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MANHÊ EU QUERO!!! O CONSUMISMO INFANTIL COMO UMA NOVA MARCA DA SOCIEDADE

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Academic year: 2021

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Manhê eu quero!!! - O consumismo infantil como uma nova marca da sociedade

Autor(es):

PEREIRA, Priscila de Fátima; CORTELINI, Caroline M.; DA COSTA, Luciene; MACKSOUD, Carolina Cordeiro; OLIVEIRA, Luise Fabiana; PINHEIRO, Andiara Lucas; RIBEIRO, Simone Bueno

Apresentador: Priscila de Fátima Pereira Orientador: Caroline Machado Cortelini Revisor 1: Bento Selau Silva Júnior Revisor 2: Lúcio Jorge Hammes

Instituição: UNIPAMPA/UFPEL - Campus Jaguarão

MANHÊ EU QUERO!!! – O CONSUMISMO INFANTIL COMO UMA

NOVA MARCA DA SOCIEDADE

PEREIRA, Priscila de Fátima2; CORTELINI, Caroline M.1; DA COSTA, Luciene2; MACKSOUD, Carolina Cordeiro2; OLIVEIRA, Luise Fabiana2; PINHEIRO, Andiara

Lucas2; RIBEIRO, Simone Bueno2

1 Professora/orientadora – Docente do Curso de Pedagogia, Universidade Federal de Pelotas -

UFPEL/UNIPAMPA – Campus Jaguarão

2

Acadêmicas do Curso de Pedagogia, Universidade Federal de Pelotas - UFPEL/UNIPAMPA – Campus Jaguarão

priscilafpf@yahoo.com.br

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar alguns pontos acerca de um assunto que vem ganhando ênfase nos últimos tempos, o Consumismo Infantil.

Na verdade é um assunto que durante muito tempo passou despercebido, muito pouco debatido pela sociedade, porém, acreditamos ser uma marca da modernidade, contextualizada e globalizada. Em outras palavras, o consumismo vem fazendo parte da vida das crianças contemporâneas, ganhando espaço rapidamente, causando conseqüentemente diversos conflitos. As preferências e os interesses das crianças modificam-se a cada dia, tornando-as mais exigentes e certas do que querem.

Nosso objetivo é identificar como se dá o acesso aos mais diversos produtos e como o ato de consumir pode afetar ou não a vida familiar, escolar e o processo lógico de socialização das crianças.

Almejamos compreender qual a influência que as propagandas comerciais (mídia) e os produtos de alta tecnologia mantêm sobre a infância, visto que, o consumo por parte das crianças tem aumentado nos últimos tempos. Buscaremos

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entender qual fato as levam a tornarem-se consumistas, quais atitudes de pais e educadores frente a esse aspecto, e o que a aquisição ou não desses produtos podem causar na vida escolar, social, e psicológica das crianças, na medida em que produzem uma disputa acirrada e precoce pelo poder.

As brincadeiras de rodas e os brinquedos de madeira foram trocados pelos

videogames e os brinquedos eletrônicos, bonecas com características humanas e

outros industrializados (kincheloe, 2004). As crianças estão mais exigentes e sabem o que querem, determinam condições a seus pais e até mesmo aos educadores. A televisão, os desenhos e principalmente os anúncios de comerciais ganham destaque na vida das crianças como nunca. Percebemos as suas preferências por determinadas marcas, são exigentes quanto às roupas que usam e a maioria delas gostariam de ganhar mais coisas do que seus pais lhes dão.

2. METODOLOGIA E ESTRATÉGIA

Essa investigação inscreve-se na abordagem qualitativa de pesquisa (Ludke e André, 2007), o método de coleta dos dados da pesquisa foi entrevista. As entrevistas permitem, conforme Gaskell (2002) a compreensão detalhada das crenças, atitudes, valores e motivações dos sujeitos pesquisados.

Nesse trabalho destaca-se como estratégia importante a utilização de entrevistas com crianças, como uma alternativa para compreendermos efetivamente os modos de produção e reprodução cultural das crianças. Nesse sentido, Faria, Demartini e Prado (2002) destacam a necessidade de ouvirmos as próprias crianças para conhecer as culturas infantis.

