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Estórias de Iracema. Maria Helena Magalhães. Ilustrações de Veridiana Magalhães

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Academic year: 2021

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Estórias de Iracema

Maria Helena Magalhães

Ilustrações de

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I

racema estava na brinquedoteca com toda a turma quando recebeu a notícia de que seu sonho se realizaria, era felicidade que não acabava mais!

A Gê, que conhecia bem a amiga, estava doida para saber o que ela estava inventando, mas, enquanto a Nininha não descesse da quimioterapia, Iracema não contaria a novidade para ninguém!

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Pouco tempo depois de Nininha e Luiz chegarem, Icê abriu um mapa, pôs a mãozinha numa pequena ilha no Brasil e disse:

− Aqui é Fernando de Noronha. Dizem que é o lugar mais lindo do mundo.

Todo mundo queria saber o que tinha lá e como se fazia para chegar a lugar tão longe e cheio de água em volta.

− Eu conto tudinho, mas não agora, só na volta, disse Iracema.

− Como assim, na volta? perguntaram todos. Volta de quê?

Esta era justamente a novidade que estava deixando Icê radiante: ela tinha ganhado de presente uma viagem para lá. Embarcaria no sábado seguinte, bem cedinho.

O pessoal ficou muito animado com a novidade.

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− O Binho e a Magda vão também?, perguntou Lipe.

− Eles não podem ir, pois têm que cuidar da casa. Além do mais, os dois estão namorando. O Binho conheceu uma tal de Lassy, e a Magda não desgruda de um tal de papagaio José, que não para de cantar “meu amor estava escrito nas estrelas, tava sim...”. Está um grude que, mesmo que eles fossem dentro do avião, no lugar dos passageiros, eles ficariam contando os dias para voltar para casa!

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Finalmente chegou o grande dia!!! Icê, que nunca tinha andado de avião, estava doida para embarcar! Ela ficava pensando como seria subir nas nuvens, achava que ficaria mais perto de sua mãe, que, há tempos, morava no céu.

A viagem foi ótima! Icê sentou na janela e foi vendo tudo, sentiu frio na barriga na hora que o avião subiu e desceu. Foi tudo muito emocionante!!!

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Ao vivo, a ilha era um milhão de vezes mais bonita do que Iracema tinha imaginado!

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Na praia do Atalaia, Icê mal podia acreditar: duas tartarugas de asas conversando!!!

E o mais legal: elas eram vovó e netinha!

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As três logo ficaram amigas.

−Você chegou hoje na ilha?, perguntou Judite, a vovó tartaruga.

− Sim, cheguei bem cedo e nunca vi um lugar tão lindo, com tantos peixes, tantas cores!

− Eu moro aqui desde que nasci, há mais de cem anos.

− Jura? Cem anos morando neste paraíso, que sorte!!!

− Boa tarde, menininha, sou a Nina. E você, como se chama?

− Sou Iracema, muito prazer. − Quer conhecer a ilha todinha?

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Nina prometeu que mostraria os lugares prediletos da vovó Judite para Icê. Contou que sua avó sabia onde ficavam as algas mais gostosas e a água mais quentinha para nadar. Disse, também, que vovó Judite conhecia todas as lendas da ilha e que, na volta, pediria para ela contar todas as histórias que sabia.

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− Ai, que delícia morar nesta ilha! Olha!!! Uma casinha branca em cima do morro! Quero ir lá!

− É a capela daqui. Linda e quentinha. O vento do horizonte bate nela toda

tarde...

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Depois de tantas aventuras, Iracema e sua mais nova amiga adormeceram na capela.

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Quando o dia amanheceu, acordaram super animadas para continuar passeio, mas agora debaixo d’água.

Todos diziam que golfinho e tubarões, peixinhos e peixões moravam na ilha. Já pensou ver tudo isso de verdade?

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Na volta, estranharam que a casa estava um pouco silenciosa, e os livros da vovó estavam ainda no armário.

