MOVIMENTOS SOCIAIS
DA REPÚBLICA VELHA:
O CANGAÇO
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O termo cangaço vem de
canga
(peso),
devido ao
peso da arma e
equipamentos que os
cangaceiros carregavam.
Eles levavam esse peso
como os bois carregavam
a sua canga, um pedaço
de madeira colocado no
pescoço e que prendia os
bois ao carro ou arado.
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Na imagem:Virgolino
Ferreira da Silva,o
-O movimento conhecido como Cangaço teve início no final do século XIX, estendendo-se até meados da década de
1940.
-O cangaço tem suas origens em questões sociais e
fundiárias do Nordeste brasileiro, caracterizando-se por ações violentas de grupos ou indivíduos isolados:
assaltavam fazendas, seqüestravam coronéis (grandes fazendeiros) e saqueavam comboios e armazéns. Não tinham moradia fixa: viviam perambulando pelo sertão, praticando tais crimes, fugindo e se escondendo.
. -O Cangaço pode ser dividido em três subgrupos : os que
prestavam serviços esporádicos para os latifundiários; os chamados políticos, expressão do poder dos grandes
fazendeiros; e os cangaceiros independentes, com características de banditismo.
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Os cangaceiros conheciam a caatinga e o territórionordestino
muito bem, e por isso, era tão difícil seremcapturados pelas autoridades. Estavam sempre preparados para enfrentar todo o tipo de situação. Conheciam as
plantas medicinais, as fontes de água, locais com alimento, rotas de fuga e lugares de difícil acesso.
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O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, o "Lampião", denominado o "Senhor do Sertão" e também "O Rei do Cangaço". Atuou durante as décadas de 20 e30 em praticamente todos os estados do Nordeste brasileiro.
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Por parte das autoridades Lampião simbolizava a brutalidade, o mal, uma doença que precisava ser cortada. Para uma parte da população do sertão eleencarnou valores como a bravura, o heroísmo e o senso da
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Em meados da década de 1930, os grupos de cangaceiros foram se diluindo. O presidente Getúlio Vargas,durante o Estado Novo, decidiu acabar com todos e qualquer foco de desordem sobre o território nacional.Incluiu Lampião e seus cangaceiros na categoria de extremistas.-
No dia 28 de julho de 1938 na localidade de Angicos, no estado de Sergipe, Lampião foi vítima de uma emboscada onde foi morto junto com sua mulher, Maria Bonita e mais nove cangaceiros.-
Esta data veio a marcar o final do cangaço pois a partir da repercussão da morte de Lampião os chefes dos outrosbandos existentes no nordeste brasileiro vieram a se
entregar às autoridades policiais para não serem mortos.
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Novas perspectivas de sobrevivência e trabalho apontavam para melhores condições de vida do nordestino.- A redução da imigração estrangeira e o desenvolvimento industrial tornaram mais intensa a demanda de braços no Sudeste, trazendo, como conseqüência, uma intensa
migração para o Rio de Janeiro e São Paulo.
CONTESTADO
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O “monge” João Maria, cujo nome era Atanás Mercaf, desprezava as coisas materiais, criticava o regime republicano efazia terríveis profecias:
“Jesus disse a São Pedro que o mundo havia de
existir mil anos, mas não outros mil”.
“ A Monarquia era a ‘lei de Deus’ e a República era a ‘lei do Diabo’
.”.
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Tempo : 1912 - 1916- Local : área situada entre Paraná e Santa Catarina e reclamada – ou “contestada” – pelos dois estados.
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O evento é entendido como a insurreição do sertanejocatarinense, provocada pelo avanço do capitalismo na região, influenciada pela construção da ferrovia, pela ação danosa da madeireira Lumber Company e pela questão de limites entre Paraná e Santa Catarina.
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O processo foi condicionado pelo jogo de interesses entre fazendeiros e políticos,bem como pelo misticismo doscaboclos,ampliado por questões relativas à posse da terra.
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A situação agravou-se quando a Brazil Railway Company foi contratada pelo governo para construir um trecho daestrada de Ferro São Paulo-Rio Grande do Sul .Esta empresa criou , em 1911, uma subsidiária _ a Lumber .
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Com seu corpo de segurança, formado apenas porimigrantes, a partir de 1912 a Lumber começou a investir contra a população sertaneja do interior das matas,
expulsando-a e, com isso, atraindo a ira cabocla, também revoltada pelo abate indiscriminado dos pinheiros.
-A maior parte da região do Contestado era habitada por uma população cabocla, pobre e inculta, de índios, negros e luso-brasileiros que, ao longo dos anos, havia se
internado nos sertões e nos campos. Vivia do cultivo de roças, criação de porcos selvagens, extração da erva-mate, tropeirismo de carga, e trabalhava nas fazendas de criação de gado como peões ou agregados.
