento, de natureza parapolicial.”
Seguem abaixo jurisprudências sobre a distinção dos
dois profissionais, vigia e vigilante.
Jurisprudências:
VIGILANTE. ENQUADRAMENTO. Diferenciam-se as atividades de vigia e vigilante, no sentido de que a primeira não assume uma real atividade de proteção patrimonial, restrita à segunda, senão a de oferecer zeladoria ao patrimônio do tomador. (Processo: RO 1984200805202000 SP 01984-2008-052-02-00-0)
VIGIA E VIGILANTE. DISTINÇÃO. NORMA COLETIVA. Vigilante é o profissional adequadamente preparado, que deve preencher tais e quais requisitos, que é aprovado em curso de formação autorizado pelo Ministério da Justiça e que atua em serviços de segurança privada, normalmente com uso de arma. Atividade disciplina e regulamentada pela Lei 7.102, de 20 de junho de 1993. Já o vigia exerce atividade de controle e de segurança não especializada, para a qual não se exige especial preparo. Não usa arma, normalmente. Sua atribuição é, fundamentalmente, visualizar a área, fiscalizar entrada e saída de coisas e de pessoas, adotar providencias de praxe em caso de anormalidade. Hipótese em que o autor, dadas as suas atribuições e as condições de trabalho, atuava como vigia. Recurso do autor a que se nega provimento. (TRT2ª R. - RO 01499200500802005 - Ac. 11ª T. 20071078848 - Rel. Eduardo de Azevedo Silva - DOE 18.12.2007)
EMPREGADO FOI ENQUADRADO NA FUNÇÃO DE VIGILANTE. O relator explica que as funções do vigilante não podem ser confundidas com as do vigia. Este é designado para realizar trabalhos de vistoria,
sem a exigência de qualificação profissional. Já o vigilante necessita de especialização e aprimoramento para exercer sua profissão. Suas atividades, mais abrangentes do que as de um vigia, são regidas pela Lei 7.102/83, que dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros e estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores... O relator frisa que o fato de não portar armas de fogo não exclui o reclamante da categoria de vigilante, uma vez que as convenções coletivas de trabalho são aplicáveis aos empregados que prestam vigilância armada ou não. Com base nesses fundamentos, a Turma confirmou a sentença, concluindo que o reclamante enquadra-se na categoria dos vigilantes, fazendo jus ao piso salarial da categoria. (RO nº 01630-2007-063-03-00-2).
VIGIA E VIGILANTE - DISTINÇÃO - É pré-requisito ao exercício da função de vigilante a aprovação em curso de formação, realizado em estabelecimento autorizado, nos termos da Lei nº. 7.102-1983. Porém, restringindo-se as tarefas do empregado à observação e fiscalização do patrimônio do empregador e não lhe tendo sido exigido o porte de arma, exerce ele o cargo de vigia. Portanto, o que distingue, especificamente, o vigia do vigilante, é a característica deste último trabalhar armado, com o intuito de impedir ou inibir eventual ação criminosa, o que não restou comprovado nos autos. (TRT9ª R. - Proc. 02037200365209002 Ac. 053712005 Rel. Des. Arnor Lima Neto -DJPR 04.03.2005)
4. VIGILANTE - REQUISITOS
Conforme o artigo 16 da Lei n° 7.102/1983, para o
exercício da profissão o vigilante deverá preencher os
seguintes requisitos:
a) ser brasileiro;
b) ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos;
c) ter instrução correspondente à 4ª série do ensino do
1º grau;
d) ter sido aprovado em curso de formação de vigilante;
e) ter sido aprovado em exame de saúde física, mental
e psicotécnico;
f) não ter antecedentes criminais registrados; e
g) estar quite com as obrigações eleitorais e militares.
O requisito previsto na alínea “c” não se aplica aos
vigilantes admitidos até a publicação da citada Lei.
O artigo 17 da Lei n° 7.102/1983 estabelece que o
exercício da profissão de vigilante requer prévio registro
no Departamento de Polícia Federal, que se fará após a
apresentação dos documentos comprobatórios das
situações enumeradas acima.
