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A MÚSICA E CANTO NA LITURGIA Por Márcio José Pelinski

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Academic year: 2021

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A

MÚSICA E CANTO NA LITURGIA

Por Márcio José Pelinski

A função do canto na Celebração Litúrgica.

Há pelo menos duas condições para que o canto na Liturgia possa, de fato, ser mediação, veículo do Espírito.

Primeiro não podemos encarar a música na Liturgia como "divertimento" para tornar a Liturgia mais leve, mais agradável, mais movimentada. Devemos cantar e tocar "no Espírito", abrindo-nos à ação de Deus que vem nos transformar também através do canto, fazendo de nós adoradores do Pai em Espírito e verdade. Em outras palavras, é preciso levar a sério à força sacramental da música na Liturgia e fazer do canto um ato de fé, um gesto de amor. Por isso, não podemos cantar de maneira rotineira, inconsciente, superficial.

(Da ficha 11 do “Liturgia em Mutirão” da CNBB)

Música litúrgica, música ritual.

Nas últimas décadas, houve um esforço de renovação da música usada na Liturgia cristã, no sentido de não mais nos contentar com qualquer música sacra ou religiosa, nem mesmo de teor catequético e evangelizador. Houve (e está havendo) um esforço de redescobrir e valorizar a música ritual, no caso, uma música ritual para a Liturgia cristã. Trata-se de não mais cantar na Liturgia (qualquer coisa..., ainda que bonito ou edificante), mas cantar a própria Liturgia (os próprios textos rituais musicados, ou os próprios ritos acompanhados de música, levando em conta a natureza da Liturgia e de cada momento ritual). Daí surge à necessidade de conhecermos profundamente a Liturgia, e a função ritual de cada canto.

(Da ficha 12 do “Liturgia em Mutirão” da CNBB)

Cantos Rituais

Kyrie Eleison (Senhor tende piedade) Salmo Responsorial

Aclamação / Aleluia Santo, Santo, Santo

Agnus Dei (Cordeiro de Deus)

Cantos que acompanham uma ação ritual

Canto de PROCISSÃO DE ENTRADA

Canto de PROCISSÃO DAS OFERENDAS Canto de COMUNHÃO

Sobre a composição das letras e melodias para os cantos litúrgicos

• Os textos dos cantos sejam da Sagrada Escritura ou inspirados nela e das

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• O texto seja poético (evitando explicitações desnecessárias, textos catequéticos, moralismos, chavões...);

• Não falte a dimensão comunitária, dialogal, orante... Nos textos e nas melodias;

• As melodias sejam acessíveis à grande maioria da assembléia, porém, belas e inspiradas;

• Sejam evitados melodias e textos adaptados de canções populares, trilhas sonoras de filmes e novelas...;

• Sejam levados em conta os tipos de celebração, o momento ritual em que o canto será executado (cf. SC 112) e as características da assembléia; • O tempo do ano litúrgico e suas festas (cf. SC 107);

• O jeito da cultura do povo do lugar (cf. SC 38-40).

(Nem todos os compositores conhecem estes critérios...).

Os instrumentistas utilizem seus instrumentos musicais para sustentar e

nunca se sobrepor ao canto dos fíéis (cf. MS 64);

Os animadores sustentem o canto da assembléia sem jamais lançar mão

desta sua função para dar “show”, ou seja: chamar a atenção sobre si próprio;

Os salmistas jamais deverão substituir o salmo responsorial por outro

canto. Se, porventura, não puderem cantá-lo, que o recitem com o refrão do povo (cf. IGMR 2002, 61);

Os grupo de cantores ou corais desempenhem sua função sem jamais

monopolizar o canto durante toda a celebração. • (Da ficha 19 do “Liturgia em Mutirão” da CNBB.

Vamos explicar os cantos Rituais e os que acompanham um Ritual da Celebração Litúrgica

01 - Canto de PROCISSÃO DE ENTRADA

(Acompanha uma Ação Ritual)

No cristianismo dos primeiros séculos, as celebrações litúrgicas iniciavam fora do templo, e em determinado momento, em procissão, os cristãos adentravam na Igreja. Outras vezes era feita uma procissão de uma capela para outra. Esta é a origem do Ritual de Procissão de Entrada – os cristão que caminham e se encontram na Casa do Senhor.

