OBJECTIVOS DO PROJECTO EPICE
[HEALTH-F3-2010-259882]O EPICE surge da necessidade de se obterem, a nível Europeu, informações actualizadas e comparáveis descrevendo gravidezes que resultam em parto muito pré-termo, nomeadamente no que respeita às práticas clínicas, aos resultados em saúde a curto e a médio prazo e ainda à eficácia das novas tecnologias. Pretende-se investigar como e em que medida o conhecimento científico é efectivamente aplicado na assistência a recém-nascidos muito pré-termo.
Assim, estabeleceram-se como objectivos do projecto EPICE:
1. Construção de uma base de conhecimento empírico relativa à forma como a evidência científica se traduz na prestação de serviços de saúde em maternidades e em unidades neonatais através de:
Medição do grau de utilização de intervenções médicas em contexto clínico; Identificação de factores que favoreçam a adopção de práticas baseadas na
evidência;
Disponibilização de informação sobre a eficácia de determinadas práticas médicas.
2. Identificação de catalisadores para a adopção de práticas baseadas na evidência nas unidades neonatais.
3. Desenvolvimento de métodos e estratégias que favoreçam a alteração na prestação de cuidados de saúde perinatal, com a participação de clínicos, investigadores e decisores políticos.
EPICE-PORTUGAL
O projecto EPICE-Portugal estará cada dois meses em contacto com a enorme equipa de clínicos e investigadores envolvida na sua concretização, através de uma Newsletter que fará a descrição das actividades a cada passo e abrirá espaço para partilhar dificuldades e sucessos.
Nesta primeira edição importa deixar, desde já, um agradecimento muito reconhecido a todos os clínicos que no dia a dia tornam possível a recolha e o processamento da informação. Como sabem, este projecto tem como principais objectivos a descrição epidemiológica dos eventos associados com o muito pré-termo e constituir uma grande coorte europeia de recém-nascidos muito pré-termo.
Antes de avançar com o projecto no terreno, realizou-se entre nós um estudo piloto, com a finalidade de testar todos os aspectos metodológicos, que atingiu os objectivos propostos e de que agora apresentamos os principais resultados.
A constituição da coorte EPICE-Portugal iniciou-se no dia 1 de Junho nas Regiões Norte (NO) e Lisboa e Vale do Tejo (LVT). Identificaram-se 73 casos durante o mês de Junho. Sabemos que estudos como o EPICE colocam uma enorme carga de trabalho sobre as rotinas, mas a vossa colaboração é essencial, pois pretende-se conhecer melhor a realidade e obter evidência para a intervenção futura. Henrique Barros Equipa de Investigação Henrique Barros Sofia Correia Carina Rodrigues Responsáveis clínicos Região Norte Teresa Rodrigues Rui Carrapato Região LVT
Maria do Céu Machado Luís Mendes da Graça
NÚMERO DE CASOS REGISTADOS
Os investigadores EPICE-Portugal durante o primeiro mês identificaram 73 casos. Na região Norte registámos um total de 30 casos (5 interrupções médicas da gravidez, 6 mortes fetais e 19 nados-vivos) e na região de Lisboa e Vale do Tejo 43 casos (3 interrupções médicas da gravidez, 2 mortes fetais e 38 nados-vivos). Na tabela seguinte, poderão consultar os hospitais/unidades que integram o projecto, bem como o respectivo número de casos registados/nascidos em cada unidade entre 1 e
NEWSLETTER Nº 1
JULHO DE 2011
Corpo Editorial Carina Rodrigues Sofia Correia Henrique BarrosHAP - Hospital de Apoio Perinatal; HAPD - Hospital de Apoio Perinatal Diferenciado; IMG - interrupções médicas da gravidez; MF - Morte fetal; NV - Nado-vivo; CH - Centro Hospitalar; ULS: Unidade Local de Saúde; ** Hospital Privado.