O citado registro poderá ser solicitado pela entidade
realizadora do curso de formação de vigilantes.
5. ASSEGURADO AO VIGILANTE
É assegurado ao vigilante conforme a Legislação que
trata sobre esse profissional:
a) uniforme especial aprovado pelo Ministério da Justiça,
às expensas do empregador;
b) porte de arma, quando no exercício da atividade de
vigilância no local de trabalho;
c) prisão especial por ato decorrente do exercício da
atividade de vigilância; e
d) seguro de vida em grupo feito pelo empregador.
O vigilante usará uniforme somente quando em efetivo
serviço.
6. EXAME MÉDICO
Conforme o Decreto n° 89.056, de 24 de novembro de
1983 que regulamentou a Lei n° 7.102/1983, em seu artigo
18, o vigilante deverá submeter-se anualmente a rigoroso
exame de saúde física e mental, bem como manter-se
adequadamente preparado para o exercício da atividade
profissional.
7. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E
PERICULOSIDADE
A Lei n° 7.102/1983, que regulamenta a atividade do
vigilante, não traz nem um dispositivo referente ao direito
aos adicionais de insalubridade e periculosidade, portanto
deverá ser verificado em Acordos ou Convenções
Coletivas.
Observação: Sobre os adicionais de insalubridade e
periculosidade, vide o Bol. INFORMARE n° 27/2011.
8. JORNADA DE TRABALHO
O vigia e o vigilante cumprem jornada de trabalho normal
de no máximo 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro)
horas semanais, conforme determina o artigo 7° da CF/
1988 e artigo 58 da CLT.
As horas extraordinárias terão acréscimo de no mínimo
50% (cinquenta por cento) sobre a hora normal. Convém
verificar a Convenção Coletiva de Trabalho a esse respeito
(Artigo 59 da CLT).
Para o trabalhador urbano, considera-se como horário
noturno aquele trabalho realizado entre as 22 (vinte e duas)
horas de um dia às 5 (cinco) horas do dia seguinte, de
acordo com o artigo 73, § 2º, da CLT.
A hora noturna urbana equivale a 52 (cinquenta e dois)
minutos e 30 (trinta) segundos, portanto, é reduzida ao
compararmos com a hora normal que equivale a 60
(sessenta) minutos, como dispõe o artigo 73, § 1º, da CLT
e com acréscimo de no mínimo 20% (vinte por cento) sobre
o valor da hora normal. Porém convém verificar a
Convenção Coletiva de Trabalho.
Súmula do TST (Tribunal Superior do Trabalho) nº 65:
“O direito à hora reduzida de 52 (cinqüenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos aplica-se ao vigia noturno.”
Súmula do TST (Tribunal Superior do Trabalho) nº 140:
“É assegurado ao vigia, sujeito ao trabalho noturno, o direito ao respectivo adicional (ex-prejulgado 12).”
O empregado também tem direito aos intervalos
estabelecidos pelos artigos 66 a 72 e 384 da CLT. O objetivo
dos intervalos é para o empregado repousar ou se alimentar.
Observação: Sobre a jornada de trabalho e os intervalos,
vide Bol. INFORMARE n° 43/2010.
9. ESCALA DE REVEZAMENTO
A Escala de Revezamento semanal é necessária a fim
de que todo empregado possa, periodicamente, gozar o
descanso, bem como propiciar ao empregado o
conhecimento de suas folgas com tempo razoável para
programar suas atividades.
As empresas legalmente autorizadas a funcionar nos
domingos e feriados devem organizar Escala de
Revezamento ou folga, para que seja cumprida a
determinação do artigo 67 da CLT e do artigo 7° da
Constituição Federal
“Art. 67 - Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte”.
“Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos”.
Observação: Sobre a escala de trabalho, vide Bol.
INFORMARE n° 34/2011.
10. DIREITOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS
Além dos direitos citados nesta matéria, os vigias e
vigilantes têm direito ao 13° salário, férias, aviso prévio,
salário-família, salário-maternidade, aposentadoria, entre
outros (Artigo 7° da CF/1988).
