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Como administrar as finanças de cooperativas e associações

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Academic year: 2021

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e-T ec Br asil – A ssoci ativism o e Cooper ativism o

Como administrar as fi nanças

de cooperativas e associações

Adriana Ventola Marra

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Fonte: www.sxc.hu Davi d Siqueir a Sanja Gjen er o DJ Alemão

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Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 171

Meta

Apresentar os principais instrumentos que auxiliam na gestão financeira de uma associação e de uma cooperativa, dando destaque aos tributos que incidem sobre essas atividades.

Objetivos

Ao final do estudo desta aula, você deverá ser capaz de: 1. identificar a formação do capital social e

o destino das sobras financeiras de uma cooperativa;

2. descrever a importância da contabilidade na gestão das cooperativas;

3. identificar os tributos incidentes na atividade cooperativa.

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Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 171

Início da organização: o que é capital social

Nesta aula, resumiremos os aspectos mais importantes das finanças das cooperativas e associações. Muitas pessoas acreditam que essas entidades não precisam cuidar de suas finanças e que seu dinheiro não necessita de administração. Essa crença, possivelmente, é decorrente da comparação entre as finalidades de empresas públicas (do governo), privadas (particulares) e filantrópicas (que têm objetivos sociais) com as cooperativas e a possibilidade de lucro dentro dessas entidades. Essa comparação não faz sentido, pois qualquer organização, seja ela pública, privada ou filantrópica, deve ter cuidado muito especial na gestão de seus recursos financeiros.

Então, como essas entidades devem proceder?

Fonte: www.sxc.hu

Figura 10.1: Acompanhamento das finanças.

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Para se obter bom resultado financeiro, os dirigentes das cooperativas e das associações devem acompanhar permanentemente e avaliar os resultados financeiros das atividades da entidade (Figura 10.1). Para isso, são necessários alguns instrumentos administrativos: planejamento financeiro, controle de caixa e avaliação do desempenho da entidade, verificando tudo o que gasta e aquilo que recebe.

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e-T ec Br asil - A ssoci ativism o e Cooper ativism o 172 Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 173

Mas o que é o capital?

Quando pensamos em abrir qualquer negócio, a primeira pergunta que nos vem à mente é exatamente sobre quanto de capital será necessário, ou seja, quanto dinheiro iremos precisar. Para a constituição de uma cooperativa, o procedimento é o mesmo. Necessitamos de CAPITAL SOCIAL, que é o valor, em reais, que os membros investem na entidade ao associar-se.

Todo capital social é dividido em partes, que são chamadas de quotas-parte. As quotas-parte são a parcela do capital que cada associado investe na entidade. Essas quotas já devem estar descritas no Estatuto Social que foi aprovado pelos membros. Por exemplo: um grupo de produtores rurais que resolveu montar uma cooperativa calculou que o investimento necessário para a sua abertura é de R$ 20.000,00. Esse será, então, o capital social da cooperativa. Se tivermos um grupo de 40 produtores, o capital social poderá ser dividido em 40 quotas-parte. Então, cada produtor contribuirá com uma ou mais quotas-parte, de acordo com suas possibilidades; ou seja, cada quota será integralizada no valor de R$ 500,00. Apesar de a cooperativa ser de propriedade coletiva, as quotas-parte são de propriedade privada. A cooperativa não pode ser vendida nem comprada, mas as quotas-parte podem ser vendidas a outros cooperados. Por essa razão, o capital social é também chamado de Fundo Divisível. Contudo, essa venda só é permitida se for respeitado o limite de que cada cooperado só pode ter no máximo 1/3 das quotas-parte da cooperativa, conforme estabelecido na lei das cooperativas.

CAPITALSOCIAL

O valor previsto no estatuto das associações e cooperativas, que forma a participação (em dinheiro, bens ou direitos) dos membros da entidade no ato de sua constituição.

É importante destacar que no caso específico das associações não existe a formação de capital social com características de fundo divisível. Essa característica é somente das cooperativas. Para as associações, o conjunto de bens e recursos financeiros acumulados não pertence aos associados. Quando uma associação é dissolvida (fechada), esse patrimônio deve ser destinado à outra instituição semelhante a ela. As receitas das associações são provenientes de mensalidades ou taxas de manutenção pagas pelos associados. Se a associação tiver ganhos, ou seja, resultados positivos de suas atividades, eles não são destinados aos associados, devendo ser reinvestidos nas atividades da própria associação.

