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12º Encontro da ABCP 19 a 23 de outubro de 2020 Evento Online

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12º Encontro da ABCP 19 a 23 de outubro de 2020

Evento Online

Área Temática 11: Política Externa

MEIO AMBIENTE E PEB: COMPARANDO ÊNFASES DE PRESIDENTES E DE CHANCELERES (1995 – 2018)

Felipe Ferreira de Oliveira Rocha (Universidade Federal de Pernambuco)

Marcelo de Almeida Medeiros (Universidade Federal de Pernambuco)

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Resumo

O artigo investiga diferenças e semelhanças entre Presidentes da República e Ministros de Relações Exteriores brasileiros no tocante aos temas ambientais na Política Externa Brasileira. Para isso, utiliza um Corpus de análise que totaliza 1.764 discursos conforme catalogados nas Resenhas de Política Exterior do Brasil de 1995 a 2018. Através de Análise de Conteúdo performada via construção de um dicionário próprio e Mineração Textual, o artigo dá conta de estabelecer quais foram os padrões quantitativos de repetição e de silenciamento das principais temáticas ambientais na constelação discursiva diplomática brasileira, bem como revela distintas ênfases entre os agentes analisados. O que, por sua vez, reforça a importância de mesclar perspectivas históricas, empíricas e comparativas nos estudos sobre princípios e paradigmas da Política Externa Brasileira.

Palavras-chave: Meio Ambiente; Política Externa Brasileira; Análise de Conteúdo; Análise de Política Externa; Processos Decisórios.

Abstract

This paper addresses the differences and similarities between Brazilian Presidents and Min-isters of Foreign Affairs before environmental themes in Brazilian Foreign Policy. In this as-pect, we use a Corpus of 1,764 speeches, from 1995 to 2018, available in a dataset named Resenhas de Política Exterior do Brasil. Through dictionary-based Content Analysis and Text Mining, this work shows the quantitative patterns of repetition and omission that the main en-vironmental issues suffer in order to be included and adapted in the rhetorical structure of Brazilian diplomacy. Furthermore, the paper reveals the distinct emphasis of each agent ana-lysed. In turn, this is relevant because it mixes historical, empirical, and comparative per-spectives on principles and paradigms of Brazilian Foreign Policy.

Key words: Environment; Brazilian Foreign Policy; Content Analysis; Foreign Policy Analysis; Decision-making Processes.

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MEIO AMBIENTE E PEB: COMPARANDO ÊNFASES DE PRESIDENTES E DE CHANCELERES (1995 – 2018)1

Felipe Ferreira de Oliveira Rocha2

Marcelo de Almeida Medeiros3

INTRODUÇÃO

Na disciplina de Relações Internacionais (RI), as questões relacionadas ao meio ambiente foram ganhando visibilidade de forma lenta e gradual. Na medida em que a saliência de problemas como o derretimento das calotas polares, o aquecimento global e o nível de poluição e desmatamento iam ganhando espaço nas mais diversas esferas sociais, a disciplina de RI também tentava refletir, descrever e explicar as nuances políticas do tema dentro das agendas globais. Negociações se realizaram, regimes de governança se constituíram e os Estados foram se posicionando em coalizões que melhor representavam os seus interesses quanto ao método de trabalho e escopo das diferentes gestões coletivas dos problemas ambientais (BARROS-PLATIAU; VARELLA; SCHLEICHER, 2004).

Perante esse cenário, o Brasil, como qualquer outro ator estatal, foi desafiado a se posicionar. Por possuir, simultaneamente, recursos naturais abundantes e sério histórico de danos ao meio ambiente, o país, por anos, se esforçou para desconstruir a imagem de vilão ambiental, mas preservando intactos o seu direito ao desenvolvimento e à soberania. Isso envolveu um caminho longo e pendular pavimentado não apenas por ações práticas, mas também por articulações discursivas, conceituais e simbólicas (BARROS-PLATIAU, 2006; LAGO, 2009).

