OS RISCOS OCUPACIONAIS EM LABORATÓRIOS DE
ENSINO E PESQUISA DO INSTITUTO FEDERAL GOIANO
CAMPUS URUTAÍ
A.F.TRINDADE
1, M.RODRIGUES
1, H.D.M.SILVA
1, M.C.M.LOPES
2, L.C.R.BORGES
2,
G.S.P. CARDOSO
31- Discentes do Curso de Tecnologia em Alimentos do Instituto Federal Goiano Campus Urutaí – CEP: 75790-000 – Urutaí - GO - Brasil, Telefone: 55 (64) 3465-1900 – Fax: 55 (64) 3465-1900 – e-mail:
(amanda.felipetrindade@hotmail.com; marinarodrigues_pdr@hotmail.com; diego.martins@ifgoiano.edu.br) 2- Graduadas em Tecnologia em Alimentos pelo Instituto Federal Goiano Campus Urutaí – CEP: 75790-000 – Urutaí - GO - Brasil, Telefone: 55 (64) 3465-1900 – Fax: 55 (64) 3465-1900 – e-mail: (milenecristinast@hotmail.com; lorranny_borges@hotmail.com)
3- Docente do Curso Tecnologia em Alimentos – Instituto Federal Goiano Campus Urutaí – CEP: 75790-000 – Urutaí - GO - Brasil, Telefone: 55 (64) 3465-1900 – Fax: 55 (64) 3465-1900 – e-mail: (gspedrosa@gmail.com)
RESUMO: Buscou-se avaliar as condições de saúde e segurança em laboratórios de ensino e pesquisa pela identificação dos riscos ocupacionais, suas intensidades e localizações. Durante 2015, cinco laboratórios do Instituto Federal Goiano Campus Urutaí foram avaliados num enfoque exploratório-descritivo. Todos os tipos de riscos ocupacionais foram identificados, em sua maioria riscos de média intensidade, com destaque para as frequências dos riscos ergonômicos (32,47%) e riscos biológicos (11,69%). Observou-se uma maior incidência global dos riscos ocupacionais no Laboratório de Zoologia (27,27%) enquanto nos demais laboratórios registrou-se percentuais concentrados no intervalo de 11% a 19%. Foram observadas a existência de algumas das obrigatoriedades contidas nas Normas Regulamentadoras que dizem respeito aos Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual. Confirmando a importância da segurança do trabalho no currículo universitário e a relevância do cumprimento das normas, procedimentos e atitudes de segurança para a melhoria da qualidade dos serviços e manutenção da segurança do ambiente.
ABSTRACT: Was evaluated the health and safety conditions in teaching and research laboratories for the identification of occupational hazards, intensities and locations. During 2015, five laboratories the IF Goiano Campus Urutaí were evaluated with a descriptive exploratory approach. All types of occupational hazards have been identified, mostly medium intensity risks, especially for the frequencies of ergonomic risks (32.47%) and biological hazards (11.69%). There was a higher overall incidence of occupational hazards in Zoology Laboratory (27.27%) while in other laboratories were recorded concentrated percentage in the range of 11% to 19%. The existence of some of obrigatoriedades contained in the Regulatory Norms concerning the Collective and Personal Protective Equipment were observed. Confirming the importance of work safety in university curriculum and the importance of compliance, safety procedures and attitudes to improve the quality of services and environmental safety maintenance.
Palavras chave: Educação em biossegurança, Saúde, Segurança do Trabalho. Keywords: Education in biosecurity, Health, Work Safety.
1- INTRODUÇÃO
Em unidades laboratoriais podem ser encontrados fatores que dependendo da sua natureza, intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador, como por exemplo, ruído, iluminação, temperatura, umidade, pureza e velocidade do ar, esforço físico, tipo de vestimenta, manipulação de produtos químicos, microrganismos e parasitas com risco de infectividade e morbidade, manuseio de objetos e de equipamentos utilizados na execução do trabalho.
De acordo com a Norma Regulamentadora – NR4 (SESMT - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), laboratórios de ensino e pesquisa são ambientes considerados insalubres e periculosos, nos quais os profissionais estão em contato direto com reagentes químicos e equipamentos (DE SOUZA DANTAS et al., 2013) e se diferenciam, devido principalmente a grande rotatividade de professores, pesquisadores, estagiários, técnicos, alunos de graduação e pós-graduação, além da variabilidade de atividades no local de aula ou de pesquisa (HIRATA; MANCINI FILHO, 2002).
Com este trabalho buscou-se avaliar as condições de saúde e segurança, pela identificação dos riscos ocupacionais presentes em laboratórios de ensino e pesquisa, suas intensidades e localizações, sinalizando para um ambiente de trabalho com conforto e qualidade.
2- METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida durante o 2ºsemestre de 2015, em cinco laboratórios de ensino e pesquisa do Instituto Federal Goiano Campus Urutaí, assim distribuídos: Laboratório de Química Orgânica(LQO), Laboratório de Físico-química (LFQ), Laboratório de Nematologia (LN), Laboratório de Zoologia (LZ) e o Laboratório de Fisiologia Vegetal (LFV).
A identificação dos riscos inicia-se com a definição dos locais a serem avaliados e tipo de metodologia a ser adotada (ABNT, 2009) assim, este estudo, num enfoque exploratório-descritivo, buscou identificar e analisar uma realidade.
A coleta de dados foi mediante pesquisa bibliográfica, visitas, observação sistemática e entrevistas não-estruturadas, realizadas durante os diversos turnos de operação das unidades (manhã, tarde e noite) de modo a identificar os respectivos riscos presentes durante a execução das atividades.
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todos os tipos de riscos ocupacionais, classificados em riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos, definidos pela NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (BRASIL, 1995), foram identificados, conforme mostra a Tabela 1, e em sua maioria classificados como riscos de média intensidade, com destaque para os riscos ergonômicos com maior frequência (32,47%).
equipamentos diversos, poderiam ocasionar problemas advindos da altura e tipo de banco, da bancada e postura no uso, riscos estes nem sempre percebidos. Para Yano e Santana (2012) ambientes e condições de trabalho com riscos ocupacionais podem causar vários danos à saúde, gerando incapacidade das atividades laborais com consequentes prejuízos sobre o produto final das atividades, independente de sua natureza.
Tabela 1: Distribuição dos riscos ocupacionais observados nos diversos laboratórios.
Ainda analisando a Tabela 1, observou-se os menores valores percentuais para os riscos biológicos (11,69%) que aproximam-se dos valores de 10% de risco biológico no Laboratório de Ensino de Química da UFRN mencionados por Pinto et al.(2013), o que ressalta a necessidade de avaliação in loco de cada setor, pois os estabelecimentos podem apresentar particularidades quanto aos tipos de riscos presentes.
Os riscos mecânicos relacionados com situações que podem contribuir para a ocorrência de acidentes, como o arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão (CASTILHO, 2010) pode ser observado em todos os locais pesquisados com maior frequência no Laboratório de Fisiologia Vegetal.
Muito em virtude das caracterizadas das atividades desenvolvidas no Laboratório de Nematologia, o risco químico não foi identificado, diferentemente das observações realizadas nos demais laboratórios. Barbosa Filho (2010) afirmou ser de fundamental relevância para os profissionais de laboratórios o exercício da segurança, pois simples atos de displicência podem aumentar as chances de ocorrência de acidentes de trabalho.
Segundo Lisboa (2010), o risco físico é aquele em que o trabalhador está exposto a diferentes formas de energia, como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes e não ionizantes, identificadas em todos os ambientes estudados, com maior incidência observada no Laboratório de Química Orgânica.
Cabe ainda relatar que foram observadas a existência de algumas das obrigatoriedades contidas nas Normas Regulamentadoras que dizem respeito aos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) como capelas de fluxo laminar, chuveiro de emergência, lava-olhos e extintores de incêndio.
Não sendo entretanto observado o uso contínuo e obrigatório da maioria dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) que compreendem jaleco, luvas, óculos transparentes com proteção lateral, máscaras, protetor auricular e toucas quando necessário, anormalidades que podem comprometer seriamente o ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador, quando reconhecemos que a prevenção de acidentes demanda principalmente dos EPIs e EPCs adequados, treinamentos dos recursos humanos, adoção das normas e procedimentos de biossegurança (MASTROENI, 2005).
A estrutura física laboratorial deve ser elaborada e/ou adaptada de modo a estabelecer padrões e normas a fim de garantir as condições específicas de segurança de cada laboratório (PENNA et al., 2010), e analisando os ambientes estudados observou-se uma maior incidência dos riscos
Química Organica
Físico-química Nematologia Zoologia
Fisiologia Vegetal ergonomicos 3 6 4 4 8 25 32,47% mecanicos 2 3 2 4 7 18 23,38% químicos 4 2 0 7 1 14 18,18% físicos 4 2 2 2 1 11 14,28% biológicos 1 1 1 4 2 9 11,69% Riscos Laboratórios Total
ocupacionais no Laboratório de Zoologia (27,27%), conforme demonstrado pela Figura 1.