Por questões práticas, esta procissão ficou restrita ao presidente da celebração e demais ministros, porém, o sentido teológico desta procissão permanece. Na procissão de entrada, os ministro representam a comunidade, Povo de Deus à caminho.

A procissão de Entrada nos faz lembrar que;

• Abraão, nosso Pai na Fé foi um caminheiro “Deixa tua terra e vai para o lugar onde te indicar”;

• O Povo de Deus caminhou com Moisés no Deserto; • Cristo caminhou rumo a Jerusalém em sua vida pública; • Ele disse ser “o Caminho, a Verdade e a Vida”

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Portanto, o caminhar está tão presente no cristianismo, que o primeiro nome que ele recebeu foi “Religião do Caminho” (At 24,16).

A Procissão de Entrada é o sinal da “Igreja Peregrina Rumo ao Céu!”. Deus está à frente, guiando os passos do seu Povo.

"Caminhando para o altar, dirigimo-nos para o Cordeiro, que no altar está vivo e triunfante” (Ap 5,6). Ele é a origem, o sentido e o destino da caminhada.

Esta procissão é a marcha nupcial da Esposa (Igreja) que vai ao encontro do seu Esposo (Cristo), encontro selado com o ósculo (beijo) no altar, realizado pelo presidente da celebração.

"Executado o canto de procissão de entrada, o sacerdote, de pé junto à cadeira, junto com toda a assembléia faz o sinal da cruz" (IGMR 28, na nova edição, 50).

Vamos refletir...

O que é mais importante a PROCISSÃO DE ENTRADA ou o CANTO DE PROCISSÃO DE ENTRADA?

R: Este canto foi inserido para acompanhar a procissão, ou seja, ele acompanha algo mais importante que é uma ação ritual; a procissão.

Quanto tempo deve durar o CANTO DE PROCISSÃO DE ENTRADA?

R: Deve durar o tempo da procissão de entrada, finalizando com o beijo no altar. Qual o sentido do CANTO DE PROCISSÃO DE ENTRADA?

R: Ele dá o ritmo de marcha da procissão de entrada e ajuda a comunidade celebrante a melhor compreender o que está acontecendo. É a Igreja que caminha, por isso o canto deve expressar o sentido de comunidade (Nós). Cantos intimistas (que falam na primeira pessoa) desvalorizam a ação ritual.

Quais cantos utilizar para acompanhar a PROCISSÃO DE ENTRADA?

R: Cânticos que falem do sentido de ser Igreja, comunidade peregrina, caminheira. Deve-se optar por músicas que expressem o sentido coletivo da fé e de preferência em ritmo de marcha.

Cantos que expressam a ação comunitária: “Agora é tempo de ser Igreja”, “Igreja Santa, Templo do Senhor”, “O Senhor Ressurgiu Aleluia”. Para este momento, podem-se aproveitar alguns salmos, sobretudo daqueles que se referiam à marcha do povo até o templo de Jerusalém: “Que alegria quando me disseram: vamos à Casa do Senhor...”.

Cantos que não expressam a ação comunitária: Evitar cantos “tapa buraco”, que não tenham nada haver com este momento. Exemplos = “Reunidos aqui só pra louvar o Senhor”, “Quem é esta que avança como aurora?”, “Eis me aqui Senhor”... etc

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Concluindo

Como vimos, a PROCISSÃO DE ENTRADA nos faz entender o sentido de ser Igreja, por isso não cabe na compreensão humana tem um sentido escatológico (escatologia=coisas futuras). O Canto de Procissão de Entrada deve nos ajudar a compreender que “somos caminheiros que marcham para o céu, Jesus é o Caminho que nos conduz a Deus!”

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02 – KYRIE ELEISON

(Faz parte da Ação Ritual do “ATO PENITENCIAL”)

A “Didaqué” um escrito do I século, também chamada de “Catecismo dos Doze Apóstolos” já orienta os cristãos a “reconhecerem a misericórdia de Deus na

reunião dos fiéis”, ou seja, na Celebração Litúrgica. Por isso, a Igreja têm em seus

ritos iniciais o momento chamado de Ato Penitencial. Ele é um apresentar-se pequeno diante da grandeza de Deus, reconhecendo sua misericórdia e nossa indignidade.

