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PERFIL DO DIRIGENTE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO PARÁ

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PERFIL DO DIRIGENTE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO PARÁ

SANTOS, Émina- UFPA emina@ufpa.br DIAS, Adriana- UFPA adrina.dias@iced.ufpa.br

RESUMO

Atuar como dirigente municipal de educação no atual contexto da educação brasileira constitui tarefa bastante complexa de ser exercida, principalmente se considerarmos a importância do gestor na condução de políticas públicas municipais de educação de qualidade social com base em uma formação cidadã. Inúmeras questões compõem a rotina do dirigente, desde as que envolvem processos de elaboração do Plano Municipal de Educação, até a prestação de contas de recursos públicos, passando por tarefas desafiadoras como às referentes à mobilização da sociedade em torno da composição de conselhos colegiados de controle social da educação municipal, e a elaboração do Plano de Ações Articuladas. No presente estudo apresentamos o perfil do dirigente municipal do estado do Pará, no qual verificamos, entre outras informações, que em relação à titulação verificamos que existem dirigentes que não possuem sequer nível superior e a maioria deles não é ordenador de despesas.

Palavras-chave: Dirigente municipal, Educação, Perfil.

INTRODUÇÃO.

A questão da atuação com qualidade do gestor educacional tem sido considerada elemento estruturante na implementação do Regime de Colaboração, uma vez que o sucesso das políticas educacionais depende, em grande parte, da atuação dos secretários municipais de educação.

No que se refere aos processos de formação do gestor educacional, somente em 2005 que vimos surgir uma iniciativa importante em relação à sua qualificação. O Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação (PRADIME), iniciativa do Ministério da Educação em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais

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(UNDIME), com o objetivo de fortalecer e apoiar os dirigentes da educação municipal na gestão dos sistemas de ensino e das políticas educacionais.

Como entidade da sociedade civil que congrega os gestores municipais de educação, responsáveis pela coordenação das ações de um setor dos mais importantes à promoção da cidadania nessa esfera de governo, a UNDIME reconhece a importância deste trabalho, que tem o objetivo de conhecer melhor as pessoas que dirigem os rumos da educação municipal no estado do Pará.

SINOPSE DO PERFIL DOS DIRIGENTES MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO DO PARÁ

O levantamento sobre o perfil dos dirigentes municipais de educação do Pará foi realizado junto a uma amostra de 91 (noventa e um) secretários, entre novembro de 2009 a janeiro de 2010, por técnicos de campo do projeto que trabalhava com o monitoramento / acompanhamento dos Planos de Ações Articuladas dos municípios no Estado do Pará. O instrumento utilizado para o levantamento era composto de um questionário com 17 questões estruturadas e semiestruturadas sobre o perfil do dirigente municipal de educação e do órgão gestor municipal de educação.

Quanto ao gênero dos dirigentes, temos um razoável equilíbrio entre homens e mulheres. 59% são do sexo feminino e 41%, do sexo masculino. Fato a ser considerado, é um significativo acréscimo de profissionais do sexo masculino atuando no setor educacional, atividade profissional historicamente associada ao sexo feminino.

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A faixa etária de 34 a 54 anos compreende mais de 76% de dirigentes, é interessante observar que 12% deste total é composto de pessoas com mais de 54 anos.

Fonte: GEEDH/UFPA/2010.

Quanto ao local de nascimento, os dados são esclarecedores no que se refere à enorme pluralidade de culturas abrigadas em nosso estado. Do total de 87 entrevistados que declararam sua naturalidade, observamos a presença de secretários originários dos seguintes estados: um baiano e um carioca, dois amazonenses e dois paulistas, três cearenses, três goianos e dois mineiros, cinco paranaenses, cinco tocantinenses, oito maranhenses e 55 paraenses.

Fonte: GEEDH/UFPA/2010.

Em relação ao vínculo administrativo do DME, ainda encontramos a predominância de servidores temporários, em detrimento dos funcionários de carreira, pois do total, apenas 36% são concursados e, portanto efetivos, enquanto a ampla maioria de 64% é composta por funcionários cedidos, temporários ou com outro tipo de relacionamento institucional.

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Fonte: GEEDH/UFPA/2010.

Quanto ao tempo de serviço na Secretaria Municipal de Educação, percebe-se que a maioria (73) dos entrevistados está na faixa de zero a 10 (dez) anos de serviço, o que demonstra razoável experiência dos DME no setor educacional do município.

Fonte: GEEDH/UFPA/2010.

O grau de acesso à informática revela um índice de 62% de dirigentes que conhecem e dominam a tecnologia. Entretanto, é preocupante a quantidade de 36% de dirigentes que, ou apenas conhece ou não domina esse importante instrumento de gestão. Trata-se de uma questão relevante, considerando que, na atualidade, grande parte das informações advindas de instâncias de gestão estaduais ou federais como, por exemplo, MEC e FNDE, são obtidas com regularidade por via eletrônica, como sites e sistemas.

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Fonte: GEEDH/UFPA/ 2010.

Decorrente da pergunta anterior percebe-se que 76% dos gestores acessam regularmente o site do MEC. Aqui considera-se um índice superior ao da questão anterior, o que revela que muitos Dirigentes Municipais possuem assessores técnicos que acessam sites e se comunicam eletronicamente com as instâncias parcerias do estado e do governo federal.

Fonte: GEEDH/UFPA/ 2010.

Um dado bastante positivo é de que 89% dos dirigentes possuem formação de nível superior. Porém, 5% dos entrevistados ainda se mantêm no nível médio.

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Fonte: GEEDH/UFPA/ 2010.

