• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CAMPUS II-AREIA-PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA WANIA WALTENE GUEDES GODOI

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CAMPUS II-AREIA-PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA WANIA WALTENE GUEDES GODOI"

Copied!
28
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CAMPUS II-AREIA-PB

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

WANIA WALTENE GUEDES GODOI

RELAÇÕES DE GÊNERO NA MEDICINA VETERINÁRIA: DA INSERÇÃO À ATUAL PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO:

REVISÃO DE LITERATURA

AREIA 2020

(2)

WANIA WALTENE GUEDES GODOI

RELAÇÕES DE GÊNERO NA MEDICINA VETERINÁRIA: DA INSERÇÃO À ATUAL PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO:

REVISÃO DE LITERATURA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária pela Universidade Federal da Paraíba.

Orientadora: Prof. Dra. Isabella de Oliveira Barros.

AREIA 2020

(3)
(4)

WANIA WALTENE GUEDES GODOI

RELAÇÕES DE GÊNERO NA MEDICINA VETERINÁRIA: DA INSERÇÃO À ATUAL PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO:

REVISÃO DE LITERATURA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária pela Universidade Federal da Paraíba.

Aprovado em: 14/08/2020

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Dra. Isabella de Oliveira Barros (Orientadora)

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

__________________________________ Médica Veterinária- Kaliane Costa Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

_____________________________________________

Medica Veterinária- Maria do Carmo Sales- Medicina Veterinária Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

(5)

AGRADECIMENTOS

Á Deus pela paz de espírito.

A minha querida mãe pelo amor que me dedica e por todo esforço que fez para oportunizar minha educação.

Ao meu pai (in memoriam), embora fisicamente ausente, senti sua presença ao meu lado, dando-me força.

Ao meu irmão, cunhada, sobrinhos, tias e primos, por todo apoio e compreensão pela minha ausência nas reuniões de família.

A querida professora Isabella Oliveira, pela orientação e ensinamentos neste trabalho e por ser uma inspiração.

A Maria do Carmo e Kaliane Costa, por fazerem parte da banca de defesa. A André Ygor, Ewerton e Ana Carolina por todo apoio no início do curso.

Ao grupo de amigos “sibuteiros” por todas horas que juntos passamos, dando apoio uns aos outros durante estes anos de curso e me motivando a superar todos os desafios.

As amigas Débora e Thaís, por todas as horas de estudos.

As amigas Janaina e Amanda, pelas palavras de apoio fundamentais para renovar os ânimos. As Amigas – irmãs, Ruth e Cassia, que se fizeram presente no meu dia a dia durante esses cinco anos, compartilhando todas as emoções.

A todos que fazem parte dos Laboratórios de Histopatologia e Anatomia, locais onde obtive grandes aprendizagens que contribuíram para escolha da minha área de atuação.

Aos Professores do Curso da UFPB, em especial, Felipe Nael, Paulo e Celso, que contribuíram ao longo desses semestres no meu aprendizado na área de Inspeção e Tecnologia de Produtos de Origem Animal.

Aos Médicos Veterinários, Dr. Gláucio Maracajá e Dra. Daniella Godoy, pela oportunidade de visualizar todos os procedimentos realizados em Abatedouro Frigorifico.

(6)

Aos Monitores de cada disciplina do curso, o apoio e a persistência de vocês que me fizeram aprender muito mais, principalmente a não desistir diante das dificuldades.

A todos os funcionários da UFPB, pela gentileza e atendimento quando foi necessário; em especial a Dona Gilma por cuidar dos animais do Campus com tanto amor e carinho.

A todos aqueles que, direta ou indiretamente, me ajudaram nessa caminhada, minha profunda gratidão.

(7)

É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separa do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência correta.

(8)