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A origem portuguesa dos caboclos abrigava a crença dosebastianismo lusitano.
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Diante da ausência praticamente total da igreja Católica, os sertanejos buscaram conforto espiritual nos monges, profetas, curandeiros, pregadores e eremitas queperegrinavam pela região, destacando-se João Maria de Agostinho e João Maria de Jesus.Quando esses monges desapareceram, confundidos como um só na figura de São João Maria, surgiu Miguel Lucena de Boaventura, que
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O monge José Maria pregava o advento de uma sociedade igualitária e propunha a organização de um arraial naregião de Taquaruçu, na parte pertencente ao estado de Santa Catarina. Foi onde organizou a comunidade Quadro Santo, mais tarde criou a Monarquia Celeste.
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A reação das autoridades e dos fazendeiros do Paraná foi imediata. A guerra do Contestado inicia-se neste ponto: em defesa das terras paranaenses, várias tropas doRegimento de Segurança do Paraná são enviadas para o local, a fim de obrigar os invasores a voltar para Santa Catarina. Estamos em outubro de 1912.
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Ao término da luta, estão sem vida dezenas de pessoas, de ambos os lados. Morreram no confronto o capitãoJoão
Gualberto
, que comandava as tropas, e também o monge José Maria, mas os partidários do contestado tinham conseguido a sua primeira vitória.•
José Maria é enterrado com tábuas pelos seus fiéis, a fim de facilitar a sua ressurreição, já que os caboclos acreditavam que este ressuscitaria acompanhado de umExército Encantado, vulgarmente chamado de Exército de São Sebastião, que os ajudaria a fortalecer a Monarquia Celeste e a derrubar a República, que cada vez mais
acreditava-se ser um instrumento do diabo, dominado pelas figuras dos coronéis.
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Os fiéis mudaram para Caraguatá chefiadas por Maria Rosa, uma jovem com 15 anos de idade, considerada pelos historiadores como umaJoana D'Arc do sertão
, já que "combatia montada em um cavalo branco com arreios forrados de veludo, vestida de branco, com flores nos cabelos e no fuzil". Após a morte de José Maria, Maria Rosa afirmava receber, espiritualmente, ordens domesmo, o que a fez assumir a liderança espiritual e militar de todos os revoltosos, então cerca de 6000 homens
-
Com esperança sobrenatural em um reino de paz, justiça e prosperidade, os pelados (como eram conhecidos os revoltosos por rasparem a cabeça) sonhavam com seu próprio regime, em uma concepção mais mística do que política.-
No início de 1915, o general Setembrino de Carvalho, à frente de 7.000 homens apoiados pela artilharia e pela aviação,venceu o grupo de rebeldes.-
O Exército só começou a ter êxito nas operações após a contratação de centenas de civis – chamados de“peludos”- para guiar e orientar os soldados.
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Dissolvida a expedição do general Setembrino, o Exército e a polícia de Santa Catarina realizaram uma “Operação Varredura” , destinada a caçar e eliminar todos ossobreviventes caboclos que haviam liderado piquetes ou se destacado nos combates.
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Ao final do conflito, calcularam-se as baixas nos efetivos legalistas, militares e civis: de 800 a mil mortos, feridos e desertores. Por outro lado, estimaram-se as baixas na população civil revoltada : de 5 mil a 8 mil, entre mortos, feridos e desaparecidos.-
Com a vitória, o Exército brasileiro, que vinha dedesgastes anteriores –como a Campanha de Canudos - , passou a se apresentar como uma organização nacionalista e sólida.
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Depois da “limpeza étnica” com o massacre dos caboclos, após tomar posse das terras no Acordo de Limites com o Paraná e encerrada a Primeira Guerra Mundial, SantaCatarina iniciou o processo de colonização do Contestado, oferecendo milhões de hectares a família de imigrantes europeus e a egressos de colônias mais antigas, na
GUERRA DE CANUDOS
TEMPO:
1893-1897
LOCAL:
Arraial Belo
Monte, cidade
próxima do Rio
Vaza-Barris no
Estado da Bahia.
LÍDER:
Antônio
Mendes Maciel
(Antônio
Conselheiro)
CARACTERÍSTICAS
-
Movimento de protesto
social dos pobres, que
assume uma linguagem
e uma visão religiosa,
chamada
messiânica.
-
O movimento foi
anti-republicano, mas não
era monarquista. No
entanto foi taxado de
monarquista pelo
-
Conselheiro
aconselhava as pessoas
a não pagarem
impostos e isso
originou problemas com
o
governo da Bahia
.