Foram entrevistados crianças, pais e educadores sobre questões referentes ao consumismo infantil. De modo geral tentamos identificar as preferências das crianças, o que mais gostam de usar, que brinquedos as atraem, por quais programas de TV se interessam, a influência da mídia sobre suas vontades e apelos, qual é o nível de satisfação com o que já possuem e com o que ganham de seus pais, buscando compreender melhor a interferência da mídia e da tecnologia, nos seus mais diversos meios, a respeito de suas ações e reações frente a esse aspecto.

Nessa linha, perguntamos aos pais como eles reagem e como resolvem estes possíveis conflitos gerados por este constante impasse de lidar com os apelos de consumo de seus filhos e se estão cientes do porquê de tanta vontade em sempre consumir, o que pensam a cerca dessa disputa involuntária de poder causada pelo consumismo. Já aos educadores perguntamos o que as crianças juntamente com a tecnologia têm trazido para a sala de aula, e baseando-se na observação de seus, identificar como lidam com as dificuldades e diferenças existentes dentro do ambiente escolar.

É importante salientar que entrevistamos crianças e pais de faixas etárias e classes sociais diferentes, justamente para que pudéssemos obter as mais diversas respostas e assim analisar cada um em sua alteridade. Entrevistamos dez crianças, cinco meninas entre 5 e 11 anos e 5 meninos entre 3 e 11 anos, quatro pais e cinco mães, de rendas familiares que variam de R$600,00 a R$2500,00 e três educadores da rede pública de ensino, todos no município de Jaguarão.

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3.1 Globalização, tecnologias e consumismo: uma nova infância em construção

Ao entrevistarmos as crianças percebemos que seus interesses por produtos eletrônicos e industrializados são cada vez mais assíduos. Embora nem todas as crianças entrevistadas tenham acesso à Internet ou computadores, nos demonstraram ter grande apreço neste aspecto, uma vez que explicitaram a vontade de manter contato com este meio.

Em relação aos produtos, celulares, bonecas como a Barbie, Polly, carrinhos, principalmente os da marca Hot Whells, bolas, e brinquedos de montar foram algumas das citações das crianças. Elas nos disseram que preferem elas mesmas escolherem seus brinquedos, roupas ou o que querem ganhar, nem todas questionam o fato de que em alguns momentos, certas coisas são escolhidas por seus pais.

Ficou claro em nossa pesquisa que as crianças são muito exigentes frente aquilo que querem, que algumas delas são influenciadas pelo meio em que vivem, neste contexto podemos citar [...] “Ou seja, se preocupam com a moda, o look, o design, a decoração, com o fashion, com os games da última geração, com seus sites de produtos, com os brinquedos e jogos eletrônicos fabricados a partir das novas tecnologias” (Dornelles, 2005, p.92). , é isso mesmo o mundo globalizado está presente na vida das crianças como nunca, e estas cada vez mais apelam para continuar consumindo, e é por este meio que têm acesso aos mais diversos produtos.

3.2 Pais, filhos e consumo: como agir diante desse conflito

Direcionamos aos pais perguntas referentes aos apelos de consumo dos seus filhos, para podermos entender esse processo no qual a criança desde cedo já deseja consumir, e o porquê de desejar especificadamente determinados produtos.

Através das respostas dos pais, podemos afirmar que estes não atendem diretamente aos apelos excessivos, só submetem-se caso haja condição financeira ou diante de pedidos simples, mantendo sempre controle e impondo limites.

Afirmam que propõem uma conversa aberta, na qual expõem aos seus filhos uma visão de que nem tudo que se quer, pode-se possuir, explicando questões financeiras e mostrando que existem outros fatores muitos mais necessários do que produtos superficiais.

As infâncias atuais estão totalmente ligadas aos meios de comunicação, e geralmente o interesse infantil é despertado por produtos que a mídia divulga, ou até mesmo desejam ter o que outras crianças possuem ou consomem. Sendo assim: “Temos em nossas crianças um consumidor em formação, e a mídia tem se aproveitado disso com um forte apelo à afetividade, à aventura e ao poder” [...] (Dornelles, 2005, p.107).

Todo esse mercado consumista está diretamente ligado à globalização, a infância faz parte desse contexto, e nos perguntamos, será fácil lidar com as crianças de hoje em dia? Obtivemos como resposta que estes, mesmo possuindo certos impasses em relação a fatores globalizados como a mídia, o consumo e as tecnologias, conseguem impor limites, driblar os apelos de consumo de seus filhos, e tentam fazer com que se desenvolvam livres de protótipos criados pela sociedade globalizada.