Nesse aspecto, esse artigo se pergunta sobre as inclinações e transformações quantitativas do discurso diplomático brasileiro para a temática ambiental. Para isso, investiga as diferenças e semelhanças entre os discursos de Presidentes da República (PRES) e Ministros de Relações Exteriores (MRE) ao se pronunciarem sobre essas questões na esfera nacional e internacional. Contamos com uma base empírica (Corpus) 1 O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

2 Doutorando (Bolsista do CNPq - Brasil) e Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Graduado em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Sergipe. Mais informações em: feliperocha.info ou https://orcid.org/0000-0002-9978-5703.

3 Professor Titular de Política Internacional Comparada do Departamento de Ciência Política da UFPE e Pesquisador PQ-1C do CNPq. Orcid: http://orcid.org/0000-0001-8385-0358.

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cujo formato é inédito4 e que totaliza 1.764 discursos entre 1995 e 2018. Os resultados

serão gerados por meio de Análise de Conteúdo (via dicionário próprio) e Mineração Textual. Com isso, ampliamos e diversificamos um debate que, embora basilar, tem estado, significativamente, ausente na literatura nacional.

O artigo se estrutura da seguinte forma. Primeiro, resumiremos, na próxima seção, dois grandes tópicos: a história da inclusão da temática ambiental na agenda político-institucional multilateral; especialmente no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU); e, em seguida, as nuances históricas específicas dessa temática para a Política Externa Brasileira (PEB). O propósito é situar o leitor acerca de como a literatura especializada tem interpretado as diferentes conotações discursivas e conceituais da diplomacia brasileira – seja a presidencial, seja a profissional – sobre o meio ambiente.

Depois, apresentamos a seção de metodologia. Nela, trazemos informações sobre o Corpus utilizado, as técnicas empregadas, seus limites e pressupostos. A seção seguinte é dedicada a trazer e discutir todos os achados empíricos. Objetivamos não apenas proporcionar novos resultados, mas também conecta-los e compara-los com o conhecimento já construído até aqui pela literatura especializada. Por fim, o artigo se encerra com as considerações finais.

QUESTÕES AMBIENTAIS NA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA

Antes de iniciar debates específicos sobre a PEB para o meio ambiente, é fundamental entender a inserção das questões ecológicas como issue das agendas políticas, coletivas e globais. Naturalmente, não se trata de regredir a remotas origens históricas, mas apenas deixar registrado o quão longínqua e complexa foi essa inserção, já que ela dependeu diretamente das mudanças de percepções e de atitudes pelas quais os diferentes agrupamentos sociais passaram em relação aos vínculos com seus espaços físicos (BARROS-PLATIAU; VARELLA; SCHLEICHER, 2004). Como resultado, cada Estado construiu historicamente uma posição hegemônica mais ou menos mutável que definiu a

4 Como será melhor explicado na metodologia, os discursos provêm de um conjunto de arquivos que está disponível no site do Itamaraty. No entanto, em sua tese, Felipe Ferreira de Oliveira Rocha reformatou esse conjunto de arquivos com o propósito de torná-lo mais informativo e trabalhável – segmentando os discursos e inserindo metadados nos mesmos. Isso permitiu fazer análises de dados e chegar a resultados inéditos nesse formato. A referida tese, orientada por Marcelo de Almeida Medeiros, deverá ser defendida em 2021 junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFPE.

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direção de seus interesses nacionais e o escopo de ação e de não-ação em relação ao meio ambiente.

Em função dessa assimetria de percepções e de interesses, a questão ambiental se estabeleceu como o exemplo paradigmático da chamada “tragédia dos comuns” que – apesar de todas as polêmicas – demonstra claramente o problema da superexploração de recursos naturais coletivos e as dificuldades da gestão institucional ideal (GARRETT, 1968). Via de regra, temáticas ambientais são multidimensionais e precisam ser lidadas em escalas locais, regionais e globais. Isso gera um inescapável problema de ação coletiva que pode levar ao acúmulo de lógicas distintas, regras incongruentes e alta possibilidade do chamado “free-rider problem” (CHOUCRI, 1995).