-
Conselheiro pregava a
religião católica, mas
não podia fazê-lo
legalmente pois não
era parte do clero,
atrita-se também com
-
Canudos transformou-se em uma comunidade onde a terra, osrebanhos e o produto do trabalho coletivo eram propriedade
comum;apenas os bens móveis e as residências constituíam
propriedade pessoal .
-
Além da produção agrícola, a população do arraial produzia artesanato e criava animais, que complementavam a alimentação e forneciam couro. O excedente da produção era vendido nosmunicípios vizinhos.
-
No arraial havia duas escolas, lojas comerciais, oficinas e diversas casas residenciais.-
A administração era de
competência do
Conselheiro
e de doze
chefes, que cuidavam
das finanças,
construções, registros
de nascimento, entre
outras atividades.
- Não havia polícia nem
impostos. Oitocentos
indivíduos formavam a
Santa Companhia
,
responsável pela guarda
pessoal do líder
- Aos olhos dos fazendeiros,
do governo e do clero,
tudo isso fazia da vila um
péssimo exemplo – e
Canudos teve a mesma
sorte dos focos de heresia
esmagados na Europa – na
Idade Média e no início da
Era Moderna- pelas tropas
a serviço da nobreza
latifundiária, com as
bênçãos da hierarquia
católica ou protestante.
RESULTADOS
-
O governo promoveu
expedições militares contra
Canudos.
-A 1ª expedição foi
composta de 300 homens,
promovida pelo governo da
Bahia, foi derrotada por
Canudos.
- A 2ª expedição foi de 700
homens, promovida pelo
governo da Bahia, foi
também derrotada por
Canudos.
-
O Governo Federal resolveintervir .Moreira César,um herói do exército brasileiro da revolta da armada e da Revolta
federalista, no governo de Floriano, promoveu a 3ª
expedição com 1000 homens do exército e foi derrotado e ele morto.
- A 4ª expedição reuniu soldados de todo o Brasil, foram 8000 homens e então, massacraram Canudos.Os poucos sobreviventes foram feitos prisioneiros.
-
Em 22 de setembro morreu, de doença, Antônio Conselheiro; em 1º de outubro, travou-se a batalha decisiva que deuvitória ao governo republicano. Conselheiro, mesmo depois de morto, foi desrespeitado.Desenterraram seu corpo, cortaram sua cabeça, levada depois a Salvador, onde o médico Nina Rodrigues a examinou.Este divulgou o laudo com a informação de que Conselheiro era mestiço e, por isso, talvez pudesse ser degenerado, ainda que seu crânio não apresentasse nenhuma anomalia.Nesse caso, a ciência foi utilizada para justificar a supremacia de uma organização política e social sobre outra ao classificar as etnias em uma escala hierárquica.
-
A saga de Canudos foi narrada por Euclides daCunha no livro Os Sertões . - Euclides da Cunha, apesar de
ter visto Canudos como
movimento sebastianista
(crença no retorno do rei português D. Sebastião, que morreu lutando contra os
mouros) e de ter passado uma imagem negativa do
Conselheiro, Euclides exaltou o heroísmo dos sertanejos e condenou a guerra de
extermínio desfechada contra os conselheiristas.
”Canudos
não se rendeu. Exemplo único
em toda a História, resistiu
até o esgotamento
-
“. . . Antônio foi abandonado pela mulher, que
fugiu com um amante. Remete a essa fase de
sua vida a lenda, infundada, de que Antônio
teria acidentalmente matado a própria mãe.
Segundo a crença popular, a mãe de Antônio o
teria advertido de que, todos os dias, após ele
sair de casa, um homem vestido de preto era
visto entrando pela janela do quarto de sua
esposa. Antônio teria ficado de tocaia,
observando e, ao enxergar o vulto negro que
saía de dentro de seu quarto, o teria alvejado
mortalmente a tiros de espingarda. Em seguida,
tirando- lhe o disfarce, teria descoberto o
cadáver da mãe. ”
(LACERDA, Rodrigo.
Canudos: palavra de Deus, sonho da
terra. )
-” O homem era alto e tão magro que parecia sempre de perfil. Sua pele era escura, seus ossos
proeminentes e seus olhos com fogo perpétuo. Calçava sandálias de pastor e a túnica de azulão que lhe caía sobre o corpo
lembrava o hábito desses
missionários que, de quando em quando, visitavam os povoados do sertão batizando multidões de crianças e casando os
amancebados. Era impossível
saber sua idade, sua procedência, sua história, mas algo havia em seu aspecto tranqüilo, em seus costumes frugais, em sua
imperturbável seriedade que,mesmo antes de dar