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1 INTRODUÇÃO. Apresentação do objeto de estudo

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1 INTRODUÇÃO

• Apresentação do objeto de estudo

O nascimento é historicamente um evento natural, como também um fenômeno mobilizador, mesmo desde as primeiras civilizações já se agregavam a este acontecimento, inúmeros significados culturais, que com o passar das gerações sofreram transformações, e ainda comemoram o nascimento como um dos fatos mais marcantes da vida. (BRASIL, 2001).

O parto pode tomar diferentes rumos, de acordo com cada necessidade, portanto é necessário conhecer a opinião das parturientes sobre o tipo de parto desejado, visto que elas têm o direito de participar das decisões que envolvem a sua tranqüilidade e segurança, bem como o bem estar do recém-nascido. Vários fatores influenciam a adesão e não adesão das gestantes ao parto normal, entre elas podemos citar: o medo, a dor, a ansiedade, a saúde da mãe e do recém-nascido, conhecimento, a expectativa da recuperação pós-parto e as orientações recebidas durante a consulta pré-natal.

A gestação, embora represente um período muito especial na vida da mulher, causa medo, incertezas e inseguranças. De acordo com Tedesco et al (2004) esse fato aflora nas primigestas, especialmente no que se relaciona ao momento do parto.

A escolha da mulher pelo tipo de parto sofre diversas influências. Entre elas destacam-se: os significados do papel da mulher nos diversos cenários sócio-culturais; o processo histórico de medicalização do corpo feminino; a compreensão familiar a respeito da gravidez, considerando-se que neste processo há uma expectativa que envolve toda a família, o parceiro e outros membros da relação social da mulher; suas experiências e vivências anteriores e, também, o paradigma que informa o modo como é prestada a assistência em saúde e sua organização. (PIRES et al, 2010)

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Segundo Pires et al (2010) durante a gravidez e o parto, as mulheres vivenciam várias alterações físicas e emocionais e expressam, neste processo, valores e crenças, assim como se deparam com a estrutura social e cultural dos profissionais que atendem em serviços de saúde. Ao procurarem esses serviços para atendimento das necessidades durante o período gestacional e o parto, trazem consigo expectativas e preocupações que têm relação com as experiências de vida delas. O mesmo acontece com os profissionais, durante o exercício da prática assistencial, expressando eles sua maneira de compreender a doença, influenciada por aspectos culturais, sociais e pelo modelo de formação hegemônico. O encontro entre esses dois sujeitos é sempre singular e influenciado pela dimensão cultural e social; e, mesmo sendo um espaço propício ao diálogo, é permeado por uma relação assimétrica de poder e de saber com grande potencial de influência na escolha do tipo de parto, do itinerário terapêutico e da qualidade da assistência prestada às gestantes.

No atendimento pré-natal o ideal é que o profissional de saúde venha a esclarecer as vantagens e desvantagens sobre os tipos de parto, as dúvidas devem ser esclarecidas e é importante tentar prevenir ou reduzir o medo e a angústia da parturiente. Com a assistência de maneira correta vai favorecer a reflexão da mulher quanto aos tipos de parto, as vantagens e desvantagens de cada tipo, e fará com que se sintam apoiadas e conheçam melhor o que ocorre com elas na gravidez e principalmente no parto e pós-parto.

Gama (2007) relata que o Ministério da Saúde no Brasil tem incentivado o parto normal por meio de campanhas, programas e portarias de modo que os médicos e as gestantes vejam o parto normal como a primeira opção para os nascimentos, a fim de reduzir o número de infecções, complicações maternas entre outros benefícios.

Corrêa (1999) relata que em instituições que só admitem pacientes que fizeram pré-natal com cuidados assistenciais adequados durante toda a gravidez, o número de partos operatórios deverá ser menor, uma vez que muitas

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complicações gestacionais serão evitadas ou corrigidas no transcorrer da prenhez.

A mulher deve saber que existem formas alternativas para se controlar a dor possivelmente associada ao trabalho de parto e que não há justificativa para se realizar uma cesariana apenas com está finalidade. Portanto, há uma necessidade da informação e formação de opinião entre as mulheres, para que elas venham a reivindicar aquilo que julgam ser mais benéfico para a sua saúde e do recém-nascido. (BRASIL, 2001).

• Justificativa

A inquietação que motivou este estudo surge a partir da imersão neste contexto durante o desempenho de atividades práticas relacionadas a gestantes, onde foi possível perceber uma preocupação acentuada das gestantes quanto ao momento do parto e o tipo de parto a ser realizado. Diante de tal situação houve a identificação de lacuna no conhecimento sobre essa realidade e da importância do esclarecimento por parte do profissional quanto as vantagens e desvantagens dos tipos de parto.