Embora seja possível verificar contradições na gestão coletiva ambiental em quaisquer que sejam os níveis de análise, por ser cerne do artigo, a discussão teórica focará nas grandes conferências realizadas na ONU e nas respectivas posições do Estado brasileiro. Desse modo, será possível traçar padrões de continuidade e de rupturas no discurso diplomático que podem ser, depois, contrastados com os resultados empíricos apresentados no artigo.

Ocorrida em 1972 em Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (United Nations Conference on the Human Environment) ficou conhecida como sendo um dos primeiros grandes esforços dos Estados em constituir um fórum deliberativo internacional para questões ambientais. Diante da estrutura bipolar característica da Guerra Fria, 113 países se reuniram para debater soluções para problemas popularizados em diversos relatórios técnico-científicos sobre os limites do crescimento econômico (BARROS-PLATIAU, 2006; BARROS-PLATIAU; VARELLA; SCHLEICHER, 2004; LAGO, 2009).

Desde as negociações ocorridas antes da realização da conferência até a assinatura de acordos dela derivados, era perceptível uma clivagem entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Enquanto os primeiros se revestiram de uma retórica apocalíptica para defender o crescimento econômico e demográfico como fonte primária dos desastres ambientais; os segundos argumentavam em prol do direito ao desenvolvimento, contra o congelamento da estrutura assimétrica da pobreza e pela defesa da soberania dos recursos naturais (BARROS-PLATIAU, 2006; BEZERRA, 2013; LAGO, 2009).

Em pleno regime militar, o Brasil se posicionou como um dos líderes dos países em desenvolvimento e lutou para rever e impedir avanços em Estocolmo. É conveniente lembrar que o sustento do modelo político brasileiro à época dependia dos bons frutos do milagre

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econômico que, por sua vez, havia sido pensado sob a lógica do crescimento desenfreado em detrimento da repartição dos frutos econômicos e do pensamento crítico para com eles. Portanto, seria disfuncional para a diplomacia tentar discutir formas de deter matrizes irresponsáveis de crescimento (BARROS, 2017; FRANÇA, 2010; LISBOA, 2002).

O Brasil manteve uma posição defensiva e vitimista em Estocolmo. Tarefa nada fácil, perante uma sociedade internacional que tinha classificado – por razões compreensíveis – o país como vilão que polui recursos naturais, desmata incontroladamente a Amazônia e assassina brutalmente líderes ambientais (BEZERRA, 2013; FRANÇA, 2010; LAGO, 2009). O discurso brasileiro foi claro: defesa impreterível da soberania nacional e resguarda do direito ao desenvolvimento.

Passariam exatos vinte anos para que ocorresse um encontro tão relevante quanto Estocolmo em 1972. Contando com cerca de 2.450 ONGs e 9.000 jornalistas, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92) promoveu um novo debate sobre a construção de uma forma de gestão coletiva das questões ambientais (BARROS-PLATIAU, 2006). Ciente de sua imagem perante a sociedade internacional, o Brasil buscou corrigir sua postura exacerbadamente defensiva e se ofereceu como anfitrião da conferência (BARROS, 2017).

Embora buscasse revisar os debates iniciados em Estocolmo, a diplomacia tentou adotar uma posição mais responsável e autoconsciente, não apenas apontando erros alheios, mas também lembrando das contradições em relação aos seus próprios danos ambientais (LAGO, 2009). Cabe, entretanto, salientar que as raízes da rationale brasileira em 1972 permaneceram – ainda que mitigadas (BEZERRA, 2013; FRANÇA, 2010). Assim, a defesa da soberania nacional continuou sendo o norte do discurso, bem como o direito ao desenvolvimento. Não maravilha, portanto, que boa parte dos autores considere que a vitória brasileira na Rio-92 foi a inclusão sistemática da noção de desenvolvimento sustentável (BARROS-PLATIAU, 2006; BEZERRA, 2013; FRANÇA, 2010; LAGO, 2009).