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e-T ec Br asil - A ssoci ativism o e Cooper ativism o 172 Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 173 Se o capital social é chamado de fundo divisível, podemos concluir que existem

fundos indivisíveis, ou seja, que não podem ser divididos entre os membros por serem de propriedade coletiva da cooperativa. Existem dois fundos desse tipo que são obrigatórios para todas as cooperativas: Fundo de Reserva e Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (FATES).

1. Fundo de Reserva, que recebe 10% das sobras líquidas do exercício social, ou seja, da diferença entre o que foi recebido e o que foi gasto, o que é chamado

de “SOBRAS” (o mesmo que lucro nas empresas privadas); 10% são separados

para constituir reserva da cooperativa para emergências futuras.

2. Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (FATES), que recebe 5% das mesmas sobras que foram utilizadas para calcular o fundo de reserva. Esse fundo é destinado à prestação de assistência aos associados, seus familiares e, também, se estiver determinado no estatuto, aos empregados da cooperativa.

SOBRA

Resultado financeiro positivo das operações da cooperativa ao final do exercício do ano fiscal. Quando o resultado financeiro for negativo, ele será chamado de “perdas”.

Veja um exemplo de utilização do FATES pela COOPERCERES (Cooperativa de crédito do Estado de São Paulo), decidida pela Assembléia Geral Ordinária de 2007. O fundo foi utilizado para a compra de material pedagógico e cursos de bem-estar social para crianças de 3 a 7 anos, para a compra de brinquedos que formarão o playground do Clube Mães do Aconchego, Associação Luz e Vida (Hospital Água Funda), para a compra de material odontológico, equipamentos, material para a oficina de gravura e reforma da cadeira de dentista etc. Veja mais detalhes no site http://www.cooperceres.com.br/noticia.php?id_texto=58.

Multimídia

Se a cooperativa quiser, outros fundos podem ser criados desde que tenham a aprovação da Assembléia Geral, como, por exemplo, Fundo de Benefícios Sociais para férias, 13ª retirada (funcionado como um 13o salário), gravidez, entre outros.

É importante lembrar que após o pagamento de todos os impostos e taxas e a constituição dos fundos, as sobras podem ser distribuídas proporcionalmente aos cooperados de acordo com as transações comerciais/profissionais que eles realizaram com a entidade. Devemos deixar claro que a decisão sobre a divisão ou não das sobras cabe à assembléia geral, como vimos nos princípios cooperativistas.

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e-T ec Br asil - A ssoci ativism o e Cooper ativism o 174 Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 175

É sempre bom lembrar que, se tivermos despesas maiores que as receitas, teremos prejuízo (Figura 10.2). A assembléia geral pode resolver utilizar o Fundo de Reserva para cobrir o prejuízo ou dividi-lo entre os cooperados na mesma proporção da utilização dos serviços.

Entenda como a Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia (Copérdia) decidiu em Assembléia a distribuição de suas sobras de 2007:

“Do valor de R$ 1.289.903,96 fica decidido que 50% será capitalizado na cooperativa e os outros 50% serão distribuídos aos associados, proporcionalmente à movimentação realizada durante o ano.”

Visite o site http://www.adjorisc.com.br/jornais/ojornal/noticias/index.phtml? id_conteudo=132168.

Multimídia

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e-T ec Br asil - A ssoci ativism o e Cooper ativism o 174 Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 175 Estamos falando de sobras e prejuízos, mas você deve estar se perguntando: De

onde vem o dinheiro para manter a cooperativa? Qual a sua fonte de RECEITA? De onde vêm os recursos financeiros para sua manutenção?

A principal receita das cooperativas é a taxa de administração ou serviço que elas cobram dos cooperados. De todas as operações que o cooperado faz, a cooperativa retém um percentual sobre o valor negociado. Por exemplo, numa cooperativa agropecuária, a taxa incidirá sobre o valor da venda do produto (leite, café, algodão etc.) ou sobre o preço pago pelos insumos (sementes, adubos, ferramentas etc.) que são comprados pelos membros na cooperativa. Também, nesse caso, podem existir as taxas que são cobradas para a armazenagem e/ou beneficiamento dos produtos entregues pelos cooperados.