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Então, pode-se dizer que os pais estão em busca do bem-estar de suas crianças, visando um bom desenvolvimento delas, livre do consumo e uso de produtos, quando exagerado.

3.3 O consumismo e a escola: desejos de consumo e desigualdade “Muitas das crianças que vivem suas infâncias hoje fazem parte de um mundo em que explodem informações” [...] (Dornelles, 2005, p.72). A infância está contextualizada num cenário de diversas tecnologias, que vão desde o acesso [...] “à esfera digital dos computadores, da internet, dos games, do mouse, do self-service, do controle-remoto, dos joysticks, do zapping” [...] (Dornelles, 2005, p.80).

Através do depoimento dos educadores, percebemos que a tecnologia é vista de maneira positiva, desde que se faça um bom uso da mesma, que irá acrescentar um algo a mais para a formação escolar, além de facilitar o aprendizado das crianças.

Na sala de aula, o consumismo está presente e diretamente ligado à desigualdade, o que a torna lugar onde se encontram crianças de diferentes níveis socioeconômicos, que dividem em comum apenas os mesmos desejos de consumo.

Frente às diferenças existentes entre os alunos, os educadores responderam que propõem total igualdade e respeito entre todos na sala de aula, considerando sempre a realidade de vida de cada um, já que nem todos possuem o mesmo padrão. Como o consumismo tende a expor as desigualdades, seguindo a globalização e os fatores que a cercam muitas vezes às crianças repudiam aqueles que não seguem o padrão imposto pela sociedade consumista, ou até mesmo aqueles que pertencem ao grupo [...] “dos excluídos do mercado, do consumo, dos jogos, dos sites, dos quartos/informatizados, dos games” [...] (Dornelles, 2005, p.90). Os educadores diante disso, portanto, procuram evitar essa banalização de que consumo é rotulo de poder, onde “quem tem mais, pode mais”, desconsiderar esse modelo de sociedade consumista, e tentar fazer com que dentro do ambiente escolar, todos sejam tratados igualmente, independentemente das diferenças de classes.

4. CONCLUSÕES

Acerca de tudo que ouvimos e presenciamos durante as entrevistas realizadas podemos dizer o que dá o acesso ao consumismo infantil é o avanço da tecnologia, que chega de maneira sedutora, despertando total interesse das crianças por tudo que é novo e diferente, como a tecnologia avança a cada dia, suas alterações despertam um interesse infantil descontrolado.

A infância está em transe, controlar os desejos materiais das crianças está ficando cada vez mais difícil. Meninas e meninos desenvolvem uma forte capacidade de desejar.

O problema disso está implícito na sedução e persuasão que a mídia proporciona. Esse transtorno envolve pais e escolas, que se deparam com uma infância influenciada por uma sistema capitalista.

Por fim, a atual realidade nos mostra que o mercado de consumo infantil é desleal, já que as crianças podem ser facilmente induzidas por diversos anúncios publicitários, e quando aliado a tecnologia se torna ainda mais imbatível, devido ao acesso ser facilitado em seus mais diversos meios e ambos avançarem num ritmo acelerado.

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5. REFERÊNCIAS

DORNELLES, L. V. Infâncias que nos escapam – da criança na rua à criança cyber. Petrópolis; vozes, 2005.

FARIA, A. L. G.; DEMARTINI, Z. B. e PRADO, P. D. Por uma cultura da infância – metodologia de pesquisa com crianças. Campinas. SP: Autores Associados, 2002.

GASKELL , George. Entrevistas individuais e grupais. In: BAUER, Martin e GASKELL, George. Pesquisa qualitative com texto, imagem e som – um manual prático. 5ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

KINCHELOE, Joe L. Esqueceram de mim e Bad to the Bone: o advento da infância pós-moderna. In: STEINBERG, Shirley R. e KINCHELOE, Joe L. Cultura Infantil: a construção corporativa da infância. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.

LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 2007.

MARTINS FILHO, Altino J. (org.) Criança pede respeito: temas em educação infantil. Porto Alegre: Mediação, 2005.

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