Na conferência de 1992, a clivagem entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento permaneceu visível. Os primeiros ainda relutavam em aceitar cláusulas mais robustas e delicadas de comprometimento, os segundos clamavam por maior cooperação técnica, ajuda financeira e a mitigação de suas responsabilidades (BARROS-PLATIAU, 2006). Apesar disso, a transformação ocorrida entre 1972 e 1992 foi clara. A noção de governança, regimes e bens globais passou a ser mais aceita, as questões climáticas e da biodiversidade ambiental entrou na agenda dos países e o Brasil conseguiu

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dirimir sua imagem de Estado descompromissado com os problemas ambientais (BARROS-PLATIAU, 2006; LAGO, 2009; VIEIRA, 2013).

A terceira grande conferência ambiental ocorrida no âmbito da ONU foi a Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável ocorrida em Joanesburgo em 2002. Tendo como tema o entrelaçamento entre questões econômicas e sociais (pobreza e desenvolvimento), a conferência reafirmou as diretrizes da Rio-92 e promoveu a incorporação de medidas mais concretas para a gestão das crises ambientais (BARROS-PLATIAU, 2006; BEZERRA, 2013). Apesar desses objetivos, o encontro ocorreu no imediato contexto pós 11 de setembro de 2001, no qual qualquer tipo de comprometimento institucional havia se tornado difícil perante a desconfiança dos Estados Unidos em relação à efetividade de negociações multilaterais (BEZERRA, 2013; LAGO, 2009). Quanto ao posi-cionamento brasileiro, a sua diplomacia agiu de um modo mais afirmativo, embora conser-vando essencialmente os entendimentos ocorridos em conferências anteriores (FRANÇA, 2010).

A Rio + 20 – formalmente, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Natural – ocorreu vinte anos após a Rio-92 e teve como intuito primário ponderar sobre os erros e acertos das cúpulas ambientais anteriores e formas mais efetivas de atuação. Apesar do avanço na incorporação de temas como o da economia verde e o da estrutura institucional do desenvolvimento sustentável, prevaleceu entre os analistas e cientistas participantes uma visão pessimista dos resultados (GUIMARÃES; FONTOURA, 2012).

Assim, observa-se que entre 1972 e 2018, a diplomacia brasileira sustentou um posicionamento tão constante e pouco mutável, a ponto de ser possível identificar grandes princípios norteadores da PEB para o meio ambiente. Alguns deles estão expressos constitucionalmente5, tais quais: independência nacional, igualdade entre Estados,

resolução pacífica de conflitos e cooperação entre os povos para o progresso.

Há, igualmente, outras diretrizes que são menos formais/jurídicas e mais práticas e específica da arquitetura histórica construída pela diplomacia brasileira nas negociações relativas ao meio ambiente; das quais: soberania sobre os recursos naturais, responsabilidades comuns mas diferenciadas, princípio da proporcionalidade, necessidade de reduzir padrões de produção e de consumo insustentáveis e o direito de cada país de adotar normas ambientais próprias e convergentes com suas realidades nacionais (BARROS-PLATIAU, 2006).

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Por conseguinte, o artigo bebe dessas expectativas teóricas de linhas discursivas de continuidade a longo prazo no discurso diplomático brasileiro e explora pronunciamentos feitos entre 1995 e 2018 por Presidentes e Chanceleres nas mais variadas esferas. O propósito é saber quais foram os padrões de repetição e de silenciamento de ênfases temáticas no processo de implementação retórico-discursiva da PEB. Não obstante, antes de apresentar os achados empíricos desse artigo, é fundamental entender a lógica técnico-metodológica que sustenta e assegura a validade dessa pesquisa.

METODOLOGIA

Os achados derivam de um Corpus disponibilizado pelo Itamaraty e denominado Resenhas de Política Exterior do Brasil. São arquivos contendo um grande número de pronunciamentos, palestras, notas, resumos, entrevistas, artigos e outros materiais discursivos dos principais tomadores de decisão (principalmente do Executivo) em PEB. Os dados que são minimamente trabalháveis incluem os anos de 1995 a 2018. Embora incluam diversos atores, apenas os Chanceleres (MRE) e os Presidentes da República possuem um número constante e comparável de dados. Nesse aspecto, o Gráfico 1 informa o número de discursos por cargo e por ano.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados das Resenhas de Política Exterior do Brasil. Enquanto os Chanceleres possuem discursos para todos os anos do intervalo temporal analisado; entre 2015 e 2018, não foram registrados, pelas Resenhas de Política Exterior do Brasil, discursos referentes à temática internacional por parte dos Presidentes. Com efeito, os primeiros representam aproximadamente 48% do Corpus (850 discursos) e

