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Academic year: 2021

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cultura visual E Educação

Anderson Ferrari Entre las revoluciones en la educación durante los últimos veinticinco años se cuenta una explosión del interés por la cultura visual…El objeto de un curso de cultura visual…sería ofrecer a los estudiantes un conjunto de herramientas críticas para la investigación de la visualidad humana, no transmitir un cuerpo específico de información y valores (MITCHELL, 2000, p. 210).

Nesta epígrafe, Mitchell ressalta dois aspectos da constituição da cultura visual como campo de conhecimento e como disciplina que dialogam com esse número temático, a saber, o contexto no qual surgiu e os desafios e potencialidades dessa nova e “revolucionária” área de estudos. Constituindo-se como disciplina em diferentes universidades brasileiras e estrangeiras, – os “Estudos de Cultura Visual” – vêm tomando a expressão “Cultura Visual” como campo e objeto de estudo. Mais do que isso, eles têm despertado uma “explosão” de interesses, o que faz com que seja algo atual, além de um campo em construção. Neste sentido, a Educação está implicada na construção deste “novo” campo e objeto de estudos, desde a sua origem. A revista Educação em Foco com esse número vem somar, no conjunto dos artigos, ao fortalecimento da relação entre Cultura Visual e Educação, buscando contribuir para o debate apostando nas problematizações em torno do caráter híbrido e pluridisciplinar que envolve os encontros possíveis entre essas duas áreas de conhecimento.

Um número temático que começou a ser construído nas trocas realizadas no interior da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona por ocasião do meu estágio de Pós-doutorado. Nesse ambiente de estudo, especialmente

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junto ao Professor Doutor Fernando Hernández, co-diretor do Centro de Estudios sobre el Cambio en la Cultura y la Educación (CECACE) e membro do Grupo de Investigación Consolidado ESBRINA “subjetividades y entornos educativos contemporâneos”, pude ampliar meus interesses acadêmicos na discussão dos conceitos e métodos que derivados de outras disciplinas podem ser estimulantes e mesmo perigosos no diálogo multidisciplinar da Cultura Visual. Investindo e acreditando na importância desse debate, apresentamos um conjunto de artigos de autores de diferentes áreas de conhecimento que tomam algum aspecto da Cultura Visual como detonador da discussão em torno da Educação. Mais do que isso, artigos e autores que evidenciam a inexistência de uma “única” visão da relação entre Cultura Visual, cinema, artes, museus, educação, enfim, práticas artísticas que são tomadas como discursivas, atravessadas por relações de poder, construídas historicamente e culturalmente e que têm efeitos na maneira como vemos as imagens, como nos vemos através delas e como elas nos veem. Reconhecer as potencialidades e desafios dessas discussões me parece um passo importante para a construção de práticas diferentes que nos ajudem a colocar sob interrogação os sentidos da educação, das artes e da cultura visual.

No artigo que abre esse número temático, a professora Ana Mae Barbosa insere o Ensino da Arte e do Design no âmbito dos Estudos Culturais. Intitulado “O Ensino da Arte e do Design quando se chamava Desenho: Reforma Fernando de Azevedo”, a autora “defende a necessidade de conhecimento histórico como defesa contra o neo-colonialismo que espreita a cultura dos países que, à semelhança do Brasil, começam a ser bem sucedidos economicamente”. A partir de uma pesquisa realizada em jornais no período de 1922-1948, nos aproxima da reforma educacional que, segundo ela, pode ser considerada como a mais radical do Brasil, a Reforma Fernando de Azevedo (1927 a 1930). Nesta reforma, o ensino do Desenho como Arte e Design foi uma das suas propostas

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13 centrais, suscitando intenso debate e crítica. Analisando os resultados desse contexto, o artigo termina explicitando a importância dos Trabalhos Manuais na mesma reforma.

Na sequência, o professor de História da Arte e Museologia, Roberto Carvalho de Magalhães, desenvolve um texto a partir de um artigo de Paul Valéry. A partir do texto do ensaísta francês sobre museus, o autor estabelece como foco da escrita a ideia “de que as obras de arte em um museu são como crianças órfãs, que perderam sua mãe, a arquitetura”. Como o título “Uma “aula” de museologia de Paul Valéry: Considerações em torno do texto Le problème des musées”, Roberto de Magalhães antes de explorar o texto de Valéry, se dedica a uma breve exposição da relação entre literatos e crítica de arte, sobretudo na França. Para explicitar melhor sua intenção, diz o autor: “Tornando explícito o que Valéry deixa embutido nas entrelinhas, o autor faz uma análise das relações com a arquitetura que estão na gênese das obras de arte visual e que não são levadas em consideração nos museus tradicionais, limitando a experiência ótico-física e inteletiva das obras por parte dos observadores”.