RESUMO

Relações de gênero, são formas de relacionamento entre os sexos. Trata-se de um fenômeno global e milenar, arraigado na cultura de cada povo, de cada camada da população de uma nação, que tem colocado mulheres e homens em condições de desigualdades, numa trajetória que se estende desde a desintegração do sistema comunal primitivo aos dias atuais. Na contemporaneidade, em diversos países as mulheres ainda vivem na sombra extrema do machismo, no Brasil, cujas relações estão pautadas no patriarcalismo, os movimentos femininos têm derrubado várias barreiras permitindo o empoderamento de considerável parcela da população feminina; contudo, ainda há muito para fazer contra uma cultura machista. Diante da importância do problema, esse trabalho objetivou fazer uma revisão literária a respeito da participação da mulher no campo da medicina veterinária, elencando suas dificuldades, lutas e conquistas, apresentadas numa trajetória que vai da faculdade aos dias atuais. Metodologicamente, a pesquisa ocorreu de modo interdisciplinar pela peculiaridade abordada no que se refere a categoria gênero, sob a contribuição literária das Ciências da Veterinária, da História e da Sociologia, evidenciando-se um trabalho descritivo, qualitativo e documental, tendo em vista o estudo de decretos legislativos inerentes ao tema. Ao final destaca-se a importância em fazer uma retrospectiva e analisar as modificações que as mulheres vêm fazendo, quando se inserem no mercado de trabalho, ocupando posições antes exclusiva da população masculina.

(9)

ABSTRACT

Gender relations are forms of relationship between the sexes. It is a global and ancient phenomenon, rooted in the culture of each people and which has placed women and men in conditions of inequality, in a trajectory that extends from the disintegration of the primitive communal system to the present. Given the importance of the problem, this work aimed to make a literary review about the participation of women in the field of veterinary medicine, listing their difficulties, struggles and achievements, presented in a trajectory that goes from college to the present day. Methodologically, the research took place in an interdisciplinary way due to the peculiarity addressed in terms of the gender category, under the literary contribution of Veterinary Sciences, History and Sociology. An analysis of the changes made by women in the labor market was considered, occupying positions previously exclusive to the male population and finally it was concluded that despite the significant achievements of women, there is still much to be done in relation to gender equity in Brazil. At the end, it highlights the importance of doing a retrospective and analyzing the changes that women have made when they enter the labor market, occupying positions previously exclusive to the male population.

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Escola de Medicina Veterinária do Mundo (1761)... 23

Figura 2– Primeira Escola de Medicina Veterinária do Mundo.(2020) ... 23

Figura 3- Escola de Veterinária do Exército – RJ. ... 23

Figura 4- Escola de Veterinária do Exército – RJ. ... 23

Figura 5- Primeira Médica Veterinária do Brasil ... 24

Figura 6- Escola de Medicina Veterinária no Nordeste brasileiro, em Olinda – PE ... 24

Figura 7– Primeira Clínica Veterinária Brasil – Olinda - PE. ... 25

Figura 8- Dionysio Meilli, Primeiro Médico Veterinário do Brasil. ... 25

(11)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 METODOLOGIA ... 12

4 CONCLUSÃO ... 19

REFERÊNCIAS ... 20

ANEXO A- LEI FEDERAL Nº 5.465, DE 3 DE JULHO DE 1968 (“LEI DO BOI”) ... 22

ANEXO B - LISTA DE ILUSTRAÇÕES ... 22

... 23

(12)

10

1 INTRODUÇÃO

Compreende-se por relações de gênero, a forma de relacionamento em todos os segmentos das sociedades entre os sexos culturalizados. Trata-se de um fenômeno global e milenar, que tem colocado mulheres e homens em condições de desigualdades numa trajetória que se estende desde a desintegração do sistema comunal primitivo aos dias atuais. (GEBARA, 2000).

Na contemporaneidade, em diversos países as mulheres ainda vivem a sombra extrema do machismo, no Brasil, cujas relações estão pautadas no patriarcalismo, os movimentos femininos têm derrubado várias barreiras permitindo o empoderamento de considerável parcela da população feminina; contudo, ainda há muito para fazer contra a cultura machista. (SCOCUGLIA E PINHEIRO, 2003).

A escola consiste numa estrutura permeada por categorias de pensamento de um mundo androcêntrico, delineia as desigualdades de gênero nesse espaço social. Assim, as escolhas profissionais de homens e mulheres são realizadas de um ponto de vista da socialização baseada nas diferenças transformadas em desigualdades sociais entre meninos e meninas, fazendo reflexos no futuro no que se refere ao mercado de trabalho. Nesse contexto, o mercado promove muito mais à mulher às “tarefas tradicionalmente exercidas pelas mulheres, como a maternidade e cuidar dos demais dentro do mundo doméstico” A princípio, as atividades extra domésticas exercidas pelas mulheres reduziam-se aquelas hereditárias do espaço familiar, ou seja, aquelas caracterizadas pelo cuidar, pela paciência, e carinho e o amor, tais como a enfermagem e o magistério. (BOURDIEU, 2012; QUEIROZ, 2001).

