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Direito Processual Civil
Dos Poderes, dos Deveres e da Responsabilidade do Juiz
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Direito Processual Civil
Direito Processual Civil
DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
CAPÍTULO I
DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ
Comentário Geral
HTJ – O Poder Judiciário Brasileiro é subdividido em Judiciário Federal (Justiça Federal, Justiça Militar, Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho) e Judiciário Estadual (art. 92, CF).
O CNJ (EC 45/04) não é órgão jurisdicional (ART. 103, CF). Trata de matéria administrativa e dis-ciplinar.
A jurisdição extraordinária é desempenhada pelo STJ, TST (controle de legalidade e unificação de jurisprudência) e STF (matéria constitucional).
Os tribunais gozam de autonomia administrativa e financeira. São eles que elaboram suas pro-postas orçamentárias, dentro dos limites estipulados com os demais poderes na LDO (art. 99, CF). Também devem escolher seus dirigentes, organizar os serviços de suas secretarias e dos juízos a eles vinculados e prover os cargos de juiz de carreira e os necessários à administração da justiça (art. 96).
Requisitos da atuação do Juiz; a) Jurisdicionalidade – investido do poder da Jurisdição; b) com-petência – dentro da fração de poder que a lei lhe designa; c) imparcialidade – posição de ter-ceiro em relação às partes interessadas; d) independência – sem subordinação jurídica, vincu-lando-se exclusivamente ao ordenamento jurídico; e) processualidade – observância ao devido processo legal.
Garantias da magistratura (art. 95, CF)
a) vitaliciedade – não podem perder o cargo senão por processo judicial; Ver artigos 25, 26 e 27 da LOMAN (Lei Complementar 35/79).
b) inamovibilidade – não podem ser removidos compulsoriamente, a não ser por interesse pú-blico, reconhecido por voto da maioria do respectivo tribunal ou do CNJ (95, III e 93, VIII, CF); Ver artigos 30 e 31 da LOMAN.
Outras prerrogativas do magistrado, ver art 33, da LOMAN.
Vedações
a) Exercício de outro cargo ou função, ainda que em disponibilidade, salvo uma de magistério (art. 95, I, CF);
b) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo (art. 95, II, CF); c) Dedicar-se à atividade político-partidária (art. 95, III, CF);
d) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entida-des públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (art. 95, IV, CF);
e) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (art. 95, V, CF)
Outros deveres do magistrado, ver artigos 35 e 36 da LOMAN. Penalidades, ver artigos 40 a 48 da LOMAN. Responsabilidade civil do Magistrado, ver art. 49 da LOMAN.
Na Justiça do Trabalho, os deveres do juiz estão nos art. 653 a 659 da CLT.
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: I – assegurar às partes igualdade de tratamento;
II – velar pela duração razoável do processo;
III – prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações
meramente protelatórias;
IV – determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias
ne-cessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
V – promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de
concilia-dores e mediaconcilia-dores judiciais;
VI – dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova,
adequan-do-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;
VII – exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da
segu-rança interna dos fóruns e tribunais;
VIII – determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las
so-bre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;
IX – determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios
pro-cessuais;
X – quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério
Pú-blico, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5º da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva.
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Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes
de encerrado o prazo regular.
Comentário
Direção do processo.Fiscalizar e controlar a sequência dos atos procedimentais e a relação processual entre as par-tes. Sempre com base nas normas jurídicas.
O tratamento isonômico pode ter modulações, pois o juiz deve observar certas normas espe-ciais para litigantes hipossuficientes ou em situações espeespe-ciais (idosos, curador especial, defen-sor dativo, consumidor, entre outros).
A duração razoável do processo (inciso II) tem assento constitucional (art. 5º, LXXVIII, CF). Tem poderes de impor multas (má-fé) poderes de polícia (art. 78, CPC), como cassar a palavra e mandar riscar dos autos expressões injuriosas (inciso III).
Tem poderes para a efetivação de decisões judiciais (inciso IV).
Deve propor a conciliação de forma obrigatória (inciso V). Depois da resposta do réu, a qual-quer tempo. Os conciliadores e mediadores ganharam disciplina expressa nos artigos 165 a 175 do CPC.
