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MOVIMENTOS SOCIAIS DA REPÚBLICA VELHA: CONFLITOS RURAIS

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MOVIMENTOS SOCIAIS

DA REPÚBLICA VELHA:

(2)

O CANGAÇO

O termo cangaço vem de

canga

(peso),

devido ao

peso da arma e

equipamentos que os

cangaceiros carregavam.

Eles levavam esse peso

como os bois carregavam

a sua canga, um pedaço

de madeira colocado no

pescoço e que prendia os

bois ao carro ou arado.

Na imagem:Virgolino

Ferreira da Silva,o

(3)

-O movimento conhecido como Cangaço teve início no final do século XIX, estendendo-se até meados da década de

1940.

-O cangaço tem suas origens em questões sociais e

fundiárias do Nordeste brasileiro, caracterizando-se por ações violentas de grupos ou indivíduos isolados:

assaltavam fazendas, seqüestravam coronéis (grandes fazendeiros) e saqueavam comboios e armazéns. Não tinham moradia fixa: viviam perambulando pelo sertão, praticando tais crimes, fugindo e se escondendo.

. -O Cangaço pode ser dividido em três subgrupos : os que

prestavam serviços esporádicos para os latifundiários; os chamados políticos, expressão do poder dos grandes

fazendeiros; e os cangaceiros independentes, com características de banditismo.

(4)

Os cangaceiros conheciam a caatinga e o território

nordestino

muito bem, e por isso, era tão difícil serem

capturados pelas autoridades. Estavam sempre preparados para enfrentar todo o tipo de situação. Conheciam as

plantas medicinais, as fontes de água, locais com alimento, rotas de fuga e lugares de difícil acesso.

O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, o "Lampião", denominado o "Senhor do Sertão" e também "O Rei do Cangaço". Atuou durante as décadas de 20 e

30 em praticamente todos os estados do Nordeste brasileiro.

Por parte das autoridades Lampião simbolizava a brutalidade, o mal, uma doença que precisava ser cortada. Para uma parte da população do sertão ele

encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o senso da

(5)

-

Em meados da década de 1930, os grupos de cangaceiros foram se diluindo. O presidente Getúlio Vargas,durante o Estado Novo, decidiu acabar com todos e qualquer foco de desordem sobre o território nacional.Incluiu Lampião e seus cangaceiros na categoria de extremistas.

-

No dia 28 de julho de 1938 na localidade de Angicos, no estado de Sergipe, Lampião foi vítima de uma emboscada onde foi morto junto com sua mulher, Maria Bonita e mais nove cangaceiros.

-

Esta data veio a marcar o final do cangaço pois a partir da repercussão da morte de Lampião os chefes dos outros

bandos existentes no nordeste brasileiro vieram a se

entregar às autoridades policiais para não serem mortos.

(6)

-

Novas perspectivas de sobrevivência e trabalho apontavam para melhores condições de vida do nordestino.

- A redução da imigração estrangeira e o desenvolvimento industrial tornaram mais intensa a demanda de braços no Sudeste, trazendo, como conseqüência, uma intensa

migração para o Rio de Janeiro e São Paulo.

(7)

CONTESTADO

-

O “monge” João Maria, cujo nome era Atanás Mercaf, desprezava as coisas materiais, criticava o regime republicano e

fazia terríveis profecias:

“Jesus disse a São Pedro que o mundo havia de

existir mil anos, mas não outros mil”.

“ A Monarquia era a ‘lei de Deus’ e a República era a ‘lei do Diabo’

.”.

(8)

-

Tempo : 1912 - 1916

- Local : área situada entre Paraná e Santa Catarina e reclamada – ou “contestada” – pelos dois estados.

(9)

-

O evento é entendido como a insurreição do sertanejo

catarinense, provocada pelo avanço do capitalismo na região, influenciada pela construção da ferrovia, pela ação danosa da madeireira Lumber Company e pela questão de limites entre Paraná e Santa Catarina.

-

O processo foi condicionado pelo jogo de interesses entre fazendeiros e políticos,bem como pelo misticismo dos

caboclos,ampliado por questões relativas à posse da terra.

-

A situação agravou-se quando a Brazil Railway Company foi contratada pelo governo para construir um trecho da

estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande do Sul .Esta empresa criou , em 1911, uma subsidiária _ a Lumber .

-

Com seu corpo de segurança, formado apenas por

imigrantes, a partir de 1912 a Lumber começou a investir contra a população sertaneja do interior das matas,

expulsando-a e, com isso, atraindo a ira cabocla, também revoltada pelo abate indiscriminado dos pinheiros.

(10)
(11)

-A maior parte da região do Contestado era habitada por uma população cabocla, pobre e inculta, de índios, negros e luso-brasileiros que, ao longo dos anos, havia se

internado nos sertões e nos campos. Vivia do cultivo de roças, criação de porcos selvagens, extração da erva-mate, tropeirismo de carga, e trabalhava nas fazendas de criação de gado como peões ou agregados.

-

A origem portuguesa dos caboclos abrigava a crença do

sebastianismo lusitano.