O âmbito de atuação da medicina veterinária, as mulheres têm encontrado ao longo da História dessa ciência, vários obstáculos, a exemplo de preconceitos e diferenças salariais. Atualmente, as médicas já usufruem de mais igualdade junto aos seus pares homens e atuam nos diversos viés da Veterinária. A área das clínicas médicas destinada aos animais de companhia, até a área da produção de alimentos de origem animal, tendo assim contribuído ao longo dos anos com o desenvolvimento da pecuária, fortalecendo o setor econômico e social do Brasil; exercem atividades de peritos criminais, judiciais e administrativos, prestam consultorias, e atuam como responsáveis técnicos de diversos setores da produção; sendo possível exercer sua profissão em mais de 80 áreas de atuação. (Conselho Federal de Medicina Veterinária, 2020).

(13)

11

O médico veterinário ao concluir o curso, está apto a atuar na área da clínica e cirurgia, mas, assim como na medicina humana, na veterinária os profissionais podem se especializar em diversas áreas, tais como: Anestesia, Saúde Pública, Inspeção de alimentos, dentre outras. Todavia, dentre as mais diversas áreas de atuação, ainda existem aquelas com a predominância por profissionais do sexo masculino, a exemplo de: Cargos de Presidência dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária, Clínica de grandes animais, Reprodução etc.

O presente trabalho se justifica pela relevância da temática, Relações de Gênero no campo da Medicina Veterinária, tema até então pouco estudado nesta área e teve por objetivo fazer uma revisão literária a respeito da participação da mulher no campo desta ciência, elencando suas dificuldades, lutas e conquistas, apresentadas numa trajetória que vai das faculdades aos dias atuais.

(14)

12

2 METODOLOGIA

A presente pesquisa tem por base uma revisão bibliográfica dos autores que discorrem a temática, desde o acesso das mulheres a educação e ao mercado de trabalho e consiste num trabalho interdisciplinar pela peculiaridade abordada no que se refere à categoria gênero, sob a contribuição literária da Medicina Veterinária, da História e da Sociologia. Foram estabelecidas como palavras-chaves de busca os termos, medicina veterinária, relações de gênero, educação e trabalho, aplicadas nas bases de dados Google acadêmico e nas demais bases nacionais. Foram selecionados livros, sites e artigos publicados nos idiomas português, disponíveis na íntegra e gratuitos que abordam a temática em estudo. Após o estabelecimento dos critérios, foram realizadas leituras dos títulos, logo após foram coletados dados dos sites e por último realizada a leitura de artigos que poderiam atender o objetivo deste estudo, em seguida elaborou-se a reflexão e apontamentos desta revisão.

(15)

13

3 DESENVOLVIMENTO

Compreende-se por relações de gênero, a forma de interação socioeconômica e cultural desenvolvida entre os sexos ao longo do tempo e do espaço. Trata-se de um fenômeno pautado na cultura do ser biológico condicionado as posições determinantes de dominadores e dominados nas sociedades, gerando desigualdades e crimes entre os sexos. Também pode ser definido como uma construção social, um modo de ser no mundo, um modo de ser educado(a) que condiciona o ser e o agir de cada um. A relação de gênero foi e é a construção de sujeitos históricos subjugados uns aos outros. Portanto, a sexualidade é culturalizada a partir das relações de poder, o biológico culturalizado, é fonte de preconceito e injustiças, depende da nossa realidade social e da diferença vivida por cada pessoa. (GEBARA,2000).

A condição de dominador exercida por parte do homem, sobre a mulher dominada, tem sua origem na desintegração do período comunal primitivo, sobretudo durante o Período Neolítico, quando ocorreu a sedentarização do ser humano na terra, em consequência da descoberta da agricultura pelas mulheres, estas, por conseguinte, começaram a domesticar os animais (origem da pecuária), garantindo a partir de então a alimentação dos grupos humanos, a longevidade e o aumento da população. Esse processo de desenvolvimento, acarretou na privatização das terras, dos animais, dos instrumentos de trabalho, do excedente da produção e também o desabrochar da cultura machista. (AQUINO, et.al., 1980).

Foi nesse contexto que houve uma mudança radical e totalmente desfavorável para a população feminina, culturalmente poligâmica, a mulher viveu em pé de igualdade ao homem durante o período comunal primitivo, mas, a partir da privatização dos meios de produção, do homem, agora, dono da sua própria riqueza, almejava deixá-la como herança para seus filhos e sentiu necessidade de ter certeza da sua paternidade, por isso, passou a exigir da mulher a virgindade antes do casamento e a fidelidade conjugal depois dele; houve então uma inversão de valores entre os sexos, pela qual a mulher foi objetificada como propriedade do homem, tal como o gado, a terra e os escravos. (AQUINO, et.al., 1980).

