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SRE/CVM divulga Ofício Circular com Orientações sobre Ofertas Públicas de Valores Mobiliários

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SRE/CVM divulga Ofício Circular

com Orientações sobre Ofertas

Públicas de Valores Mobiliários

março de 2018

Para informações, entrar em contato com: Eduardo Abrantes D +55 21 2196 9231 Eduardo.Abrantes@cesconbarrieu. com.br Julia Lobo D +55 31 2519-2236 Julia.Lobo@cesconbarrieu.com.br www.cesconbarrieu.com.br

SOBRE O NOVO OFÍCIO

A Superintendência de Registros de Valores Mobiliários (“SRE”) da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) divulgou, no dia 27 de fe-vereiro de 2018, o Ofício Circular CVM/SRE/nº 01/18 (“Ofício”), que tem por objetivo orientar emissores e instituições intermediárias sobre os procedimentos a serem observados em ofertas públicas de valores mobiliários.

O Ofício consolida os Ofícios Circulares emitidos anteriormente pela SRE, os quais tratam da (i) elaboração de documentos de ofer-tas públicas; (ii) divulgação de material publicitário; (iii) contagem de prazos; (iv) procedimentos de envio à CVM da documentação; entre outros assuntos. Além disso, o Ofício altera e/ou acrescenta novas orientações ao cumprimento das normas que regulam ofer-tas de distribuição. Detalharemos abaixo algumas das principais novidades introduzidas pela CVM no novo Ofício.

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES

Suspensão de Ofertas Públicas de Distribuição. A SRE poderá sus-pender ofertas públicas de distribuição quando (i) se processarem em condições diversas das constantes da Instrução CVM nº 400, de 29 de dezembro de 2003, conforme alterada (“ICVM 400”); ou (ii) tenha sido havida por ilegal, contrária à regulamentação da CVM ou fraudulenta, ainda que após obtido o registro.

INFORMA

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O prazo de suspensão da oferta não poderá ser su-perior a 30 dias, período no qual a irregularidade de-verá ser sanada pelo emissor. Na hipótese de o vício não ser corrigido neste prazo, a CVM deverá ordenar a retirada da oferta e cancelar o respectivo regis-tro. Por outro lado, caso os vícios sejam sanados, o emissor deve encaminhar o pleito de revogação da suspensão, que será analisado pela SRE no prazo de 5 dias úteis.

No Ofício, a CVM ressalta que as irregularidades que provocam mais suspensões são o uso irregular de material publicitário não aprovado pela CVM e a manifestação na mídia em período de silêncio. Nesse sentido, o Ofício contém alerta para que os emissores tenham especial atenção na divulgação de materiais publicitários e no contato com meios de comunicação e redes sociais.

Novas Hipóteses de Lastro de CRI e CRA. A CVM passou a considerar possível a emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (“CRIs”) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (“CRAs”) lastreados, res-pectivamente, em créditos considerados imobiliários e em direitos creditórios considerados do agronegó-cio por conta da destinação dos recursos oriundos da emissão de tais títulos.

Para serem considerados CRIs lastreados em créditos imobiliários nos termos acima, deverão estar presen-tes na documentação da oferta as seguinpresen-tes informa-ções acerca da sua destinação:

1. A relação exaustiva dos imóveis para os quais se-rão destinados os recursos oriundos da emissão, de modo a configurar o vínculo previsto pelo inci-so I do art. 8º da Lei nº 9.514/1997;

2. A obrigação do agente fiduciário de verificar, ao longo do prazo dos CRI e no mínimo trimestral-mente, o efetivo direcionamento do montante obtido para os referidos imóveis;

3. A data limite para que haja a efetiva destinação dos recursos (a qual deverá ser no máximo a data de vencimento dos CRI);

4. O cronograma indicativo (montantes e datas) da destinação dos recursos aos imóveis vinculados, definindo um percentual relativo ao valor total captado a ser destinado a cada um dos imóveis; e

5. A indicação de que qualquer alteração quanto ao percentual descrito acima deverá ser precedida de aditamento ao termo de securitização e qual-quer outro documento que se faça necessário. Adicionalmente aos itens acima, o emissor deverá demonstrar sua capacidade de destinar aos imóveis vinculados o montante total de recursos, no prazo dos CRI, levando-se em conta o montante de recursos despendido, a necessidade de recursos remanescen-te de cada um dos imóveis, bem como a destinação de recursos já programada para tais imóveis em fun-ção de outros CRI já emitidos.