RECEITA

Somatório de todos os recursos financeiros oriundos das atividades profissionais de uma organização.

Atende ao Objetivo 1

Atividade

1

Como é formado o capital social de uma cooperativa? Se essa cooperativa, ao final de um período, obteve sobras líquidas no valor de R$ 100.000,00, o que ela deve fazer com esse dinheiro?

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e-T ec Br asil - A ssoci ativism o e Cooper ativism o 176 Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 177

Importância da contabilidade para as cooperativas

Toda organização, seja ela de base cooperativa ou não, deve manter o registro de todas as suas movimentações financeiras e elaborar relatórios contábeis que demonstrem sua situação financeira. Os registros e os relatórios formam um sistema de informações contábeis que auxiliam os gestores no processo de tomada de decisão das cooperativas. As decisões devem ser sempre baseadas em dados, e os dados financeiros são, sem sombra de dúvida, muito importantes.

Para que se mantenha todo esse processo funcionando, é necessário que as cooperativas contem com os serviços de contadores habilitados. A cooperativa pode contratar um contador no seu quadro de funcionários ou contratar empresas de contabilidade que realizam esse serviço. (Lembre-se: os funcionários não são os cooperados, e sim pessoas contratadas para prestar serviços às cooperativas.) Mesmo assim, é importante que todas as pessoas que façam parte da administração da cooperativa, bem como os demais cooperados, tenham noções básicas desse processo.

O primeiro aspecto a ser salientado é de que a elaboração das demonstrações contábeis em cooperativas se diferencia das aplicadas a outros tipos de empresas. O principal motivo dessa diferença está no fato de que as cooperativas até podem ter sobras financeiras, mas não têm o lucro como objetivo. Você se lembra? A finalidade de uma cooperativa está voltada para o desenvolvimento de seus membros.

Em janeiro de 2002, o Conselho Federal de Contabilidade publicou a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC T) 10.8, que instrui sobre as principais regras de procedimentos técnicos a serem observadas para a contabilidade das cooperativas. Os destaques dessa norma estão nas demonstrações contábeis das cooperativas, que possuem características peculiares. Um bom exemplo é que a Demonstração de Resultado do Exercício é denominada “Demonstração de Sobras ou Perdas”.

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e-T ec Br asil - A ssoci ativism o e Cooper ativism o 176 Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 177 As principais demonstrações contábeis de uma cooperativa que serão realizadas

pelo contador são:

a. Balanço Patrimonial: No balanço é evidenciada a estrutura patrimonial da entidade, ou seja, a composição de seus bens, direitos e obrigações (Figura 10.3). Ele é dividido em dois lados que devem ser exatamente iguais no que se referem aos valores monetários. Do lado direito, temos a origem dos recursos financeiros (chama-se Passivo), que podem ser formados por capital próprio dos cooperados (capital social, fundos e sobras) e capital de terceiros (dívidas com fornecedores, empréstimos bancários, contas a pagar etc.). Do lado esquerdo, temos a aplicação desses recursos (chama-se Ativo) em bens (móveis, imóveis, equipamentos, mercadorias, dinheiro em caixa etc.) e direitos (duplicatas a receber decorrentes de vendas a prazo, conta corrente no banco etc.).

Ativo Passivo

Circulante Exigível

Caixa R$ 5.000,00 Fornecedores R$ 7.000,00 Mercadorias R$ 8.000,00 Contas a pagar R$ 3.000,00 Duplicatas a receber R$ 2.000,00 Empréstimos bancários R$ 10.000,00

Permanente Patrimônio Líquido

Móveis e utensílios R$ 10.000,00 Capital social R$ 40.000,00 Veículos R$ 25.000,00 Fundo de reserva R$ 1.000,00 Máquinas e equipamentos R$ 20.000,00 Fates R$ 500,00

Sobras líquidas R$ 8.500,00 Total R$ 70.000,00 Total R$ 70.000,00

Figura 10.3: Exemplo simplificado de Balanço Patrimonial.

b. Demonstração de Sobras ou Perdas: Este relatório demonstra explicitamente o resultado alcançado pela cooperativa em determinado período (Figura 10.4). Esse resultado pode ser composto de sobras (receitas maiores que despesas) ou perdas (despesas maiores que receitas), originadas de atos cooperativos.