-

Diante da ausência praticamente total da igreja Católica, os sertanejos buscaram conforto espiritual nos monges, profetas, curandeiros, pregadores e eremitas que

peregrinavam pela região, destacando-se João Maria de Agostinho e João Maria de Jesus.Quando esses monges desapareceram, confundidos como um só na figura de São João Maria, surgiu Miguel Lucena de Boaventura, que

(12)

-

O monge José Maria pregava o advento de uma sociedade igualitária e propunha a organização de um arraial na

região de Taquaruçu, na parte pertencente ao estado de Santa Catarina. Foi onde organizou a comunidade Quadro Santo, mais tarde criou a Monarquia Celeste.

-

A reação das autoridades e dos fazendeiros do Paraná foi imediata. A guerra do Contestado inicia-se neste ponto: em defesa das terras paranaenses, várias tropas do

Regimento de Segurança do Paraná são enviadas para o local, a fim de obrigar os invasores a voltar para Santa Catarina. Estamos em outubro de 1912.

-

Ao término da luta, estão sem vida dezenas de pessoas, de ambos os lados. Morreram no confronto o capitão

João

Gualberto

, que comandava as tropas, e também o monge José Maria, mas os partidários do contestado tinham conseguido a sua primeira vitória.

(13)

José Maria é enterrado com tábuas pelos seus fiéis, a fim de facilitar a sua ressurreição, já que os caboclos acreditavam que este ressuscitaria acompanhado de um

Exército Encantado, vulgarmente chamado de Exército de São Sebastião, que os ajudaria a fortalecer a Monarquia Celeste e a derrubar a República, que cada vez mais

acreditava-se ser um instrumento do diabo, dominado pelas figuras dos coronéis.

Os fiéis mudaram para Caraguatá chefiadas por Maria Rosa, uma jovem com 15 anos de idade, considerada pelos historiadores como uma

Joana D'Arc do sertão

, já que "combatia montada em um cavalo branco com arreios forrados de veludo, vestida de branco, com flores nos cabelos e no fuzil". Após a morte de José Maria, Maria Rosa afirmava receber, espiritualmente, ordens do

mesmo, o que a fez assumir a liderança espiritual e militar de todos os revoltosos, então cerca de 6000 homens

(14)

-

Com esperança sobrenatural em um reino de paz, justiça e prosperidade, os pelados (como eram conhecidos os revoltosos por rasparem a cabeça) sonhavam com seu próprio regime, em uma concepção mais mística do que política.

-

No início de 1915, o general Setembrino de Carvalho, à frente de 7.000 homens apoiados pela artilharia e pela aviação,venceu o grupo de rebeldes.

-

O Exército só começou a ter êxito nas operações após a contratação de centenas de civis – chamados de

“peludos”- para guiar e orientar os soldados.

-

Dissolvida a expedição do general Setembrino, o Exército e a polícia de Santa Catarina realizaram uma “Operação Varredura” , destinada a caçar e eliminar todos os

sobreviventes caboclos que haviam liderado piquetes ou se destacado nos combates.

(15)
(16)

-

Ao final do conflito, calcularam-se as baixas nos efetivos legalistas, militares e civis: de 800 a mil mortos, feridos e desertores. Por outro lado, estimaram-se as baixas na população civil revoltada : de 5 mil a 8 mil, entre mortos, feridos e desaparecidos.

-

Com a vitória, o Exército brasileiro, que vinha de

desgastes anteriores –como a Campanha de Canudos - , passou a se apresentar como uma organização nacionalista e sólida.

-

Depois da “limpeza étnica” com o massacre dos caboclos, após tomar posse das terras no Acordo de Limites com o Paraná e encerrada a Primeira Guerra Mundial, Santa

Catarina iniciou o processo de colonização do Contestado, oferecendo milhões de hectares a família de imigrantes europeus e a egressos de colônias mais antigas, na

(17)

GUERRA DE CANUDOS

TEMPO:

1893-1897

LOCAL:

Arraial Belo

Monte, cidade

próxima do Rio

Vaza-Barris no

Estado da Bahia.

LÍDER:

Antônio

Mendes Maciel

(Antônio

Conselheiro)

(18)

CARACTERÍSTICAS

-

Movimento de protesto

social dos pobres, que

assume uma linguagem

e uma visão religiosa,

chamada

messiânica.

-

O movimento foi

anti-republicano, mas não

era monarquista. No

entanto foi taxado de

monarquista pelo

(19)

-

Conselheiro

aconselhava as pessoas

a não pagarem

impostos e isso

originou problemas com

o

governo da Bahia

.

-

Conselheiro pregava a

religião católica, mas

não podia fazê-lo

legalmente pois não

era parte do clero,

atrita-se também com

(20)

-

Canudos transformou-se em uma comunidade onde a terra, os

rebanhos e o produto do trabalho coletivo eram propriedade

comum;apenas os bens móveis e as residências constituíam

propriedade pessoal .

-

Além da produção agrícola, a população do arraial produzia artesanato e criava animais, que complementavam a alimentação e forneciam couro. O excedente da produção era vendido nos

municípios vizinhos.

-

No arraial havia duas escolas, lojas comerciais, oficinas e diversas casas residenciais.