REGIÃO HOSPITAL - LOCALIZAÇÃO HAP/
HAPD IMG MF NV TOTAL
NO
R
TE
CH do Alto Ave – Guimarães HAPD 1 0 1 2
CH Entre Douro e Vouga – Santa Maria da Feira HAPD 0 0 2 2
CH Médio Ave – Famalicão HAP 0 0 0 0
CH Nordeste – Bragança HAP 0 0 0 0
CH Porto (Maternidade Júlio Dinis) – Porto HAPD 0 1 6 7
CH Póvoa de Varzim/Vila do Conde – Póvoa de Varzim HAP 0 0 0 0
CH Tâmega e Sousa – Penafiel HAP 0 0 0 0
CH Trás-os-Montes e Alto Douro – Vila Real HAP 0 1 0 1
CH VNGaia/Espinho – V.N.Gaia HAPD 2 1 2 5
Hospital de Braga – Braga HAPD 1 1 3 5
Hospital de São João – Porto HAPD 1 2 2 5
ULS Alto Minho – Viana do Castelo HAPD 0 0 1 1
ULS Matosinhos – Matosinhos HAPD 0 0 2 2
LI SB O A E V AL E D O T EJ O
CH Barreiro/Montijo – Barreiro HAP 0 0 0 0
CH Lisboa Centro – Lisboa HAPD 0 0 3 3
CH Lisboa Norte – Lisboa HAPD 1 1 7 9
CH Lisboa Ocidental – Lisboa HAPD 0 0 9 9
CH Médio Tejo – Abrantes HAP 0 0 0 0
CH Oeste Norte – Caldas da Rainha HAP 0 0 0 0
CH Setúbal – Setúbal HAP 0 0 0 0
CH Torres Vedras – Torres Vedras HAP 0 0 0 0
Hospital CUF Descobertas – Lisboa ** HAP 0 0 1 1
Hospital da Luz – Lisboa ** HAP 0 0 2 2
Hospital de Reynaldo dos Santos – Vila Franca de Xira HAP 0 0 1 1
Hospital Distrital de Santarém – Santarém HAP 0 0 1 1
Hospital dos Lusíadas – Lisboa ** HAP 0 0 0 0
Hospital Fernando Fonseca – Amadora HAPD 0 0 4 4
Hospital Garcia de Orta – Almada HAPD 1 1 3 5
Hospital José de Almeida – Cascais HAP 0 0 0 0
Maternidade Alfredo da Costa – Lisboa HAPD 1 0 7 8
Nesta Newsletter apresentam-se alguns dos resultados obtidos [o relatório completo estará disponível no site].
1. MORTES-FETAIS
Um dos fetos tinha 26 semanas de idade gestacional e pesava 1090 gramas e os outros dois tinham 23 semanas e pesavam 575 e 615 gramas. As mortes fetais ocorreram durante o trabalho de parto e nenhum dos fetos apresentava anomalia congénita.
Eram gravidezes unifetais, tendo sido diagnosticadas as seguintes ocorrências durante a gestação: incompetência cervico-ístmica, hiperemese gravídica e hipertiroidismo.
O início do trabalho de parto foi espontâneo nas três gravidezes, sendo que o parto foi eutócico nas duas que ocorreram às 23 semanas de idade gestacional e por cesariana (por indicação materna e fetal) na gestação de 26 semanas. Neste caso houve administração de uma dose de corticosteróides 24H antes do parto.
2. NADOS-VIVOS
Avaliaram-se 21 nados-vivos de 19 gravidezes/partos (duas gravidezes gemelares).
2.1) Características gerais
A idade gestacional variou entre 25 e 31 semanas, 71% eram do sexo feminino. O peso variou entre 550g e os 1670g. À data da admissão na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN), o perímetro cefálico variava entre 22 e 30 cm e a temperatura corporal entre 34,1 e 37,5°C. Em um caso a temperatura era desconhecida. O peso das crianças no momento da alta variou entre 1665g e 4916g e o perímetro cefálico entre 29 e 37cm. O tempo de hospitalização variou entre 35 e 180 dias.
Objectivo
Avaliar a adequação do instrumento de recolha de dados.
Locais de nascimento
Serviço de Obstetrícia e Serviço de Neonatologia do Centro Hospitalar Alto Ave (CHAA), do Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga (CHDV), do Hospital de São João (HSJ) e da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM). Colaboraram também, em casos de transferência, o Serviço de Neonatologia do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde e do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa.
Critérios de elegibilidade
Nados-vivos, mortes fetais e interrupções médicas da gravidez, entre as 22 e as 31+6 semanas de gestação, ocorridos entre Setembro e Dezembro de 2010. No sentido de obter uma amostra maior e capturar mais eventos, foram considerados adicionalmente dois casos: um com data de nascimento de Agosto e outro de Maio de 2010.
Instrumento de recolha de dados
Foi utilizada a 1ª Versão do Questionário EPICE (Janeiro 2011). Os dados foram recolhidos dos registos clínicos.