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e-T ec Br asil - A ssoci ativism o e Cooper ativism o 178 Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 179 Demonstração de sobras ou perdas da Cooperativa XYZ, encerradas em 31.12.08

Receita bruta de vendas e serviços R$ 62.000,00 (-) deduções (impostos, devoluções de mercadorias) (R$ 2.000,00) (=) receita líquida de vendas e serviços R$ 60.000,00 (-) dispêndio e custos de mercadorias vendidas e serviços (R$ 35.000,00) (=) sobra e lucro bruto R$ 25.000,00 (-) despesas operacionais (R$ 11.000,00) (+/-) resultado de operações financeiras (R$ 1.000,00) (=) sobra ou lucro operacional R$ 13.000,00 (+/-) resultado não operacional (R$ 1.500,00) (=) sobra ou lucro líquido antes do IR e CSLL R$ 11.500,00 (-) provisão para IR e CSLL (R$ 1.500,00) (=) sobra e lucro líquido do exercício R$ 10.000,00

Figura 10.4: Exemplo simplificado de Demonstração de Sobras ou Perdas. (Obs.: Os valores

negativos estão entre parênteses; IR é a sigla para Imposto de Renda; CSLL é a contribuição social sobre o lucro líquido. Os valores são apenas ilustrativos.)

Apesar de sempre falarmos que o objetivo da cooperativa não é o lucro, a palavra lucro aparece na Figura 10.4. Isso acontece pela seguinte razão: em seus atos cooperativos, ou seja, suas atividades-fins previstas em Estatuto Social prestadas aos associados, a cooperativa realmente não pode visar ao lucro, tendo apenas sobras. Mas, para atos não-cooperativos, ou seja, aqueles praticados entre as cooperativas e pessoas físicas ou jurídicas não associadas, as relações são comerciais e visam ao lucro. Por esse mesmo motivo, temos a incidência do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

Você pode acessar exemplos de Balanços Patrimoniais e de Demonstrações de Sobras e Perdas nos seguintes sites:

http://www.coamo.com.br www.aerocred.org.br www.coopanestes.com.br

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e-T ec Br asil - A ssoci ativism o e Cooper ativism o 178 Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 179 Existem outras demonstrações contábeis, tais como a Demonstração de Mutações

do Patrimônio Líquido e a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos, que são peças importantes no processo de gerenciamento da cooperativa, mas que não serão tratadas neste curso por necessitarem de conhecimentos mais detalhados de contabilidade para sua compreensão; são assuntos específicos de um curso de Ciências Contábeis.

Gostaria, novamente, de destacar, o importante papel da gestão financeira no processo de tomada de decisão das cooperativas. Quando as demonstrações contábeis são realizadas de forma correta, trazem transparência para a administração e aumentam a confiança dos cooperados nos membros da Diretoria Executiva. Outro aspecto importante é o registro e a apuração de todos os custos e as despesas associadas à atividade-fim da cooperativa, facilitando o próprio processo de fixação do preço de venda dos serviços e mercadorias. Isso quer dizer que em uma cooperativa de leite todas as atividades vinculadas à produção e ao beneficiamento do produto devem ser rigorosamente registradas para que seja avaliado quanto custa produzir o leite e qual o seu melhor preço de venda.

Atende ao Objetivo 2 Atividade 2

Muitas pessoas consideram os controles financeiros desnecessários ou difíceis de serem elaborados, por isso não o fazem. O que você diria a um dirigente de cooperativa quanto à importância desses instrumentos contábeis para a entidade?