Este rito, não deve ser confundido com o sacramento da Penitência. Evitem-se, pois as descrições de pecados.(Guia Litúrgico Pastoral CNBB – pg. 33).

Pode-se olhar o Missal para se observar, nas várias fórmulas adequadas a cada tempo litúrgico, que não se declara os pecados (“perdão por isso e aquilo...”), mas se bendiz o Cristo pelo que Ele é; a Misericórdia. Essas fórmulas poderiam ser musicadas, assim como aquela meio esquecida:

Tende compaixão de nós, Senhor.

Porque somos pecadores.

Manifestai, Senhor, a vossa misericórdia.

E dai-nos a vossa salvação.

Para compreendermos melhor a importância deste momento, vamos mostrar as duas formas de estrutura da Ação Ritual do “ATO PENITENCIAL” onde está inserido o canto do Kyrie, que é o que mais nos interessa;

Forma A (o Kyrie dentro do Ato Penitencial)

• A comunidade reconhece a sua pequenez (Silêncio) • A comunidade entoa o “Kyrie”

• A comunidade reconhece a Misericórdia de Deus (pela Oração do presidente e o Amém da assembléia).

O Missal Romano propõe várias fórmulas de textos, de acordo com o tempo litúrgico para o Ato Penitencial.

Forma B (o Kyrie após o Ato Penitencial)

• A comunidade se reconhece pecadora (Silêncio)

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• A comunidade reconhece a Misericórdia de Deus (pela Oração do presidente e Amém da assembléia).

A comunidade entoa o “Kyrie”

O Kyrie está mais para o Hino de Louvor do que para o Ato Penitencial. Os últimos acordes do Kyrie deveriam emendar com os do início do Glória.

Mas o que é o “Kyrie”?

Os cânticos do “Kyrie”, do “Aleluia” e do “Cordeiro de Deus” são heranças da Igreja do primeiros séculos, pois já estavam presentes desde este período na Liturgia. São cantos rituais por excelência, por isso, não há sentido eles se transformem em simples proclamações.

A palavra “Kyrios” em latim significa “Senhor” e “Kyrie” é uma variação que serve para clamar “Ó Senhor!”. Kyrios é o nome atribuído ao Cristo Ressuscitado, feito Senhor do Universo por nós.

Simplificando...

Kyrie Eleison - Ó Senhor tende piedade de nós! Christe Eleison -Ó Cristo, tende piedade de nós! Kyrie Eleison - Ó Senhor tende piedade de nós!

Vamos refletir...

COMO DEVE SER O CÂNTICO DO KYRIE NO ATO PENITENCIAL?

Deve seguir as orientações do Missal Romana e fidelidade às fórmulas do Confesso

a Deus e do Senhor tende Piedade de nós...

Propõe-se, sobretudo, que se ensine as Assembléias Litúrgicas a descobrirem a riqueza do Kyrie também em latim, sobretudo para ser entoada em Solenidades e Festas.

O ATO PENITENCIAL PERDOA OS PECADOS VENIAIS?

Não, a Igreja tem para o perdão dos pecados um Sacramento – a Reconciliação (Penitência ou Confissão). No Ato Penitencial é para reconhecermos a fragilidade humana e a grandeza do Deus Misericordioso que se manifestou em Cristo.

QUAIS TIPOS DE CANTO NÃO SERVEM PARA O KYRIE NO ATO PENITENCIAL?

R: Não cabem neste momento (mais uma vez) cantos intimistas. O cântico deve expressar o NÓS-IGREJA pecadora e não o EU pecador.

Exemplos de cânticos fora de sintonia: “Renova-ME Senhor Jesus...”.

“Perdão Senhor, tantos erros (EU) cometi...”.

“Senhor EU estou aqui, venho te pedir, piedade de MIM...”.

Estes cânticos entre outros são muitos bonitos (e podem ser utilizados em encontros e retiros), mas não cabem no Ato Penitencial da Celebração Litúrgica.

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Agora que sabemos qual o sentido deste cântico e do momento em que está inserido vamos olhar para eles com carinho, respeito e admiração! Há muito mais na liturgia do que aquilo que podemos sentir...

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03 – HINO DE LOUVOR

(Hino Cristológico do SÉC. IV)

Para a explicação deste Hino, inclui nesta apostila o texto do “Mutirão Litúrgico da CNBB – nº 09”:

O SENTIDO DE UM HINO CHAMADO "GLÓRIA" Frei José Ariovaldo da Silva, OFM.