• Problema

Quais são os motivos determinantes para a adesão das gestantes ao parto normal no pré-natal?

• Objetivo

Evidenciar a partir da literatura, os motivos determinantes para a adesão das gestantes ao parto normal no pré-natal.

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Trata-se de uma Revisão Bibliográfica, com caráter descritivo e abordagem qualitativa, dentro do campo empírico de Saúde Pública e Saúde da Mulher, realizado na Atualiza Cursos, localizada na cidade de Salvador-Ba. Tendo desta forma como principais fontes obras literárias, artigos científicos e bancos de dados disponíveis em sites científicos.

Dentre estes bancos de dados foram consultados o Scielo; Bireme; e Lilacs, as quais são consideradas por Gil (1999) como sendo as principais bases de dados em saúde disponíveis na América Latina. Nestes, foram utilizadas as palavras-chave: parto normal, pré-natal, motivos, vantagens. Os artigos encontrados foram avaliados, lidos, e os que não forneciam dados para o trabalho foram descartados.

Segundo Oliveira (1998), o estudo descritivo possibilita ao autor o desenvolvimento de um nível de análise em que se permite as formas como o fenômeno pesquisado se apresenta, sua ordenação e classificação.

Oliveira (1998) relata que a pesquisa com abordagem qualitativa tem como objetivo situações complexas ou estritamente particulares, e que possuem facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar a contribuição dos processos de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo, a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Pré-Natal

A assistência pré-natal é de fundamental importância tanto para a gestante quanto para o concepto. É durante o pré-natal que se rastreiam as gestações de risco, a aloimunização pelo fator Rh, sífilis, anemia, além de fazer a profilaxia tardia da prenhez. A assistência pré-natal tem como objetivos: orientar os hábitos de vida (alimentação, atividades físicas, vestuário etc.) o que constitui a higiene pré-natal; assistência psicológica, ajudando a resolver conflitos e problemas; preparação para a maternidade, no sentido da formação para o parto e ensinando noções de puericultura; diagnósticos e tratamento de doenças pré-existentes e que complicam a gravidez e o parto; profilaxia, diagnóstico e tratamento da patologia própria da gravidez. (REZENDE, 1998).

Durante o pré-natal, a gestante deve receber orientações em relação ao processo gestacional, as mudanças que ocorrem no corpo, trabalho de parto e parto, puerpério, cuidados com o recém-nascido e amamentação, incluindo orientações sobre anatomia e psicologia maternas, apresentar os tipos de parto, o comportamento que facilita a participação da gestante na hora do nascimento, a sexualidade, sendo importante considerar os desejos e valores da mulher e adotar uma postura sensível e ética, respeitando-as. (BRASIL, 2001).

De acordo com o Ministério da Saúde (2001) o pré-natal é importante, pois contribui para a prevenção de doenças no bebê e na mãe durante a gestação; como por exemplo, a diabetes gestacional e a hipertensão, que podem levar a complicações durante o parto. Durante a consulta pré-natal as mães são encaminhadas para realização dos exames necessários, como de sangue, de urina e para verificar a existência de doenças como hepatite B, toxoplasmose, sífilis, HIV dentre outros, e podem tirar suas dúvidas.

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principalmente aquelas que não aderem ao acompanhamento, sendo recomendada a formação de grupos operativos, composto por mulheres grávidas, para que elas troquem experiências relacionadas à gestação e através disso o enfermeiro pode identificar os mitos que envolvem o pré-natal e promover a sensibilização para a sua adesão. A comunicação entre o profissional que realiza o pré-natal e a gestante tem-se mostrado como de fundamental importância na saúde da mulher como parte da assistência, em suas dimensões biopsicossociais, tornando-se um desafio para os profissionais de saúde se preocuparem com a qualidade de vida da gestante. (DUARTE;

ANDRADE, 2006)

Diante deste contexto o Ministério da Saúde instituiu, em junho de 2000, o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), através da Portaria/GM nº 569, de 01/06/2000, baseado nas análises das necessidades de atenção específica à gestante, ao recém-nascido e à mulher no período pós parto, buscando reduzir as altas taxas de morbi-mortalidade materna e perinatal, adotando medidas que assegurem a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto, puerpério e neonatal. Cujo objetivo consiste no resgate da atenção obstétrica integrada, qualificada e humanizada com o envolvimento de forma articulada dos estados, municípios e das unidades de saúde nestas ações (BRASIL, 2000).