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e-T ec Br asil - A ssoci ativism o e Cooper ativism o 180 Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 181

Tributos sobre a atividade cooperativa

Você sabe o que são TRIBUTOS? Com certeza, você já pagou vários ao governo de seu Município, Estado ou até mesmo ao Governo federal. Quando você vai a uma loja e compra uma roupa, está pagando um tributo sobre o preço da roupa. Nesse caso, você está pagando ICMS – Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Tributos são as principais fontes de receitas dos governos. Eles podem ser divididos em contribuições, taxas e impostos. Os impostos são nossos velhos conhecidos. Assim como no exemplo do ICMS, o tributo está presente em quase todos os nossos atos como cidadãos, através de seu pagamento ao governo ou pelo uso dos serviços públicos oferecidos pelos governos com os recursos dos tributos. Neste exato momento, ao estudar numa escola pública você está usufruindo desses serviços.

No caso da cooperativa não poderia ser diferente; ela paga vários tributos ao exercer suas atividades, com uma ressalva quanto ao Imposto de Renda e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Conceitualmente, o ato cooperativo não

é FATO GERADOR dos tributos sobre o lucro, portanto não há incidência desses

tributos. Contudo, ao praticar o ato não-cooperativo, quando a cooperativa tem lucro deve recolher os dois tributos, como vimos na Figura 10.4.

Apresentarei, agora, os principais tributos, apenas para que você reconheça cada um deles, pois quem vai fazer sua contabilização para efeitos fiscais é o contador da cooperativa. Os principais tributos de uma cooperativa são:

• IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados): São contribuintes aquelas cooperativas que beneficiam, ou seja, transformam a matéria-prima in natura em produtos processados. Esse imposto é pago ao governo federal, e seu valor varia de acordo com a essencialidade do produto, ou seja, quanto mais essencial o produto, menor sua taxa de IPI.

• ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços): Toda vez que a cooperativa vende mercadorias, ela deve pagar o ICMS. Ele é um imposto do governo estadual, e sua taxa varia em função do produto e do Estado. Se a cooperativa trabalhar apenas dentro de seu município, ela não precisará pagar o ICMS.

• PIS (Programa de Integração Social): Toda cooperativa deve recolher 1% sobre a folha de pagamento de seus funcionários ao governo federal a título de PIS, e em casos de atos não-cooperativos, ela pagará 0,65% sobre o valor da receita conseguida através desses atos.

TRIBUTO O termo refere-se a impostos, taxas de serviços públicos e contribuições de melhoria (decorrente de obras públicas), contribuindo para a formação da receita da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

FATOGERADOR

Situação cuja ocorrência é necessária e suficiente para o surgimento da obrigação tributária. Um imposto muito conhecido é o IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano. Por exemplo, só pagará IPTU quem tiver imóvel urbano, então a posse ou utilização do imóvel urbano é o fato gerador do IPTU.

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e-T ec Br asil - A ssoci ativism o e Cooper ativism o 180 Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 181 • COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social): As

coope-rativas estão isentas do pagamento da COFINS no que se refere aos seus atos cooperativos.

• CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido): Incide apenas sobre os atos não-cooperativos.

• IR (Imposto de Renda): Segue o mesmo mecanismo da CSLL.

• INSS (Previdência social): A cooperativa deve recolher 20% do salário de cada cooperado para repasse à Previdência.

• ISS (Imposto sobre os Serviços): É um imposto pago aos municípios e incide sobre a receita operacional da cooperativa com a prestação de serviços. Em geral, essa receita é o valor da mensalidade (taxa de administração) recebida de cada associado.

• FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço): Toda cooperativa deve recolher mensalmente 8% sobre a folha de pagamento de seus empregados. Esse valor é depositado em uma conta na Caixa Econômica Federal e pode ser sacado pelo empregado em situações de aposentadoria e demissão sem justa causa, por exemplo, como acontece com qualquer outro empregado.

Vale ressaltar que em julho de 2008 estavam em tramitação no Congresso Nacional dois projetos (ver detalhes no site http://www.achanoticias.com.br/ noticia.kmf?noticia=7481406) que propõem modificações na legislação tributária para as cooperativas, com a isenção de vários impostos. Portanto, vale estar sempre atento a essas modificações e consultar o contador da cooperativa em caso de dúvidas.

Atividade

3

Quais tributos devem pagar as cooperativas agropecuárias (com 50 empregados) que recolhem o leite dos produtores rurais cooperados, transformam-no em derivados lácteos e ainda vendem tais produtos para vários supermercados de sua cidade e redondezas?