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os segundos 52% (914 discursos). Quanto aos valores descritivos, é importante salientar que os Chanceleres discursam, em média aproximada, 29 vezes ao ano (Desvio Padrão de 19); ao passo que os Presidentes 45 vezes (Desvio Padrão de 27.3). Há, visivelmente, uma assimetria na quantidade de vezes em que os diversos emissores pronunciam os discursos: enquanto uns tendem a uma retórica maximalista, outros tendem à retórica nula.

Na verdade, isso parece estar associado com o perfil diplomático exercido na gestão de cada emissor. Por exemplo, se considerarmos o número de viagens presidenciais como indicador do ativismo do Chefe do Executivo, veríamos quanto FHC e Lula se destacam em termos de tempo no exterior em detrimento de Dilma e Temer, por exemplo (CASON, POWER, 2009; REIS DA SILVA, PÉREZ, 2019). Para facilitar a visualização desse fenômeno no tocante ao número de pronunciamentos feitos, segue o Gráfico 2.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados das Resenhas de Política Exterior do Brasil. A assimetria do Corpus é grande. Enquanto Lula foi responsável por 587 dos 1.764 discursos analisados; o Chanceler Figueiredo possui apenas 15 pronunciamentos6. Além

disso, como demonstrado pelo gráfico anterior, há presidentes que nem apresentam discursos, como Michel Temer. Para vencer esse obstáculo da assimetria, evitaremos utilizar números absolutos; via de regra, daremos prioridade a números relativos, percentuais ou indicadores estatísticos próprios de análise textual quantitativa.

6 Vale notar que o tempo de permanência no Cargo dos Ministros de Relações Exteriores também pode exercer algum impacto no número de discursos pronunciados. A esse respeito, aproveitamos para informar as datas em que cada Chanceler permaneceu em seus cargos: Lampreia (01/01/1995 – 12/01/2001), Celso Lafer (29/01/2001 – 01/01/2003), Celso Amorim (01/01/2003 – 31/12/2010), Antonio Patriota (01/01/2011 – 26/08/2013), Luiz Alberto Figueiredo (28/08/2013 – 21/01/2014), Mauro Vieira (02/01/2014 – 12/05/2016), José Serra (18/05/2016 – 22/02/2017) e Aloysio Nunes (07/03/2017 – 31/12/2018) (FUNAG, 2020).

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Outras duas informações importantes são os respectivos idiomas dos discursos e a audiência dos mesmos. No primeiro caso, prevalecem: português (1.629 discursos), o inglês (70), espanhol (46), francês (10), português e inglês misturados (8) e espanhol e português misturados (1). Quanto à audiência dos discursos, 1.002 foram pronunciados dentro do Brasil e 742 fora; sendo 20 deles sem informações sobre essa variável.

Vistos os principais atributos a respeito do Corpus, podemos partir para a exposição dos procedimentos utilizados para chegar aos resultados desse artigo. Optamos pelo emprego de duas técnicas, a saber: Análise de Conteúdo e Mineração Textual. No primeiro caso, adotamos a abordagem de criar um dicionário próprio (Dictionary-based Content Analysis) que fosse representativo do tema medido (no caso, questões ambientais) e, em seguida, aplicá-lo com o objetivo de descobrir quantas vezes cada palavra-chave foi repetida nos textos (KIMBERLY, 2011; WEBER, 1990).

A esse respeito, criamos um dicionário que tenta ser o mais completo possível e que dê conta de medir tanto termos genéricos sobre o meio ambiente, quanto pontos e temáticas específicas que não podem ficar de fora de análises sobre essa questão. No total, são 24 subcategorias com centenas de palavras-chaves em idiomas como português, inglês e espanhol; já que são as línguas utilizadas nos discursos analisados.