Participantes
A amostra foi composta por 24 casos (21 nados-vivos e 3 mortes fetais).
2.2) Cuidados pré-natais e parto
As idades maternas (n=19) à data do parto variavam de 22 a 45 anos. As condições médicas associadas a estas gravidezes foram: contracções uterinas após as 20 semanas ou admissão por parto pré-termo (47%) e rotura prematura de membranas (42%), restrição de crescimento fetal (26%) e pré-eclâmpsia (21%). Ainda para 42% das mulheres (n=8) houve referência a outras doenças, não listadas no questionário. Houve administração de corticosteróides antes do parto em 16 casos (84,2%), em 56% das vezes com duas injecções. Não havia referência à administração de sulfato de magnésio antes do parto em nenhum processo.
O parto foi por cesariana em 63% (incluindo as duas gravidezes múltiplas). O início do trabalho de parto foi maioritariamente espontâneo (63,2%). As cesarianas (n=12), ocorreram por indicação fetal (50%), por indicação materna (16,8%), por indicação materna e fetal (25%) e uma por protocolo da unidade para essa idade gestacional. A apresentação foi cefálica em 52% dos 21 nados-vivos, pélvica em 45% e desconhecida em um. A apresentação pélvica verificou-se em 14% dos partos eutócicos e 57% das cesarianas.
2.3) Cuidados Neonatais
Foi administrado surfactante em treze recém-nascidos (61,9%), sendo a técnica INSURE [intubação, surfactante, seguida de extubação imediata (30´)] utilizada em quatro destes nascidos (30,8%). Cerca de 95% dos recém-nascidos estiveram em CPAP e 48% fizeram ventilação mecânica.
No quadro seguinte, apresenta-se a frequência das principais morbilidades registadas.
MORBILIDADE n (%)
n=21 OBSERVAÇÕES
Displasia Broncopulmonar 3 (14,3%) Definida como necessidade de suporte respiratório às 36 semanas.
Num caso foram administrados corticosteróides sistémicos.
Leucomalácia Periventricular Cística 3 (14,3%)
Hemorragia Intraventricular 3 (14,3%) Classificação de Papille: um caso para cada um dos três primeiros
graus.
Infecção tardia 9 (42,9%) Número de infecções: uma: n=6; duas: n=3.
Retinopatia da prematuridade 12 (60,0%) Estádio I: 8 (42%); estádio II: 2 (10%); estádio III: 2 (10%). Enterocolite Necrozante 1 (4,8%) Cirurgia.
Persistência de Ductus Arteriosus 5 (23,8%) Todos com ibuprofeno. Cirurgia em um caso.
Anomalia congénita 3 (14,3%)
Anomalias: coloboma, anomalia congénita dos segmentos posteriores do olho, malformação congénita obstrutiva do bacinete e uréter, pé boto equinovarus. Nenhum caso com cirurgia no internamento.
CONCLUSÃO
Os objectivos do estudo piloto foram alcançados, permitindo-nos reformular o instrumento de recolha de dados, acrescentado e eliminando itens, construindo, assim, uma nova versão do Questionário (versão de Julho).
De uma forma geral, a informação registada nos processos clínicos foi suficiente para responder aos itens do questionário, sentindo-se maior dificuldade em obter informação relacionada com datas e horas. A ausência de informação fez-se sentir no que respeita à gasimetria do sangue do cordão umbilical na sala de partos, ao pH e excesso de bases. Sentimos também dificuldade em aceder a informação respeitante ao tipo de alimentação na primeira refeição enteral e no momento da alta. Relativamente às mortes fetais, uma vez que o questionário apenas tem como opção para causa de morte (item C13) “anomalia congénita” ou “outra”, pedimos que especifiquem, por favor, a causa, no sentido de poder ser realizada uma análise mais completa da informação fornecida.
Clínicos directamente responsáveis pela implementação do projecto EPICE-Portugal nas unidades hospitalares.