(16)

14

Inicialmente, na comunidade primitiva, a mulher ocupava uma posição de igualdade e mesmo de superioridade em relação ao homem. Devido aos casamentos múltiplos, a linha de parentesco era dada pela mãe, isto é, a descendência se contava em linha feminina – é o direito materno (matriarcado). Quando, mais tarde, correspondendo ao aparecimento da propriedade privada dos rebanhos e, depois, da terra, o direito materno foi derrubado, a linha de descendência passou a se fazer pelo pai, a fim de se garantir o direito dos filhos à herança (patriarcado). Começou-se, então, a exigir da mulher a virgindade, antes do casamento, e a fidelidade conjugal, depois dele. “Para assegurar a fidelidade da mulher e, por conseguinte, a paternidade dos filhos, aquela é entregue, sem reservas, ao poder do homem: quando este a mata, não faz mais do que exercer o seu direito.” (ENGELS, F; op. cit., Apud Aquino et.al,).

A desvalorização feminina em relação ao homem, passou a ser a partir de então, um fato real nas sociedades, cuja cultura foi sendo reproduzida, não só pela população masculina, mas também pelas mulheres, que ao transmitirem os valores machistas beneficentes aos homens para seus filhos e as regras de sujeição feminina às suas filhas, e muitas ainda vão perpetuando essa cultura. Esse paradigma sexista impediu por muito tempo o desenvolvimento intelectual e econômico das mulheres, mantendo-as limitadas à esfera doméstica e, quando mais tarde se aventuram ao trabalho extra lar, foram e de certa forma ainda são discriminadas, mal vistas e mal remuneradas. (SCOCUGLIA E PINHEIRO, 2003).

Nas sociedades pré-industriais, as mulheres que exerciam alguma atividade extra doméstica, as praticavam no ambiente familiar, combinando o duplo trabalho da casa com a atividade fabril, que poderia ser por exemplo, a produção das rendas, o trançar das palhas ou a costura. Seja qual fosse a atividade, não alteraria a extrema desvalorização da sua mão-de-obra em relação à do homem. Consideradas inferiormente ao sexo oposto, estas mulheres não estavam fora da História, mas estavam fora da História da sociedade do século XIX. (HOBSBAWM, 1988.)

No Brasil colônia e Imperial, as mulheres eram educadas nos padrões sexistas do patriarcalismo, de modo que o casamento e a maternidade representavam a verdadeira carreira feminina, tudo que afastasse as mulheres brancas e livres desse caminho, seria percebido como desvio da norma. As atividades profissionais representavam um risco para as funções sociais das mulheres. Dessa forma, ao feminizarem, algumas ocupações, tais como a enfermagem e o magistério, por exemplo, tomaram emprestado as características femininas de cuidado, sensibilidade, amor e vigilância. (SCOCUGLIA E PINHEIRO, 2003).

(17)

15

As trabalhadoras eram percebidas de vários modos: frágeis e infelizes para os jornalistas, perigosas e “indesejáveis” para os patrões, passivas e inocentes

para os militantes políticos, perdidas e degeneradas para médicos e juristas. (PRIORE, 2004).

Nas primeiras décadas do século XX, muitas mulheres completavam o orçamento doméstico trabalhando no ramo de costuras em casa, às vezes até 18 horas por dia para alguma fábrica de chapéu ou alfaiataria. As dificuldades enfrentadas pelas mulheres para participarem do mundo dos negócios eram sempre muito grandes, independente da classe social a que pertencia. Da variação salarial à intimidação física, da desqualificação intelectual ao assédio sexual, elas tiveram sempre que lutar contra inúmeros obstáculos para ingressar em campo definido -pelos homens- como “naturalmente masculino”.

No discurso de diversos setores sociais, evidencia-se a ameaça à honra feminina representada pelo mundo do trabalho; a fábrica era descrita como um “antro da perdição.’’ “bordel”. Tal visão está associada, direto ou indiretamente à vontade de direcionar a mulher à esfera privada. Com a crescente incorporação das mulheres no mercado de trabalho e à esfera pública em geral, o trabalho feminino fora do lar passou a ser amplamente discutido ao lado de temas relacionados à sexualidade: adultério, virgindade, casamento e prostituição. Enquanto o mundo do trabalho era representado pela metáfora do cabaré, o lar era valorizado como o ninho sagrado que abrigava a “rainha do lar”. (PRIORE, 2004).