A principal estratégia do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento é assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania. O Programa fundamenta-se no direito à humanização da assistência obstétrica e neonatal como condição primeira para o adequado acompanhamento do parto e do puerpério (BRASIL,2000).

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acolhimento da gestante, a escuta das suas queixas, o esclarecimento das dúvidas, o respeito da privacidade e da individualidade dela e oferecendo a assistência à saúde, bem como a realização de todos os exames necessários (CADERNO VIVA, 2006).

De acordo com o Ministério da Saúde (2000), os princípios fundamentais que assentam a proposta do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento compreendem: toda gestante tem o direito ao acesso de atendimento de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério; toda gestante tem o direito ao acompanhamento do pré-natal; toda gestante tem o direito de saber e ter assegurado o acesso à maternidade em que será atendida no momento do parto; todo recém-nascido tem o direito a assistência neonatal e que esta seja realizada de forma humanizada e segura.

Cada município que adere ao programa tem que definir a sua rede de atenção ao pré-natal, ao parto e ao pós-parto. Ou seja, as unidades que vão ser referência para os exames previstos e os hospitais responsáveis pela assistência ao parto. Cabe ao programa orientar os municípios sobre como essa rede deve realizar os procedimentos voltados às mulheres grávidas (CADERNO VIVA, 2006).

O Ministério da Saúde entende por humanização do pré-natal a garantia do direito das gestantes de serem bem atendidas, escutadas, informadas e de terem acesso aos procedimentos necessários para terem uma gravidez e um parto seguro (IDEM).

A criação do sistema informatizado de informação e acompanhamento do PHPN, o SISPRENATAL, foi considerada como medida fundamental para o acompanhamento da assistência pré-natal. Esse sistema de informações foi elaborado com o intuito de monitorar o pagamento dos incentivos financeiros e constituir- se em um instrumento capaz de fornecer um conjunto de relatórios e indicadores planejados, contribuindo para uma avaliação mais detalhada da qualidade do cuidado pré-natal (SERRUYA; CECATTI; LAGO, 2004).

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O SISPRENATAL é o software que foi desenvolvido pelo DATASUS, com a finalidade de permitir o acompanhamento adequado das gestantes inseridas no Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), do Sistema Único de Saúde. No SISPRENATAL está definido o elenco mínimo de procedimentos para uma assistência pré-natal adequada. Permite o acompanhamento das gestantes, desde o início da gravidez até a consulta de puerpério (BRASIL, 2008).

No plano operacional, o PHPN definiu elementos chaves da assistência à gestação e ao parto, em torno dos quais deveria concentrar esforços a fim de alcançar o objetivo principal de reduzir as altas taxas de morbi-mortalidade materna e perinatal (SERRUYA; CECATTI; LAGO, 2004).

Segundo Duarte e Oliveira (2006) há uma necessidade de se preparar a mulher para a maternidade, com enfoque nas ações do pré-natal, buscando-se conhecer a história obstétrica anterior, bem como o desfecho de uma gravidez prévia. Os temores mais comuns na gravidez têm relação íntima com as fantasias que surgem no período final da gestação, tais como medo da morte, da dor, do esvaziamento e da castração. Já a ansiedade pode estar associada a uma vivência negativa da experiência de pré-natal e parto. O medo do parto pode ser considerado a expressão de vários sentimentos de ansiedade desenvolvidos durante o período gestacional e está associado ao aumento do risco de que a gestante não tenha uma experiência de parto positiva, assim como de um novo pré-natal.

Para Duarte e Oliveira (2008) os profissionais devem criar um canal de diálogo com as gestantes, buscando sempre respeitar os valores culturais e as limitações que envolvem a gravidez, principalmente a gestante trabalhadora, que contribui para a manutenção financeira da família e divide o tempo entre o trabalho e a assistência à saúde. Esse quadro configura uma nova necessidade em saúde por parte da população feminina.

Duarte e Oliveira (2006) relatam que a saúde da mulher deve ser considerada em sua totalidade, ultrapassando a condição biológica de reprodutora e

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conferindo-se o direito de participar des todas as decisões que envolvem sua saúde.Portanto, a assistência pré-natal não deve se restringir às ações clínico-obstétricas, mas incluir as ações de educação em saúde na rotina da assistência integral, assim como aspectos antropológicos, sociais, econômicos e culturais, que devem ser conhecidos pelos profissionais que assistem as mulheres gestantes, buscando entendê-las no contexto em que vivem, agem e reagem.