−Ué, a essa hora, vovó já estaria lendo há muito tempo... Vovóóóóóóó, cadê

você?

Icê percebeu que a amiga estava ficando preocupada de verdade...

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Foram até o quarto e encontraram vovó dormindo, mas dormindo um sono diferente do sono de todo dia: ela dormia para sempre.

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Nina ficou branca, depois tremeu todinha, até a asinha dela tremia. Icê abraçou-a com toda a força que tinha.

A tartaruguinha chorou tanto, que Icê resolveu lhe falar.

Espere, Nina, espere, porque há duas razões para você não chorar.

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“Se, muito além desse sono que vovó está dormindo não existe mais nada – como muita gente crê – não existe despertar, nem porto, destino ou luz; se tudo acabou de vez – acabou, completamente – pode ter certeza, Nina, a vovó está em paz; não sabe nem saberá que está dormindo para sempre.

Aí, você pode, Nina, ir dormir o seu soninho e sonhar um sonho bom, pois vovó não está sofrendo. Como não vai acordar – seja aqui do nosso lado, seja em outro lugar – ela está sonhando, Nina (como sonha, toda noite, quem dorme um sono profundo). E então, vovó vai ver sua netinha crescer nos sonhos de vocês duas.

Pode parar de chorar.

Se, porém, depois desse sono imenso, vovó Judite despertar num outro mundo, feito de luz e de estrelas, veja, Nina, que barato!!! Que lindo virar um anjo. Que lindo voar no espaço!

E aí, se acreditarmos que é desse jeito que as coisas acontecem, depois que a vida na Terra termina, pode ter certeza, Nina: vovó está vendo você.

E, então, quando você for dormir, dê um adeusinho para ela, mesmo que você não possa ver a vovó (é que o céu é muito longe).

E, de lá onde ela está, vovó vai ver você crescer do jeito que ela sonhava.

Portanto, não chore mais e vá dormir, minha querida.

Dos dois jeitos desse adeus é que a gente inventa a vida.”*

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* texto extraido do livro Menina Nina - duas razões para não chorar, (São Paulo, Melhoramentos, 2005, pp. 35-7), gentilmente cedido pelo

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– Nossa, Icê, como você sabe de tanta coisa?

Elas ficaram um tempão conversando; depois, adormeceram.

No dia seguinte, Nina ainda estava bem tristinha. Icê sugeriu que fossem até a capelinha rezar para a vovó.

Levaram flores, todas as tartarugas amigas foram e contaram mil estórias da vovó. Nina ficou mais animada.

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Nina ainda queria mostrar a Icê todos os lugares que ela costumava ir com a vovó.

Passearam a semana toda, até que chegou a hora de Iracema arrumar as malas e voltar para casa. Ela já estava com saudades de todos os amigos do hospital!!!

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Foi aí que Icê teve uma ideia muito legal: por que não convidar a nova amiga para conhecer a turma toda?

Nina ficou super animada com o convite. Viajar de avião, conhecer todo o pessoal, passar um tempo na fazenda de Icê... Seria muito legal conhecer uma cidade grande e fazer novos amigos!!!

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Dois dias depois...

Chegando ao hospital, ninguém podia acreditar: Icê estava de volta com sua nova amiga!

Elas contaram para todo mundo,

tintim por tintim, a viagem maravilhosa que haviam feito. Contaram, também, o que havia acontecido com a vovó de Nina, que, agora, certamente estaria junto com a mãe de Iracema.

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Magda, Binho e seus novos

companheiros não puderam deixar de ir ao hospital ouvir as estórias sobre a viagem. Todos ficaram curiosos para conhecer a ilha mais bonita do que a Terra do Nunca...

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Dedico esta série ao meu pai

Adaptação e revisão Marina Magalhães

Projeto gráfico e ilustrações Veridiana Magalhães

Assessoria gráfica Antonio Kehl

Apoio:

Colégio Santa Cruz - São Paulo

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