Essa educação direcionada a mulher foi idealizada na esfera doméstica, para ser boa dona de casa. A ideologia sexista de então julgava ser desnecessário às mulheres o domínio sobre os conhecimentos científicos. O currículo escolar de então traziam marcas das relações de poder estabelecidas pelo sexismo, explicitadas pela distinção dos conteúdos complementares para os meninos, que recebiam como complementação curricular a aprendizagem de geometria, negada às meninas, estas, recebiam como complemento aulas práticas de bordados e de costura. (PRIORE, 2004).

De acordo com Scocuglia e Pinheiro (2003), a educação institucionalizada para mulheres surge concomitantemente aos acontecimentos provocados pelo progresso, pela crescente urbanização e pelas novas concepções de sociedade defendidas pela intelectualidade masculina, sob a ótica de que havia urgência em educar as mulheres, uma vez que eram elas as primeiras educadoras dos homens. Todavia, as mulheres foram beneficiadas por terem acesso ao conhecimento e poderem suavizar as dificuldades inerentes à situação paradoxal na qual se

(18)

16

encontravam antes, ou seja, elas não tinham direito à educação formal, mas tinham obrigação de formar bons cidadãos. (SCOCUGLIA E PINHEIRO, 2003).

Então, ao longo dos anos as mulheres adentraram na Medicina Veterinária, mas essa história iniciou há muitos anos. O estudo da Medicina Veterinária teve seu início quando o homem primitivo começou a domesticar os animais. Os primeiros métodos de diagnóstico, tratamento e prognóstico tiveram início por volta de 4.000 anos a.C., de acordo com o Papiro

de Kahoun, descoberto no Egito, em 1890 e alguns historiadores consideram como o primeiro

tratado de veterinária. A primeira Escola de Medicina Veterinária do mundo (Figura 1 e 2), em Lyon-França, foi criada pelo Advogado e Hipologista francês, Claude Bourgelat, que não se conformava com a ineficiência no tratamento empírico de seus cavalos de raça e, usando sua influência, convenceu o Rei Luiz XV a fundar a escola em 4 de agosto de 1761. (Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco, 2020).

No Brasil, em 1910, surgiram as instituições pioneiras do ensino da Veterinária: a Escola de Veterinária do Exército (Figura 3) e a Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, (Figura 4) ambas no Rio de Janeiro. As escolas, no entanto, só começaram suas atividades no ano de 1914 e 1913, respectivamente. A Escola de Veterinária do Exército foi fundada pelo Capitão-Médico João Muniz Barreto de Aragão, conhecido como o Patrono da Veterinária Militar e em 1917 formou a primeira turma com seis veterinários. Na Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária a primeira turma foi formada com quatro alunos, e esta instituição foi a que teve a Primeira Médica Veterinária do Brasil, (Figura5) na turma de 1929, a Dra. Nair Eugenia Lobo. (Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco, 2020). Na região Nordeste, a primeira escola de veterinária foi instalada em Olinda – PE, (Figura 6) em 1911, pela Congregação Beneditina Brasileira do Mosteiro de São Bento, através do Abade D. Pedro Roeser e em 1913 foi construído a primeira Clínica Veterinária do país (Figura 7). Embora a escola de Olinda tenha sido criada depois das escolas do Rio, foi ela quem formou o primeiro médico veterinário do Brasil, (Figura 8) o então farmacêutico Dionysio Meilli formado pela Faculdade de Medicina e Farmácia da Bahia. (Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco, 2020).

Em 1968, o Presidente da República, Artur da Costa e Silva, sancionou a Lei nº 5.465, conhecida como a Lei do Boi, (ANEXO A) essa estabelecia uma reserva de 50% das vagas nas Escolas Superiores de Veterinária para agricultores e/ou seus filhos. Embora pouco conhecida até mesmo pelos profissionais da Veterinária, a Lei do Boi, explicita o antigo modelo político

(19)

17

de privilégios elitistas e masculinistas na História do Brasil. Após questionamentos e demonstrações de que ela só atendia os filhos dos fazendeiros, foi revogada em 1985. (Portal da Câmara dos Deputados, 2020).