Ainda analisando a Figura 1, verifica-se a identificação dos riscos ocupacionais em todos os locais estudados, com percentuais concentrados no intervalo de 11% a 19%, que podem ser reduzidas pelo empregador ao fornecer informações e treinamento sobre os riscos relacionadas à atividade aos quais, professores, pesquisadores, estagiários, técnicos, alunos de graduação e pós-graduação, e demais trabalhadores estão expostos (BRASIL, 2009).
Figura 1: Distribuição dos riscos ocupacionais por laboratórios.
Como mostra os estudos de Hirata e Mancini (2002), quando se trabalha de maneira planejada e organizada, a exposição aos agentes considerados de risco a saúde é minimizada. Sendo a utilização das boas práticas laboratoriais padrões, por todos os usuários dos laboratórios de ensino e pesquisa, determinante para a manutenção de um ambiente seguro e confiável (SANGIONI et al., 2013).
4- CONCLUSÃO
Através dos resultados apresentados foi registrado a importância da incorporação do tema segurança do trabalho nos laboratórios de ensino e pesquisa no currículo universitário. Considera-se ainda, a relevância do cumprimento das normas, procedimentos e atitudes de segurança, coletiva e individual, para a melhoria da qualidade dos serviços desenvolvidos nos laboratórios de ensino e pesquisa e, manutenção da segurança do ambiente.
5- REFERÊNCIA S BIBLIOGRÁFICAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 31.000 – Gestão de Riscos – Princípios
e Diretrizes. Rio de Janeiro: 2009. 24 p.
18,18% 18,18% 11,69% 27,27% 24,68% Química Organica Físico-química Nema tologia Zoologia Fisiologia Vegeta l
BARBOSA FILHO, A. N. Segurança do trabalho e gestão ambiental, 3º. ed. – Ed. Atlas, 2010.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 9 – Programa de Prevenção e
Riscos Ambientais. Portaria n° 24, de 29 de fevereiro de 1995. Brasília; 1995.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. NR-1 – Disposições Gerais. 2009. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF0F7810232C/nr_01_at.pdf >. Acesso em 06 fev. 2015.
CASTILHO, K. F.; OLIVEIRA, D. L. T.; BRASILEIRO, M. E. Riscos ocupacionais no Brasil no
período de 2005 a 2009: Uma revisão, Revista Eletrônica de Enfermagem do Centro de Estudos de
Enfermagem e Nutrição, v.1, n.1, p. 1-15, 2010.
DE SOUSA DANTAS, A. N., FRAZÃO, K. M. R., de LIMA PINTO, J. E. S., COSTA, J. J. R., COSTA, E. B. G., & BARBOSA, C. M. ALLAN NILSON. Elaboração de um mapa de risco de um
laboratório de ensino de química: praticando o conhecimento aprendido em sala de aula. In: IX
Congresso de Iniciação Científica do IFRN. 2013.
HIRATA, M.H.; MANCINI FILHO, J.B. Manual de biossegurança. Barueri, SP: Manole, 2002. 495p. LISBOA, D. C. do O.; OHIRA, E. N. I.; BISINOTI, M. C. Avaliação parcial do ruído gerado pelas
capelas de exaustão de laboratórios quanto à exposição ocupacional dos servidores do IBILCE/UNESP. Trabalho de Conclusão de Curso de Higiene Ocupacional. Universidade Estadual
Paulista, Araraquara, 2010.
MASTROENI, M.F. Biossegurança aplicada a laboratórios e serviços de saúde. São Paulo, SP: Atheneu, 2005. 338p.
PENNA, P. M. M., AQUINO, C. F., CASTANHEIRA, D. D., BRANDI, I. V., CANGUSSU, A. S. R., SOBRINHO, E. M., ... & MIGUEL, A. S. M. Biossegurança: uma revisão. Arquivos do Instituto Biológico, v.77, n.3, p.555-465, 2010.
PINTO JESL, COSTA JJR, FRAZÃO KMR, DANTAS ANS, BARBOSA CM, COSTA EBG.
Elaboração de um mapa de risco de um laboratório de ensino de Química: praticando o conhecimento aprendido em sala de aula. In Anais do IX Congresso de Iniciação Científica do
IFRN,Currais Novos, RN, 4 a 6 de julho de 2013.
SANGIONI, L. A.; PEREIRA, D. I. B.; VOGEL, F. S. F; BOTTON, S. A. Princípios de
biossegurança aos laboratórios de ensino universitários de microbiologia e parasitologia. Ciência
Rural, v.43, n.1, 2013.
YANO SRT, SANTANA VS. Faltas ao trabalho por problemas de saúde na indústria. Caderno Saúde Pública 2012; 28 (5): 945-54.