No que se refere aos cursos de graduação dos dirigentes, estes são bastante diversificados, atingindo a marca de 14 (quatorze) cursos diferentes, com a presença de somente 05 modalidades de licenciaturas. Do total dos cursos de graduação dos DME , 45 são formados em Pedagogia, seguido de História, Administração e Letras. Constata-se, portanto, que a maioria dos dirigentes entrevistados são graduados em áreas que não são afins à educação.

Fonte: GEEDH/UFPA/2010.

Dentre os 85 dirigentes que possuem graduação, 56% possuem especialização (pós-graduação lato sensu) e apenas um (1%) possui mestrado o que denota uma realidade na qual a pós-graduação strictu sensu (mestrado e doutorado) ainda se coloca

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como uma realidade distante. A única secretária que cursava mestrado, à época, era a do município de Jacareacanga. Nenhum outro cursa ou cursou doutorado, até a data da coleta das informações.

Fonte: GEEDH/UFPA.

As condições de trabalho no órgão gestor municipal de educação também foram objeto de estudo desta pesquisa. 90% dos entrevistados consideraram esse aspecto entre “bom” e “regular” no seu município. Apenas 6% disseram que as condições de trabalho são excelentes e outros 2% responderam que são insuficientes. Constata-se como razoável a situação aqui representada, considerando que as boas condições de trabalho constituem fator de grande relevância no desempenho exitoso do trabalho do DME.

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A respeito da Política de Cargos e Salários, 76% dos entrevistados afirmaram que o município está contemplado neste aspecto, valorizando, dessa forma, o profissional da educação.

Fonte: GEEDH/UFPA/2010.

No que tange ao DME ser efetivamente ordenador de despesa das receitas de sua secretaria e sob sua responsabilidade, a pesquisa confirmou que, na maioria dos municípios quem comanda o recurso da educação não é o próprio Dirigente Municipal de Educação, fato complicador no processo autônomo de execução das políticas educacionais. Segundo o levantamento, em 56% dos municípios pesquisados o ordenador de despesa é o secretário de finanças e apenas em 33%, o de educação. Este é um fato que pode ser considerado muito grave no que se refere à conquista de autonomia das SEMEDS do Pará na condução de sua política de educação para o município.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No intuito de se planejar as ações de formação dos dirigentes municipais de educação, de forma a potencializar recursos pessoais e financeiros e consolidar, nesta área, o regime de colaboração de modo a fortalecer o protagonismo da ação municipal e dos sistemas municipais de educação, entendemos como importante focar nossa atenção para referenciar quem é esse gestor; quais seus avanços e limitações ao exercício da sua função enquanto agente do estado a quem compete assegurar o acesso à educação pública com qualidade social a crianças e adolescentes. Mais ainda. Em que pese seu papel político partidário — na medida em que um dos critérios para ser indicado a compor a equipe da prefeitura é desfrutar da confiança do prefeito que foi eleito em decorrência de uma proposta partidária — é forçoso reconhecer que a função de dirigente de educação tem uma dimensão preponderantemente técnico-profissional que não pode ser ignorada. Daí a importância de um estudo, mesmo que inicial, sobre seu perfil em nosso estado. É nessa linha que este estudo foi proposto.

Diante da questão norteadora a ser respondida pela pesquisa sobre quem é o Dirigente Municipal de educação no Pará nos lançamos o desafio de construir um perfil sobre este profissional da educação. O resultado deste levantamento revela um perfil bastante plural, que reflete os complexos desafios que cada dirigente tem que enfrentar cotidianamente na gestão eficiente da educação de seu município.

Os resultados iniciais, se não surpreendem, provocam reflexões relevantes, dadas as dificuldades enfrentadas pelos dirigentes no que tange ao desenvolvimento de suas tarefas institucionais, que vão desde o acesso a recursos financeiros até carências de ordem material, passando pela insuficiência na oferta de formação continuada para si e para os seus pares.

Alguns pontos são destacáveis e reveladores dos avanços já conquistados ao longo dos últimos anos, como por exemplo aquele que se refere ao acesso à informática e à WEB, corolários da intransferível e inadiável capacidade de lidar com a tecnologia da informação e comunicação, apesar de persistir um percentual significativo de dirigentes que ainda não dominam as ferramentas tecnológicas básicas e elementares ao exercício de suas funções.

Outros, em que pesem ser referentes a uma minoria quase insignificante, ainda são bastante incômodos pelo fato de que se referem à aquisição de habilidades que

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precisam ser dominadas pelos dirigentes educacionais dos municípios. Pode-se citar como exemplo o fato de ainda cerca de 5% desses dirigentes possuírem escolaridade de nível médio, quando o ideal é que já tivessem concluído um curso de graduação. Após a análise das informações resultantes da pesquisa realizada, ficou a certeza de que os dirigentes municipais de educação no Pará ainda têm um longo caminho a percorrer no que diz respeito à criação de condições melhores para o seu desenvolvimento enquanto tal.

Outro dado que nos preocupa e que está diretamente relacionado à execução das políticas públicas educacionais é que, na maioria dos municípios, ainda é o Prefeito ou o Secretário de Finanças o ordenador de despesas do setor. Este é um fator que, para além da dimensão legal, se constitui como impeditivo ao desenvolvimento autônomo dos Sistemas Municipais de Educação do Estado.

Em síntese, esta é uma iniciativa que, esperamos que contribua para entendermos melhor que sistema temos e que sistema queremos, pois para conhecermos a estrutura educacional dos municípios de nosso Estado é fundamental termos uma noção, a mais aproximada possível, de quem é o homem ou a mulher que, como tomador de decisões, ocupa um lugar estratégico na educação amazônida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. PRADIME: Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação / Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. – Brasília, DF: Ministério da Educação, 2006.

Referências

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