HOSPITAL - LOCALIZAÇÃO Clínico focal
Obstetrícia
Clínico(s) focal(ais) Neonatologia
CH do Alto Ave – Guimarães Ana Andrade e Alice Vilas Boas Clara Paz Dias
CH Entre Douro e Vouga – Santa Maria da Feira António Lanhoso e Célia Araújo Fátima Fonseca
CH Médio Ave – Famalicão Margarida Seabra Susana Gama de Sousa
CH Nordeste – Bragança Joaquina Baltazar Óscar Vaz
CH Porto (Maternidade Júlio Dinis) – Porto Daniela Almeida, Raquel Maciel, Rosa
Maria Rodrigues e António Braga
Dulce Oliveira e Alexandra Almeida
CH Póvoa de Varzim/Vila do Conde – Póvoa de Varzim Helena Oliveira Margarida Pontes
CH Tâmega e Sousa – Penafiel Olímpia do Carmo Ilídio Quelhas
CH Trás-os-Montes e Alto Douro – Vila Real Zélia Nunes Marisa Cabanas e Juan Calviño
CH V.N.Gaia/Espinho – V.N.Gaia Marta Barbosa Jacinto Torres
Hospital de Braga – Braga Lucília Araújo Carla Sá
Hospital de São João – Porto Teresa Rodrigues, Tiago Ferraz e Inês Nunes Jorge Santos Silva
ULS Alto Minho – Viana do Castelo Marinho dos Santos Beatriz Sousa
ULS Matosinhos – Matosinhos Adelina Sá Couta e Joana Sampaio Alexandrina Portela
CH Barreiro/Montijo – Barreiro
CH Lisboa Centro – Lisboa Naiegal Mendes Pereira Ana Maia Pita
CH Lisboa Norte – Lisboa Paula Costa e Pedro Rocha Joana Saldanha
CH Lisboa Ocidental – Lisboa Fernando Cirurgião e Cristina Costa Marta Aguiar
CH Médio Tejo – Abrantes Mário Furtado Valdemar Martins
CH Oeste Norte – Caldas da Rainha
CH Setúbal – Setúbal Rubina Mendonça Vítor Neves
CH Torres Vedras – Torres Vedras Ana Castilho Santos Isabel Carolino Silva
Hospital CUF Descobertas – Lisboa Conceição Telhado Gloria Carvalhosa
Hospital da Luz – Lisboa Maria Paula Arteaga Graça Henriques e Ana Berdeja
Hospital de Reynaldo dos Santos – Vila Franca de Xira Mário Paiva
Hospital Distrital de Santarém – Santarém Cristina Martins José Miguel Nogueira
Hospital dos Lusíadas – Lisboa António Fonseca Pedro Manuel da Silva
Hospital Fernando Fonseca – Amadora Fernanda Matos Cristina Trindade
Hospital Garcia de Orta – Almada Cristina Leite e Ester Casal Anselmo Costa e Margarida Cabral
Hospital José de Almeida – Cascais Rosalina Rodrigues Conceição Faria
Maternidade Alfredo da Costa – Lisboa Ana Isabel Machado Eduardo Fernandes e Ana Bettencourt
Projecto EPICE
Departamento de Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Alameda Prof. Hernâni Monteiro | 4200-319 Porto Telefone: 225 513 652 | Fax: 225 513 653
Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto
CONSULTE O WEBSITE
www.epiceproject.eu
PRÓXIMA REUNIÃO EPICE-Portugal
REGIÃO DE LISBOA E VALE DO TEJO
6
DED
EZEMBRO DE2011,
ÀS10
H30
C
ENTROH
OSPITALARL
ISBOAN
ORTE(H
OSPITALS
ANTAM
ARIA)
REGIÃO NORTE
16
DED
EZEMBRO DE2011,
ÀS10
H30
I
NSTITUTO DES
AÚDEP
ÚBLICA DAU
NIVERSIDADE DOP
ORTODIRIGIDA À EQUIPA DE INVESTIGAÇÃO PORTUGUESA, AOS DIRECTORES
DE SERVIÇO DE OBSTETRÍCIA E DE NEONATOLOGIA E AOS CLÍNICOSRESPONSÁVEIS PELAS UNIDADES DA REGIÃO
NORTE E
LISBOA E
VALE
DO TEJO.
CONTAMOS COM TODOS!
O
PROJECTO
EPICE-PORTUGAL
OBTEVE A AUTORIZAÇÃO FORMAL
DA
COMISSÃO
NACIONAL
DE
PROTECÇÃO DE DADOS (PROCESSO
Nº 8128/2011) EM 11 DE JULHO DE
2011.
PRÓXIMA NEWSLETTER
Na próxima Newsletter gostaríamos de criar uma secção de Perguntas Frequentes. Para isso, pedimos que nos enviem as dificuldades que têm sentido no preenchimento dos questionários e outras questões que considerarem necessárias.