Nos domingos e outras solenidades, bem como em dias festivos, cantamos no início da missa um antiqüíssimo e venerável hino chamado “Glória”. Seu conteúdo e verdadeiro sentido não tem sido bem compreendido entre nós. O músico e liturgista Frei Joaquim Fonseca, no seu livrinho “Cantando a missa e o ofício divino” (Paulus 2004) nos traz uma explicação que, a meu ver, é das melhores. Faço questão de transcrevê-la e divulgá-la em nosso “mutirão” de formação litúrgica. Olhem o que ele escreve:

“O ‘Glória’ é um hino que remonta aos primeiros séculos da era cristã. Na Instrução Geral do Missal Romano, lemos que o ‘Glória’ é um ‘hino antiqüíssimo e venerável, pelo qual a Igreja congregada no Espírito Santo glorifica e suplica ao Pai e ao Cordeiro... (n. 53).

Esta definição nos deixa claro que o ‘Glória’ é um hino doxológico (de louvor/glorificação) que canta a glória e Deus e do Filho. Porém, o Filho se mantém no centro do louvor, da aclamação e da súplica. Movida pela ação do Espírito Santo, a assembléia entoa esse hino, que tem sua origem naquele canto dos anjos que ressoou pela primeira vez nos ouvidos dos pastores de Belém, na noite do nascimento de Jesus (cf. Lc 2,4).

Na sua origem, o ‘Glória’ era entoado durante o ofício da manhã. Só bem mais tarde – por volta do século IV – é que aparece prescrito na Liturgia eucarística do Natal podendo ser entoado apenas pelo bispo. Esse costume se prolongou por muito tempo. Porém, no final do século XI já há notícias do uso do ‘Glória’ em todas as festas e domingos, exceto na Quaresma. Então os presbíteros já podiam entoá-lo.

O ‘Glória’ é composto de três partes:

a) O canto dos anjos na noite do nascimento de Cristo: ‘Glória a Deus nas

alturas e paz na terra aos homens por ele amados’;

b) Os louvores a Deus Pai: ‘Senhor Deus, rei dos céus, Deus Pai todo-poderoso:

nós vos louvamos, nós vos bendizemos, nós vos adoramos, nós vos glorificamos, nós vos damos graças por vossa imensa glória’;

c) Os louvores seguidos de súplicas e aclamações a Cristo: ‘Senhor Jesus

Cristo, Filho Unigênito, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus Pai. Vós que tirais o pecado do mundo tende piedade de nós. Vós que tirais o pecado do mundo, acolhei a nossa súplica. Vós que estais à direita do Pai, tende piedade de nós. Só vós sois o Santo, só vós o Senhor, só vós o Altíssimo Jesus Cristo’.

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O ‘Glória’ termina com um final majestoso, incluindo o Espírito Santo. É importante lembrar que esta inclusão não constitui, em primeira instância, um louvor explícito à terceira pessoa da Santíssima Trindade. O Espírito Santo aparece relacionado com o Filho, pois é neste que se concentram os louvores e as súplicas. Em outras palavras: o Cristo se mantém no centro de todo o hino. Ele é o Kyrios, o Senhor que desde todos os tempos habita no seio da Trindade.

Estas dicas certamente nos ajudarão a discernir na escolha do ‘hino de louvor’ mais adequado para as celebrações eucarísticas. Sabemos que em muitas de nossas igrejas há o costume de executar, no lugar do verdadeiro ‘Glória’ pequenas aclamações trinitárias, ou seja, simples aclamações dirigidas ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Pudemos ver que o ‘Glória’ é bem mais do que isso: nele está contido o louvor, a aclamação e a súplica. E mais: a pessoa de Jesus Cristo aparece no centro desta grande "doxologia”. (p. 19-29).

Obrigado ao Frei Joaquim Fonseca por este esclarecimento que, com certeza, vai contribuir para o aperfeiçoamento e a autenticidade de nossas celebrações litúrgicas em nossas comunidades.

Frei José Ariovaldo da Silva, OFM. Ver também na página 33 do Guia-Litúrgico da CNBB.

Vamos refletir...

A QUEM ESTE HINO GLORIFICA?