No século seguinte, no ano de 2020, as mulheres passam por outros desafios na Medicina Veterinária, no que se refere a questão salarial, onde foi feito uma pesquisa que mostrou as diferenças salariais nas questões de gênero. Foi realizada uma amostragem de 2.685 salários de profissionais admitidos ou desligados no cargo de Médico Veterinário, sendo 1.478 mulheres, com vencimentos médios de R$ 3.693,56 para uma jornada semanal de 38 horas e um total de 1.157 homens, com remuneração salarial média de R$ 4.723,56 e jornada de trabalho de 39h por semana. Do exposto acima, observa-se que a inserção da mulher no mercado de trabalho é superior a quantidade de homens, com horas trabalhadas praticamente iguais, mas com remuneração diferentes e vantajosas para os homens, caracterizando a discriminação do trabalho das Médicas Veterinárias. (SALÁRIO.COM, 2020.)

Atualmente as Médicas Veterinárias vem ocupando cargos onde inicialmente foram ocupados apenas pelos homens. Um exemplo disso está na Criação dos Conselhos Federal e Estaduais de Medicina Veterinária do Brasil (ANEXO C). A primeira diretoria do Conselho Federal e Regionais foram empossadas em 1969, constituída exclusivamente por profissionais do sexo masculino. Em 2003, passados 34 anos da criação dos conselhos, uma mulher conseguiu ocupar o cargo de presidência no conselho do Distrito Federal. Dos 27 conselhos regionais existentes em nosso país, seis estão sendo presididos por mulheres, são estes: Paraíba, Alagoas, Maranhão, Pará, Tocantins e Rio Grande do Sul. (Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba, 2020).

No âmbito de atuação das diversas áreas da veterinária, a ocupação dos altos cargos vem sendo adquiridos pelas mulheres, podemos dar como exemplo o órgão do Serviço de Inspeção Federal, conhecido pela sigla S.I.F, está vinculado ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal – DIPOA, é o responsável por assegurar a qualidade de produtos de origem animal comestíveis e não comestíveis destinados ao mercado interno e externo, bem como de produtos importados estando presente no Brasil desde 1915. É de competência, exclusiva, do Médico Veterinário a realização da inspeção dos produtos de origem animal, a fim de garantir a segurança alimentar. (Conselho Federal de Medicina Veterinária, 2020).

Após 105 anos de existência do órgão, pela primeira vez a chefia do departamento responsável pela gestão desse serviço, encontra-se nas mãos de uma mulher, a Médica

(20)

18

Veterinária, Dra. Ana Lúcia de Paula Viana (Figura 9). Formada pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, (UFRRJ), sua trajetória na área pública de inspeção, iniciou-se na Superintendência Federal da Agricultura no estado do Paraná, até o ano de 2013 atuando na inspeção de aves e ovos; também exerceu cargos de chefia situado na sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a partir de 2019, encontra-se ocupando o cargo de Presidência do Serviço de Inspeção Federal do Brasil. (Conselho Federal de Medicina Veterinária, 2020).

Embora a mulher tenha demorado para se consolidar na profissão, no decorrer dos anos o cenário mudou e ela passou a ser maioria nas salas de aula e no mercado de trabalho. A princípio, as mulheres que estudavam tornavam-se professoras ou enfermeiras, e na Medicina, eram Pediatras ou faziam Ginecologia e Obstetrícia. Na Medicina Veterinária, o caminho foi semelhante: as primeiras médicas veterinárias trabalhavam na clínica de pequenos animais, foi preciso um longo tempo para que elas ocupassem espaços em outras áreas, como o trabalho com grandes animais, cirurgia, inspeção, responsabilidade técnica e etc. (Conselho regional de Medicina Veterinária do Paraná, 2016).

(21)

19

4 CONCLUSÃO

A questão de gênero gera graves problemas na sociedade brasileira. Nesse sentido, considera-se que as mulheres vêm lutando contra a cultura machista e conquistando espaço em todos os seguimentos socioeconômicos. No que se refere a Medicina veterinária, não é diferente, há ainda muito para ser feito sobre a desconsideração da inferioridade da mulher em relação ao homem.

(22)

20

REFERÊNCIAS

AQUINO, Denize e Oscar. História das sociedades das comunidades primitivas às sociedades medievais. Ao Livro Técnico, 1980.

AS MULHERES NA MEDICINA VETERINÁRIA E NA ZOOTECNIA.