Além disso, em consonância com o entendimento do Banco Central do Brasil (“BACEN”) e do Conselho Monetário Nacional (“CMN”) sobre o conceito de cré-dito imobiliário, a CVM passou a admitir a emissão de CRI com lastro em créditos garantidos por alienação fiduciária de bem imóvel, desde que (i) os créditos sejam garantidos por bem imóvel desde a origem, demonstrando que o proprietário tira proveito econô-mico do seu imóvel mediante a outorga da garantia

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real, para obter recursos a custos reduzidos; (ii) os créditos tenham como originador e cedente institui-ção integrante do Sistema Financeiro Imobiliário, nos termos do art. 2º da Lei nº 9.514/97; e (iii) a garan-tia imobiliária cubra o valor total do crédito utilizado como lastro na emissão do CRI.

Para serem considerados CRAs lastreados em direi-tos creditórios deverão estar presentes na documen-tação da oferta as seguintes informações acerca da sua destinação:

1. A relação exaustiva dos produtores rurais, ou suas cooperativas, aos quais serão destinados os recursos oriundos da emissão, de modo a con-figurar a originação prevista pelo §1º do art. 23 da Lei nº 11.076/04 aos direitos creditórios lastro da operação;

2. A apresentação dos contratos ou outros docu-mentos que formalizem os negócios realizados entre os produtores rurais, ou suas cooperativas, e terceiros, no âmbito dos quais serão destinados os recursos oriundos da oferta;

3. A comprovação da condição de produtor rural ou cooperativa de produtores rurais;

4. A justificação da condição de produto/insumo agropecuário de todos os produtos envolvidos nos negócios para os quais serão destinados os recursos da oferta;

5. A obrigação do agente fiduciário de verificar, ao longo do prazo dos CRA e no mínimo trimes-tralmente, o efetivo direcionamento do montan-te obtido com a emissão aos negócios realizados entre produtores rurais, ou suas cooperativas, e terceiros;

6. A data limite para que haja a efetiva destinação dos recursos (a qual deverá ser no máximo a data de vencimento dos CRAs);

7. O cronograma indicativo (montantes e datas) da destinação dos recursos por meio da emissão aos negócios realizados entre produtores rurais, ou suas cooperativas, e terceiros; e

8. A demonstração da capacidade do ofertante de destinar aos negócios realizados entre produ-tores rurais, ou suas cooperativas, e terceiros o montante total de recursos, no prazo dos CRA, levando-se em conta o montante de recursos despendido, bem como a destinação de recursos já programada em função de outros CRA já emiti-dos, no âmbito de tais contratos.

Ressalta-se, no que diz respeito ao CRA, que a CVM passou a admitir também sua emissão com lastro em direitos creditórios em que nenhuma das partes é ca-racterizada como produtor rural ou suas cooperativas, desde que haja participação de distribuidores ou reven-dedores de produtos/insumos agropecuários. Para tal, no momento de transferência dos CRAs à securitiza-dora, os mesmos devem ser acompanhados de instru-mentos contratuais ou títulos de crédito emitidos pelos produtores rurais, ou suas cooperativas, aos quais este-jam vinculados e a partir dos quais tenham se originado. De acordo com o Ofício, a securitizadora deverá ana-lisar a completude e higidez do lastro previamente à emissão do CRA e os documentos deverão ser manti-dos custodiamanti-dos junto à instituição custodiante. A CVM alerta, por fim, que a emissão e distribuição de CRI e CRA deve ser precedida da efetiva transfe-rência à securitizadora dos direitos creditórios que os lastreiam, devendo os documentos da oferta refletir esse entendimento.

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Ativos Virtuais e Ofertas Públicas – ICO. Nos termos do Ofício, ativos virtuais (coins ou tokens) emitidos junto ao público investidor podem se enquadrar no conceito de valor mobiliário se, na relação contratual, forem conferidos certos direitos ao adquirente, tais como (i) participação no capital ou em acordos de re-muneração pré-fixada sobre o capital investido ou (ii) de voto em assembleias que determinam o direciona-mento dos negócios do emissor.