R: É um louvor ao PAI e ao CORDEIRO. A pessoa de Jesus Cristo aparece no centro desta grande doxologia (louvação), por isso chamamos de Hino Cristológico.

QUAL É A SUA ESTRUTURA INTERNA?

R: Nele está contido o louvor, a aclamação e a súplica. QUAIS DEVEM SER OS CANTOS DE GLÓRIA?

R: Ele não é um Hino Trinitário. Devemos nos esforçar em executar as músicas que seguem o texto proposto pela Igreja, o Hino de Louvor do Séc. IV.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados Senhor Deus, rei dos céus, Deus Pai todo-poderoso:

Nós vos louvamos, nós vos bendizemos, nós vos adoramos,

Nós vos glorificamos, nós vos damos graças por vossa imensa glória,

Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus Pai. Vós que tirais o pecado do mundo tende piedade de nós. Vós que tirais o pecado do mundo, acolhei a nossa súplica.

Vós que estais à direita do Pai tende piedade de nós.

Só vós sois o Santo, só vós o Senhor, só vós o Altíssimo Jesus Cristo. Com o Espírito Santo, na Glória de Deus Pai. Amém.

Pode ser musicada também a letra do Hino proposto pela CNBB.

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R:. O Glória não é um canto RITUAL, por isso não precisa ser sempre cantado. É um hino, um texto inserido na Liturgia da Missa, que deve ser executado nos dias prescritos. Ele pode ser entoado ou proclamado por toda assembléia, mas de preferência em dois coros. É melhor proclamar o Hino do que cantar uma letra infiel ao hino do Século IV.

QUANDO É PRESCRITO CANTAR/ENTOAR O GLÓRIA?

R: Nas Solenidades do Senhor e Nossa Senhora, nos Domingos do Tempo Comum e do Tempo Pascal, nos dias de semana da Oitava da Páscoa e outros dias indicados no Diretório Litúrgico CNBB.

Não se canta o Glória no Advento e nem na Quaresma. Nos dias de semana também não se deve entoá-lo/rezá-lo assim como a Profissão de Fé (Credo), pois estes cabem à Liturgia do dia por excelência do encontro dos cristãos – o Domingo.

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04– SALMO RESPONSORIAL

(Canto Ritual -Proclamação da Palavra)

“Os Salmos foram para a Igreja, desde o início, o mesmo que haviam sido por séculos para o povo de Israel: textos privilegiados da Sagrada Escritura para o louvor divino, tanto nas celebrações litúrgicas como na oração pessoal. Palavra de Deus expressa nos limites da palavra humana, e que retorna a deus pelo louvor, freqüentemente na forma de canto”.

Monges Beneditinos – Mosteiro da Ressurreição – Ponta Grossa PR

Os Salmos, com certeza são as orações mais conhecidas da humanidade e cuja riqueza atravessa gerações. A Igreja conserva os 150 salmos presentes na literatura do Antigo Testamento como o que há de mais perfeito para o louvor de Deus. A Igreja também perpetua a sua oração diariamente através da Liturgia da Horas, onde em todo o mundo, comunidades e pessoas elevam ao Pai suas preces e cânticos através dos salmos. Este é um tesouro que precisa ser descoberto por nossas comunidades.

A Igreja teve o cuidado durante séculos para organizar os salmos dominicais de acordo com os outros textos bíblicos e assim compor o Pão da Palavra que nos alimenta no Dia do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL – “A PALAVRA DE DEUS CANTADA PELO POVO DE DEUS!”.

O Salmo Responsorial na Liturgia da Palavra faz ‘ressoar” em nosso coração a “Perícope profética” (aquilo que reduzimos a chamar de Primeira Leitura). O salmo NÃO É RESPOSTA / NEM MEDITAÇÃO, ele é responsório, ou seja, um “eco” da Palavra proclamada que permanece em nós.

O salmista é aquele que em nome da comunidade entoa as estrofes do salmo e sustenta o canto. Ele faz um solo durante a estrofe, mas nele está representada toda a assembléia. É ele o ministro da Palavra, que deve facilitar, auxiliar e indicar a assembléia o seu momento de cantar.

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• Sempre que possível projetar ou anunciar antes do salmo o refrão para a assembléia.

• Não mais fazer uma introdução / comentário antes do salmo.

• Quando o refrão for muito longo e ele não for cantado, convém por questão pastoral reduzi-lo, porém sem perder sua unidade com a leitura proclamada, para facilitar a participação da assembléia.