As 24 subcategorias estão, na verdade, agrupadas em duas categorias maiores: menções a temas gerais e menções a conferências e acordos. No primeiro caso, medimos a presença de temas como desenvolvimento sustentável, ecologia, biodiversidade, recursos energéticos, entre outros. No segundo caso, temos variados acordos relacionados com a questão ambiental como Rio92, Rio+20, Rio+10, Estocolmo72, IPCC, Protocolo de Kyoto, Convenção de Roterdã (PIC), Convenção das Baleias, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Aos interessados em uma visão completa do dicionário, é possível tanto verificar os gráficos da próxima seção (para saber quais são as macro e micro categorias utilizadas); quanto baixar a sua versão completa em arquivos disponibilizados de modo público7.

Por fim, quanto à Mineração Textual, optamos pela seguinte abordagem: Separamos dois conceitos paradigmáticos com base na frequência de suas menções. Em seguida, selecionamos as 15 palavras que cercam a sentença em torno de determinada categoria mensurada no dicionário. A partir daí, contabilizamos a frequência de menções de todas as palavras (com exceção daquelas retiradas na limpeza textual, como stopwords). Com isso, obtivemos uma lista de palavras mais mencionadas (escolhemos as 50 mais repetidas). 7 Consultar https://feliperocha.info e https://github.com/rocha-felipeferreira.

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Calculamos, então, a co-ocorrência entre termos (quantas vezes a palavra X veio acompanhada da palavra Y). Por fim, colocamos o resultado desses cálculos em redes de associação que mostram quais foram os termos mais mencionados e seus graus de co-ocorrência por Presidentes e Chanceleres (juntos) ao falarem em categorias específicas sobre o meio ambiente.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O primeiro resultado obtido foi a quantidade relativa anual de menções aos temas ambientais de modo geral; como demonstrado no gráfico abaixo;

Fonte: Elaboração própria com base nos dados das Resenhas de Política Exterior do Brasil. O tracejado proposto pela distribuição indica que os temas ambientais tenderam a ocupar um espaço cada vez maior nos discursos de Presidentes e de Chanceleres. É crescente o número de vezes em que esses atores políticos citam tais temas. Esse tópico tende, em média aproximada, a ocupar 0.26% dos pronunciamentos presidenciais. Ao passo que, no caso dos Chanceleres, esse número é de 0.19%. A variação, porém, é significativa: o desvio padrão dos primeiros é de 0.19% e os dos Ministros de 0.14%. No caso dos Presidentes, o menor percentual de menções foi 0.05% (discursos de FHC em 1996) e o maior foi 0.82% (pronunciamentos de Lula em 2007). Quanto aos Chanceleres, o menor percentual foi de 0.04% (discursos de Luiz Felipe Lampreia em 1999) e o maior foi 0.55% (pronunciamentos de Mauro Vieira e José Serra em 2016).

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No entanto, vemos que, a partir dessa medida, a questão ambiental parece ter oscilado de um modo muito específico. Tendia a um espaço constante (entre 1995 e 2000). Em seguida, foi elevado por FHC, mas logo em seguida voltou a sua posição costumeira. Posteriormente, nos anos Lula, ela foi alçada para níveis inéditos na distribuição e, em seguida, decaiu consideravelmente; tanto entre Presidentes, quanto entre Chanceleres. No entanto, para facilitar a visualização e comparação da frequência desses temas nas agendas dos atores, optamos por suavizar os valores; como mostrando no próximo gráfico.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados das Resenhas de Política Exterior do Brasil. Ao suavizarmos os valores, notamos que, entre 1995 e meados de 2004, a diferença de médias entre menções ao meio ambiente por parte de Chanceleres e Presidentes foi, praticamente, inexistente. Entretanto, a partir de 2005, segue-se um caminho de super-valorização desses temas na agenda presidencial e futura queda. Ao passo que, no discurso diplomático profissional, prevalece um caminho um pouco mais estável – como indica o desvio padrão levemente menor. Concluímos, então, que mesmo que os achados da frequência relativa apontem para uma queda significativa em 2017 e 2018 (no discurso dos Chanceleres), os valores suavizados8 indicam que esse menor número ainda não modificou

radicalmente o ganho de importância dos temas nos pronunciamentos diplomáticos brasileiros, no geral.