Dilação dos prazos (inciso VI) somente se refere aos prazos dilatórios ou judiciais. Os prazos peremptórios não podem ser dilatados pelo juiz (art. 222, CPC). Os prazos peremptórios não podem ser dilatados, sob pena de insegurança jurídica.
Com relação à alteração da ordem da oitiva de testemunhas (inciso VI) a previsão visa dar ao juiz maiores possibilidades de evitar ameaças ou possibilidades de suborno ou fraude. Trata-se de um poder de adequação ao caso concreto. Está dentro de um conceito mais amplo de flexi-bilidade de procedimento, como, por exemplo, o art 190, CPC, que permite às partes estipular o procedimento, em se tratando de direitos disponíveis.
O Poder de polícia (inciso VII) pode ser interno ou externo. Refere-se à segurança do serviço judiciário, para o exercício da atividade jurisdicional. Relaciona-se com o art. 360, do CPC, que é mais específico para a audiência.
O comparecimento das partes sem confissão (inciso VIII) está relacionado com o princípio da cooperação. Alguns cuidados devem ser tomados, como por exemplo, a não quebra do princí-pio isonômico e a não realização de procedimentos inúteis ou desnecessários.
O saneamento (inciso IX) é uma responsabilidade do juiz para não deixar que ocorram nulida-des e zelar pelos pressupostos processuais. Relaciona-se com o art. 317 do CPC.
Diante de demandas repetitivas (inciso X), deve oficiar ao MP, a Defensoria Pública e outros legitimados em matéria de direitos coletivos. Lembrar do veto à possibilidade de o próprio juiz converter em demanda coletiva.
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
Comentário
Relação com o art. 4º da LINDB. A lei segue sendo a fonte principal do ordenamento jurídico e, por consequência, a principal fonte do Direito Privado. As demais fontes são utilizadas apenas na falta de lei.
No Processo do Trabalho, ver art. 8º CLT.
Este artigo é muito interessante, pois conecta o sistema de direito material com o sistema pro-cessual, e mostra a importância da atuação conjunta e complementar de ambos.
Para Aristóteles, equidade não é o legalmente justo, mas a correção da justiça legal.
Também está relacionado com o dever de decidir atendendo aos fins sociais da lei, previsto no art. 6º do CPC e art. 5º da LINDB.
O tema tem muitas aberturas com temas polêmicos como o garantismo processual e o ativismo judicial, entre outros. No fundo, também se relaciona com a separação de poderes.
Na Justiça do Trabalho, o procedimento sumaríssimo apresenta uma norma peculiar, que apre-ce inverter essa ordem (art. 852-I, CLT).
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de
questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
Comentário
Fixação dos limites da lide. Princípio da congruência. Do que é pedido não se pode extrapolar. Deve haver correlação entre o que é pedido e a sentença.
Sentenças citra petita (aquém), extra petita (fora) ou ultra petita (além). A primeira, pode ser objeto de embargos de declaração. As duas últimas devem ser objeto de apelação.
As questões de interesse público devem ser decididas de ofício, independentemente de reque-rimento da parte. Com o sistema de cláusulas gerais no CC de 2002, a possibilidade de declara-ção de ofício cresceu muito, em especial pela redadeclara-ção do art. 166, CC.
Na Justiça do Trabalho há uma importante cláusula geral de nulidade, o art. 9º da CLT.
Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo para
praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objeti-vos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé.
Comentário
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A primeira é vício processual, como a lide simulada, por exemplo. A segunda, é nulidade de di-reito material (vício da vontade social).
A colusão é punida processualmente com a litigância de má-fé.
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: I – no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II – recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a
requerimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a
par-te requerer ao juiz que depar-termine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.
Comentário
Necessidade de dolo ou fraude.
A responsabilidade do estado é objetiva (art. 37, § 6º, CF). Tem direito de regresso contra o ma-gistrado por dolo ou fraude.
O CPC de 73 exigia prévia intimação. O novo CPC não traz expressa esta necessidade, o que difi-culta saber quando começa a inconformidade da parte.