Disponível em: http://www.crmvdf.org.br/noticias/14-crmv-df/422-as-mulheres-na-medicina-veterinaria-e-na-zootecnia. Acesso em: 19 de jul. 2020.

CÃES E GATOS. Estudos mostra que há discriminação de gênero na medicina veterinária. Disponível em: www.caesegatos.com.br. Acesso em: 15 de jun. 2020.

CRMV – PR. Igualdade de gênero é realidade. Disponível em: https://www.crmv-pr.org.br/. Acesso em: 18 de jun. 2020.

DE ALVEITARES A VETERINÁRIOS: notas históricas sobre a medicina animal e a Escola Superior de Medicina Veterinária São Bento de Olinda, Pernambuco (1912-1926) Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702010000100007. Acesso em: 19 de jul. 2020.

FRASES DE SIMONE DE BEAUVOIR – Pensador. Disponível em:

https://www.pensador.com/frases_de_simone_de_beauvoir/ . Acesso em: 18 de jun. 2020.

GEBARA, Ivone. Rompendo o silêncio. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

HOBSBAUM, Eric. A era dos Impérios. 1975-1914. Trad. Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo. 7.ed. Rio de Janeiro: Terra e Paz, 1988.

LANGBECKER, Tatielle Belem. A contribuição da mulher pecuarista como potencial ator na preservação da atividade pecuária de corte no município de Dom Pedrito-RS. REDD – Revista Espaço de Diálogo e Desconexão, Araraquara, v.8, n.1 e 2. 2014.

(23)

21

LEI nº 5.465. Lei do boi. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-5465-3-julho-1968-358564-norma-pl.html. Acesso em: 13 de jul. 2020.

MÉDICO VETERINÁRIO: Salário 2020 – Piso Salarial. Disponível em: https://www.salario.com.br/profissao/medico-veterinario-cbo-223305/ . Acesso em: 13 de jul. 2020.

PRIORE, Mary. História das mulheres no Brasil. 7.ed. São Paulo: Contexto, 2004.

SCOCUGLIA, Afonso Celso e Antônio Carlos Freire Pinheiro. Educação & História no Brasil Contemporâneo. João Pessoa: editora universitária/UFPB, 2003.

SOARES, Sergei Suarez Dillon. O perfil da discriminação no mercado de trabalho - Homens negros, Mulheres brancas e Mulheres Negras. Brasília: IPEA, 2000.

STIVA, Maria Cristina Elias Esper. Relações de gênero e violência na sociedade contemporânea: Um debate educacional. Disponível em:

http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/GT7_Maria%20Cristina%20Elias%20Esper.pd f. Acesso em: 20 jul.2020.

VIANA, Ana Lucia de Paula. Histórias que Transformam Vidas. Vídeo 4. Disponível em:

(24)

22

ANEXO A- LEI FEDERAL Nº 5.465, DE 3 DE JULHO DE 1968 (“LEI DO BOI”)

Lei Federal nº 5.465, de 3 de julho de 1968 (“Lei do boi”)

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º. Os estabelecimentos de ensino médio agrícola e as escolas superiores de Agricultura e Veterinária, mantidos pela União, reservarão, anualmente, de preferência, de 50% (cinquenta por cento) de suas vagas a candidatos agricultores ou filhos destes proprietários ou não de terras, que residam com suas famílias na zona rural e 30% (trinta por cento) a agricultores ou filhos destes, proprietários ou não de terras, que residam em cidades ou vilas que não possuam

estabelecimentos de ensino médio.

§ 1º A preferência de que trata este artigo se estenderá os portadores de certificado de conclusão do 2º ciclo dos estabelecimentos de ensino agrícola, candidatos à matrícula nas escolas superiores de Agricultura e Veterinária, mantidas pela União. § 2º Em qualquer caso, os candidatos atenderão às exigências da legislação vigente, inclusive

as relativas aos exames de admissão ou habilitação.

Art. 2º. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei dentro do prazo de 90 (noventa) dias.

Art. 3º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 4º. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 3 de julho de 1968; 147º da Independência e 80º da República. A. COSTA E SILVA Tarso Dutra.

(25)

23

Fonte:

https://images.app.goo.gl/ZWjdCbGayEFUMpK5A

Fonte: Renato Otaviano

https://images.app.goo.gl/Hqpj7AyaeS5ZE8kXA

Figura 1 - Escola de Medicina Veterinária do Mundo (1761)

Figura 2– Primeira Escola de Medicina Veterinária do Mundo.(2020)

Figura 3- Escola de Veterinária do Exército – RJ.