8 Isso foi feito por meio da seguinte formula: y ~ x no método loess (parâmetro padrão escolhido pelo algoritmo por trás da respectiva função do ggplot.

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Podemos seguir para o segundo objetivo: o de tentar identificar em quais categorias os Presidentes se alinham mais e menos em termos de padrões quantitativos. Para esse fim, apresentamos o Gráfico 4.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados das Resenhas de Política Exterior do Brasil. É possível verificar que as diferenças mais significativas se encontram na categoria temas gerais. Aqui, apreende-se que os Presidentes brasileiros falaram, aproximadamente, 600 vezes mais em recursos energéticos do que os Chanceleres. Sobre destruição ambiental os Presidentes falam também mais do que os Ministros. Entretanto, quando a pauta é desenvolvimento sustentável vê-se que os Chanceleres falam quase 200 vezes mais do que os Presidentes.

No caso das menções referentes às Conferências e Acordos específicos, nota-se que, no geral, a diferença é pequena, praticamente inexistente. A julgar pela quantidade de pontos cortados pela linha vertical preta do gráfico, pode-se afirmar que Chanceleres e Presidentes possuem mais alinhamento quantitativo ao se repetirem sobre boa parte dos acordos ambientais analisados aqui. Isso porque eles não tendem a uma grande assimetria na frequência das citações aos acordos e conferências investigados. Alguns casos se destacam, porém: Por exemplo, Presidentes falam mais do que Chanceleres sobre o Protocolo de Kyoto. Diferentemente, Chanceleres falam mais do que Presidentes sobre o Acordo de Paris.

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Para aperfeiçoar os achados trazidos pelo gráfico, selecionamos os dois principais focos de assimetria quantitativa entre Presidentes e Chanceleres – Recursos Energéticos e Desenvolvimento Sustentável – e exploramos, por meio de instrumentais da Mineração Textual, o comportamento quantitativo dos mesmos. Para isso, selecionamos as 50 palavras mais repetidas no contexto direto9 dessas duas categorias e calculamos o grau de

co-ocorrência dos termos. Seguem os resultados das redes de co-ocorrência. Primeiro, os achados para a categoria Desenvolvimento Sustentável.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados das Resenhas de Política Exterior do Brasil.

Podemos perceber que a rede é constituída por palavras mais próximas, que formam uma espécie de núcleo, e palavras mais distantes, que são muito significativas, mas menos conectadas com a estrutura central dos discursos. Desse modo, parece possuir como principais eixos de sustentação termos como “países”, “Rio”, “ambiental”, “agenda”,

9 Na prática, isso significa dizer que selecionamos as 15 palavras que apareceriam antes e depois da palavra-chave operacionalizada pelo dicionário.

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“conferência”, “ambiente”, social”, “conceito”, “nações unidas”, “paz”, “direitos humanos”, “erradicação”, “pobreza”, “implementação”, “governança”, etc. Mais isolados e afastados, porém, ainda importantes, estão vocábulos como “Joanesburgo”, “globalização”, “sociedades”, “preocupações”, “financeira”, “agricultura”, “justiça” e “negociações”

Destarte, o discurso brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável comporta uma estrutura maximalista, plural e diversa. Perpassa por termos simbólicos das mais diversas pautas categóricas, como globalização, governança, justiça, erradicação da pobreza, inclusão, direitos humanos e agriculturas. Vejamos se isso se repete para a retórica sobre Recursos Energéticos e até que ponto podemos comparar essas duas categorias.

Figura 2 - Recursos Energéticos: Associação de 50 termos

Fonte: Elaboração própria com base nos dados das Resenhas de Política Exterior do Brasil.