Fundamentos Legais: Os citados no texto.
AUXÍLIO-EDUCAÇÃO
Considerações
Sumário
1. Introdução
2. Salário Utilidade ou Salário “In Natura” 3. Educação
4. Integração ao Salário
4.1 - Requisitos Para Não Integrar a Remuneração 4.2 - Efeitos Legais - Integração ao Salário 5. Contribuição Previdenciária
6. Vedado Vincular o Auxílio-Educação à Manutenção do Contrato de Trabalho
1. INTRODUÇÃO
Vários empregadores, com o objetivo de capacitar seus
profissionais, fornecem aos seus empregados ajuda para
custear a sua educação profissional. Porém, essa atitude
causa polêmica se tem natureza salarial.
Nesta matéria, será demonstrado o que trata a
Legislação sobre auxílio-educação e também sobre os
entendimentos dos tribunais sobre este assunto.
2. SALÁRIO UTILIDADE OU SALÁRIO “IN NATURA”
De acordo com o artigo 458 da CLT, pode-se entender
por salário utilidade ou salário “in natura”, que além do
pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, ou seja,
remuneração, para todos os efeitos legais, a alimentação,
habitação, vestuário ou outras prestações “in natura” que
a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer
habitualmente ao empregado.
“O salário in natura ou também conhecido salário utilidade é normalmente conceituado como sendo toda parcela, bem ou vantagem fornecida pelo empregador como gratificação pelo trabalho desenvolvido ou pelo cargo ocupado”.
Conforme decisões judiciais, o auxílio-educação não
remunera o trabalhador, pois não retribui o trabalho efetivo,
de tal modo que não integra o salário-de-contribuição para
a base de cálculo da contribuição previdenciária (REsp
447.100/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ de
02.08.2006).
Como também os valores pagos pela empresa
diretamente à instituição de ensino, com a finalidade de
prestar auxílio escolar aos seus empregados, não podem
ser considerados como salário “in natura”, pois não
retribuem o trabalho efetivo, não integrando a remuneração.
Trata-se de investimento da empresa na qualificação de
seus empregados. (AgRg no REsp 328.602/RS, Rel. Min.
Francisco Falcão, DJ de 02.12.2002).
Observação: Matéria completa sobre o item acima, vide
Bol. INFORMARE n° 40/2010.
3. EDUCAÇÃO
De acordo com o artigo 205 da Constituição Federal/
1988, a educação é direito de todos e dever do Estado e
da família, e será promovida e incentivada com a
colaboração de toda a sociedade, visando o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em seu artigo
458, § 2º, inciso II, da CLT, estabelece que a educação,
fornecida pela empresa, em estabelecimento próprio ou de
terceiro, não é considerada como salário, ou seja, não tem
natureza salarial.
4. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO
A educação custeada pelo empregador não é
considerada parcela salarial, pois conforme dispõe a
Legislação Previdenciária, artigo 28, § 9º, alínea “t”, da Lei
nº 8.212/1991, não considera salário-de-contribuição o valor
relativo a plano educacional que vise à educação básica,
e a cursos de capacitação e qualificação profissionais
vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa,
desde que não seja utilizado em substituição de parcela
salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham
acesso.
“O auxílio-educação, embora contenha valor econômico, constitui investimento na qualificação de empregados, não podendo ser considerado como salário in natura, porquanto não retribui o trabalho efetivo, não integrando, desse modo, a remuneração do empregado. É verba empregada para o trabalho, e não pelo trabalho.” (RESP 324.178-PR, Relatora Min. Denise Arruda, DJ de 17.12.2004).