• Nunca se deve trocar o salmo da Liturgia do dia, pois, ele tem íntima unidade (é um eco) com a “Primeira Leitura”. Ao cantar outro salmo, ele se torna um elemento estranho na Liturgia.

• A Igreja no Brasil tem publicado o livro “Cantando os salmos e aclamações” que contém os Salmos musicados, Seqüências (Natal, Páscoa, Pentecostes, Corpus Christi) e também as Antífonas da Aclamação ao Evangelho dos Anos A, B e C. Também os 03 CDs duplos que fazem jogo com este livro.

• Nas comunidades onde existe falta de salmistas, procurar pessoas que possam proclamá-lo como jogral ou declamando, pois os salmos são poesias.

• O salmista deveria, como parte dos leitores, estar com a veste de leitor como os outros estão, e, de preferência, ficar no presbitério, junto aos outros leitores. Para não desfalcar a equipe de canto, poderiam ensaiar com outro(a) salmista, que não seja da equipe. O ideal é a comunidade formar um grupo de salmistas, para que possa haver revezamento

.

• A responsabilidade desta Proclamação da Palavra é da Equipe de Animação, se ele não for cantado, deve ser previamente preparado e proclamado por um membro da equipe.

• Neste canto deve prevalecer a voz, pois é um texto da Palavra de Deus que está sendo anunciado, por isso, deve-se reduzir ao máximo o volume e número de instrumentos para que a Palavra seja ouvida e proclamada pela comunidade.

Podem-se usar as melodias dos salmos do Ofício das Comunidades, com adaptações nos refrões...

“Quando se proclama as Escrituras na Liturgia, é o próprio Deus que

nos fala” Sacrossanctum Concilium nº7.

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05 –ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO

(CANTO RITUAL)

O Evangelho é o centro da Liturgia da Palavra. No evangelho temos o cumprimento da profecia (que foi a I Leitura) e a razão do testemunho (II Leitura) ,pois é o próprio Verbo Encarnado (Jo 1,1) que nos fala como MESTRE. E por isso, a Igreja valoriza este momento e o entroniza com uma Aclamação (Quaresma) ou com o Aleluia (outros tempos litúrgicos).

Com todo carinho, a mãe Igreja nos oferece um texto bíblico que ajuda a prepararmos para ouvir o Senhor. São as antífonas encontradas antes de cada Evangelho nos lecionários de cada Domingo. Cabe a nós filhos e servos da Igreja, não negarmos este herança por ela oferecida, e com esforço sempre cantarmos a antífona sugerida.

De preferência cantar uma melodia conhecida de Aleluia, alterando-se a cada Domingo a antífona de acordo com a proposta da Liturgia (esta antífona pode também ser proclamada).

Exemplo:

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11º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Mt 1,15

Aleluia, Aleluia, Aleluia.

O Reino dos Céus está próximo; Convertei-vos e crede no Evangelho.

Aleluia, Aleluia, Aleluia.

Vamos refletir...

A Sagrada Liturgia nos pede o Aleluia e a Antífona, algo simples e profundo durante séculos constituído e mantido. Porque cantamos cânticos tão longos e que muitas vezes não expressam o sentido da aclamação antes da proclamação do Evangelho?

Nós temos que conhecer a Liturgia e amá-la e não temos o direito de manipular aquilo que é da Igreja (comunidade) e de Deus. Não podemos transformar o nosso serviço em dominação, apropriação indevida das coisas de Deus.

Não esquecer: na Liturgia tudo tem sua medida certa!

06 – CANTO DE PROCISSÃO DAS OFERENDAS

(Acompanha uma Ação Ritual)

Com a Procissão das oferendas se inicia o segundo momento da Liturgia – a Fração do Pão ou Eucaristia. Nunca chamar este momento de ofertório, pois o Ofertório Verdadeiro acontece posteriormente, em outro momento da Liturgia Eucarística.

Este cântico acompanha uma ação litúrgica, a procissão do Pão e Vinho até o altar. Estes dons deveriam sair preferencialmente da nave da igreja, ou seja, do meio da assembléia, expressando que é a comunidade que traz os frutos para serem apresentados a Deus.