Tal qual a rede anterior, essa também apresenta palavras mais próximas que formam uma espécie de núcleo de sustentação e termos mais distantes e isolados, porém importantes. Termos como “biodiesel”, “combustíveis”, “países”, “energética”, “tecnológica”,

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“combustível”, “matriz”, “dólares”, “produção”, “mercado” estão bem conectados e ocupam esse espaço mais central da rede. Ligados a esse núcleo, vemos outras palavras como “açúcar”, “revolução”, “emissões”, “CO2”, “OPEP”, “reduzir”, “fontes”, “exportador”, “flex-fuel”, “diesel”, “OPEP”, “descobertas”, “Petrobras”, “pré-sal” e “barril”. Nesse sentido, notamos que os principais vocábulos tenderam a estar mais associados com questões concretas e diretamente ligadas à realidade dos recursos energéticos. A figura condensa, por conseguinte, termos mais pragmáticos e menos diversos do que a primeira rede. O que pode significar um discurso mais minimalista.

Assim, esse artigo fez uso de uma abordagem quantitativa de dados textuais para encontrar semelhanças e diferenças entre os discursos de Presidentes e Ministros de Relações Exteriores no que tange a estrutura discursiva para a temática ambiental. Vimos padrões de repetição e de silenciamento durante o intervalo temporal investigado, bem como distâncias maiores ou menores de acordo com a categoria mencionada e o cargo ocupado. Isso nos permitiu selecionar pautas mais “polarizadas” e analisar quais termos apareciam mais e sob qual rede de ocorrência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As questões ambientais foram, historicamente, fundamentais para a construção do soft power brasileiro ao redor do mundo. Primeiro, o país foi visto pela Sociedade Internacional como sendo um vilão ambiental mas, gradualmente, a diplomacia conseguiu articular um discurso (conectado, às vezes, a algumas ações) para melhorar a imagem do país. É justamente a estrutura desse discurso diplomático que o presente artigo explorou e descreveu.

Utilizamos um banco de dados que, embora disponível há décadas, nunca havia sido formatado e reestruturado da forma como propomos aqui. Com esse banco de dados em mãos, buscamos identificar inclinações e transformações quantitativas do discurso diplomático brasileiro para a temática ambiental, investigando diferenças e semelhanças entre os discursos de Presidentes e Ministros de Relações Exteriores por meio de técnicas de Mineração Textual e Análise de Conteúdo.

Vimos que os pronunciamentos dos Chanceleres tendem a uma constância maior de repetições ao falar sobre meio ambiente do que os dos Presidentes que tendem a oscilar de forma muito mais significativa. Por exemplo, durante os anos Lula (especialmente entre 1995 a 2010) houve uma significativa quantidade de menções aos temas ambientais em

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assuntos de política externa. Algo que não foi superado nos anos anteriores e nem posteriores.

Para além disso, verificamos que alguns temas tendem a ser mais mencionados por um dos atores (Presidentes ou Ministros de Relações Exteriores). Por um lado, os Presidentes falaram bem mais em recursos energéticos do que os Chanceleres. Por outro lado, os Chanceleres falaram mais em desenvolvimento sustentável do que os Presidentes. Igualmente, os primeiros repetiram mais o tema da biodiversidade do que os segundos que, por sua vez, falaram mais em termos de destruição ambiental. Esses resultados nos permitiram investigar, por meio de Mineração Textual, padrões de frequência e co-ocorrência das duas categorias mais polarizadas. E isso, por sua vez, aumentou o nosso nível de conhecimento sobre o tema.

Agendas de pesquisa futuras podem explorar algumas lacunas importantes. Seria essencial ampliar o intervalo temporal para além de 2018 e para antes de 1995. Isso nos permitiria entender melhor diferentes períodos e contextos do discurso diplomático brasileiro para o meio ambiente. Além disso, aperfeiçoar o dicionário construído seria imprescindível. Estender as técnicas quantitativas e qualitativas de análise também seria fundamental; trazendo ferramentas provenientes da Análise de Discurso, dos Estudos de Caso, Process Tracing, QCA, análise estatística mais avançada (regressão e comparação de médias) e Machine Learning. Na verdade, é da mais urgente importância manter a viabilidade de projetos que buscam acompanhar, coletar, analisar e entender dados textuais na PEB de modo sistemático, conectado e diversificado.

REFERÊNCIAS

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