Jurisprudência:
AUXÍLIO EDUCAÇÃO - TST EXCLUI NATUREZA SALARIAL. O Tribunal Superior do Trabalho decidiu que o auxílio educação fornecido pela empresa a seus empregados não tem natureza salarial. O fundamento chama a atenção porque levado a considerar que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, sendo promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. Neste sentido, empregadores e empresas, como partes fundamentais da sociedade, quando atuam na concessão de auxílio educação estão observando a sua função social. (Processo: RR-184900-08.1999.5.01.0065)
PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. VERBAS CREDITADAS A TÍTULO DE AUXÍLIO-EDUCAÇÃO. O auxílio-educação, embora contenha valor econômico, constitui investimento na qualificação de empregados, não podendo ser considerado como salário in natura, porquanto não retribui o trabalho efetivo, não integrando, desse modo, a remuneração do empregado. É verba empregada para o trabalho, e não pelo trabalho.’ (RESP 324.178-PR, Relatora Min. Denise Arruda, DJ de 17.12.2004).
In casu, o auxílio-educação é pago pela empresa em forma de reembolso das mensalidades da faculdade, cursos de línguas e outros do gênero, destinados ao aperfeiçoamento dos seus empregados. Precedentes: REsp 3241781ª T., Rel. Min. Denise Arruda, DJ. 17.02.2004; AgRg no REsp 3286021ª T., Rel. Min. Francisco Falcão, DJ.02.12.2002; REsp 3653981ª T., Rel. Min. José Delgado, DJ. 18.03.2002....Recurso Especial provido.” (Primeira Turma, REsp n. 676.627Min. Luiz Fux, DJ de 09.05.2005).
4.1 - Requisitos Para Não Integrar a Remuneração
Para que o valor referente aos cursos custeados pelo
empregador não integre a remuneração do empregado
devem ser preenchidos três requisitos:
a) deve o curso ser destinado à educação básica ou a
cursos de capacitação e qualificação profissionais
vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa;
b) o valor correspondente não pode ser utilizado em
substituição de parcela salarial;
c) todos os empregados e dirigentes devem ter acesso
ao mesmo.
Importante:
Quando o curso for fornecido em desconformidade com
as normas acima, o valor correspondente irá integrar a
remuneração do empregado para todos os efeitos legais,
inclusive para a incidência de INSS e FGTS.
Jurisprudências:
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO-EDUCAÇÃO. DESCABIMENTO. VERBAS DE NATUREZA NÃO SALARIAL. - Os valores pagos pela empresa diretamente à instituição de ensino, com a finalidade de prestar auxílio escolar aos seus empregados, não podem ser considerados como salário “in natura”, pois não retribuem o trabalho efetivo, não integrando a remuneração. Trata-se de investimento da empresa na qualificação de seus empregados. - A Lei nº 9.528/97, ao alterar o § 9º do artigo 28 da Lei nº 8.212/91, que passou a conter a alínea “t”, confirmou esse entendimento, reconhecendo que esses valores não possuem natureza salarial. -Precedente desta Corte. - Agravo regimental improvido. (STJ, 1ª Turma, Ministro relator Francisco Falcão, AgRg no REsp 328602 / RS ; AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2001/0063946-4 - DJ 02.12.2002 p. 227)
DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SALÁRIO-DE-CONTRIBUÇÃO. VERBAS RECEBIDAS A TÍTULO DE BOLSA EDUCACIONAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTE PATRONAL. INEXIGIBILIDADE. Os valores relativos a planos educacionais, destinados ao ensino fundamental, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pelas empresas, acessíveis a todos os empregados e dirigentes, são investidos para o trabalho e não pelo trabalho, deixando de integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária patronal. TRF4 - AGRAVO DE INSTRUMENTO: AG 68300 PR 1998.04.01.068300-0.
4.2 - Efeitos Legais - Integração ao Salário
Conforme a Legislação Trabalhista, podemos
compreender que tudo que for fornecido ao empregado,
além do dinheiro, em virtude de previsão contratual ou
mesmo de costume, irá compor a remuneração mensal
para todos os efeitos legais, ou seja, irá integrar na
composição da remuneração de férias, de décimo terceiro
salário, aviso prévio, incidências de INSS, FGTS e IRRF,
desde que não obedeça às Legislações pertinentes aos
benefícios.
O empregador que arca com as despesas do Curso
Universitário do seu empregado e sendo desnecessário
para a execução ou desenvolvimento de suas atividades
na empresa, caracteriza como salário utilidade e consiste
em salário para todos os efeitos legais.