Para reflexão - Um problema:

Por questões práticas, com o passar do tempo, se inseriu nas comunidades o costume de no momento da Procissão e Apresentação das Oferendas a fazer a partilha de seus bens em prol da comunidade. Esta partilha é algo muito antigo e bonito (vêm desde a Igreja Apostólica), mas que está fora de lugar e acaba tirando a centralidade da apresentação das oferendas realizada pelo sacerdote no altar. A partilha é importante, mas infelizmente, da maneira como acontece ela tira o foco do principal; neste momento, como povo reunido em mandato do Senhor, deveríamos bendizê-lo, acompanhando a apresentação dos dons feita pelo sacerdote no altar.

Esta é a Apresentação da Oferendas:

Sacerdote – Bendito sejais Senhor, Deus do Universo, pelo pão que

recebemos de vossa bondade, fruto da terra e do trabalho humano que agora vos apresentamos e para nós vai se tornar pão da vida.

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Assembléia – Bendito seja Deus para sempre!

Sacerdote – Bendito sejais Senhor Deus do Universo, pelo vinho que

recebemos de vossa bondade, fruto da videira e do trabalho humano, que agora vos apresentamos e para nós vai tornar vinho da salvação.

Assembléia – Bendito seja Deus para sempre!

Esta bela oração, à qual poucas vezes podemos ouvir, por causa do movimento na assembléia e do canto que se prolonga muito, esta prece é feita pelo sacerdote sozinho.

Solução – esta partilha deveria ser realizada em um momento fora do Rito da Palavra e

fora do Rito Eucarístico, ou seja, entre o fim e o início destes dois ritos. Após as Preces e antes da Apresentação das Oferendas. Porém deveria se realizar da forma mais rápida possível, com a disponibilidade de inúmeros acólitos/coroinhas para receber a partilha. Mas isto é algo que precisa ser muito discutido e trabalhado, mas cabe a nós saber que há algo fora do normal, um elemento estranho no Rito Eucarístico, que devemos trabalhar para que não tire o brilho da ação litúrgica.

Em resumo, o canto entoado acaba não sendo de Apresentação das Oferendas, mas um canto de Partilha da Assembléia.

Nas Celebrações da Palavra, para não confundir a assembléia é conveniente não entoar cantos que falem de Pão, Vinho, sacrifício, etc. Nestas celebrações acontece somente a Partilha e não a Apresentação das Oferendas.

Valorizar os cantos que expressam o sentido de comunidade, pão, vinho, partilhar a vida, bendizer ao Senhor etc.

Cantos que expressam uma ação comunitária: “Trabalhar o pão” , “Ofertar NOSSA vida queremos”, “Bendito seja Deus para sempre!”, etc...

Cantos que não expressam ação comunitária, intimistas: Ex: “Só em Ti viver”,

“Venho Senhor minha vida oferecer, como oferta viva em teu altar”, etc...

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07– SANTO, SANTO, SANTO

(CANTO RITUAL)

Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo

O céu e a terra proclamam a Vossa Glória

Hosana nas alturas!

Bendito o que vem em nome do Senhor,

Hosana nas alturas!

O Santo é um cântico antiqüíssimo de origem na Sagrada Escritura. É um louvor ao Pai que nos deu o seu Filho. O Santo tem um sentido que vai além de nossa

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consciência humana, poderíamos dizer que neste momento o “céu se abre” para o encontro da Igreja Peregrina (terra) com a Igreja Gloriosa (céu). Nós, cristão que ainda estamos neste mundo nos reunimos àqueles que nos antecederam na fé (santos) e também ao coro celeste (anjos) para todos A UMA SÓ VOZ CANTAR. No “Santo” antecipamos a “Eterna Liturgia” que se realiza junto do Pai.

Não existe nenhuma outra letra para o canto de “Santo” que não seja o descrito acima. E será que pode existir alguma letra mais bonita, do que esta composta de versículos da Sagrada Escritura?

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08 – AGNUS DEI (CORDEIRO DE DEUS)

(CANTO RITUAL DA FRAÇÃO DO PÃO)

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo tende piedade de nós... Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo tende piedade de nós... Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo dai-nos a paz...