(21)

-

A administração era de

competência do

Conselheiro

e de doze

chefes, que cuidavam

das finanças,

construções, registros

de nascimento, entre

outras atividades.

- Não havia polícia nem

impostos. Oitocentos

indivíduos formavam a

Santa Companhia

,

responsável pela guarda

pessoal do líder

(22)

- Aos olhos dos fazendeiros,

do governo e do clero,

tudo isso fazia da vila um

péssimo exemplo – e

Canudos teve a mesma

sorte dos focos de heresia

esmagados na Europa – na

Idade Média e no início da

Era Moderna- pelas tropas

a serviço da nobreza

latifundiária, com as

bênçãos da hierarquia

católica ou protestante.

(23)

RESULTADOS

-

O governo promoveu

expedições militares contra

Canudos.

-A 1ª expedição foi

composta de 300 homens,

promovida pelo governo da

Bahia, foi derrotada por

Canudos.

- A 2ª expedição foi de 700

homens, promovida pelo

governo da Bahia, foi

também derrotada por

Canudos.

(24)

-

O Governo Federal resolve

intervir .Moreira César,um herói do exército brasileiro da revolta da armada e da Revolta

federalista, no governo de Floriano, promoveu a 3ª

expedição com 1000 homens do exército e foi derrotado e ele morto.

- A 4ª expedição reuniu soldados de todo o Brasil, foram 8000 homens e então, massacraram Canudos.Os poucos sobreviventes foram feitos prisioneiros.

(25)

-

Em 22 de setembro morreu, de doença, Antônio Conselheiro; em 1º de outubro, travou-se a batalha decisiva que deu

vitória ao governo republicano. Conselheiro, mesmo depois de morto, foi desrespeitado.Desenterraram seu corpo, cortaram sua cabeça, levada depois a Salvador, onde o médico Nina Rodrigues a examinou.Este divulgou o laudo com a informação de que Conselheiro era mestiço e, por isso, talvez pudesse ser degenerado, ainda que seu crânio não apresentasse nenhuma anomalia.Nesse caso, a ciência foi utilizada para justificar a supremacia de uma organização política e social sobre outra ao classificar as etnias em uma escala hierárquica.

(26)

-

A saga de Canudos foi narrada por Euclides da

Cunha no livro Os Sertões . - Euclides da Cunha, apesar de

ter visto Canudos como

movimento sebastianista

(crença no retorno do rei português D. Sebastião, que morreu lutando contra os

mouros) e de ter passado uma imagem negativa do

Conselheiro, Euclides exaltou o heroísmo dos sertanejos e condenou a guerra de

extermínio desfechada contra os conselheiristas.

”Canudos

não se rendeu. Exemplo único

em toda a História, resistiu

até o esgotamento

(27)

-

“. . . Antônio foi abandonado pela mulher, que

fugiu com um amante. Remete a essa fase de

sua vida a lenda, infundada, de que Antônio

teria acidentalmente matado a própria mãe.

Segundo a crença popular, a mãe de Antônio o

teria advertido de que, todos os dias, após ele

sair de casa, um homem vestido de preto era

visto entrando pela janela do quarto de sua

esposa. Antônio teria ficado de tocaia,

observando e, ao enxergar o vulto negro que

saía de dentro de seu quarto, o teria alvejado

mortalmente a tiros de espingarda. Em seguida,

tirando- lhe o disfarce, teria descoberto o

cadáver da mãe. ”

(LACERDA, Rodrigo.

Canudos: palavra de Deus, sonho da

terra. )

(28)

-” O homem era alto e tão magro que parecia sempre de perfil. Sua pele era escura, seus ossos

proeminentes e seus olhos com fogo perpétuo. Calçava sandálias de pastor e a túnica de azulão que lhe caía sobre o corpo

lembrava o hábito desses

missionários que, de quando em quando, visitavam os povoados do sertão batizando multidões de crianças e casando os

amancebados. Era impossível

saber sua idade, sua procedência, sua história, mas algo havia em seu aspecto tranqüilo, em seus costumes frugais, em sua

imperturbável seriedade que,mesmo antes de dar

(29)

TROVAS POPULARES

“Antônio Conselheiro

Por ser conselheirista

Briga com o governo

Não tem medo da poliça.”

“Capitão Moreira César

Chamava-se ‘corta pescoço’

Veio agora nesta guerra

deixar no sertão o osso.”

(30)

“ Canudos revive na miséria rural absoluta dos

Sem-Terra

, mas revive também, sobretudo, na

miséria urbana, suburbana e metropolitana das

imensas cidades que concentram mais de 70% da

população total do país. Nada mais

emblemático, a esse propósito, do que a incrível

migração do termo ‘

favela

’ , inicialmente um

topônimo que designava o Morro da Favela em

canudos, onde se amontoavam labirinticamente

as habitações precaríssimas dos sertanejos, e,

hoje, convertido num vocábulo de significado

genérico para as moradias miseráveis nos

maiores aglomerados urbanos.”

(HARDMAN, Francisco Foot.

Canudos: palavra de

Deus, sonho da terra. )

Referências

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