Jurisprudências:
SALÁRIO-UTILIDADE CONFIGURAÇÃO SALÁRIO IN NATURA - CARACTERIZAÇÃO - PAGAMENTO DE MENSALIDADE DE CURSO UNIVERSITÁRIO - Arcando a reclamada com o pagamento da mensalidade do curso universitário da reclamante, desnecessário para o desenvolvimento de suas atividades junto à empresa, depreende-se que a utilidade fornecida não se destinava a assegurar maior comodidade à prestação dos serviços, consistindo, sim, em salário, representando um plus, proveniente do trabalho realizado. Apelo da reclamada a que se nega provimento. (TRT 2ª R. - RO 20010138069 - (20020687324) - 2ª T. - Relª Juíza Rosa Maria Zuccaro - DOESP 05.11.2002)
5. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Conforme determina a Lei n° 8.212, de 1991, artigo 28,
§ 9°, alínea “t”, isenta Contribuição Previdenciária das
parcelas pagas e destinadas pelo empregador a custear a
educação básica (ensino fundamental e ensino médio) e
também os cursos de capacitação e qualificação
profissional.
“Art. 28, § 9° - Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:
...
t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo”.
Os doutrinadores e também os juristas são pacíficos
em relação ao valor destinado ao plano educacional e aos
cursos de capacitação e qualificação dos empregados de
uma empresa, entendendo que não possuem natureza
salarial. Com isso, não deve sofrer a tributação para a
Previdência Social.
Jurisprudência:
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. AUXÍLIO-EDUCAÇÃO. VERBA DESPROVIDA DE NATUREZA REMUNERATÓRIA. NÃO-INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE NULIDADE DA CDA. APURAÇÃO DO VALOR DEVIDO POR SIMPLES CÁLCULO ARITMÉTICO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. 1. O auxílio-educação, embora contenha valor econômico, constitui investimento na qualificação de empregados, não podendo ser considerado como salário in natura, porquanto não retribui o trabalho efetivo, não integrando, desse modo,
a remuneração do empregado. É verba empregada para o trabalho, e não pelo trabalho. 2. A ausência de prequestionamento dos dispositivos legais ditos violados atrai o óbice das Súmulas 282 e 356 do STF. 3. Inviável o reexame de matéria de prova em sede de recurso especial (Súmula 07/STJ). 4. Recurso especial a que se nega provimento. (STJ, 1ª Turma, Ministra relatora Denise Arruda, RESP 324178 / PR RECURSO ESPECIAL 2001/0061485-0 - DJ 17.12.2004 p. 415)
6. VEDADO VINCULAR O AUXÍLIO-EDUCAÇÃO À
MANUTENÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
É vedado ao empregador vincular a manutenção do
contrato de trabalho do empregado ao auxílio-educação
fornecida a ele, conforme determina direitos a liberdade na
Constituição Federal/1988, seu artigo 5º da CF/1988.
“Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”
O contrato de trabalho que constar cláusula referente a
vincular a duração do curso com a manutenção do contrato
empregatício será nulo de pleno direito.
A CLT trata sobre a nulidade de cláusulas que fere o
direito do empregado:
“Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir, ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”.
Ressaltamos que também o artigo 468 da CLT traz
proibições de alterações contratuais que venham a
prejudicar o empregado.
“Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízo ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia”.
Jurisprudência:
AUXÍLIO-EDUCAÇÃO. Os valores pagos a título de educação, ainda que não possuam natureza salarial, nos termos do art. 458, § 2º, I, da CLT, não podem ser suprimidos de forma unilateral e lesiva pelo empregador, pois vantagem que se agrega ao contrato de trabalho e vinculada ao fato gerador de seu pagamento. (TRT - 4ª Região - 4ª T.; RO nº 01707 2004-203-04-00-9-Canoas-RS; Rel. Juíza Beatriz Renck; j. 24.11.2005; v.u.) Colaboração do Setor de Jurisprudência da AASP BAASP, 2491/1256-e, de 02.10.2006.