É o canto que acompanha o gesto da fração do pão. O gesto da fração realizado por Cristo na última ceia, significa que muitos fiéis pela comunhão no único pão da vida, que é Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo, formam um só corpo (1Cor 10,17). O Cordeiro de Deus não tem o sentido de ato penitencial – de pedir perdão dos pecados. Cantando o Cordeiro de Deus enquanto o ministro parte o pão, a assembléia reconhece que “Jesus Cristo, por sua morte e ressurreição”, é o pão partido e multiplicado, o sangue derramado, para a salvação do mundo. Nas celebrações onde não se faz a fração do pão (celebração da palavra ou outros sacramentos), não se reza nem se canta o Cordeiro de Deus.

É preciso cuidar para que este canto não se torne uma maneira delicada para encerrar o abraço da paz e recriar o silêncio respeitoso à comunhão eucarística. Deve ser iniciado pela assembléia (não esqueçamos que a Equipe faz parte da Assembléia!) e não pelo presidente da celebração.

09 – CANTO DA COMUNHÃO

(Acompanha o Rito de Comunhão)

É um canto que acompanha o rito da comunhão. Visa fomentar o sentido da unidade, exprime a caridade fraterna que une os comungantes e expressa a alegria pascal do povo sacerdotal convidado ao banquete do Reino. A comum-união da assembléia com o Senhor é o ponto culminante da celebração eucarística. Realiza-se sacramentalmente o que suplicamos na Oração Eucarística: “Nós vos suplicamos que, participando do Corpo e Sangue de Cristo, sejamos reunidos pelo Espírito Santo num só corpo” (Oração. Eucarística. II) “E quando recebermos o Pão e o Vinho, o Corpo e Sangue dele oferecidos, o Espírito nos una num só corpo, pra sermos um só povo em seu amor” (Oração. Eucarística V). Portanto, devem ser evitados cantos temáticos, doutrinários ou moralizantes.Evitados os cantos com letra excessivamente subjetiva, individualista, intimista e sentimentalista.

Este canto pode ser cantado por solistas e a assembléia canta o refrão meditado do texto do Evangelho, breve e conhecido (isto evitaria as pessoas comungarem com folhas e livros na mão). Em algumas oportunidades, é

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importante que o canto faça transbordar a alegria da festa, sendo um canto exultante, vibrante, cantado com espontaneidade face à presença do Senhor, com quem a assembléia entra em comunhão (cf CNBB, doc. Estudos 79. n. 317). O rito da comunhão poderia ser acompanhado por uma música instrumental intercalada com pequenos refrões conhecidos da assembléia.

Após a comunhão, não devemos privar o Povo de Deus do momento de silêncio, que a Liturgia nos pede neste momento.

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OUTROS CÂNTICOS

CANTO DE LOUVOR OU AÇÃO DE GRAÇAS

Este canto não é necessário. É facultativo. O importante que, depois da comunhão, haja um breve momento de silêncio para um diálogo com o Senhor e a interiorização do mistério celebrado. Chamar de “canto de ação de graças”, neste momento, oferece alguns inconvenientes, uma vez que toda a celebração eucarística é uma grande “ação de graças”. Na Eucaristia a ação de graças propriamente dita, é a oração eucarística. Se for introduzido um canto, que seja um hino de louvor que faz ressonância da Liturgia da Palavra (cf IGMR 88).

CANTO DE DESPEDIDA

A Celebração se encerra, ou melhor poderíamos dizer; a nossa missão começa depois que foi pronunciado o “Ide em paz e o Senhor vos acompanhe!” - a assembléia já recebeu a bênção de envio!

Se for oportuno um “canto final”, poderia ser um hino a Maria, aos Santos Padroeiros ou um hino que ressalte a perspectiva do envio missionário. Este hino pode ser colocado entre a bênção e o “Ide em paz”. A saída do povo poderá ser também acompanhada por uma música instrumental (CNBB, doc. Estudos 79,n. 324).

CANTOS DIVERSOS (que não devem ser inseridos na Liturgia)

São todos as músicas criadas para fins como louvor, animação de encontros, espiritualidade, etc. Por mais que algumas dessas músicas possam ser eventualmente utilizadas em alguns momentos de celebração, elas não foram compostas para a Liturgia.

“Guarde tudo aquilo que você recebeu: não acrescente ou retire nada!”

Didaqué

“Que Deus o conserve na alegria do serviço,

obrigado pelo PRESENTE de sua PRESENÇA!”

Por Cristo e pela Igreja Márcio José e Janaina Pelinski

Referências

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