Nesse sentido, Initial Coin Offerings (“ICOs”) que con-tiverem os elementos mencionados acima poderão se caracterizar como ofertas públicas de valores mobili-ários, submetendo-se à legislação e regulamentação aplicáveis ao tema. Ademais, incorrerão na mesma si-tuação companhias (abertas ou não) ou outros emis-sores que captarem recursos por meio de uma ICO em operações cujo sentido econômico corresponda à emissão e à negociação de valores mobiliários. A CVM ressalta ainda que as ofertas de ativos virtuais que se enquadrarem na definição de valor mobiliário e estiverem em desconformidade com a regulamen-tação serão tidas como irregulares, estando sujeitas às sanções aplicáveis.

Atualização de Laudo de Avaliação em OPA. O Ofício determina que serão considerados desatualizados os laudos de avaliação na hipótese de o prazo de análise do pedido de registro da OPA se alongar por período superior a um ano. Nesse caso, a SRE exigirá a atuali-zação do referido laudo, de modo que seja preserva-do o direito preserva-do acionista objeto da OPA de tomar uma decisão refletida e independente.

A CVM destaca, por fim, que poderá exigir a atuali-zação do laudo de avaliação em período inferior ao mencionado acima caso ocorra algum fato que justi-fique a referida exigência.

Ofertas de Distribuição realizadas através de

Crowdfunding. A CVM, em julho de 2017, editou a Instrução CVM nº 588 (“ICVM 588”), que regulamen-tou as ofertas públicas de distribuição de valores mobiliários emitidos por sociedades empresárias de pequeno porte por meio de operações de crowdfun-ding. A ICVM 588 previu a dispensa automática de registro para ofertas realizadas nesta modalidade e revogou dispositivos da ICVM 400 anteriormente aplicáveis ao crowdfunding.

No Ofício, a SRE relembra que, para fins de caracte-rização de emissor, deve-se observar o conceito de sociedade empresária de pequeno porte introduzido na ICVM 588 e não mais as definições de empresa de pequeno porte e microempresa utilizados na discipli-na anterior.

A CVM ressalta também que a ICVM 588 não se apli-ca aos empréstimos concedidos por pessoas físiapli-cas a pessoas físicas ou jurídicas (P2P lending), hipóteses nas quais não há emissão de valores mobiliários. No que diz respeito às plataformas eletrônicas de investimento participativo (“Plataformas”), que atu-am como intermediárias no crowdfunding e devem obter registro de participante junto à CVM, o Ofício esclarece que o pedido de registro deve ser subme-tido à Superintendência de Relações com o Mercado e Intermediários (“SMI”), através da Gerência de Análise de Negócios (“GMN”).

Por fim, a SRE elucida o procedimento para envio dos formulários de início das ofertas de crowdfun-ding, uma vez que ainda não há módulo de cadastro de participante para as Plataformas no CVMWeb. As Plataformas deverão utilizar o sistema de aten-dimento ao cidadão – SAC do website da CVM para submeter os referidos formulários, bem como o seu relatório anual.

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Possibilidade de Prazo de Distribuição de até 2 anos em ofertas de FIDC Abertos. A SRE, no âmbito da faculdade atribuída pelo Colegiado da CVM e em analogia ao precedente de distribuição dos certifica-dos de potencial adicional de construção (“CEPAC”), passou a admitir a realização de ofertas públicas de cotas de fundo de investimento em direitos creditó-rios (“FIDC”) aberto com prazo de distribuição de até dois anos, nos casos devidamente justificados. Para tal, deverão ser apresentadas junto ao pedido de registro da oferta justificativas que indiquem a in-suficiência do prazo de 6 meses para a distribuição das cotas.

Descontinuidade de Programa de BDR. A SRE des-taca, no Ofício, que não se aplica ao procedimento de descontinuidade de programa de brazilian de-positary receipts (“BDR”) as regras constantes da Instrução CVM nº 361, de 5 de março de 2002, que dispõem sobre procedimentos aplicáveis às OPAs. Em 2017, foi editada a Instrução CVM nº 585 (“ICVM 585”), a qual prevê, dentre outras regras, que os pe-didos de cancelamento do registro de programa de BDR a serem apreciados pela SRE devem ser acom-panhados de declaração (i) da entidade administra-dora de mercado de balcão organizado ou (ii) bolsa de valores em que os certificados sejam negociados atestando o cumprimento dos requisitos por ela de-terminados para a descontinuidade do programa. A ICVM 585 estabelece ainda a possibilidade de a SRE, responsável pela análise do pedido de cancelamento, solicitar documentos e informações adicionais para avaliar a descontinuidade.