Figura 4- Escola de Veterinária do Exército – RJ.

(26)

24

Fonte:https://images.app.goo.gl/8N9pCUEWaZT8Ny4A8

Figura 5- Primeira Médica Veterinária do Brasil

Fonte: https://images.app.goo.gl/1XnovgtUbLsVnZn57

Figura 6- Escola de Medicina Veterinária no Nordeste brasileiro, em Olinda – PE

(27)

25

Figura 7– Primeira Clínica Veterinária Brasil – Olinda - PE.

Fonte: https://images.app.goo.gl/XTURXdwKYPqe4TFU7

Figura 8- Dionysio Meilli, Primeiro Médico Veterinário do Brasil.

Fonte: https://images.app.goo.gl/FmvUayj47PtK7Aiw5

Fonte: https://images.app.goo.gl/hwysUvEwoWNRZED69 Figura 9– Ana Lucia de Paula Viana

(28)

26

ANEXO C- Quadro 1- Criação dos Conselhos de Medicina Veterinária. CONSELHOS FEDERAL E REGIONAIS DE MEDICINA VETERINÁRIA

Conselho 1º Presidente Criação

CFMV Ivo Torturella 23/10/1968

CRMV – RS Paulo Guilherme Guinter 28/07/1969

CRMV – SC Abel Just 28/07/1969

CRMV – MG

MGmgMG

Gilberto. C. de A. Filho 28/07/1969

CRMV – PR José Quirino dos Santos 28/07/1969

CRMV – RJ Jaime Moreira L.de Almeida 28/07/1969

CRMV – MT Waldebrandt da S. Coelho 28/07/1969

CRMV – CE Sylvio Barbosa Cardoso 28/07/1969

CRMV – GO Pio José da Silva 28/07/1969

CRMV – PA/AP Antônio Pessoa Nunes 28/07/1969

CRMV – SP Osvaldo D. Soldado 28/07/1969

CRMV – BA Moacyr Dunhan de M. Costa 28/07/1969

CRMV – PE Luiz de O. e Silva Sobrinho 28/07/1969

CRMV – PB João Paulino de Morais 28/07/1969

CRMV – MS Almério Victor de Oliveira 22/02/1978

CRMV – AL Paulo Bezerra Nunes 22/10/1980

CRMV – ES Antero Dadalto 30/10/1981

CRMV – PI Mozart Bastos Oliveira 11/12/1981

CRMV – MA Antônio Dias de Morais 11/12/1981

CRMV – SE Carlos Augusto Leal 11/12/1981

CRMV – AM Luiz Alberto G. F.de Sá 08/07/1982

CRMV – RN Geraldo M. C. P. do Rêgo 09/09/1989

CRMV – RO Altair de Oliveira Cunha 17/04/1986

CRMV – RR Anthony G. Sinclair Haynes 12/07/1986

CRMV – AC José H. F. ChauLed 11/06/1987

CRMV – TO Renato Buzolin 07/08/1989

CRMV – DF Marcia França G. Villa 16/05/2003

Referências

Documentos relacionados

Foi realizado um estudo retrospectivo das enfermidades que acometeram os suínos remetidos para necropsia e biópsia, determinando-se assim sua prevalência e

2 DACHSHUND STANDARD PELO CURTO BOA BARBA OSCAR JOSE PLENTZ NETO 25. 3 DACHSHUND STANDARD PELO CURTO GRACELAND DACHS AGRONEGOCIOS

Certamente, é extremamente interessante ver desfilar essas Vidas passadas, é extremamente sedutor poder penetrar através desse 3º Olho e usar esse 3º Olho para agir sobre

As ações de vigilância, prevenção e controle das zoonoses de relevância para saúde pública, buscam atuar direta ou indiretamente, sobre as populações de animais

No ano de 2017 foram realizadas duas anestesias em répteis com distocia no Hospital Veterinário da Universidade Federal da Paraíba, Campus Areia, sendo uma

Em virtude da crescente incidência de neoplasias mamárias em cadelas e gatas, objetivou-se com o presente trabalho avaliar casos de neoplasia mamária de animais

O questionário foi dividido em cinco partes definidas como: Identificação do estabelecimento (localização e presença do responsável técnico); Bem-estar ante

O desenvolvimento de ações coletivas envolvendo educação humanitária, delineamento da cultura da sociedade e tendo como base a saúde pública é de crucial importância