2.2 Parto Normal

Segundo Rezende (1998), o parto normal seria a expulsão de feto vital, para o mundo externo, através da via vaginal.

Vale destacar também o conceito de parto cesáreo que segundo Corrêa (1999) é o ato operatório que é realizado com o objetivo de retirar o feto da cavidade uterina pela via transabdominal. E afirma que é realizada desde o século XVI, porém só em casos de risco, tendo se tornado uma operação rotineira somente depois do século XX.

O parto normal é o tipo de parto mais seguro para a mulher e a criança. Embora nos dias de hoje muitos profissionais e mulheres pratiquem a escolha antecipada do tipo de parto, esta não é uma questão que evolvem somente a preferência. O tipo de parto apresenta uma série de implicações em termos de necessidade e indicação, riscos e benefícios, dependendo de cada situação, tempo de realização, complicações e repercussões futuras. (BRASIL, 2001)

Segundo o Ministério da Saúde (2001) a mulher deve ser informada de que o parto vaginal após uma cesárea é não só seguro, como desejável, ajudando a evitar os problemas decorrentes de cesáreas de repetição, contrapondo-se com Rezende (1998) que afirma que uma mulher que realizou uma cesariana, não deve ser indicada a realizar um parto normal.

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pelo parto normal, pois acreditam que terão uma rápida recuperação e será melhor para elas e os bebês. Porém temem a dor, acontecer algo com elas e com os bebês, a situação desconhecida, dentre outros fatores.

Para Hotimsky (2002) os motivos apontados pelas parturientes são a recuperação pós-parto mais rápida, o medo de um parto cirúrgico e suas possíveis seqüelas (hemorragia pós-parto, infecção dos pontos, etc.) e entre as multigestas, experiências anteriores de partos normais que lhes foram, em alguma medida, satisfatórias.

A tabela abaixo se refere as vantagens do parto normal sobre a cesariana:

Risco Parto normal Cesárea

Prematuridade Menor Maior

Alterações respiratórias Menores Maiores

Dor no trabalho de parto

Variável. Pode ser controlada com preparo

psicológico, apoio emocional ou anestesia

Idem

Dor na hora do parto Pode ser controlada

com anestesia Anestesia

Dor após o parto Menor Maior

Complicações Menos freqüentes Mais freqüentes

Infecção puerperal Mais rara Mais comum

Aleitamento materno Mais fácil Mais difícil

Recuperação Mais rápida Mais lenta

Cicatriz Menor (episiotomia) Maior

Risco de morte Menor Maior

Futuras gestações Menor risco Maior risco

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Rezende (1998) relata que existem diversos casos que o parto normal não é indicado, entre as mais importantes ele cita: paciente que já tenha realizado a cesariana, desproporção cefalopélvica, distocias das partes moles, apresentações anômalas, placenta prévia, deslocamento prematuro da placenta, toxemia tardia, pós-maturidade, diabete, doença hemolítica perinatal, sofrimento fetal agudo ou crônico, morte habitual do feto ou do recém-nascido, morte da gestante com feto presumidamente vivo.

A não adesão ao parto normal acontece devido a questões médicas, sendo influenciada também por diversos fatores psicossociais, sendo mais evidentes em países desenvolvidos. Os aspectos socioeconômicos, as preocupações ético-legais e as características psicológicas e culturais dos pacientes como também dos médicos, estão envolvidos na diminuição da realização desse tipo de parto. (CURY; MENEZES, 2006)

De acordo com o artigo publicado na revista de saúde pública (2005) os conhecimentos científicos acumulados ao longo de vários anos mostram que o parto normal diminui a morbi-mortalidade materna e do recém nascido e também os custos de saúde quando comparado a cesariana. Alguns estudos brasileiros têm mostrado maior mortalidade neonatal no parto normal quando comparado ao operatório. Tendo como as principais causas para explicar tal associação a má qualidade de assistência ao parto normal e a alta incidência de parto operatório no País, bem como as escolas obstétricas que não estão preparando corretamente os seus estudantes para assistência ao parto normal, investindo em uma assistência de qualidade ao parto operatório.

Faúndes (2004) relata que a não adesão de grávidas e obstetras ao parto normal vem sendo observado no Brasil a partir da década de 1970, e tem sido motivo de discussão tanto entre os especialistas quanto entre pessoas preocupadas com os aspectos sociais, psicológicos e antropológicos desse fenômeno.