Anteriormente, a CVM realizava análise prévia do procedimento para descontinuidade dos programas de BDR Níveis II e III, os quais envolvem emissores estrangeiros registrados. De acordo com o novo mo-delo, os emissores deverão seguir o procedimento previsto no item 6.6.7 do “Manual do Emissor” da

B3 S.A. – Brasil, Bolsa, Balcão (“B3”). Nesse sentido, a entidade administradora de mercado acompanha-rá o processo e, ao final, enviaacompanha-rá declaração à CVM atestando o cumprimento dos procedimentos pela instituição depositária.

Em hipóteses excepcionais, a instituição depositária ou o emissor estrangeiro, conforme aplicável, pode-rá submeter um procedimento diferenciado à apro-vação da B3 para descontinuidade do programa de BDR. Nesses casos, quando não se tratar de progra-ma de BDR Nível I Não Patrocinado, tais procedimen-tos deverão ser submetidos à apreciação da CVM, a quem caberá sua aprovação.

Orientações relacionadas às Ofertas de Distribuição realizadas sob Esforços Restritos. A SRE reitera, ini-cialmente, que a Instrução CVM nº 476, de 16 de ja-neiro de 2009, conforme alterada (“ICVM 476”), não se aplica a ofertas privadas de valores mobiliários, as quais não se encontram no âmbito de competência da CVM. Isto é, cabe à CVM a fiscalização das ofertas públicas de distribuição.

Ainda, a CVM esclarece que as ofertas de distribui-ção com esforços restritos, realizadas sob a égide da ICVM 476, somente devem ser mantidas em an-damento quando houver continuidade de esforços de venda. Nesse sentido, destaca ter verificado que certas ofertas de fundos de investimento têm sido mantidas abertas sem que haja subscrição por novos cotistas, o que comprometeria sua caracterização como oferta pública.

Ademais, a SRE relembra, no Ofício, que a de-claração de investidor profissional, que deve ser firmada por pessoas naturais ou jurídicas que pos-suam investimentos financeiros em valor superior a R$10.000.000,00, pode ser firmada pelo gestor para todos os fundos sob sua gestão.

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Com relação ao intervalo de 4 meses exigido entre ofertas com esforços restritos de uma mesma espé-cie de valor mobiliário, a SRE alerta que o referido prazo deve ser observado mesmo na hipótese de a oferta ser cancelada sem subscritores. Nesse caso, o encerramento da oferta deve ser comunicado à CVM ainda que ocorra por decisão voluntária diante da au-sência de interessados.

No que diz respeito ao enquadramento do investi-dor não residente nas ofertas públicas com esforços restritos de distribuição, a SRE afirma que deve ser levado em consideração o local do esforço de venda e o material divulgado ao investidor. Assim, caso não tenha havido esforços de colocação no exterior e a aproximação do potencial investidor não residente tenha ocorrido no Brasil, tal investidor deverá ser

considerado na quantidade limite para procura/subs-crição estabelecida na ICVM 476.

Por fim, cumpre esclarecer que, em função do aumen-to expressivo na quantidade de ofertas realizadas com base na ICVM 476 nos últimos anos, a CVM pretende intensificar a supervisão destas operações com o ob-jetivo de assegurar sua qualidade e o cumprimento da função atribuída às instituições intermediárias. Por essa razão, é imprescindível a análise e observância da regulamentação aplicável a fim de evitar a imposição de sanções como a suspensão e, no limite, o cancela-mento do registro das ofertas pela CVM.

O Ofício está disponível para consulta no website da CVM: http://www.cvm.gov.br/

Este boletim apresenta um resumo de alterações legislativas ou decisões judiciais e administrativas no Brasil. Destina-se aos clientes e integrantes do Cescon, Barrieu, Flesch & Barreto Advogados. Este boletim não tem por objetivo prover aconselhamento legal sobre as matérias aqui tratadas e não deve ser interpretado como tal.

Referências

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