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Conceitos. Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins

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Academic year: 2021

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Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins

Se para Le Goff a memória é um “elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje” (2003, p. 471), temos com Hobsbawm que o passado é “uma dimensão permanente da consciência humana, um componente inevitável das instituições, valores e outros padrões da sociedade humana” (2005, p. 22)

A memória e o passado histórico, materializados nas fortalezas da Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, repletas de “identidade” e “permanência”, conforme Lê Goff e Hobsbawm, ficam evidentes nos diversos usos desse conjunto de edificações e vias de acessos. Usos que não podem ser separados das representações que se fizeram com o passar dos séculos, desde os relatos de viajantes estrangeiros até os atuais anúncios de passeios turísticos em escunas.

Assim, a presença de contingentes militares das guarnições dos fortes e fortalezas nos círculos sociais, culturais e econômicos de Florianópolis, ao lado de um movimentado porto que tornava ativos seus habitantes, significou uma primeira troca/encontro de experiências e vivências de diferentes procedências. Ao lado do oficial português estava o agricultor vindo de uma das ilhas dos Açores, observado certamente por algum remanescente tupi-guarani e acompanhado de um afro-descendente ocupado nos afazeres do dia-a-dia.

Autores como Oswaldo Rodrigues Cabral e Walter Piazza, entre outros, forneceram as informações que nos remetem a um momento crucial da história de Florianópolis e do Sul do Brasil, o de 1738. Decisões tomadas nesse período pela Coroa Portuguesa começam a ser executadas, como a criação da Capitania da Ilha de Santa Catarina e a simultânea fortificação de seu acesso e o

povoamento com casais açorianos. Vimos surgir uma formação

social-econômica de caráter militar, onde os imigrantes eram agricultores e soldados, submetidos a um regime de caserna. A sede no recém criado Governo

permaneceu algum tempo na ilha de Anhatomirim.

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Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins

No caso das fortalezas, que deveriam ser os baluartes da defesa do grande porto e das fontes de abastecimento da navegação, o encarregado da construção foi José da Silva Paes, brigadeiro, arquiteto, profissional brilhante, que não poupou experiência nem recursos para executar seus projetos. “Fortaleza sem gente é o mesmo que corpo sem alma”, escreveu Silva Paes. (PIAZZA, 1992, p. 50) São de sua iniciativa as grandes “obras e empreendimentos que

transformaram Santa Catarina de um ajuntamento de pequenas vilas sem maiores afinidades entre si numa verdadeira capitania”. (CABRAL, 1994, p. 60)

À medida que as fortalezas perderam sua importância original, tendo em vista os avanços tecnológicos e militares em geral, elas passaram a ser

reutilizadas com outros objetivos. É quando elas se transformam em presídios políticos, locais de isolamento de doentes infecto-contagiosos, ou simplesmente abandonados e/ou apropriados pelas comunidades de seus entornos, seja para residência e/ou uso dos materiais disponíveis. Usos que geram outras

representações, mas que alimentam as edificações, as mantém dinâmicas, querendo impedir que o tempo faça a sua parte com a ajuda do renascer das florestas que existiam antes das construções.

Na mesma década de 1960 em que a última fortaleza (Santa Cruz) teve as portas fechadas em definitivo, começou a restauração do Forte de Santana, marco de um processo ainda em andamento. Se os usos anteriores e as

conseqüentes representações estão devidamente registrados, os esforços pela restauração desse patrimônio permanecem vivos em cada participante, mas essa memória não foi materializada, anotada, problematizada, permitindo também aos historiadores de amanhã estudar mais uma etapa da jornada das obras de Silva Paes.

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(*) Referências

CABRAL, Oswaldo R. História de Santa Catarina. 4ª ed. Florianópolis: Editora Lunardelli, 1994.

HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas-SP: Editora Unicamp, 2003.

PIAZZA, Walter F. A epopéia açórico-madeirense 1748-1756. Florianópolis: Editora Lunardelli/Editora da UFSC, 1992.

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Primeiros momentos Introdução (4 pg)

Antes de 1739 – A paisagem (texto e imagens) (4 pg)

A Ilha de Santa Catarina como palco dos embates entre espanhóis e portugueses pelo controle da região Sul do Continente – Das primeiras

navegações a Colônia de Sacramento (1685). Laguna, Desterro, São Francisco. A Capitania e a imigração açoriana. (10 pg)

1739

Começa a surgir a fortaleza de Santa Cruz, na ilha de Anhatomirim (3 pg) 1740

Início da construção das fortalezas de São José da Ponta Grossa e de Santo Antônio (4 pg)

1742

Na Barra Sul é erguido o forte de Nossa Senhora da Conceição. (2 pg) ...

1. Uso militar

Projetos (princípios e conceitos). Edificações (mão-de-obra, técnicas

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construtivas, fontes de matéria prima, concepção). Dalmo Vieira Filho (30 pg) 1777: o grande teste. (15 pg)

Sara Regina Poyares dos Reis 2. Presídio político (15 pg)

O Conselheiro Mascarenhas, os federalistas e os revoltosos de 1932. Emerson César de Campos

3. Isolamento de doentes infecto-contagiosos (15 pg) Marlene de Faveri

4. Apropriação pelas comunidades (10 pg) Celso Martins

Momentos vividos (total: 120 páginas)

Florianópolis, década de 1960. Memória da restauração das fortalezas de Santana, Santa Cruz, São Joséda Ponta Grossa e Santo Antônio.

(Abre com uma narrativa de Armando Gonzaga sobre as imagens das fortalezas nas décadas de 1950 e 1960, quando entrava e saía das baías de Florianópolis conduzindo embarcações).

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Um livro de Armando Gonzaga e Celso Martins

1969

Restauração do Forte de Santana. Projeto: Cyro Corrêa Lyra e Luiz Saya. 1972-1981

Forte de Santa Cruz (ilha de Anhatomirim) – Intervenções no Quartel da Tropa, Paiol e Casa do Comandante. Saya tinha a idéia de instalar uma unidade de pesquisas em biologia marinha – uma rede, capitaneada por Anhatomirim.

Meados da década de 1970

Forte Santa Bárbara. Articulação rápida impede a execução de um projeto do IPUF: uma avenida junto ao aterro por cima do forte.

1977

Intervenções no Forte de São José da Ponta Grossa. Estabilização do Pórtico, Quartel do Comandante e Capela.

Década de 1990

Restauração completa da fortaleza de Sta Cruz. Armando Gonzaga, com o apoio da ACIF e voluntários, desencadeia uma campanha pela restauração do forte de Santo Antônio (ilha de Ratones Grande).

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Sobre as fontes para do presente capítulo: * Acervo Armando Gonzaga

* Acervo Celso Martins * Acervo Dalmo Vieira

* Acervo Iphan/Lyra e La Pastina (escritórios do RJ, SC, RS e PR) * Coleção de jornais da Biblioteca Pública de Santa Catarina * Entrevistas gravadas com os principais envolvidos no processo de restauração do sistema defensivo da Ilha de Santa Catarina. Armando Gonzaga, Caspar Erich Stemmer, Bruno Schllemper, Rodolfo Pinto da Luz, Ciro Correia Lyra, José La Pastina Filho e Dalmo Vieira Filho.

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