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e-T ec Br asil - A ssoci ativism o e Cooper ativism o 182 Aula 10 – Com o ad ministr ar as fin anças d e cooper ativas e associ ações 183

No decorrer desta aula, você viu que:

• Os dirigentes das cooperativas e das associações devem acompanhar permanentemente e avaliar os resultados financeiros das atividades da entidade.

• Capital social é o valor previsto no estatuto que forma a participação (em dinheiro, bens ou direitos) dos membros da cooperativa no ato de sua constituição.

• Todo capital social é dividido em partes, que são chamadas de quotas-parte. As quotas-parte são a parcela do capital que cada associado investe na entidade.

• Existem dois fundos indivisíveis que são obrigatórios para todas as cooperativas: o Fundo de Reserva e o FATES.

• O Fundo de Reserva recebe 10% das sobras líquidas do exercício social, para emergências futuras.

• Sobra é o resultado financeiro positivo das operações da cooperativa ao final do exercício do ano fiscal. Nos casos em que o referido resultado for negativo, chamamos de “perdas”.

• O Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (FATES) recebe 5% das sobras.

• A principal receita das cooperativas é a taxa de administração ou serviço que ela cobra dos cooperados.

• Toda cooperativa deve manter o registro de suas movimentações financeiras e elaborar relatórios contábeis que demonstrem a sua situação financeira.

• A cooperativa deve manter um profissional de contabilidade para realizar o trabalho contábil.

• Os principais relatórios contábeis de uma cooperativa são o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Sobras ou Perdas.

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Informações sobre a próxima aula

Na próxima aula, veremos um passo-a-passo sobre a montagem de uma cooperativa, bem como algumas considerações importantes sobre a administração das cooperativas.

• A cooperativa não é isenta de tributos, apenas aqueles que incidem sobre o lucro líquido das atividades não-cooperativas.

• Os principais tributos relacionados às cooperativas são o IPI, ICMS, INSS, FGTS, PIS, COFINS, CSLL, IR e ISS.

• É preciso estar sempre atento às mudanças na legislação tributária.

Atividade 1

O capital social é o valor previsto no estatuto das associações e cooperativas que forma a participação (em dinheiro, bens ou direitos) dos membros da entidade no ato de sua constituição, por meio de quotas-parte. Do montante de R$ 100.000,00 a cooperativa deve separar obrigatoriamente 10%, ou seja, R$ 10.000,00, para a constituição de um Fundo de Reserva, e 5% (R$ 5.000,00) para o FATES. Portanto, lhe sobram R$ 85.000,00, que podem, de acordo com a decisão da assembléia geral, ser divididos entre os cooperados na mesma proporção de suas atividades com a cooperativa, ou ter outros fins como reinvestimento, projetos sociais ou mesmo a constituição de outro fundo que não seja obrigatório.

Atividade 2

Você poderia argumentar sobre a relevância das informações financeiras no pro-cesso de tomada de decisão das cooperativas e que, quando as demonstrações contábeis são realizadas de forma correta, trazem transparência para a administração, aumentando a confiança dos cooperados nos membros da Diretoria Executiva. Outro argumento poderia ser que o registro e a apuração de todos os custos e as despesas associados à atividade-fim da cooperativa auxiliam no processo de fixação do preço de venda de serviços e mercadorias.

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Atividade 3

Esta cooperativa deve pagar praticamente todos os impostos listados em nossa aula, com exceção do ISS, pois não presta nenhum tipo de serviço. Os tributos que devem ser recolhidos são: ICMS, PIS, FGTS, INSS; e IR, CSLL e COFINS, sobre os atos não-cooperativos de vender os produtos aos supermercados.

Referências bibliográficas

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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário eletrônico Aurélio Século XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

JUVÊNCIO, F. de C.; ANDRADE, G. V. de; PANZUTTI, R. Cooperativismo ao alcance de

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OLIVEIRA, D. P. R. Manual de gestão das cooperativas: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: ATLAS, 2003. 318p.

POLONIO, W. A. Manual das sociedades cooperativas. São Paulo: Atlas, 2001. VEIGA, S. M. (Org.) Associações: como constituir sociedades sem fins lucrativos. Rio de Janeiro: DP&A: Fase, 2001.125p. (Série Economia Solidária, 4).

Referências

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