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não há indicação médica de cesárea, porque implica em menor risco de complicações para a mãe e filho (Faúndes, 2004).

Em muitos casos a escolha da via de parto motiva grandes discussões clínicas, sendo que normalmente a gestante não participa dessa discussão, sendo quando muito, informada sobre a decisão médica final. Não se leva em consideração sua aceitação ou não em relação a conduta a ser tomada, nem a associação entre a sua aceitação e os resultados perinatais obtidos (TADESCO, 2004).

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A autora desta pesquisa considera que os objetivos propostos foram alcançados, evidenciando os motivos determinantes para a adesão das gestantes ao parto normal no pré-natal.

Foi feita uma abordagem levando a um conhecimento breve sobre o pré-natal. Avaliou-se o pré-natal, sua importância e sua influência na decisão sobre o tipo de parto.

O pré-natal possui um enfoque em uma boa evolução da gravidez, onde há grande preocupação com o nascimento de uma criança saudável, e a assistência deve ser voltada tanto para questões clinico – obstétricas quanto para as dimensões biopsicossociais da gestante.

O profissional de saúde que atua em consulta pré-natal deve preparar a mulher para o momento do parto, tirando suas dúvidas e esclarecendo vantagens e desvantagens sobre os tipos de parto, assim ela terá mais segurança para decidir qual tipo deseja realizar. A influência desses profissionais com relação à via de parto escolhida pela mulher é muito forte, pois as informações podem gerar rejeição ou aceitação a determinada via.

Os autores que contemplaram a importância do pré-natal compartilham das informações sobre influência do profissional de saúde na escolha da gestante pela via de parto, outros ainda discorrem sobre a necessidade de esclarecimento das dúvidas e das vantagens e desvantagens das vias de parto.

As vantagens do parto normal sobre a cesariana foram pontuadas, sendo listadas diversas vantagens da via normal com relação à operatória, tanto para a mãe quanto para o recém-nascido, entre elas a recuperação mais rápida, risco menor de prematuridade e aleitamento materno mais fácil. Porém, foram evidenciados fatores que não contribuem para a realização de um parto normal com segurança, como também pontuados motivos de que o parto operatório

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seria mais seguro para a mãe e filho.

Vale ressaltar que houve uma divergência por parte de um autor no que diz respeito a maior mortalidade no parto operatório quando comparado com o parto normal, o autor que discorda desse quadro, relata que isso se deve a assistência de má qualidade e a falta de preparação para realização de um parto normal.

Foram pontuados também alguns motivos para a adesão e não adesão ao parto normal.

A adesão ao parto normal por parte das gestantes acontece na maioria das vezes por acreditarem em uma recuperação mais rápida, por terem ficado satisfeitas com experiências anteriores ou por medo de se submeterem a um parto cirúrgico. As gestantes que não aderem ao parto normal apresentam motivos como medo da dor no momento do parto, medo do desconhecido, temor do prejuízo na função sexual e a crença de não poder planejar o parto.

Todos os autores que relacionaram o nível socioeconômico com a adesão ao parto normal afirmaram que quanto maior a renda menor será o índice de adesão ao parto normal por parte das gestantes. Os motivos mais apontados pelos autores para a adesão a via normal de parto por parte das gestantes foram a recuperação mais rápida, menor dor após o nascimento, medo de fazerem uma cirurgia e crença de ser melhor para elas e para o RN. Quanto a satisfação pelo tipo de parto realizado, todos os autores que fizeram algum relato sobre o assunto acreditam que a gestante fica mais satisfeita quando realiza o parto normal, esse fato é um motivo determinante para que na próxima gravidez ela tenha a preferência pela realização desse tipo de parto.

Esta pesquisa foi de grande valia para a enfermagem, pois é de suma importância que toda gestante esteja satisfeita com a assistência pré-natal, pois esta poderá assumir com segurança a escolha sobre a via de parto, sentindo-se adequadamente assistida nas suas dificuldades e dúvidas. Cabe ao profissional de saúde a tarefa de ouvi-las e tirar suas dúvidas, esclarecê-las

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sobre suas crenças e tabus, de modo a tornar o gestar mais prazeroso, preparando a mulher para o momento do parto. Além disso, acredita-se que os motivos determinantes para a adesão das gestantes ao parto no pré-natal apresentem diversas vantagens da via normal com relação à operatória, tanto para a mãe quanto para o recém-nascido. Assim acredita-se que este trabalho traga informações aos acadêmicos e profissionais da área sobre as vantagens do tipo de parto normal.

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