“Territorios de colaboración: negociaciones educativas-artísticas en la escuela, el museo y la comunidad” é o artigo escrito pela professora da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona — Aida Sánchez de Serdio Martín. Nele a autora centra sua atenção na discussão da Educação Artística entendida como colaboração entre diferentes agentes, algo que permite a emergência de distintas definições de saber, ensino e aprendizagem. “Colaboración no significa aquí necesariamente consenso sino más bien negociación, disenso y antagonismo”, afirma a professora Aida. No artigo temos ainda a oportunidade de ver explorados diversos contextos para a prática educativa colaborativa, tanto em escolas, como em outros espaços de ensino-aprendizagem como museus e espaços comunitários. Ao final podemos concordar com a autora, no seu argumento principal, de que essa discussão nos possibilita pensar e articular projetos colaborativos nestes

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contextos sem perder de vista as tensões institucionais e políticas.

O professor de Pedagogias Culturais Fernando Herraiz García nos apresenta outra articulação em torno da relação Cultura Visual e Educação. No artigo “Los niños con los niños y las niñas con las niñas - Una reflexión autoetnográfica sobre los

aprendizajes de la masculinidad basada en la diferencia”, somos

convidados a refletir as masculinidades como aprendizagens culturais. Tomando o contexto escolar espanhol como foco, em que a diferença e segregação entre meninos e meninas são elementos significativos, o autor busca perceber essas formas de ser e estar dos gêneros como determinadas pela ordem simbólica e divisão dos espaços. “A partir de un trabajo de investigación autoetnográfico, trato de comprender algunos de los dispositivos emergentes propios de la escuela y los espacios donde los chicos negociábamos nuestros masculinidades en el curso de educación infantil cuando tenía entre 4 y 6 años”.

Tomando uma imagem como título, os professores Anderson Ferrari e Roney Polato de Castro assumem o poder da imagem como discurso. A partir de um cartaz produzido por um grupo GLBTT para a Parada do Orgulho Gay de Madrid, os autores buscam problematizar a presença das imagens na constituição das nossas subjetividades. “É esse aspecto que nos interessa como questão central: como as imagens estão implicadas na constituição de sujeitos? Como esses processos são educativos e implicam as escolas? Questões que nos impõem um desafio e uma potencialidade, qual seja, o de problematizar o predomínio das imagens, assumindo que isso nos leva a mudanças qualitativas no que se refere à cultura, às imagens e aos sujeitos, de forma que não podemos abordar esse fenômeno atual com estratégias e procedimentos de décadas passadas. As imagens e suas implicações para os sujeitos nos obrigam a buscar novas formas de pensar o olhar e de prestar atenção nos sentidos e significados que vamos dando às coisas e pessoas”.

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15 Na articulação entre memória, identidade, alteridade e imagens, o artigo da professora Ana Maria Mauad – “Fotografia y Cultura Política: Carnaval y Samba en el foco de la buena vecindad” – analisa a produção fotográfica realizada pela estadunidense Genevieve Naylor, enviada para fotografar o Brasil no cenário da Política de Boa Vizinhança. Ao se debruçar sobre esta produção imagética, Ana Mauad chama atenção para alguns aspectos da relação entre memória, identidade, alteridade e imagens, dentre eles, aquela que: “enfatiza en el analisis la presencia negra en las imágenes de la buena vecindad por el medio de la noción de íntertexto, según la cual las formas narrativas o discursivas elaboradas en la dinámica social se apoyan y condicionan unas a las otras”.

Os professores Josep María Caparrós Lera e Cristina Souza da Rosa no artigo “O cinema na escola. Uma metodologia para o ensino de História”, partem da afirmação de que o “emprego do cinema nas aulas de história é uma prática conhecida e consolidada” para questionar que, independentemente desta presença, ele não está livre de dificuldades. Dedicando-se a analisar a relação entre o Cinema, História e Educação, os autores nos apresentam ao longo do texto alguns desafios e potencialidades da articulação entre essas áreas do conhecimento sem a pretensão de sanar ou mesmo resolver problemas práticos, mas investindo na problematização como armas que ajudem os professores nas práticas diárias. Mais do que isso, o artigo toma um momento importante da História do Brasil e da aproximação entre cinema e educação para desenvolver seus argumentos. “Em 1930, no Brasil, o uso do cinema e sua introdução na escola foi o centro de um longo debate promovido por professores, intelectuais e governo. O resultado foi a criação do Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE) destinado a produzir filmes educativos. Desde então, muita coisa mudou, mas o cinema não deixou a sala de aula nem as aulas de história”.

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EFErência

MITCHELL, W. J. T. ¿Qué es la cultura visual? Traducción del texto “What Is Visual Culture?” In: LAVIN, Irving (Ed.). Meaning in the Visual Arts: Essays in Honor of Erwin Panofsky´s 100th Birthday. Pricenton: Institute for Advance Studies, 2000. p. 207-217.

Referências

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